Uma noite...



Uma noite...



Dentre todos os locais do planeta, talvez o menos romântico para se passar a noite em claro fosse o Beco Diagonal. Apesar de toda sua explosão de alegria e energia durante o dia, quando o sol se punha, o Beco tornava-se realmente um beco. Gatos corriam pela rua, procurando restos de comida esquecidos ali por algum transeunte ocupado e desatento. As lojas, sempre tão vivas, sob a penumbra aparentavam abandono, e mantinham um certo ar pesado no local. Talvez um péssimo local para se pensar em uma história de amor, mas fora este o local escolhido por Rabastan. O jovem caminhava sonsamente pela viela, chutando uma pedra, e vez que outra, observando a lua cheia, que brilhava intensamente para ele, a única viva alma por ali. O Caldeirão Furado já ficara para trás, e o marco oposto do beco, o Gringotes, já agigantava-se à sua frente. O jovem parou em frente à vitrine da sorveteria Florean Fortescue, fitando os sorvetes de diversos tipos que ali se encontravam, para encantar quem passasse em frente a loja. Rabastan observou-os por um instante, e então seus olhos perderam-se entre as guloseimas.
Lembrava-se ainda do beijo que dera em Bellatrix. O beijo que por tantos anos desejara tão intensamente. O beijo que fora a recompensa justa por uma adoração tão duradoura. O beijo que, pensava ele, selaria seu destino. E o beijo que, sem dúvida alguma, fora dado na futura esposa de seu irmão, e presenciado pelo pai dela. Ou seja, fora o beijo que lhe traria um bocado de problemas. Apesar da beleza do momento, complicara-se em demasia ao faze-lo. Cygnus talvez não contasse à ninguém o que vira, e talvez até conseguisse controlar a língua afiada de Narcisa, mas ele nunca mais olharia o relacionamento de Bellatrix e Rabastan com os mesmos olhos. Agora ele saberia que algo existia entre ambos. Era algo recente, por parte dela, mas que para seu pai significaria um ultraje de igual peso à uma traição que se estendera por anos. Perderia a confiança em Rabastan. Logo ele, a quem Cygnus demandava a atenção digna de um filho.
E sempre havia a possibilidade de seu irmão descobrir a história. Por menos que goste de Bellatrix, Rodolfo jamais aceitaria ser derrotado pelo irmão mais novo, em qualquer atividade que fosse. Se soubesse que sua noiva beijara seu irmão, ia querer tomar atitudes quanto ao caso, e com total respaldo de seus pais.
Porém, nenhum desses problemas tinha real importância agora. Tudo que Rabastan conseguia discernir em sua mente enevoada neste momento, eram os lábios avermelhados e a expressão de surpresa de Bellatrix. Seus lábios macios e adocicados, tão tenros, tão intensos que deixavam-no tão desejoso por um beijo. Um momento de radiante coloração, em meio a uma vida sempre enfadonha e cinzenta. Continuava como um sonho, que apesar de realmente ter acontecido, permanecia inconcebível. As imagens repetiam-se diante de seus olhos inúmeras vezes, e ele as via refletidos na vitrine da sorveteria. A vozes, tanto sua quando de Bellatrix, ecoavam em seus ouvidos tão retumbantes, que seria impossível fazer-se indiferente à elas. Era como se estivesse vivendo o momento todo novamente. Era algo que o deixava feliz. Afinal de contas, fora o momento mais feliz de sua vida, e o mínimo que poderia fazer, parado ali no silencioso e escuro Beco Diagonal, era relembra-lo.
Mas o Beco Diagonal é o pior lugar do mundo para se ter divagações românticas...
Um clarão iluminou a frente do Gringotes, e foi seguido por uma breve explosão, que acordou Rabastan de seus devaneios. O jovem olhou assustado para à frente do banco, e notou uma movimentação. Instintivamente sacou a varinha, e correu em direção ao tumulto, para verificar. Estava ainda a uma distância relativamente grande do foco do distúrbio, quando ouviu uma voz gritar do local para onde corria.
- Lá vem mais um deles Josh, cuidado com a retaguarda. Rabastan pode finalmente identificar o que ocorria. Um grupo de umas dez pessoas duelavam, lançando feitiços para todos os lados. Tentou reconhecer algum deles, mas então um dos homens virou-se para ele com a varinha em riste, e no instante seguinte, após um grito Estupefaça unir-se a outros tantos que ecoavam no campo de batalha, Rabastan viu uma nuvem vermelha de energia vindo em sua direção. Sem tempo para pensar, apenas lançou-se para o lado, e caiu na pedra fria do calçamento, sentindo o corpo todo arder com a pancada seca, em especial o joelho esquerdo.
Seu atacante voltou-se para o confronto, e ele pode erguer-se vagarosamente. Dezenas de feitiços voavam, e zuniam pelo lugar, explodindo nas paredes próximas, ao serem rebatidos por seus alvos primários. A princípio não reconheceu nenhum dos combatentes. A princípio...
Um dos homens que duelava ria-se alto das tentativas infrutíferas de seu adversário para derruba-lo. Aquela risada forte e tão conhecida de Rabastan. Após defletir três feitiços, foi a vez do “alegre” lutador atacar.
- Expelliarmus Ecoou alta a voz de Rodolfo, fazendo a varinha de seu oponente voar alto, e arremessando o próprio contra outros lutadores, derrubando-os também.
- Em que você está metido Rodolfo? Rabastan gritou para seu irmão, fazendo-o assustar-se. Ele observou-o e então correu em sua direção.
- O que VOCÊ faz aqui?
- Mamãe vai ficar realmente satisfeita ao descobrir em quê seu precioso primogênito está metido. Rabastan falava indiferentemente, mas era notável que, tanto ele quando o irmão, estavam preocupados com a situação. Encararam-se por um momento, então um bruxo correu em sua direção. Ambos viraram-se ao mesmo tempo para o atacante, e quando ele lançou seu feitiço, ambos reagiram juntos.
- Protego. Gritou Rabastan, abafando o feitiço que voava em sua direção.
- Reducto Gritou Rodolfo, e eu feitiço explodiu no peito do indivíduo que os atacava. Ele foi arremessado e caiu alguns metros longe dali.
- Quem são esses caras? Perguntou Rabastan nervoso.
- Bom, ninguém em especial, só alguns aurores... O irmão respondeu com a voz baixa, como se querendo evitar que alguém ouvisse.
- AURORES? Já o mais jovem aparentemente queria que todos ouvissem. Seu grito fez Rodolfo olha-lo irritado, mas ninguém mais fez o mesmo, pois os ruídos da batalha abafavam qualquer conversa.
- Oras, eu não lhe convidei a vir aqui, alias, o quê diabos você está fazendo no Beco Diagonal a essa hora? Rabastan abriu a boca para responder, mas teve de calar-se ao ver dois aurores correndo em sua direção. Eles dispararam feitiços nos irmãos, obrigando-os a separarem-se para não serem atingidos. Rodolfo começou a duelar com um dos atacantes, enquanto seu irmão atacava o outro
O auror que atacava Rabastan tinha cabelos loiros muito curtos, e seu corpo era magro. Apesar da aparente fraqueza, o homem era muito ágil, pois esquivava-se dos feitiços facilmente. Ele lançava uma ininterrupta onda de azarações contra o jovem, que defletia algumas, e esquivava-se de outras. O jovem esperou um descuido do bruxo, e quando este aconteceu, lançou-lhe um feitiço estuporante, fazendo-o cair de costas. Ele então olhou para seu irmão, que já havia derrubado seu desafiante, e agora corria em sua direção.
- O que eu faço aqui não tem importância, e mesmo se fizesse, não seria de sua conta. Rabastan sentiu-se feliz, por uma vez na vida poder extravasar com seu irmão, por mais estúpida que fosse sua resposta. – Mas eu gostaria de saber qual é a sua desculpa? Aqui, no meio da noite, lutando com aurores? O que diabos você está aprontando?
- Não é de sua conta.
- Da minha talvez não seja, mas Lady Eugênia vai adorar saber disso... Apesar dos raios e feitiços que cruzavam o céu, o breu era intenso. Porém mesmo através dele Rabastan reparou o quão corado ficara seu irmão. Este guardou silêncio por um instante, se é que isso era possível, diante das explosões que ecoavam pela rua.
- Eu estou resolvendo negócios para um amigo meu, mas eles não são da sua conta. Rodolfo deu as costas para o irmão, e continuou pensativo. Tão pensativo que não reparou no feitiço lançado por um auror em sua direção. Rabastan percebeu, mas não a tempo de evita-lo. Rodolfo tombou para o lado, estuporado. Seu irmão identificou o auror que disparara a azaração, e correu para ele. Parou a alguns passos de distância, para se defender de um feitiço lançado pelo auror. O jovem desviou-se do feitiço, e apontando a varinha para seu inimigo, gritou Reducto. O bruxo conjurou um feitiço escudo, fazendo com que a azaração mandada por Rabastan refletisse e fosse explodir contra a parede de um prédio próximo. Após defender-se, o bruxo tornou a tentar estuporar seu jovem desafiante, mas este continuava preparado e novamente esquivou-se do ataque.
- Não é tão fácil quanto acertar alguém pelas costas, certo? O jovem irritara-se com o ataque a seu irmão. Gritou Impedimenta e observou o jorro de luz voar de sua varinha, ricochetear em um novo feitiço de proteção do auror e perder-se em direção ao céu.
- Você tem muito que aprender jovem, e digo que é uma pena estar do lado errado da lei. Neste instante o número de feitiços que cortavam o céu triplicou, e quando ambos olharam para a o extremo oposto da rua, perceberam a aproximação de uma massa compacta de pessoas. Mais ou menos vinte aurores corriam para o banco. – E pelo que vejo, esta batalha está prestes a acabar. O momento que o homem ficou a fitar os aurores se aproximando fora o descuido que Rabastan precisava para azara-lo. Quando o bruxo olhou novamente para o jovem, só o que viu foi o feitiço vindo em sua direção, então caiu estuporado.
Um a menos, pensou o jovem, mas isso não representava vitória alguma. Ao observar o campo de batalha, viu que alguns de seus “aliados” haviam aparatado, e só restavam ali, Rodolfo desmaiado, e ele, contra quase trinta aurores. Os adversários reagrupavam-se, enquanto ele corria para junto de seu irmão.
- Enervate Disse ele apontando a varinha para o peito de seu irmão. Rodolfo respirou fundo, e acordou um tanto assustado. Ao olhar ao redor, ele puxou seu irmão, que também observava os aurores que se aproximavam.
- Porque diabos você foi me acordar?
- Olhe que lindo, é realmente o herói da mamãe. Rabastan zombava, mas a situação não poderia ser menos apropriada. Os aurores chegavam ao local rapidamente. Ele pensou com todas as suas forças, e só conseguiu vislumbrar uma saída. A Travessa do Tranco. Ele puxou Rodolfo pelo braço para ergue-lo, e indicou a Travessa com um gesto. Ambos concordaram, e sem pestanejar correram para a pequena viela. Os feitiços zuniam próximos, mas felizmente nenhum os atingiu.
Entraram na via estreita, tortuosa e obscura, e sem reparar em nada, correram para mais fundo. Ouviam o tropel dos homens que os seguiam.
- Que estupidez, porque não podemos simplesmente aparatar para longe daqui? Rabastan parou, e quando preparou-se para aparatar, seu irmão segurou-lhe pelo braço.
- Não podemos, preciso verificar uma coisa. Vamos à Borgin & Burke. Rodolfo disse isso e voltou a correr. Porém ao perceber seu irmão ainda parado no mesmo lugar, voltou até ele. – Confie em mim Stan, não podemos ir embora sem passar naquela loja. O mais jovem pareceu pensar um instante, então concordou, e voltaram a correr.
Quando chegaram a loja que procuravam, viram que seu interior estava iluminado fracamente, provavelmente por uma lareira. O mais velho olhou assustado para a porta, e então, muito vagarosamente, girou a maçaneta e entrou, seguido por seu irmão. A sala era pequena, mas estava repleta de objetos e jóias, todas devidamente etiquetados. No fundo desta sala achava-se uma porta. Encaminharam-se para ela. Ao passarem, encontravam-se em uma casa modesta. Sem muito à fazer ali, rumaram diretamente para a sala de onde provinha a luz. Depararam se com dois homens sentados em poltronas, aparentemente conversando. Um deles, o mais moço, avaliava um medalhão verde esmeralda, com um S em forma de serpente em seu centro.
- Um prazer fazer negócios com você, Sr. Borgin. A voz do jovem era sibilada. Voldemort ergueu-se da poltrona, e parou em frente aos dois recém chegados. – Olá Rodolfo, onde estão nossos companheiros? E quem seria este jovem aqui? Perguntava em tom de divertimento.
- Os outros fugiram enquanto enfrentávamos os aurores. Fomos emboscados, acho que o alarme silencioso da loja realmente nos passou despercebido. E este é meu irmão Rabastan. Voldemort baixou os olhos para o medalhão que ainda mantinha à mão.
- Alarme silencioso? Que estória é essa? Vocês assaltaram esta loja? Rabastan inquiria irritadamente. Queria entender de uma vez por todas o que raios estava acontecendo. Olhava para ambos, esperando uma resposta, mas ninguém lhe dava muita importância. Voldemort guardou o medalhão em um bolso interno de sua capa, e foi em direção à rua. Rodolfo seguiu-o, sendo imitado por seu irmão, que continuava perplexo.
- Para que lado estão os aurores? Perguntou Voldemort. Rodolfo assustou-se.
- Milorde está pensando em enfrenta-los?
- O quê você acha? Porque vir até aqui, se irei embora sem divertimento? Um sorriso surgiu em seus lábios. Rodolfo indicou-lhe a direção do Gringotes, e antes que pudesse articular mais alguma frase, seu líder havia sumido em um rodopiar de capa. Ainda olhava para o local onde até um segundo antes estava Tom Riddle, quando seu irmão segurou-o pelo braço.
- Me explique o que aconteceu! O mais velho abriu a boca para responder, porém foi interrompido pelo estampido que vinha da esquina próxima. Instintivamente correram para lá, e a cena que viram foi talvez a mais assombrosa possível: Todos os aurores que haviam visto naquela noite jaziam estuporados no chão, alguns caídos em posições estranhas, outros escorados em paredes, mas todos absolutamente imóveis. No centro do círculo formado pelos corpos estava Voldemort, que guardava sua varinha no cós da calça e voltava-se para os Lestrange.
- Sim, realmente incrível, e não, não os matei, afinal de contas ainda quero algum divertimento no futuro. Ele respondeu o que ambos estavam pensando com um leve sorriso, fazendo-os entreolharem-se admirados. – Acho que por hoje já conseguimos o que almejávamos, certo? Rodolfo, se não for incomodo, gostaria que cedesse um quarto em sua casa, preciso de algum descanso. O jovem Lestrange concordou com um aceno.
- Será uma honra poder recebe-lo Tom.
- Tom? Tom Riddle? Rabastan finalmente conseguira uma resposta para suas inúmeras perguntas.
- Não Rabastan. Tom Riddle não existe mais, apesar da insistência de seu irmão em me chamar assim. Sou Lord Voldemort. E gostaria de expressar minha admiração por seus atos hoje. Posso tomar o que fizeste como simpatia por nossa causa? O jovem olhou-o atônito. Causa? De quê causa ele estaria falando. – Bem, conversaremos sobre isso amanhã. Vamos embora.
Os irmãos prepararam-se para aparatar, mas Voldemort não fez o mesmo. Ele caminhou novamente até o centro da rua, e observou por um instante os corpos estuporados que ali jaziam. Então subitamente apontou a varinha para o céu negro e gritou MORSMORDRE Uma caveira surgiu no breu. Um caveira verde berrante. Então sua boca se abriu e uma cobra saiu de dentro dela como uma língua, e começou a se enrolar e circular. Ambos, Rabastan e Rodolfo assistiam aparvalhados a cena. Voldemort voltou até eles sorrindo novamente, daquele seu jeito assustador.
- Agora sim. Fizemos nosso trabalho e deixamos nosso cartão de visitas. O quê mais eu poderia esperar de uma noite? Então soltou uma gargalhada fria e enregelante. Os irmãos até o acompanharam timidamente. Vamos então? E dizendo isso, os três aparataram, deixando para trás todos os aurores assustados que começavam a se reanimar, e os poucos moradores do Beco Diagonal, que observavam a caveira no céu. A Marca Negra.



N/A; E ai pessoal, tudo bem?!? Bom, apesar do challenge, e do concurso, e do ENEM e do... bem, apesar de tudo ai está o 4º capítulo. Ação? Não, o que seria isso... O romantismo é que passou um tanto longe né... mas fazer o quê?!?! Mas bem, este cap é um pouco mais doido que os outros... muita luta, muita emoção, e claro, Lord Voldemort mostrando um pouco (quase nada...) de suas habilidades...a sei lá o que falar, vcs leram né, então tirem as suas conclusões...
P.S: Bellatrix nem deu as caras né... po, que pena, gosto tanto daquela moça...
Well, respostas abaixo, então... See ya!


Samara Riddle: Bom... ele não é muito árabe, mas sei lá, na imaginação cada um é livre né...espero que goste deste cap, sei que vc gosta do Voldy ( esta no nome né...:D) então... bom, espero que goste! P.s: e a sua fic? Não vai mais att??

Kristina Gaunt: Sério... adorei seu comentário :D heheh Sonhou com a fic?( não tem nada melhor pra sonhar não?!?! :D hehehe) vc era a bella? Que sorte a sua! Sempre quando sonho com a fic eu sou o Dibs... Bom, por favor , não tenha uma crise de abstinência, vc é a leitora de quem eu mais gosto ( puxa-saco, não?!?)hehehe. Quando vai att sua fic? Faz tempinho né? To com saudades já... Bem, espero que tenha gostado do cap...e espero um coment :D!

Graziella S.: E ai, espero que leia esse cap aqui, se bem que sei como anda ocupada né (afinal estou ocupado com as mesmas coisas... :D) Mas falando sério, o Stan ta mostrando as garrinhas né... caraca... E quanto a fã: tá com inveja?!? Oras... eu sei que tu tem um tbm, se bem que eu duvido alguém ter um fã do quilate do teu... :D *espera a sombrancelha arqueada* well... acho que era isso MMdCR... hehehe

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