O Buquê



O BUQUÊ

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Um último dia dourado de paz. Era assim que Harry sentia o dia de hoje.

No meio de tanta escuridão, a luz dourada dos cabelos de Fleur iria reluzir, a felicidade irradiante de Gui ia se concretizar.... Parecia paradoxal, mas o início de uma guerra seria delimitado por um casamento.

Estranho era que as pessoas pareciam não notar isso. Uma aura de felicidade contagiava o lugar. Até mesmo Harry sentia-se bem. E isso não era uma coisa muito comum nos dias que se seguiram a invasão à Hogwarts. Dumbledore morto... O fim do namoro com Ginny... A iminência de uma batalha...

Ainda assim, Harry tinha gostado de passar o dia arrumando e ajudando na decoração. Ocupava a mente. Talvez fosse uma espécie de fuga. Enquanto estava ali, não tinha de se preocupar com a guerra que se vislumbrava.

A única coisa que o incomodou durante o dia, foi a presença dela. Ginny. Passaram o dia cruzando, sempre ocupados. Ainda não tinham conversado depois do funeral de Dumbledore, mas ele sabia que quando ocorresse não seria fácil. Na verdade, ele não queria que acontecesse.

Por sorte, todas as vezes em que se esbarraram durante o dia, estavam com alguém do lado e com bastante pressa. Isso, porém, não impediu que ele a devorasse com os olhos nos poucos segundos em que estiveram perto um do outro.

Ela parecia bem.

Na verdade, para quem não a conhece, parece que nada aconteceu. Que ela não levou um fora do cara por quem sempre fora apaixonada, depois do que, na opinião dele, foram os dias mais felizes que já viveram.

Pois é, para quem não conhece Ginevra Weasley, tudo está na mais perfeita ordem. Ela continua linda e saltitante como sempre. Ah, as olheiras? Claro, tem estado muito ocupada com o casamento do irmão... E os olhos levemente vermelhos? A morte de Dumbledore deve ter sido bastante dolorosa para todos os alunos de Hogwarts...

Mas Harry sabia que não era isso. Ao menos não apenas isso. Ela estava magoada. Não queria transparecer, mas estava. Sorrira para ele algumas vezes, mas não era aquele sorriso capaz de iluminar o mundo... Não. Era um sorriso cortês. Um sorriso de quem diz “confio em você, sei que é capaz e lhe dou todo meu apoio”. O pior é que ele tinha de manter um comportamento simétrico ao dela, já que estavam numa situação armada por ele próprio. Isso o matava por dentro.

Tudo o que tinha acontecido havia mexido muito com ele. O ataque, Dumbledore, Snape... Voldemort. Mas em certas horas, sentia-se culpado, pois seu monstro interior só pedia por Ginny. Tudo o que a envolvia o interessava.

A saudade era tanta que, no período que ficou na casa dos Dursley, acabou indo a um tatuador e fazendo um rabo-córneo-húngaro no peito. Era um desenho pequeno, mas que havia causado muita dor para ficar pronto. Além do mais, teve que convencer o tatuador de que aquela imagem, tão bizarra, lhe surgira em sonho. Obviamente sentiu-se envergonhado depois. Como podia ter cedido a uma lembrança tão boba? Por isso, não ficava mais sem camisa na frente de ninguém, nem mesmo de Rony.

Agora estava ali. No quarto de seu melhor amigo, na Toca. Preparando-se para o casamento. Na verdade, Remo e Arthur achavam que seria melhor que o casamento ocorresse em outro lugar, talvez na França ou mesmo em Hogwarts. Acontece que Molly não quis nem ouvir a idéia. Fez questão que seu primeiro filho a casar o fizesse na Toca. Estranhamente Fleur concordou vigorosamente com a sogra, dizendo que já se sentia em casa ali.

Então um salão foi construído, magicamente, no jardim da Toca. Nada de céu aberto. O local era totalmente fechado e cheio de feitiços de proteção, inclusive um que o deixava invisível para quem estivesse de fora.

A princípio, seria uma festa bem simples, mas aos poucos foi ficando cada vez mais requintada. Devido aos ferimentos sofridos durante o ataque à Hogwarts, o ministério concedeu a Gui um prêmio por bravura que equivalia a 800 galeões, os quais foram gastos na festa.

A casa estava relativamente cheia. Teve de ser ampliada magicamente. Afinal todos os Weasley estavam ali... Quer dizer, menos um. Percy ainda estava meio brigado com a família, por esta continuar defendendo um “garoto rebelde que rejeitou a ajuda do Ministério”. Foi assim que Percy chamou Harry em uma carta para Molly, que a leu aos prantos. Mas a família mais próxima de Fleur também estava ali, outros chegariam na hora do casamento. Remo e Tonks ficaram devido à insistência de Molly e Arthur, que diziam que eles já eram da família. Hermione tinha resolvido passar os últimos dias com os pais, sempre na companhia de dois ou três aurores, e chegaria a qualquer momento.

Harry colocou a capa de sua roupa de gala nos ombros distraidamente, quando de repente...

CRACK!

Era Rony que aparatara no quarto, enrolado numa toalha e com os cabelos, compridos até as orelhas (para desespero de Molly), ainda pingando.

- Droga Rony! Que susto! – exclamou Harry com a mão sobre o peito.

- O que você queria que eu fizesse? Saísse de toalha pela casa cheia?

- Gabrielle ia gostar... – brincou Harry.

- Há, há, há – disse Rony com uma careta.

- Eu pensei que não se podia aparatar aqui...

- O feitiço anti-aparatação só vale pra quem tá lá fora. Como tá muita confusão aqui dentro, é permitido aparatar entre os cômodos...

Harry deu de ombros e riu. Pegou um pente e tentou mais uma vez arrumar seu cabelo, enquanto ia novamente entrando no mundo de seus pensamentos. Mas... De repente...

“BLAH!”

A porta se abriu e por ela entrou uma pessoa esguia, trajando um vestido verde musgo bem colado no busto e corpo e que ia se alargando suavemente na saia, as mangas de, renda da mesma cor, iam apertadas até o meio do braço e depois largueavam excessivamente de forma que, quando ela estivesse com os braços para baixo, não se dava para ver suas mãos. A moça trazia os cabelos castanhos soltos em cachos que desciam pelos ombros e costas e uma maquiagem leve no rosto.

- Boa noite meninos! Vim ver se vocês já estão prontos... Ah!!!!! – Hermione escondeu o rosto nas mãos quando viu que Rony estava praticamente sem a toalha.

- Droga Mione! Porque você não bate na porta? – gritou Rony, vermelho como um pimentão, segurando a toalha que teimava em querer escorregar.

- Ai meu Deus! Ai meu Deus! Ai meu Deus! – disse ela virando de costas – Desculpa... Eu... eu... eu tô lá embaixo – e abriu a porta para sair.

Mas de repente...

“BLAH!”

Harry correu até a porta e a empurrou antes que Hermione pudesse sair.

- Harry! – disseram Hermione e Rony ao mesmo tempo.

- Quando a Mione abriu a porta, deu pra ver... A mãe da Fleur tava lá fora, no corredor, conversando com a Molly... – cochichou Harry

Rony fez uma careta “eita, tamos lascados!” e Hermione fez uma expressão “e daí?”

- É que a mãe da Fleur é super puritana... – disse Harry.

- E a mamãe pediu para dizer pra você pra não ficar entrando e saindo do meu quarto toda hora... – Rony imitou o tom da mãe e disse – Porque ela é visita!

- Isso é a maior baboseira que eu já ouvi! – disse Hermione ainda de costas pro Rony – Desde os treze anos que eu entro e saio desse quarto o tempo todo...

- E... Bom... – disse Harry como quem escolhe as palavras – A Gabrielle tava com ela.

Então Rony adquiriu um tom esverdeado e Hermione readquiriu a expressão de quem não tava entendendo nada.

- É que a Gabrielle anda meio encantada com o Rony... E se ela tem um mero vislumbre do Rony de toalha... Eu acho que ela tem uma síncope – disse Harry rindo.

- Você tá dando bola pra ela?! – gritou Hermione voltando-se para Rony, mas imediatamente tapando o rosto de novo.

- É claro que não! – falou Rony cujas orelhas ficaram escarlates.

- O fato é que você vai ter que ficar aqui por enquanto... – Harry disse para Hermione.

- E como é que eu vou trocar de roupa?

- Pode ficar tranqüilo... Eu não vou olhar! – anunciou a morena.

- É bom mesmo... – disse Rony.

- Ah, francamente Ronald! Eu como se eu quisesse olhar pra você sem roupa! – ela falou corando furiosamente, Harry baixou a cabeça e sorriu, de repente ela ficou séria – Mas tem uma coisa na qual eu não paro de pensar... Quando a gente vai atrás das horcruxes?

- Talvez seja melhor pensarmos nisso depois da festa. – a voz de Rony saiu meio abafada enquanto vestia a camisa.

- Eu também prefiro assim – disse Harry – Eu pensei muito durante o tempo com meus tios... E já tenho tudo planejado, mas hoje, eu queria tentar não pensar nisso sabe?

- Claro que eu entendo... E acho até muito saudável – disse Hermione tomando as mãos do amigo nas suas – Hoje é uma noite pra nos divertimos né.

Harry sorriu.

- Ah, e antes que eu me esqueça de dizer... Você tá linda! – Harry falou para a amiga.

- Obrigada – respondeu sorrindo e colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

Harry piscou algumas vezes e fez uma careta.

- Arh... Parece que tem uma mancha nos meus óculos – Harry pegou uma camisa de algodão que estava jogada sobre seu malão e começou a limpar as lentes.

Ouviram um resmungo do outro lado do quarto e Harry riu ao ver Rony “apanhando” da gravata.

- Que foi? – perguntou Hermione – Posso olhar?

- Pode... – respondeu o ruivo mal-humorado – Eu não tô conseguindo dar o nó nesta gravata estúpida!

Hermione revirou os olhos e foi até ele.

- Deixa que eu vejo isso.

Harry levantou os olhos e viu Hermione tentando consertar o que Rony já tinha feito. Os amigos estavam muito próximos, há centímetros de distância um do outro. Hermione mantinha o olhar fixo na gravata e mordia o lábio inferior, enquanto Rony, vermelho como os cabelos, havia abaixado a cabeça para admirar Hermione. Harry sabia disso pela expressão nos olhos dele... Era a mesma dele próprio quando olhava para Ginny. Também percebeu que seu melhor amigo parecia não saber o que fazer com as mãos. Era como se ele quisesse agarrar Hermione pela cintura, mas estivesse usando todo seu autocontrole para não o fazer.

O moreno desviou os olhos da cena. Sentia como se estivesse invadindo algo muito particular. Pensou em sair de fininho ou mesmo aparatar, mas percebeu que qualquer movimento seu poderia estragar o clima entre os dois. Era preciso agir naturalmente.

- Er... – Rony pigarreou e falou baixinho – Você está realmente linda...

- Obrigada – disse Hermione sorrindo sem jeito.

- E cheirosa também... Quer dizer... Er... Não que você não seja sempre...

Harry teve que se segurar pra não rir.

- Eu entendi... – cortou Hermione com doçura – É um perfume igual ao que você me deu no quinto ano... Eu só uso ele agora...

- Eu percebi... – disse Rony rindo.

Eles se encararam por um momento.

- Pronto! – falou Hermione se afastando – O nó tá pronto.

- Obrigado – parecia que Rony estava saindo de um transe.

- Harry, poderia ver se eu já posso sair? – perguntou Hermione sem jeito.

- Claro – respondeu caminhando até a porta. – Barra tá limpa... Pode ir.

- Tá... Então... Eu espero vocês lá embaixo. – e saiu como um furacão.

Depois que a porta se fechou, Rony se voltou para o amigo.

- Cara... Diz que minha mãe tava realmente lá fora.

- Claro que tava! – respondeu ofendido, Rony lançou um olhar desconfiado – Sério! Você acha que eu ia fazer Hermione passar por um constrangimento desses! – Rony continuava desconfiado – Hei!

- Então por que você não disse que ela podia aparatar?

- Por que você não disse? – Harry devolveu triunfante.

- Por quê?... Er... Porque eu esqueci oras!

- É, eu também esqueci...

Harry sorriu e foi atingido por um travesseiro.

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Quando eles desceram, a maioria das pessoas já estava lá fora. Procuraram por Hermione, e a avistaram na cozinha, conversando com uma Ginny aparentemente animada.

- Ah, vocês desceram... Finalmente! – Hermione falou em tom mandão – Agora podemos sair. Tenho que dar atenção aos meus pais.

- Não se preocupa Mione – Ginny respondeu displicente – aposto que o papai tá fazendo isso.

- De toda forma, é melhor irmos.

- Hã... Vão na frente – Ginny falou – Vou depois.

- Até parece que você quer ficar aqui ajudando na cozinha!

- E se eu quiser maninho!

- Parem vocês dois! – interveio Hermione. – Vamos Gi...

- É – Harry se pronunciou – Se você não sair agora, pode ficar presa aqui...

- Tá... Eu vou. – a ruiva respondeu meio sem jeito.

Os quatro saíram e Hermione procurou os pais com os olhos. Não demorou muito e viu que Ginny estava certa. Arthur Weasley e os Granger estavam em uma animada conversa.

- Ela veio? – a voz de Gina chegou aos ouvidos da morena.

Quando olhou para a frente, viu que uma moça vinham em direção dos dois.

- Lavender? – Rony se assustou.

- Oi Ron... Hermione, Harry, Gina – ela cumprimentou todos.

- Oi... – respondeu Ron sem jeito.

- Tenho certeza que vai ser um lindo casamento – Lavender tentou puxar assunto.

- Eu também tenho – Harry tentava ser agradável.

- Meu irmão está muito feliz... – Rony emendou.

- Eu tenho que ver meus pais – Hermione cortou – Até logo Lavender...

- Até logo Hermione... E... você está linda! – Lavender tentou ser simpática.

- Obrigada... – Hermione sorriu sem graça – Você também... Vem comigo Gina?

- Claro! – lançou um sorriso cínico para a grifinória – Até logo, Lavender...

- Espera Mione... – Ron ainda tentou, mas a amiga estava longe.

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- O que ela está fazendo aqui? – perguntou Hermione.

- Parece que os pais dela são têm negócios na França... E ficaram amigos dos pais da Fleur...

- Só falta agora eles voltarem!

- Como é Mione?

- Er... Bem, é que eu não pretendo agüentar aquela voz esganiçada dizendo “Won-won” o tempo todo!

Mas antes que as duas pudessem alcançar os pais de Hermione, um homem alto e forte cruzou o caminho.

- Hermi-o-nini!

Hermione parou surpresa. Mas logo um brilho vingativo se apossou de seus olhos cor de chocolate.

- Vítor! Que bom que veio...

- Se não fiesse... Fleur me mataria – disse ele rindo – Posso acompanhá-las?

- Sim! – disse Gina sorridente, depois de olhar para trás.

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Harry e Rony haviam conseguido despistar Lavender e caminhavam em direção ao local onde os pais estavam, mas de repente Rony estancou.

- Que foi? – Harry perguntou confuso.

- Não quero mais ir pra lá – respondeu Ron emburrado.

Então Harry percebeu o motivo da mudança repentina de humor de Ron.

- Aquele búlgaro imbecil – o ruivo esbravejou – Já está se jogando pra cima da Mione de novo... Devia ser considerado aliciamento de menores!

- Que é isso Ron? – Harry se surpreendeu – Também não é assim...

- Ah, não? Aquele idiota só quer se aproveitar dela... Mas eu não vou deixar!

Harry não discutiu. Apenas suspirou e desejou que a situação entre seus amigos se resolvesse... O mais rápido possível. Porque se às vezes ele achava que podia se sentir sozinho, caso eles começassem a sair juntos, esse sentimento passava ao imaginar uma vida sem as picuinhas dos dois amigos.

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A cerimônia havia sido linda. Fleur estava deslumbrante e Gui feliz, como nunca antes Harry havia visto. Houve muito choro e algumas brincadeiras do celebrante.

Gabrielle entrara com as alianças, arrancando suspiros de alguns garotos. E o moreno reparou que Hermione ficara prestando bastante atenção em Ron, que não esboçou nenhuma reação fora do habitual.

A celebração terminou com um beijo apaixonado dos noivos. E então a festa foi iniciada. Todos foram para o salão, a fim de saborear das guloseimas feitas por Molly Weasley.

Harry, Ron e Hermione sentaram em uma mesinha, cada um com seu copo de cerveja amanteigada. Na verdade, Ron parecia meio que fugindo de Lavender e Gabrielle, enquanto Hermione preferia ficar longe de Vítor Krum. Estavam se tratando de forma bastante cordial, como um pacto silencioso, onde discussões e aborrecimentos eram proibidos.

Então os gêmeos se aproximaram apontando para a pista de dança. Eles riram ao ver uma descolada Tonks, tentando fazer um encabulado Lupin dançar. Depois viram Molly e Arthur, que eram todos sorrisos, Hagrid e Maxime, Gina e Carlinhos. E, para surpresa de Hermione, o casal Granger.

- E então? Não vão dançar? – perguntou Fred.

- Não, obrigado! – respondeu Ron, irônico.

- Tudo bem... – George estendeu a mão para Hermione – Mionezinha...

Ela arregalou os olhos.

- Você tá me chamando pra dançar?

- Sim! – George sorriu diante o olhar assassino de Ron.

- Tá... Mas não me chame mais de Mionezinha – respondeu Hermione e foi com ele para a pista.

Ron bufou.

- Antes o George que o Krum! – cantarolou Fred.

Harry e Ron olharam intrigados e depois viram o búlgaro voltando para a mesa onde estava.

- Ele vinha nessa direção – concluiu Fred – Aposto que vinha tirar a Mione pra dançar.

- Por que vocês estão sendo legais comigo? – perguntou Ron de súbito.

- Eu não sabia que evitar que a Mionezinha dançasse com o Krum era ser legal com você – Fred respondeu estreitando os olhos.

Ron ficou rubro e Harry teve que segurar uma risada.

- Se é assim... Está nos devendo maninho! – Fred completou inocente.

Ron fez uma careta para o irmão e ficou observando o salão. Então a música acabou e Hermione e George voltaram.

- Você dança muito bem George! – disse Hermione empolgada.

- Obrigado Mionezinha... Pena que a vaga para seu príncipe encantado já é muito cobiçada... Além do mais... Eu e você nunca daríamos certo*

- Eu tenho certeza disso – Hermione devolveu com a mesma ironia.

Então um tumulto foi percebido. Fleur anunciara que ia jogar o buquê. As moças solteiras e casadoiras** ficaram em polvorosas! Hermione sorriu com desdém e revirou os olhos.

- Não vai Mionezinha? – perguntou Fred.

- Eu não! – respondeu ela de forma superior – É apenas uma superstição boba de moças que não têm o que fazer...

- Todas as moças estão indo... – disse Ron baixinho.

- Não acredito nessas coisas. – finalizou a morena.

- Vem Mione!!!!

Gina vinha se aproximando rapidamente. Com um sorriso no rosto. Harry imediatamente ficou estático, olhando para o chão.

- Só falta você.

- Eu não vou Gi...

- Ah, vem sim! A Fleuma disse que só joga quando todas as moças estiverem no salão...

- É só...

- Uma superstição boba! – os gêmeos disseram ao mesmo tempo, fazendo Harry e Rony sorrirem.

- Mas não custa nada Mione... – Gina fez uma cara manhosa – Se você não quer pegar, então nem tenta... Basta ficar quietinha...

- Vai Mione... – disse Fred.

- Ou vamos te obrigar a ir – completou George.

- Como? – perguntou ela descrente.

- Mionezinha! Mionezinha! – os gêmeos começaram a cantarolar baixinho e a bater as mãos, indicando que aumentariam o tom de voz, para que todo mundo ouvisse.

Se todos ouvissem, certamente iriam continuar até que ela se levantasse e fosse. Antes que isso acontecesse, ela pulou da cadeira e lançou um olhar de reprovação.

- Parem com isso! Eu vou! – disse derrotada – Odeio chamar a atenção – ela resmungava enquanto seguia com uma Gina saltitante.

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Era engraçado observar Hermione ali. Parecia um peixe fora d’água. Ela estava mais atrás, de braços cruzados e olhar entediando. Tinha se afastado das outras moças que sorriam e pareciam empolgadas com a possibilidade de pegar o buquê.

- Um!

A voz doce de Fleur se fez ouvir, deixando as moças mais eriçadas ainda.

- Doisss!

Hermione, ainda de braços cruzados, suspirou e olhou para o chão. Ginny sorria e apostava com Gabrielle que pegaria o buquê.

- Trrêsss!

Fleur jogou o buquê. Aconteceu, porém, que ela o fez de um jeito mais forte do que o esperado. E as flores flutuaram por cima das moças, que queriam pegá-lo, vindo em direção da mais improvável delas.

Todos prenderam a respiração e num reflexo, que deixaria qualquer goleiro de quadribol com inveja, Hermione segurou o buquê.

Risos e aplausos explodiram no salão. Hermione parecia fora deste mundo. Os olhos do tamanho de duas tigelas, encarou Harry fazendo sinais negativos com a cabeça, como se não acreditasse no que estava acontecendo.

Ginny se aproximou dela...

- Mione!!! Você pegou!

- Eu... Er... Se eu não pegasse... Ia bater no meu rosto... – ela murmurou.

De repente o nome dela foi ouvido. As moças que antes queriam agarrar o buquê, agora faziam coro com o nome da morena. Ela, a cada segundo que passava ia ficando cada vez mais vermelha. A ponto de Harry pensar que se ela não saísse dali imediatamente, com toda certeza, explodiria como um explosivin.

Fleur se aproximou com um sorriso que derretia o coração da maior parte dos homens ali presentes.

- Agorrrra vamos parrra a segunda parrte do ritual!!!

Harry ficou confuso.

- Rony... – chamou ele – Rony!

- Que é! – o ruivo parecia ansioso.

- Que segunda parte?

- É melhor você assistir.

Ele viu quando conduziram uma Hermione apavorada para o meio do salão. Ela parecia uma boneca de cera, de tão pálida. E ele teve a impressão que ela ia chorar a qualquer momento. Com certeza ela sabia o que ia acontecer agora. E no fundo, Harry tinha certeza que por mais que ela implorasse para aquilo parar, não adiantaria. Então ele percebeu que aquilo não seria tão simples como nos casamentos trouxas.

Fleur recolocou o buquê nas mãos bambas de Hermione e de repente, dois pontos luminosos saíram dentre as flores.

- O que é aquilo?

- Fadas azuis.

- O que elas fazem?

- Lêem os sentimentos das pessoas.

As fadas voaram ao redor da moça alguns segundos e então dispararam pelo salão. Pareciam procurar alguma coisa, que Harry ainda não identificara o que seria. Na verdade... elas procuravam alguém! Então era isso! Elas reconheciam os sentimentos das pessoas...

Rony respirou fundo e conteve uma imprecação, quando as fadas rodearam um Vítor Krum, que era todo sorriso. Harry teve que se conter para não rir ao perceber que Rony segurava firmemente a mesa. Talvez se segurando para não avançar no jogador. Então, as duas fadas, ao mesmo tempo, fizeram uma careta e mostraram a língua para o búlgaro, num gesto que fez todos no salão – inclusive Hermione – sorrirem.

Então, elas pararam no meio do salão e se viraram lentamente para onde Harry, Rony e os gêmeos estavam. Foram se aproximando devagar da mesa. Aos poucos, os olhos de Hermione iam se abrindo e enchendo de lágrimas. Enquanto a Rony, ficava mais e mais camuflado nos cabelos e com a respiração difícil.

As fadinhas ficaram bem próximas ao rosto dele, e em poucos segundos deram risadinhas abafadas a começaram a puxá-lo pelas mangas das vestes. Uma delas fez uma expressão brava, diante da hesitação dele. Então, Jorge resolveu dar uma mãozinha e deu um belo empurrão no irmão, fazendo com que ele desse três grandes passos para frente.

Agora não havia mais como voltar. As fadinhas continuavam puxando-o em direção a Hermione que já tinha o rosto banhado de lágrimas. Ela estava apavorada.

As fadinhas só sossegaram quando deixaram os dois frente a frente. Os dois respiravam ofegantes e pareciam assustados com a situação.

- Você não precisa fazer isso... – ela sussurrou.

Então, como que possuído por algo poderoso, Ron respirou fundo e adquiriu um ar decidido.

- Preciso sim...

Hermione então perdeu o ar assustado. Agora ela parecia desesperada. Argumentava movimentando as mãos.

- Rony, isso é apenas uma supertição idiota! Coisa de moças desocupadas que nem sabem fazer um encantamento direito...

Então ele colocou o dedo indicador sobre os lábios dela.

- Eu quero fazer...

Ela prendeu a respiração.

- Mas...

- Shhh...

E então, Rony se inclinou e segurou o rosto dela nas mãos. O mais puro silêncio reinava no local. Suavemente ele encostou os lábios em um delicado selinho. Depois se afastou e encarou a moça com um sorriso.

Hermione demorou um pouco para abrir os olhos, mas quando o fez um sorriso iluminou seu rosto. Ela mordeu o lábio inferior e respirou mais forte.

- Mas eu não acredito nisso! – a voz de George se fez ouvir.

- Depois de tanto tempo para assumir e você dá um selinho?!?! – Fred completou.

- Nem parece um Weasley...

Mas Ron cortou o irmão, com um simples movimento com a mão. Sem desviar o olhar de Hermione. Encarou-a profundamente e então puxou para si novamente, capturando-lhe os lábios num beijo intenso. E que beijo!

Hermione demorou um pouco para corresponder. Talvez pelo susto. Mas Ron não se afastou um milímetro. Apenas segurou as costas dela de forma mais carinhosa. Ela, talvez inconscientemente, jogou os braços ao redor do pescoço do ruivo, ficando ainda mais próxima dele.

Foi um beijo intenso, mas puro. Era como um carinho delicado. Era como conseguir algo que há muito se deseja e que era negado. Ficaram os dois ali, no meio do salão, as fadinhas voando ao redor deles. E Harry teve que admitir, formava uma cena linda.

Nenhum som era ouvido no salão. Só se podia ver as expressões das pessoas. Vítor Krum baixou a cabeça, como que derrotado, Lavender virou-se e saiu, com Gabrielle em seu encalço; Molly sorria e chorava ao mesmo tempo; Arthur trazia uma expressão orgulhosa no rosto; os gêmeos sorriam marotos; a mãe de Hermione parecia bastante feliz, enquanto o pai dela estava entre satisfeito e profundamente incomodado; Tonks, fazia uma dancinha da vitória ao lado de Ginny que sorria radiante. Harry apenas sentia-se feliz pelos amigos. Sabia que eles mereciam.

Depois de um longo período (que deixou o Sr. Granger bastante sem jeito) eles se separaram. Um brilho diferente no olhar. Era como se os dois estivessem num mundo onde só eles e a felicidade que sentiam existisse.

- Faz tempo que eu queria beijar você... – ele disse baixinho.

- E faz tempo que eu queria que você me beijasse – ela respondeu colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

Então, Tonks derrubou uma taça e, de repente, parece que eles se deram conta de onde estavam e de que não estavam sozinhos. O corpo de Hermione enrijeceu e Rony engoliu em seco. Eles olharam ao redor. Tudo quieto.

Hermione olhou para os pais, como quem pedia desculpas. A mãe dela piscou e seu pai encolheu os ombros com um sorrisinho. Rony olhou para Harry, indicando que não acreditava no que estava acontecendo. Harry devolveu o olhar encorajando-o.

Um movimento foi visto no salão. Era Ginny que vinha correndo em direção do irmão e da amiga, se jogando nos braços deles.

- Eu não via a hora disso acontecer!!!!

- Uhu!!!! – eram os gêmeos que começavam a bater palmas e comemorar.

- Vai lá Roniquinho!!!

- E Mionezinha!!!

Os dois apenas fizeram caretas para os gêmeos e começaram a rir da algazarra que Tonks também iniciara. De repente, era como se a Toca estivesse comemorando outro casamento. Molly correu afirmando que estava extremamente feliz pelo Rony ter conquistado uma garota tão perfeita. O Sr. Granger pediu para que o ruivo cuidasse bem da filhinha dele (a Srª. Granger revirou os olhos num gesto típico de Hermione).

Quando conseguiram escapar das felicitações, os dois foram em direção a Harry, que continuava na mesma mesa. Eles chegaram de mãos dadas diante do amigo.

- Finalmente heim? – o moreno disse tentando parecer desembaraçado. – Eu sabia disso desde o quarto ano...

- Harry... – Rony tentou.

- Sério... Eu não agüentava mais esses sentimentos reprimidos e extravasados pelas brigas...

- Só fique sabendo que isso não muda nada – Hermione falou – sobre os planos de irmos com você....

- Na verdade, se a Mione quisesse ficar por aqui eu acharia bom – Ron disse cauteloso, e recebendo um olhar mortal da “namorada” – Mas, estaremos com você pro que der e vier, cara – emendou ele.

- Eu não conseguiria sem vocês... E estou muito, mas muito contente por você ter pego aquele buquê, Mione... – Harry falou emocionado – Só, por favor... Tentem não ser muito melosos quando eu estiver por perto tá?

- O Ron, meloso? – disse Hermione incrédula – Tá certo...

- Ei! Eu sei ser romântico sim! – o ruivo protestou.

- Aham... – ela permanecia descrente.

Harry sorriu, parece que as briguinhas eram parte dos dois.

- Claro que sei! Quer que eu prove?

Hermione deu um sorrisinho maroto. Ron a abraçou, virando-a de frente para ele e encostando sua testa na dela.

- Você me encanta – ele sussurrou para a morena – É por isso, que eu tenho certeza que consigo ser romântico com você... Só com você... Eu estou completamente apaixonado...

Ela sorriu e fechou os olhos, esperando um beijo, que Ron não ia negar.

- Okay, okay... – disse Harry sem graça – Já estou saindo...

- Harry! – Hermione, que havia saído do transe, chamava pelo amigo.

- Já vai tarde! Vasa! – disse Rony trazendo a morena de volta.

- Rony! – Hermione tentou brigar com ele, mas o ruivo foi mais rápido e a beijou, hipnotizando-a mais uma vez.

Harry balançou a cabeça e saiu. Caminhou a esmo por um momento e parou diante da mesa de bebidas. Pegou uma cerveja amanteigada e deu um gole. Colocou uma mão no bolso enquanto a outra segurava o copo e ficou apenas observando. Música, pessoas dançando, sorrisos. Ele amava aquelas pessoas. Amava aquela enorme família de ruivos e agregados. E decidiu que faria tudo para que a vida que ele conhecia continuasse.

Olhou para um canto do salão e ali estava, em uma cadeira. O buquê e as fadinhas dançando ao redor dele. Então um pensamento veio a sua cabeça. E se Ginny tivesse pego as flores? Seriam eles que estariam agora se beijando como se estivessem querendo recuperar o tempo perdido?

Percorreu os olhos mais uma vez pelo salão e a viu. Conversava animadamente com Tonks. Com certeza comentavam sobre o mais novo casal, pois lhes lançavam olhares e depois sorriam e cochichavam. Ela estava linda, foi o que Harry pensou. Na verdade, ela era linda. Tudo nela era contagiante, era cativante. Não soube quanto tempo ficou ali, fitando a ex-namorada, mas em determinado momento, ela percebeu que ele o fazia e devolveu o olhar.

Ela apontou com a cabeça em direção à casa. Harry olhou para onde a ruiva indicava e viu seus dois amigos caminhando, abraçados. Pareciam estar em uma conversa animada... Apaixonada. Depois voltou a olhar para Ginny, que lhe lançou um enorme e radiante sorriso. Instantaneamente ele sorriu de volta. E da mesma forma. O monstro em seu peito rugiu de saudades e ele teve que segurar firmemente na mesa para não correr e beijá-la até perder o fôlego (como tantas vezes fizera).

Ficaram se olhando por um tempo. Até que o sorriso radiante dela se transformou em um sorriso sem graça. Ginny baixou os olhos, mas novamente os levantou para ele. Naquele momento, ele teria gritado que sentia falta dela, e que a amava... Mas não pode. Sentiu uma tristeza profunda, que, certamente, transparecia em seus olhos verdes.

Parece que Ginny havia entendido tudo o que ele pensara. Ela afirmou com a cabeça, também mostrando-se triste. Mas então, suspirou e sorriu confiante. Harry interpretou aquele olhar como “confio em você” e pediu internamente para que ela o esperasse. Ela fechou os olhos por um momento e os abriu devagar. Fitou-o profundamente e Harry pode ler os lábios dela diziam, sem emitir nenhum som.

“Eu te amo.”

Sem que ele pudesse se conter, sorriu. O monstro dentro de si sacudindo maracas. E ainda entorpecido, moveu os lábios em silêncio.

“Eu também te amo.”

Ele viu que ela segurou uma gargalhada. Fechou os olhos e mordeu o lábio inferior. Olhou mais uma vez para ele, as órbitas amendoadas brilhando, e depois voltou a conversar com Tonks.

Naquele momento, Harry decidiu que seria tão feliz quanto seus amigos, sentados embaixo de uma árvore, estavam agora.

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*Frase do meu amado Capitão Jack Sparrow.
** Eu sei que é um termo antigo... Mas é legal ^.^

Aloha!!!

Bom, estou aqui de novo... A idéia dessa fic me veio quando eu peguei o buquê no casamento da minha amiga. Exatamente da mesma forma que a Mione. Não queria ir, fiquei bem atrás e o buquê veio simplesmente parar na minha mão. Só faltou m Rony lindo e perfeito rsrsrsrs

Demorei pra postá-la porque estava muito envolvida com “Férias de Verão”, mas agora, ela está aqui! Já que a idéia não me deixou em paz!!!

Pensei que não ia conseguir postar antes do dia 21. Ainda bem que consegui né? Tenham como mais um palpite de como poderia ser o primeiro beijo dos nossos queridos...

Besitos a todos!!!
E até breve, pois com certeza escreverei mais ^.^

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