Convidada



- CAPÍTULO DOZE -Convidada


O outro dia amanheceu – por incrível que pareça – ensolarado.

Hermione ainda estava um pouco tímida, afinal Rony não fizera um pedido de namoro “oficial”.

No mural de avisos da Grifinória havia um recado novo, onde dizia que no fim-de-semana antecedente à festa do Dia das Bruxas eles iriam a Hogsmeade para comprar suas roupas – coisa que muitas garotas já haviam feito.

Hermione foi calada até o salão principal, onde poucas pessoas estavam tomando café, pois era sábado.

Harry, com uma estranha vontade de estudar, resolveu ir à biblioteca.

Então, Rony e Hermione foram sozinhos até a beira do lago da Lula Gigante, e se sentaram num canto mais reservado do lago.

Eles se sentaram lado a lado, e Rony, tímido, pegou a mão de Hermione, que ficou vermelha.

- Mione, ãhn...

Ela olhou-o, ainda tímida e um pouco rosada.

- Eu tava pensando, você...

Ele foi ficando vermelho à medida que falava.

- Quer namorar comigo?

Ela sorriu, embora suas bochechas tenham ficado rosadas. Mas respondeu num sussurro:

- Sim...

E ele beijou-a outra vez. E outra vez uma onda de sentimentos e emoções invadiu-os por completo.


- Harry, que é que você está fazendo? – era Gina, sentando-se na frente de Harry, numa mesa mais afastada da biblioteca. – Por que não está com Rony e Hermione?

Harry sorriu. A caçula Weasley ainda não sabia da novidade.

- Ontem, eles se beijaram, então...

- O quê? – perguntou ela – Não acredito!

- É, foi. – afirmou Harry. Então ele narrou para ela o que aconteceu.

- Que bom, já era hora de eles admitirem! – disse Gina.

Harry sorriu, e olhou fundo nos olhos da garota. Como eram lindos!

- E eu então achei melhor deixá-los sozinhos. – continuou Harry.

- Ah, ta. Mas vamos lá na rua, Katie Bell convidou os jogadores do time de quadribol da Grifinória para uma partidinha à toa.

- Parece que Rony não poderá ir... – disse Harry rindo, enquanto se levantava e saia da biblioteca com Gina ao seu lado.


- Rony, onde será que o Harry está? – perguntou Hermione.

- Porque você está tão nervosa, Mione? – perguntou ele, carinhoso.

- Ah, você conhece o Harry. Acho que ele ficou muito feliz por nós, mas pode ficar com ciúme ou se sentir sozinho... – respondeu ela, sensata.

- Humm...

Hermione estava com a cabeça apoiada no colo de Rony, que alisava seus cabelos.

- A festa está quase aí... o que dirão quando nos virem junto? – perguntou Hermione.

- A mim não interessa. Estar junto de você basta... – disse ele, e Hermione sorriu. – Mas na minha opinião, de acordo com o que a maioria das pessoas dizia, eles vão é dar aleluia...

Então os dois riram com vontade.


Harry impulsionou os pés no chão e levantou vôo. Sua Firebolt estava cada vez mais veloz, mais macia e confortável... de repente Harry desceu, e de costas para o pessoal, disse:

- Não quero jogar. – e assim, com esta frase, partiu em direção ao castelo.

Gina foi atrás dele, preocupada.

- Harry, o que é que houve?

- Nada – ele respondeu, bravo.

Com um Harry bravo e calado e uma Gina preocupada eles subiram as escadas e foram até a torre da Grifinória, onde Harry subiu para o dormitório masculino, e Gina entrou atrás.

- Harry, dá para fazer o favor de me falar... – então ela viu que Harry tremia.

- Gina, a Firebolt. De quem é que eu ganhei minha Firebolt?

Então tudo se esclareceu.

- Harry, calma, você não pode fazer nada...

- EU SEI QUE EU NÃO POSSO FAZER NADA! – gritou, assustando Gina.

- Desculpa, Harry, eu... eu...

- Ta bom, Gina, desculpa, o erro foi meu... mas como é que eu posso jogar sabendo que ele está... que ele está... – e deu um soco no criado mudo.

Depois, deixou-se cair em sua cama. Gina sentou-se ao seu lado e disse:

- Harry, vocês passaram momentos felizes juntos. Só tente não se concentrar nos ruins.

Ele sorriu tímido, e uma lágrima teimou em escorregar pelo seu rosto. Gina limpou-a e disse:

- Vamos agora Harry. Jogar com vassoura que Sirius deu não deve ser um motivo de tristeza. Mas sim de orgulho.

Então Harry concordou e foi com a garota até o campo de quadribol.


- Olha lá o Harry e a Gina! – disse Rony.

Hermione levantou-se para ver.

- Parece que eles estão indo para o campo de quadribol... – disse Hermione.

- É mesmo! – concordou Rony.

- Vamos lá? – perguntou Hermione.

- Se você quiser. – disse ele.

Então, de mãos dadas e bochechas rosadas eles foram até o campo de quadribol.

Sentaram nas arquibancadas, e quase no fim do jogo Rony convidou Mione para dar só uma voadinha na vassoura. Ela aceitou, um pouco insegura, mas até que se saiu bem para uma artilheira.

- Você bem que podia se candidatar, Hermione. – disse Katie. – Com você e a Weasley teríamos um bom time.

- Não, obrigada. – disse Hermione. – Prefiro “jogar” na arquibancada...

Então os outros riram e subiram até a sala comunal. Rony e Harry jogaram um pouco de xadrez de bruxo, mas logo foram para os dormitórios.


A semana passou rápido e logo era o sábado da ida à Hogsmeade. Como Hermione, Gina e Luna já haviam comprado seus vestidos, elas puderam passear pelo povoado, enquanto os garotos ficaram “encalhados” na Trapobelo.

As três garotas caminhavam à toa, falando sobre isso ou aquilo. Foi quando, numa ruazinha pequena, Hermione viu uma loja muito peculiar. Ao lado do Madame Puddifoot, estava uma loja meio escura, mas com uma vitrine impecável de limpa. Acima desta vitrine, estava um letreiro – no mínimo novo – que dizia Pena de Bruxo. A loja vendia penas para escrever, cadernos, diários, livros, revistas... mas em um canto da loja, dividido por um biombo do resto, encontravam-se, em caixotes, todos os itens a cima, mas de segunda mão.

Hermione chegou até a vendedora, uma mulher alta, loira, e com uma expressão esnobe no rosto. Hermione tinha certeza de que conhecia aquela mulher, só não sabia de onde.

- Ãhn... essa loja é nova? – perguntou Hermione.

- Não. – respondeu ela, grosseira.

- Mas é que eu nunca tinha visto esta loja aqui.

- Mas ela não é nova. – disse a mulher.

Hermione, então, foi passando por estantes de livros e revistas, quando achou a Semanário das Bruxas. A reportagem de capa era muito curiosa: mostrava Fudge encolhido com os olhos um bocado apavorados e uma manchete chamativa: ELE ESCONDEU DE TODOS, MAS NÓS DESCOBRIMOS!

Hermione, então, comprou a revista e disse a Gina:

- Tem muita coisa suspeita acontecendo.


Na Trapobelo, depois de muita espera e muita fila, Harry e Rony conseguiram sair vivos e com roupas novas. Foram até a Gemialidades Weasley e também na Zonko’s, mas logo chegou a hora de ir embora.

Então eles se encontraram com as garotas, acharam uma carruagem só para eles, e foram.


- Ai, Mione, e se ninguém me convidar para ir? – disse Gina.

- Eu não acho que seja este o dia em que Gina Weasley não será convidada. – disse Hermione, levantando-se da cama, três dias antes da festa. – Aliás, muita gente ainda não foi convidada... da Grifinória acho que só eu e a Ketie...

- Hahá, muito fácil para você! Você tem namorado, não é, então facilita tudo. E depois... – então Gina suspirou.

- Parece que não adiantou, não é? – perguntou Hermione.

- Só um amor cura outro amor... – disse Gina. – Mas parece que desta vez não foi o caso.

Hermione suspirou e elas ficaram a pensar.


- Harry, quem é que você vai convidar? – perguntou Rony.

- Não sei ainda... – disse Harry, pensativo.

- Cho? – perguntou Rony, um bocado decepcionado.

- Não! – disse Harry, seguro.

- Ah. – disse Rony, um bocado mais feliz.

Os dois desceram dos dormitórios, e Rony encontrou Mione.

No café, Harry ficou conversando com Gina, agora uma de suas melhores amigas. Não queria estragar o romance entre Rony e Hermione, por isso agora passava maior parte do tempo com Gina.

Depois da aula eles foram jantar, e depois desta Harry seguiu para a torre da Grifinória. Não querendo ficar sobrando, e sem Gina para conversar, Harry subiu para o dormitório.

“Não pensei que ela me fizesse tanta falta...” pensou ele.

Um tempo depois, ele resolveu descer de novo. Afinal, ficar ali sozinho estava deixando-o deprimido.

Quando estava descendo a escada, viu Gina entrar pelo buraco do retrato bufando de raiva. Ela subiu a escada sem nem olhar para Harry, mas este segurou-a pelo braço e perguntou.

- O que houve?

- Me solta, Harry! – disse ela.

Harry abriu a porta do dormitório masculino e pôs ela para dentro.

- Só depois que você me explicar o que está acontecendo.

Ela tentava se desvencilhar com toda a sua força. Mas Harry era mais forte e segurava firme.

- Pensa que eu não me preocupo com você? – disse ele.

Então todo o esforço que ela estava fazendo desapareceu. Ela deixou-se cair nos braços de Harry e afundo seu rosto nas próprias mãos.

- Gina, olha para mim. – disse ele, levantando o rosto da garota.

Ela estava chorando. Harry se sentou e disse para ela sentar-se também. Ela obedeceu, e disse, manhosa:

- Malfoy convidou-me para a festa.

Harry levantou-se num pulo.

- O QUÊ? AQUELE... AQUELE IDIOTA!! – disse Harry.

- Calma Harry! – disse Gina, assustada com a reação do amigo.

- O QUE ELE FEZ COM VOCÊ? – perguntou ele.

- Bom, ele... tentou me beijar, mas daí eu dei um tapa na cara e ele falou... ele falou... – então ela começou a chorar mais ainda.

Harry abraçou-a.

- Se não quiser me falar não precisa. – disse ele.

Só agora percebia: era Gina que ele queria convidar.

- Calma... vai passar. – disse ele.

Então ela acalmou-se e foi para seu quarto.

Sozinha, deitada em sua cama ela pensava, revoltada:

“Eu não sou mais a Gina de antes! Não posso me machucar outra vez... e ainda chorando como uma criança!”


Harry, no seu quarto, olhava para o teto, debatendo consigo mesmo:

“Eu não posso convidá-la. Quando ela gostava de mim eu não dava bola e agora... machucaria muito ela. Mas se eu não convidá-la eu é que ficarei machucado!”


Pensando quase a mesma coisa, mas em quarto diferentes, os dois adormeceram.

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