E o Expresso segue para seu de




Lilian bufou, e ainda nervosa, subiu os degraus do trem. Àquela altura, não encontraria uma cabine vazia de jeito nenhum, e a saída era entrar em uma que tivesse alguém com cara amigável.

Pensou em ir numa das primeiras onde uma garota muito bonita estava, mas mudou de idéia quando a viu pôr um dedo no nariz. Ia em outra, que tinha um menino e uma menina, mas logo viu que eles faziam questão de ser uma boa companhia um para o outro, e que um terceiro seria inconveniente.

Um pouco depois do meio do trem, Lílian viu uma cabine que só estava habitada por uma garota que parecia ter a sua idade. Era uma menina negra que tinha um longo cabelo cheio de minúsculas trancinhas. Ela lia um jornal chamado "O Profeta Diário", e para a surpresa de Lily, as fotos do jornal se mexiam. Ela parecia simpática, e Lilian resolveu empurrar a porta.

- Com licença? - A garota levantou os olhos do jornal.

- Pois não?

- Tem mais alguém ocupando essa cabine? - Ela sorriu e fechou o jornal sobre o seu colo.

- Não! Fique à vontade. - Aliviada, Lily ocupou o assento em frente à ela.

- Eu sou Lilian Evans, muito prazer.

- Narish Taylor. - disse a menina observando Lilian empurrar o malão para baixo. - Primeiro ano? - perguntou quando Lilian já tinha se sentado de novo.

- Sim! E você?

- Eu também. - algum tempo de silêncio. Quando Lilian tinha aberto a boca para perguntar se a menina vinha de família bruxa, a porta da cabine foi escancarada.

Uma menina segurando um gato preto e de pêlo brilhante olhava Narish e Lilian. O gato as olhava da mesma forma que a dona. Ela tinha os cabelos muito lisos e presos com um lápis atrás da cabeça. Usava um óculos de armação preta apoiado em seu nariz fino, e perguntou com uma voz séria:

- Quem são vocês? - Maneira estranha de se começar uma conversa.

- Lilian.

- Narish. - as duas disseram ao mesmo tempo. A última perguntou:- E você?

- Gea Bellins.

As três se encararam por um momento, como se nenhuma delas soubesse o que dizer. Lilian pigarreou.

- Kham, kham... então, você quer entrar?

- Pensei que vocês não fossem convidar! - finalmente ela abriu um sorriso, e começou a se instalar na cabine. E como um sorriso é tão contagiante quanto uma careta, o clima entre as três anuviou e elas começaram a conversar.

Gea também estava em seu primeiro ano,e como Narish, vinha de família bruxa. Elas pareciam mais afoitas em perguntar coisas trouxas para Lilian do que o contrário, talvez porque fossem duas, e as perguntas fossem em dobro.

Lilian acabou por saber que ao chegar em Hogwarts seria selecionada para uma das quatro casas, Grifinória, Lufa-Lufa, Sonserina, Corvinal. Soube também que cada casa tinha um coordenador, e que elas competiriam pontos entre si durante o ano. As duas lhe contaram sobre os monitores e monitores-chefes, e de tudo o mais que sabiam sobre o castelo. Falaram sobre isso até o carrinho de doces chegar, e Lilian ganhar sua segunda e mais divertida aula sobre o mundo bruxo: sobre o que se come quando se é um bruxo.

***


Quando quase todos já estavam instalados em suas cabines, um garoto gordinho havia acabado de entrar no trem, o último de todos. Estava extremamente atrapalhado: um tênis desamarrado, a calça meio caída pois o cinto não fora bem fechado, os cabelos desajeitados por causa do suor de carregar um malão enorme. E para piorar, seu bisbilhoscópio apitava feito louco dentro do supracitado malão.

"Droga! Ninguém vai me aceitar numa cabine se essa porcaria não para de fazer barulho!"

Por isso, Pedro Pettigrew parou no meio do corredor pretendendo tirar o bisblhoscópio de lá, e quem sabe pisar nele. Ou se não funcionasse jogá-lo por uma janela que ele ainda não sabia qual.

Mas o fecho do seu malão não estava cooperando, e resolveu encrencar. Pedro começou a despejar uma força descomunal ali, e mesmo assim o fecho não abria.
Quando já estava pensando em tentar arrombá-lo com o dente, ele resolveu abrir - e abrir mesmo, fazendo com que o malão praticamente explodisse de tão cheio e bagunçado que estava. O bisbilhoscópio, que estava bem por cima, saiu rolando pelo corredor, triplicando o barulho.

Pedro fechou o malão de qualquer jeito e saiu correndo atrás da bolinha espalhafatosa. Ela ia cada vez mais rápido, e ele já não estava nem conseguindo chegar perto dela, quando um pé com botas de cadarço a parou. Ainda olhando para o pé e a bolinha, Pedro viu uma mão pegar o bisbilhoscópio do chão e devolvê-lo para Pedro.

Quando olhou pra cima, Pedro viu o rosto do salvador de seu bisbilhoscópio (que já apitava quase imperceptivelmente). Ele tinha os cabelos castanhos e um sorriso amigável. Seus olhos estavam sobre algumas olheiras de cansaço, mas mesmo assim ele parecia disposto.

- O-obrigado. - disse o gordinho.- eu sou Pedro Pettigrew.

- Muito prazer. - disse o outro, ajudando Pedro a se reerguer - Remo Lupin. Ainda não achou uma cabine?

- Estava procurando.

- Eu estava para perguntar se podia entrar nessa aqui. - disse Remo apontando a cabine ao lado, onde dois garotos morenos, um deles de óculos, conversavam animadamente.

- Parece legal. - disse Pedro olhando os dois ocupantes da cabine.

Remo pediu licença, e perguntou se ainda tinha lugar para dois. Sirius e Tiago sorriram e concordaram, e Remo fez sinal para que Pedro o seguisse.

- Eu sou Sirius Black.

- Tiago Potter. - disseram os dois, enquanto Remo e Pedro se instalavam.

- Remo Lupin. - Pedro não tinha se tocado, e Remo disse por ele: - e esse é Pedro Pettigrew.

Ele levantou os olhos e sorriu muito timidamente.

A dupla Tiago e Sirius se mexia tanto que dava a impressão de não conseguir ficar parada. Tanto era, que mal eles tinham se sentado, Sirius já dera a idéia de eles saírem para dar uma volta no trem.

Já no corredor, com as mãos nos bolsos, Tiago discorria sobre si mesmo:

- Eu quero ir para Hogwarts desde que sei que ela existe. Meus pais adoram contar histórias do tempo que eles estudavam aqui que acabaram me deixando com vontade.

- Eu não sabia se gostaria de Hogwarts, ou se ia me dar bem lá... não sei porque. - disse Lupin olhando para seus pés se mexerem enquanto ele andava. Pedro parecia só querer ouvir, e Sirius olhava para frente com o nariz um pouco em pé, como se fizesse um passeio muito interessante, e não num simples corredor de trem. Foi ele quem disse a seguir:

- Minha família fala de Hogwarts como uma introdução fundamental para a vida de um Black. A família praticamente toda é Sonserina, e eles querem que continue assim. - os três ficaram um pouco tensos ante à esse comentário. Conheciam a fama da Sonserina, e Sirius não se parecia muito com a imagem que as pessoas tinham de um integrante da casa da serpente. Ele continuou: - Quando, há três anos, minha prima Andromeda entrou na Grifinória, eles quase morreram de desgosto. E olha que ela é a única decente da família. Eu já me decidi: se cair na Sonserina fujo da escola, ou dou um jeito de ser expulso.

Já fazendo o caminho de volta, Sirius apontou as primas Narcisa e Bellatrix dentro de uma cabine, junto com um garoto loiro de cabelos compridos, e mais alguns mal-encarados e mal-encaradas. Tiago riu ao ver o loiro:

- Aposto que aquele cara passa uma poção de alisamento à base de baba de vaca! - os três deram risada, Pedro mais exageradamente, antes de Sirius esclarecer:

- Bah, a nojenta da minha prima Bellatrix vive falando nele. Um tal de Lúcio Malfoy. Ela fala tanto dele para a minha outra prima Narcisa, irmã dela, que ela já virou um tipo de fã dele, sem nem mesmo ter falado com o cara. Não viram a cara de boba dela? Posso até imaginar ela dizendo "Ai Lucinho! É verdade que você dança ballet?"

Quando chegaram à própria cabine, tomaram um susto ao perceber que já tinha alguém sentado nela. Ao lado da janela, com o grande e torto nariz enfiado num livro de capa de couro, um menino de cabelos sebosos tinha as sobrancelhas franzidas sobre os olhos escuros. Tiago se adiantou:

- Oi! Com licença, nós estávamos nessa cabine antes. - disse ele sorrindo amigavelmente. O garoto narigudo levantou os olhos desdenhosamente e o fitou por um segundo. Não abriu a boca e voltou para o seu livro. Os quatro se entreolharam, e foi a vez de Remo, que antes checou o nome do garoto em seu malão:

- Você poderia, por gentileza, desocupá-la, Sr. Snape? - disse ele sorrindo ainda mais do que Tiago. Dessa vez o garoto nem se deu ao trabalho de tirar os olhos do livro. Sirius respirou fundo e falou, um pouco mais rispidamente:

- Ô colega! Acho que você não captou a mensagem. Nós estávamos aqui antes. Você roubou nosso lugar. Agora fora!

Ele fechou o livro e olhou para o quarteto, com um olhar desafiador.

- Eu não dou a mínima pra se vocês estavam sentados aqui primeiro, eu quero sentar aqui, e eu vou sentar aqui, queiram vocês ou não, porque não é um bando de panacas como vocês que vão me tirar daqui.

Nenhum deles jamais ouvira um silêncio tão nítido e tão carregado. Foi uma fração de segundo, mas pareceu muito mais:

Duas palavras e dois feixes de luz de cores diferentes se confundiram no ar, ambos indo parar no mesmo destino: Severo Snape. Algo muito estranho aconteceu: Sua calça se abriu, e por mais que ele tentasse a segurar, ela lhe escorregava das mãos, e em pouco tempo já tinha saído voando janela a fora.

De camisa, cueca, botas e capa, Snape começou a ficar muito vermelho, embora os quatro garotos boquiabertos estivessem tão pasmos que nem davam risada. Snape juntou suas coisas, enrolou a capa ao redor das pernas e saiu da cabine resmungando e atropelando os quatro, ainda estáticos. Quando Severo já ia longe, os quatro olharam um para a cara do outro. Alguns segundos depois, como se a ficha tivesse caído, eles começaram a gargalhar. Mas gargalharam tanto ao ponto de caírem sentados no chão, darem soquinhos no banco e perderem o fôlego. Tiago estava assustadoramente vermelho, e segurava a cabeça porque acabara de batê-la na parede no movimento da risada. Mas isso não o atrapalhara, e só fizera rir mais ainda.

Remo se sentia um pouco culpado, mas com a imagem do garoto cobrindo as pernas e saindo com raiva na cabeça, era simplesmente inevitável. Após conseguir respirar de novo, Remo perguntou o que eles haviam feito.

- Eu lancei o primeiro feitiço que me veio na cabeça! - disse Sirius. - e veio o Alorromorra, que "destrancou" as calças dele!

Mais e mais descontroladas risadas.

- E eu fiz o único que li nos livros da escola! Eu nem sei pra que serve, mas Wingardiun Leviosa pareceu um bom nome para se lançar em alguém que está te irritando!

Apesar de ser de uma família bruxa, Tiago nunca tinha feito mágica em casa, nem tido uma varinha; a Sra. Potter dizia ser algo muito sério para se brincar. Claro que o Sr. Potter lhe ajudava com umas escapadinhas, mas nada que pudesse ser chamado de "feitiço".

Depois que eles já tinham quase se recuperado, Sirius olhou pela janela e viu a calça de Snape flutuando debilmente ao longe, como uma pipa muito malfeita.

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