O Começo do Fim



CAPÍTULO 5 –O COMEÇO DO FIM


Snape levou a mão à maçaneta desesperadamente ao ver McGonagall o encarando. A mulher tinha um brilho estranho nos olhos e parecia muito mal maquiada,não que ele entendesse muito do assunto.
- Achei que não chegaria nunca Severo.

Sentiu um arrepio na coluna ao ver a velha senhora pronunciando com languidez seu nome de batismo. Tinha sido relativamente fácil fugir de pessoas com quase nenhuma aptidão mágica, mas lidar com a chefe da Grifinória seria bem mais complicado.

Uma forte dor no estômago. Sentiu que ia por tudo pra fora. Precisava pensar rápido em uma maneira de sair dali. Tentou parecer mais calmo do que realmente estava.
- Por que não se senta aqui comigo Severo?
Precisava desesperadamente ganhar tempo. Sentou-se ao lado da bruxa apreensivo.

- Acho que teve um dia muito estressante querido, não foi?
A sobrancelha de Snape se ergueu ao ver que a bruxa colocava as mãos em seu ombro e o massageava. Precisava ganhar tempo enquanto pensava em como sair daquela situação. Várias azarações passaram por sua cabeça.
- Sim, professora foi...
- Professora?Ah pra que tanto formalismo? Pode me chamar de Minerva, meu anjo.

Snape começou a tossir descontroladamente. Talvez estivesse alucinando. Anjo?Nem nas mais bizarras fantasias ele poderia ser chamado daquele jeito.Tentou disfarçar,e se esforçou ao máximo para conseguir dizer o nome da mulher em um meio sorriso muito forçado e canastrão. Ela parecia ter apreciado.

A cada movimento de Minerva, Snape sentia um calafrio na espinha. Era como se um dementador estivesse ali pronto a beijá-lo. As mãos enrugadas tentavam afrouxar seu colarinho desesperadamente. Ele empurrou as mãos para longe.

- Eu acho que não... Bom... Eu não sei como dizer isso, mas eu... Eu sou gay.
Minerva deu um pulo pra trás assustada. E o próprio Snape parecia chocado com o que tinha acabado de dizer. Não tinha pensado bem nas conseqüências do ato. Porque, logicamente, quando aquilo tudo passasse os boatos iam se espalhar.

- Você tem certeza disso? Você sempre pareceu tão másculo com aqueles caldeirões... – falava Minerva desapontada.
- Absoluta. Eu sou gay. Muito gay. Gay além dos limites. – Snape até tentou afinar um pouco a voz, mas a tentativa só soou como um adolescente mudando de voz.

- Sinto muito querido... Talvez... Você teria um vinho?Sabe, preciso acalmar os nervos.
“Ah sim, vinho... claro... era mais fácil ter fingido que iria buscar uma bebida em sua adega e ter pulado a janela rumo à liberdade.” A voz em sua cabeça não se calava.

Snape se levantou depressa e se dirigiu até a porta do banheiro. Enquanto ouvia Minerva dizendo que sua boca era um tumulo e ele podia desabafar com ela. O homem não sabia o que era pior: o abuso sexual geriátrico, ou, virar amiguinho intima de McGonagall.

A mulher não se calava?Tinha que ficar perguntando se ele tinha contado a seus pais, se Alvo sabia.
- Bom, Alvo sempre sabe de tudo, né? – a voz tentando não sair áspera sem sucesso – “Pensa Snape, Pensa....” repetia pra si mesmo como um mantra.

Analisou se a pequena abertura para a ventilação do cômodo suportaria sua passagem. Claro que não. Lançou um feitiço e alargou a entrada, passou com dificuldade pelo buraco em sua parede e deu de cara com o lago.

“Queria o que? Você vive em uma masmorra seu imbecil!” Segurou fortemente na janela se esgueirando pelas pedras até alcançar terra firme. O que demorou bastante. Seus braços estavam horríveis.

Não tinha idéia do que estava fazendo. Nem sabia para onde ir.Mas suas pernas já tinham se acostumado a correr.Empunhou a varinha,sentia-se um bicho acuado.Ouviu vozes a sua frente.O time de quadribol da Grifinória parecia voltar de um treino.E ali estava ele,cercado por sete marmanjos.

- Professor o senhor está bem? – Harry parecia chocado com a aparência de Snape. As imaculadas vestes negras sujas de limo e os cabelos despenteados.
- Sim Potter, e se você tocar um dedo em mim, eu vou para Azkaban e seu enterro será impossível de ser realizado, pois você se tornará apenas micro partículas que vão se misturar ao ar e, eventualmente, causar alergias às outras pessoas.
- E por que eu faria isso Snape?


O time da grifinória estava quase rolando no chão de tanto rir.
- Você não quer me agarrar?
- Nem que minha aprovação em Poções dependesse disso... – disse Harry incrédulo.

- 2 pontos pra Grifinória por isso. – falou ainda bobo, e extremamente feliz.Aquela maldita poção parecia ter perdido o efeito.
Ainda pôde escutar os gêmeos falando que eles também não queriam agarrar o morcegão e nem por isso ganhavam ponto nenhum.
Os grifinórios saiam chocados com o acesso de bondade do professor, mas isso não os impedia de rir daquele dialogo todo.


Snape não agüentou ouvir risos as suas costas. Correu pra cima de Potter e o agarrou pelo capuz do uniforme.
- Escute aqui seu cretininho, você vai ter o que você merece.
- Severo algum problema?
De novo e do nada, Dumbledore surgia e o impedia. Maldito velho!Estava sofrendo por causa dele e nem podia se defender devidamente.

Dumbledore dispensou os alunos da Grifinória e começou a interrogar Snape sobre seu comportamento com Potter.
- Foi autodefesa diretor. Ele ia me agarrar.
- Não, ele não ia e você sabe disso. O efeito da poção já passou para o bem de toda Hogwarts. Mas, darei um desconto dessa vez, você teve um dia realmente difícil. Então, só vou abater um terço de seu salário como punição a essa agressão.

Snape suspirou longamente. Adeus renovação de estoque de ingredientes. Seu salário já era uma miséria, e reduzido assim era pior ainda. Relatou brevemente o episódio de McGonagall para Dumbledore que soltou uma gargalhada.

- Se eu fosse você me apressaria em explicar tudo para Minerva, porque se a conheço como a conheço tão bem, acho que nesse momento ela está comentando sobre sua nova opção sexual com Madame Pince e Madame Pomfrey.

Ficou na dúvida se deveria contar sobre Hermione. Seria ridículo contar que dispensou logo a bruxa mais bonita da escola, que tinha azarado uma aluna. Patético. Dumbledore parecia ter lido seus pensamentos.

- Fez muito bem Severo. Ela é sua aluna. Fico grato que se lembrou disso. Mas devo alerta-lo que a Senhorita Granger não estava sob o efeito da poção. Parece que uma explosão do caldeirão de Neville prejudicou-lhe o olfato.
E assobiando deixou um Snape perplexo olhando o horizonte.

Demorou um pouco, mas a escola voltava ao normal. Com muito esforço os boatos sobre sua sexualidade foram apagados da mente dos alunos e logo substituídos por outro, será que ele era um vampiro?Menos mal, apesar dos pesares, pensou ele.

Tudo voltava ao normal, exceto a sensação de ver um brilho âmbar e convidativo nos olhos de Hermione Granger, cada vez que passava perto de sua mesa.Era sua aluna.Pena,.realmente uma pena.

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