Chave, Casa e Carro



Então, eu saí.

Era estranho andar vestida de noiva numa casa com aparência tão maligna e sombria como era o Largo, pior ainda eram as lembranças que eu tinha de lá. Mesmo com tantos reparos que Harry fez, não dava nenhuma aparência de casa para vivermos “Felizes para Sempre” e muito menos apagava os sentimentos que aquelas paredes nos despertavam. A Ordem e toda aquela luta contra Voldemort eram passadas, e queríamos deixar tudo enterrada ali com a casa e construir nossa nova vida em outro lugar.

Então, como num estalo, estávamos abrindo a porta e indo em direção há um carro trouxa que estava estacionado logo à frente e que nos levaria até a Toca. Lá seria feia a celebração, no pátio da minha casa... Quer dizer... Antiga casa. Bom, era tudo isso que achava até um minuto atrás. O que será que Luna tinha haver com isso?

_Entre Gina! Esse será o carro que levará você a uma chave de portal longe de qualquer um! A chave levará você à casa de Luna, e de lá tem um carro que te levará a toca. – falou Hermione calmamente.

_Não seria mais fácil uma chave daqui direto pra Toca? – falei, achando todas aquelas voltas muito a toa.

_Não! Chaves de Portal não são autorizadas em regiões muito movimentadas por trouxas, e também, você não pode chegar lá do nada. Mas não se preocupe! A viajem toda deve demorar alguns minutos. Agora vamos, entre no carro! – Hermione parecia começar a ficar impaciente, então, não discuti.

Entrei no carro enquanto o motorista, que mesmo tentando se esconder lembrava-me alguém, entrou também.

_Hermione! – gritei da janela do carro.

_O que? – falou Hermione, que estava parada no lado do carro.

_Você coloca uma música nesse carro, por favor? Se não eu morro de tensão!

_Gina!

_Por favor, Mione! Pelo casamento sim? – falei mordendo o lábio e olhando suplicante para ela.

_Qual CD?

_Aquele que tem Memories! Daquela banda trouxa maravilhosa!

Então, vi Hemione respirar fundo e entrar correndo para dentro do Largo novamente, enquanto eu esperava dentro do carro sabendo que eu deveria estar parecendo uma noiva muito mala.

_Maninha... Vai fazer Harry esperar é? – A voz tão familiar era do motorista, que estava me olhando com um olhar de censura.

_Rony?

_Que? Achou que Harry ia deixar que qualquer um viesse te buscar?

_Mas... Não tem como! Você devia estar me esperando com Hermione! Você são os Padrinhos!

_Não se preocupe! Eu vou dar um jeito. – falou, me olhando de cima abaixo.

_Tudo isso pra que? Só para você ter a honra de me levar? Ou Harry tem medo que eu fuja mesmo?

_Acho que os dois... - Vendo minha cara de furiosa, completou: - mas também para lhe entregar em mãos uma coisinha que ele pediu para eu lhe dar.

Levantei as sobrancelhas.

_O que é?

_Acho que é uma carta – falou Rony tirando o chapéu estilo motorista e pegando um envelope na mão. – E também pediu para você ver essas memórias. – falou agora me entregando um pote. – Leia a carta no carro, e as memórias... Bom, aí você vai ver.

Olhei para aqueles dois objetos na minha mão, e perguntei para meu irmão:

_Virou pombo correio é maninho? E além do mais, acho que a cicatriz voltou a influir no Harry. Aonde ele acha que eu vou ver as memórias? Ou por acaso ele quer que eu entre com elas junto com o buquê? – Realmente, meu humor negro se aflorava quanto eu estava nervosa.

_O que é Gina? Vai casar ou vai pra forca?

_Ahhh eu só estou nervosa, que inferno. – falei, cruzando os braços.

_Então, calma maninha! Harry disse que você vai saber aonde ver, é só esperar. Enquanto isso agente...

_Toma! – era Hermione entregando o cd ofegante para mim. – E sai logo do carro Rony, já fez teu show, agora temos que apartar lá logo.

_Mas não vai ser você que vai me levar Rony? – falei o vendo sair do carro.

_Não... Sabe... – ele falou para mim de fora do caro.

_Ele não sabe dirigir carros trouxas, Gina, ele ainda não consegui aprender. Então meu pai se ofereceu. – falou Hermione, e para variar, as orelhas de Rony ficaram instantaneamente vermelhas.

_O senhor Granger vai me levar?

_Sim Gina – falou Hermione abrindo um sorriso para mim e dando a mão para Rony. – Ele fará todo o trajeto com você, até o seu pai lá na Toca.

_Ah... E onde o seu pai está Mione?

Hermione e Rony nem precisaram falar. Um homem vestido de terno vinha em direção do carro, de dentro da casa.

_Você é aquela menininha que eu conheci há alguns meses atrás então? – Falou o senhor, se dirigindo a mim - Nem parece! Tão novinha se casando! – falou parecendo bem entusiasmado em dirigir um carro com uma noiva bruxa.

_Pai – falou Hermione. – É ela mesma, e ela não esta diferente não.

O Senhor Granger abriu um sorriso para filha, o que me fez ver que realmente ele era dentista. Mesmo aparentando ser um senhor bem mais velho, os dentes era impecáveis, excessivamente brancos até.

_Então – falou ele – Estamos na hora de partirmos. Ah não ser, claro, que você queria desistir.

_Pai!

_Quanto falta? – falei, interrompendo qualquer chance de discussão que tivesse ali. Não era momento para Hermione repreender seu pai.

_Uma meia hora, mais ou menos. Isso claro, se você for entrar no horário... Coisa que eu duvido mocinha. – Falou ele novamente.

_Mas... Minha varinha! – Falei

_Está comigo Gina, você não tem onde carregar. – Falou Hermione, como se aquilo fosse obvio.

_Mas...

_Bom papai, eu e Rony estamos indo para lá! Boa sorte com a noiva... Mas cuidado que ela morde! E boa Sorte Gina!

_Vai lá maninha, só não foge antes ok? Harry vai pensar que fui eu que induzi você a isso... Não digo que não seja isso que eu quero, até que seria uma boa idéia...

Vi Hermione dar um tapa no ombro de Rony depois do comentário, e com isso, os dois se dirigiram pra dentro da casa. Não se podia aparatar de dentro do Largo, então pensei o que os dois ainda iam fazer. Então, vi aquele senhor que eu tinha conhecido há alguns meses atrás, quando Hermione me levou junto com Harry e Rony para jantar com seus pais, entrar no carro no banco do motorista.

_Bom, vamos então? Não pretendo importuná-la durante a viajem.

_Tudo bem, só estou um pouco nervosa.

_Creio que você tenha muito que falar consigo mesma até lá.

Com essas palavras, ele fez o carro ligar, e começar a andar. Já tinha andado em carro trouxas umas vezes antes, quando mamãe chamou Táxis para nos levar a escola, mas mesmo assim a sensação era muito estranha. Então eu olhei para os dois objetos que ainda estavam em minhas mãos. Aquele, definitivamente, não seria um passeio qualquer.

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