Capítulo 12





O sábado chegou, com um clima renovado. Embora, tivesse nevado a madrugada inteira, o céu amanhecera claro e quase não havia vento. Aquele dia seria a última visita a Hogsmeade, antes do Natal, mas a maioria dos alunos parecia disposta a ficar na cama até mais tarde. Porém, ao contrário do esperado, os Marotos levantaram-se cedo e vestiram roupas quentes.
_Caíram da cama, foi? _Sirius não parecia disposto a abandonar a cama.
_Caímos..._ James respondeu tranquilamente, enquanto enrolava um cachecol ao pescoço e calçava um par de luvas._Você não vai à Hogsmeade?
_De jeito nenhum!_ o rapaz bocejou e puxou as cobertas até o pescoço._Pelo menos, agora não... Mas o que vocês vão fazer lá? Já fomos tantas vezes ao vilarejo...
_Faltam só alguns dias para o feriado.... Todo mundo está de folga; até os professores estão relaxando. É um ótimo dia para passar junto com os amigos... Compras de Natal, guerra de bolas de neve, essas coisas... Você deveria vir também _Remus respondeu.
_Compras de Natal?!Acham que vou sair daqui para fazer compras de Natal?
_Vai perder a chance de encontrar sua americana?_Peter estranhou.
_Ela não vai estar lá... a Evans já me avisou...
_Então, está explicado!
_Bom, boa sorte no seu grande dia, então!
_Voltaremos ansiosos para ver como você terminou seu plano super-secreto _ os três amigos saíram do dormitório.
Sirius enrolou mais uma meia-hora e afinal se levantou. Tomou café com calma, no Salão Principal e depois voltou à Torre da Grifinória. Tomou um banho relaxante e se demorou no trato dos cabelos e para escolher uma roupa. Detestava admitir, mas era muito vaidoso. Ainda mais em uma ocasião rara como aquela.
Quando achou que não podia mais adiar o encontro com a amiga, desceu, lentamente, as escadas do castelo e entrou por alguns corredores e parou em frente a uma porta. Apurou os ouvidos, a fim de se certificar que a americana estaria na sala. Suspirou, num misto de alívio e desespero, ao perceber a bela voz da menina entoando uma melodia.
Sirius girou a maçaneta, entrou na sala de música, onde Luthien estava ensaiando, e colocou a mão no ombro dela. A americana parou de cantar, porém seus dedos continuaram a correr as teclas do piano
_Sirius?! Eu não estava te esperando...
_Fiquei com saudades_ ele retrucou, em tom de brincadeira.
_Imagino... faz mesmo muito tempo que a gente não se vê. Cerca de... 11 horas?_ ela ergueu os olhos da partitura que acompanhava. Ele riu e jogou os cabelos para longe dos olhos.
_Para mim é muito tempo... afinal, você é a minha americana favorita.
_Blá, blá, blá! Aposto que diz isso para todas as garotas...
_Você tem razão! Digo para todas as americanas que eu conheço...
_E quantas você conhece?
_Uma!
_Está bem..._ela revirou os olhos, incrédula
_Eu não sabia que além de além de animaga, você também tinha outros talentos...
_Sabe? Eu não sou só uma bruxa. Minha vida não gira só em torno da magia...
_Percebe-se...
_Mas como sabia que eu estava aqui?
_Digamos que... um passarinho me cantou.
Nesse momento, ela interrompeu a música e se virou para ele, espantada, mas rindo.
_Tá legal! Como você descobriu?
_É porque eu sou muito bom...
_Muito modesto..._ debochou, enquanto abaixava a tampa do piano
_Ha-ha! Mas agora, você tem que cumprir sua parte...
_Ainda não, mocinho! Você falou, falou e não disse nada. Em que animal eu me transformo?
_Oras... você se transforma em um singelo...
_O quê?
_Rouxinol.
_Estou surpresa, mas... Correto! Só queria saber como você...
_Tenho os meus métodos.._ ele se sentou na banqueta, ao lado dela. A garota se virou, apoiando as costas no instrumento, de modo a olhar nos olhos do rapaz.
_Estou derrotada... espero ser uma boa professora. Podemos aproveitar esses últimos dias antes do feriado para treinar. Não acho que será necessário mais tempo...
_Mas... animagia é uma arte complexa, não?
_Não tanto. Os exames são rígidos, mas a arte em si, não é a mais difícil. Mas, até agora não sei o motivo de vocês quererem se tornar animagos ilegais.
_É... é um caso... complicado demais, Lut._ele coçou a cabeça, bastante desconcertado.
_Já entendi. Não pergunto mais nada..._ela se calou. Após alguns segundos, ele quebrou o silêncio
_ Você... canta muito bem, sabia?
_Obrigada!
_Será que você... poderia...continuar cantando aquela música, para mim?
O rosto da americana corou levemente
_Mas... é uma música romântica...eu cantar para você... não sei se...
_Eu faço questão!
Sem mais uma palavra, ela fechou os olhos e começou a cantar, à capela:

“Você ainda pode ver seus sonhos
no céu estrelado e distante ?
Eles são mais vívidos agora
do que quando você era criança?
Quando alguém esquece de colocar as emoções
que transbordam em seu coração para descansar
elas queimam na cor da paixão
Eu costumava acreditar, sem dúvidas
Que poderia alcançar meus sonhos
Não importando o quão distante eles estivessem
Mas o “eu” daquele tempo agora está adormecido em meu coração
Sonhos são mais frágeis e passageiros que uma rosa de vidro
Então, porque estamos destinados a sonhar?
Às vezes, dois sonhos podem se transformar em amor
Mas também há vezes em que isso não acontece
Mesmo que estejam sozinhas
as pessoas querem compartilhar seus sentimentos
mas às vezes, é tão difícil.
Palavras são impotentes para expressar os sentimentos de alguém
E às vezes elas machucam como facas prateadas”


Ao fim da música, ela suspirou e se levantou. Foi até um aparador e pegou um copo de água.
_Você gosta muito dessa música?
Luthien estremeceu ao ouvir a voz de Sirius muito próxima de si.
_É... significa muito para mim_ ela devolveu o copo e se virou para ele.
_Por isso devo supor que minha americana favorita está apaixonada?_ ele deu um passo na direção dela e a segurou pelos ombros, puxando-a para si. A respiração dela começou a ficar ofegante
_E - eu..._ a americana ficou totalmente sem ação, ao perceber o rosto dele se aproximar cada vez mais.
_Não precisa gaguejar, Lut..._ seus rostos já estavam quase colados; seus hálitos se misturavam e eles respiravam o mesmo ar._ Mas já que você não fala nada... talvez, eu deva... _a garota fechou os olhos e ele finalmente colou os lábios aos dela, em um beijo doce.
Lentamente, seus rostos se afastaram. Seus olhares se cruzaram e eles trocaram um sorriso tímido.
_Eu... acho melhor... procurar aqueles três! É... antes que se embebedem com cerveja amanteigada.

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