Leste

Leste

-“Hermione! Hermione!”

Quem a chamava? Ela não fazia a maior idéia.

-“Hermione!”

Sua cabeça doía, suas costas também. Aquela voz não parava de chamá-la. Pensando bem, não era uma voz totalmente desconhecida. Era melhor acordar, mas estava difícil abrir os olhos.

-“Hermione!” – a pessoa que a chamava começou a sacudi-la.

Devagar, Hermione abriu os olhos, sentia-os secos e ardidos.

-“Ainda bem que acordou!” – disse Fred Weasley, entrando em seu campo de visão.

Hermione arregalou os olhos ao vê-lo. Desviando o olhar, constatou que estava em uma praia, com um mar extremamente azul à sua frente.

-“Onde estou? O que aconteceu?” – perguntou atônita, após alguns segundos de silêncio.

-“Não sei,” – respondeu Fred – “mas George está conosco também, não consigo acordá-lo”

A menina olhou na direção em que o amigo apontava; deitado na areia estava o outro gêmeo Weasley.

-“Vamos tentar.” – disse ela, levantando-se e andando até o garoto.

Ao aproximarem-se de George, Hermione e Fred constataram que ele tinha um ferimento na cabeça.

-“Temos que lavar isso.” – comentou a garota, olhando para o feio corte da parte esquerda da cabeça do amigo.

-“Mas como? Com água do mar?” – questionou Fred.

-“Podemos conjurar água...” – disse ela, buscando a varinha nos bolsos.

-“O que foi?” – perguntou Fred, olhando para a expressão de decepção no rosto de Hermione.

-“Minha varinha... não está comigo!”

-“A minha também não, foi a primeira coisa que procurei quando acordei. Infelizmente, nenhum de nós está com sua varinha.”

-“Não acredito!”

-“Infelizmente é verdade.”

-“Bom, de qualquer forma, temos que ajudar o George. Venha, vamos carregá-lo.”

Juntos, com um certo esforço e tomando muito cuidado, os dois carregaram George até a beira do mar. Devagar, aproximaram a cabeça do garoto da água e lavaram o ferimento. Quando estavam quase terminado o trabalho, George acordou assustado.

-“Aaahh!” – gritou ele, ao que Hermione e Fred o largaram e ele caiu de vez no mar, num desastrado mergulho – “O que está acontecendo?” – gritou, ao emergir.

-“Calma George, está tudo bem.” – disse Fred, puxando o irmão para fora d’água.

Depois de uma pequena confusão, os três sentaram-se na areia, olhando para o mar.

-“Então, nenhuma pista de como viemos parar aqui?” – disse George, ao que Hermione e Fred balançaram negativamente a cabeça – “Minha cabeça dói.”

-“A minha também.” – comentou a garota – “E tenho sede. Não acredito que nenhum de nós está com sua varinha!”

Irritada, Hermione dava socos na areia. Calados, Fred e George pensavam em uma maneira de saírem daquele lugar.

-“Poderíamos tentar aparatar.” – sugeriu o primeiro.

-“Mas Hermione não sabe.” – observou o segundo – “Além disso, para onde aparataríamos?”

-“Temos que encontrar água e comida.” – disse Hermione, pondo-se de pé – “Depois pensaremos em como voltar para casa.”

-“Mas onde?” – perguntaram os gêmeos, em uníssono.

Ela olhou ao seu redor, só o que via era areia. À sua frente, o mar, às suas costas, dunas enormes com quase quinze metros de altura.

-“Parece que estamos presos em um deserto.” – comentou Fred, também olhando ao redor.

-“E se subirmos naquele monte?” – perguntou George, apontando para a duna mais alta que conseguiu avistar – “De lá teremos uma boa vista do lugar, isso pode nos ajudar.”

-“Tem razão, vamos.” – disse Hermione, decidida.

Logo, os três estavam subindo o morro o mais rápido que podiam. A tarefa não era fácil, a areia estava bem seca, o que fazia com que suas pernas afundassem até quase a altura do joelho. O sol também não ajudava, queimando as nucas dos garotos com seus raios de meio-dia. Por fim, chegaram ao topo, cansados, suados e vermelhos.

Ao olharem ao redor, sentiram-se um tanto desapontados. Mais à sua frente havia uma mancha verde indicando uma mata selvagem que se alastrava pelo horizonte, mas que parecia terrivelmente distante. Exausta, Hermione sentou-se na areia apoiando a cabeça nas mãos.

-“Não acredito!” – suspirou.

-“O que faremos?” – perguntou George, sentando-se ao lado dela.

Hermione não conseguia pronunciar nada. Seu rosto ardia pelo sol, suas pernas doíam e sua boca estava seca como se ela tivesse engolido sal. Porém, a pior de todas as sensações era a de estar completamente perdida.

Onde estava? Aquele lugar não parecia com nenhum outro em que ela estivera antes.

Por que estava ali? Como fora parar naquele lugar? Ela não se lembrava muito da noite anterior... sabia que estivera estudando até tarde, mas o que acontecera depois?

-“Acho que o melhor é andar até aquela mata.” – disse Fred, sentando-se do outro lado de Hermione – “Devemos encontrar água e comida por lá.”

“Água... é uma coisa que eu realmente queria agora!” - pensou Hermione, encarando a massa verde no horizonte. – “Um pouco de água e a minha varinha, é tudo o que eu preciso.”

Reprimindo uma lágrima, Hermione se levantou.

-“Se temos que ir, vamos logo.” – disse, começando a descer o morro.

Um tanto assustados com a atitude repentina da garota, os gêmeos Weasley levantaram-se e a seguiram.

A descida da duna foi quase tão difícil quanto a subida. Por ser muito íngreme, os garotos tinham que tomar cuidado para não cair, além de cuidar para não deixar que suas pernas afundassem muito na areia fina. Ao chegarem à base do morro, os três pararam um momento para descansar e recuperar o fôlego.

-“Nossa!” – disse Fred, apertando o lado do corpo – “Quem quer que nos tenha deixado aqui não deve gostar nem um pouquinho de nós!”

George riu pelo nariz, Hermione não achou graça.

-“Vamos, temos que continuar.” – falou ela, determinada.

-“Uau, Hermione, calma aí!” – disse Jorge, praticamente correndo para acompanhar o ritmo da garota.

-“A mata não vai sair do lugar, logo logo a gente chega!” – disse Fred.

-“Escuta aqui, meninos,” – começou Hermione, virando-se para encará-los – “não me importa se vocês gostam de levar a vida na brincadeira, mas essa situação é mais desesperadora do que parece! Estamos sozinhos, sem varinhas, sem água, sem comida, completamente perdidos!”

-“Nós sabemos! Mas se entrarmos em pânico, não vamos resolver nada! Precisamos nos acalmar e agir corretamente, mas sem pressa ou vamos acabar tento problemas ainda mais sérios.” – argumentou George, ao que Fred concordou com a cabeça.

Hermione suspirou. Por mais que estivesse assustada e preocupada com a situação, percebeu que os gêmeos estavam certos.

-“Está bem, vocês têm razão.”

-“Podemos caminhar como seres humanos agora?” – perguntou George.

Hermione acenou afirmativamente com a cabeça, ao que George forçou um suspiro exagerado de alívio e, rindo, os três recomeçaram a caminhar.

A tensão pareceu deixar Hermione durante alguns minutos. Com Fred e George ao seu lado fazendo piada da situação e bolando os mais absurdos planos para voltar para casa, a garota não podia deixar de rir. Sem que percebessem, haviam percorrido mais da metade do caminho até a mata.

-“Está ficando escuro.” – comentou Hermione, preocupada.

-“Estamos à leste.” – comentou Fred, observando o pôr-do-sol.

“Isso ajudaria mais se soubéssemos em que direção temos que ir.” - pensou Hermione, voltando a ficar desanimada.

Já era noite quando eles alcançaram a mata, o que impediu qualquer tentativa de buscar comida ou água. Exaustos, famintos e sedentos, os três arrumaram o melhor que puderam um lugar para dormir. Não demorou muito para que caíssem num sono profundo.


No dia seguinte, os três acordaram com a algazarra dos passarinhos da mata. Um pouco tontos pela falta de comida e água, eles se levantaram sentindo-se fracos.

-“Vamos.” – disse Hermione, simplesmente.

Os gêmeos concordaram com a cabeça e a seguiram mata adentro. Após uma curta caminhada, eles encontraram a tímida nascente de um rio que brotava entre algumas pedras. Extasiados, os três beberam até a satisfação, lavaram as mãos e o rosto. Em seguida, encontraram algumas frutas que comeram com gosto.

-“Agora sim, sinto que posso sobreviver!” – disse Fred, deitado de barriga para cima observando as folhas das árvores agitarem-se alguns metros acima.

George riu do comentário, Hermione deixou escapar um sorrisinho, mas logo voltou à seriedade.

-“Acho que devemos sair daqui.” – disse ela.

-“E para onde iríamos?” – perguntou Fred.

-“Não sei, mas não podemos ficar parados aqui sobrevivendo de bananas.”

-“Eu gosto de bananas.” – comentou George.

Os três riram. Hermione, porém, continuou:

-“Temos que procurar ajuda, tentar sair daqui. Imagino que se seguirmos o leito do rio encontraremos alguém.”

-“Teríamos que andar por dentro da mata, isso é perigoso sem varinhas.” – observou Jorge.

-“Ao que parece, é nossa única chance.” – concluiu Hermione.

Assim, os três começaram a seguir o curso do pequeno rio. Durante o percurso, vários insetos e pequenos animais surgiram, mas não apareceu nada que pudesse lhes fazer algum mal. Não era fácil andar por ali, já que não havia trilha alguma. Muitas vezes, os três eram obrigados a pisarem no meio do riacho para prosseguirem, o que deixava seus tênis encharcados.

-“Pelo menos estamos sendo poupados do trabalho de lavar os sapatos.” – comentou George, ao pisar no meio da água pela terceira vez.

Naquele momento, uma forte trovoada ressoou no ar.

-“Parece que, em breve, seremos poupados do trabalho de tomar banho.” – observou Fred.

-“Talvez não.” – começou Hermione – “Essa tempestade parece estar se formando longe, mais a oeste.”

-“Então vamos continuar.” – disse George, tomando a frente do grupo.

Os garotos andaram pelo que lhes pareceu metade do dia. Cansados, fizeram uma pausa para o “almoço” antes de prosseguirem. Continuaram caminhando e conversando até o anoitecer, quando pararam e improvisaram um abrigo.

Os três conversaram durante alguns minutos mais, até que os gêmeos adormeceram. Hermione, entretanto, permaneceu acordada. Ela ainda estava preocupada, mas as brincadeiras e o bom humor de Fred e Jorge haviam lhe deixado mais relaxada e confiante. Em seu íntimo, ela agradeceu por ter os garotos por perto, se estivesse sozinha em um lugar como aquele, não saberia o que fazer.


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N/A:
sim, a fic está mega atrasada.
mas eu não a abandonarei!
x)

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