Cap. 03



Cap. 03



Mais tarde Hermione ainda estava na cama pensando em tudo o que acontecera. Primeiro estava na sala do Prof. Snape, olhou na Penseira e… não, ela não estava apenas assistindo ao pensamento do professor, mas sim tinha voltado no tempo até aquele dia, e tudo estava adaptado como se ela existisse naquele tempo. Não podia entender. Precisava conversar com alguém. Dumbledore foi em quem pensou primeiro.

- O que está me dizendo, Srta. Granger?

- É isso o que ouviu, Prof. Dumbledore, eu não sou daqui, não posso estar aqui!

O velho analisou-a com os olhos e uma leve ruga apareceu em sua testa. De repente ele sorriu.

- Tudo bem, Srta. Granger, acordou com um ótimo senso de humor, hoje. Mas, por favor, estou um pouco atolado de trabalho.

- Professor! Isso não é uma piada! É muito sério! O senhor tem uma Penseira, não tem?

- Sim, eu tenho – ele suspirou. – Ok, ok… mas é impossível que a Penseira tenha lhe levado direto ao pensamento de quem quer que seja e te deixar viver a partir dali. Não pode!

- Mas aconteceu, e pode acreditar que não estou feliz com isso. Veja, professor… eu posso te dizer muitas coisas como Severo Snape virar professor de Poções e que antes era Comensal da Morte, Lílian Evans e Tiago Potter vão casar e ter um filho chamado Harry James Potter, Sirius Black será padrinho do menino e irá para Azkaban por um crime que não cometeu, Remo Lupin é um lobisomem e será professor por um ano em Hogwarts, ensinando Defesa Contra as Artes das Trevas, Pedro Pettigrew irá para o lado das Trevas e vai trair os Potter, no final de ano de 94 e início de 95 será realizado o torneio Tribruxo, e…

- Chega, Srta. Granger! Tudo bem, eu acredito em você, e se é verdade o que diz, não é certo me contar o futuro, temos que deixar as coisas acontecerem.

- Mas professor, quantos desastres podemos impedir! Inclusive podemos impedir que Você-Sabe-Quem mate Tiago e Lílian!

- Tiago e Lílian? – o velho pareceu se alarmar. – Srta. Granger, não podemos mudar o destino das pessoas! Por favor, me prometa que não vai falar nada a ninguém a respeito dessas coisas, vai deixar os fatos transcorrerem normalmente. Me prometa que não vai se intrometer nessas coisas!

- Sim, Prof. Dumbledore…

- Sempre foi uma das melhores alunas dessa escola, uma das mais ajuizadas, não me decepcione.

- Tudo bem.

- Agora vá, irei pensar em algo e tentar descobrir o que aconteceu com você.

- Ok. Tchau, professor.

- Até logo.

Apesar de tudo o que Dumbledore lhe dissera, Hermione continuava muito confusa. Não sabia o que fazer, no que pensar… não sabia nem se seus pais existiam, não sabia para onde iria nas férias, não sabia de nada!

Hermione andava pelos corredores pensando nessas coisas, quando tombou com alguém. Ela não carregava nada, mas a outra pessoa tinha muitos livros e pergaminhos nos braços: tudo foi para o chão.

- Oh, perdoe-me, eu estava distraída!

Ela olhou para o rosto da pessoa. Quase caiu para trás de susto.

- Ah… é você, Snape…

- Algum problema?

- Muitos! Agora, com licença.

- Não, espera! – ele pegou Hermione pelo braço, esquecendo todas as suas coisas no chão.

- O que foi?

- Eu queria falar com você.

- Pois fale de uma vez. E pense no que vai falar, não estou afim de ouvir mais xingamentos!

- Então, é sobre isso que quero falar. Mas não no meio do corredor. Vem comigo, conheço um lugar legal e reservado nas Masmorras.

O garoto juntou suas coisas rapidamente e pediu que Hermione o seguisse. Eles foram pelos corredores em direção às Masmorras.

“O que será que ele quer de mim? Seja lá o que for, não vai ser tão ruim… a voz dele é muito bonita, será um prazer ficar ouvindo.”
Logo eles chegaram. Era uma sala há muito tempo abandonada, tinha um leve cheiro de mofo devido à umidade.

- Desculpe o cheiro, não consegui removê-lo, mas no mais esse lugar é muito bom quando se quer se afastar um pouco das pessoas.

- Você vem muito aqui?

- Passo quase todo o meu tempo livre nesse lugar. Tem tudo o que preciso: sossego, silêncio, comodidade e meus livros. E o melhor de tudo: fico livre do Potter e Black. Eu sei que eles são seus amigos, mas…

- Não são. Não suporto gente que faz o que eles fizeram com você hoje cedo.

- Ah…

Ficaram em silêncio. Hermione olhou para a minúscula janela que tinha no local. Estavam debaixo da terra, mas a janela era encantada para mostrar o céu lá fora. Estava muito escuro e estrelado. A garota se assustou com isso. Olhou no relógio e se espantou ao constatar que já passava das 20h.

- Snape… agora que percebi que não fui ao jantar.

- Percebi isso, também. Mas aqui eu tenho um pequeno estoque de comida.

Snape andou até um pequeno armário encostado numa parede. Abriu e tirou um saquinho de plásticos contendo algumas torradas e uma caixa de sapos de chocolate.

- Pode comer – e ofereceu a ela.

- Obrigada – respondeu ela aceitando.

Novamente aquele silêncio constrangedor. Hermione resolveu reparar melhor no local onde estava. Havia uma estante com alguns frascos de poções e de ingredientes e alguns livros sobre Poções e Artes das Trevas. Ela se sentiu um tanto interessada. Snape percebeu.

- Gostou dos livros?

- É… não sou muito interessada em Artes das Trevas. Mas esses de Poções parecem legais.

- Pode pegar, se quiser.

- Posso, mesmo? Qualquer um?

- Até todos, se assim preferir.

Hermione se sentiu alegre por um momento e sorriu, mas logo o sorriso sumiu de seu rosto.

- Snape… por que está sendo tão gentil comigo?

- Talvez seja um modo de me redimir pelo que lhe fiz mais cedo. Não foi justo… estava tentando me ajudar e eu fui um grosso. Acho que foi puro orgulho. Afinal, você é uma grifinória.

- Só Merlim sabe o quanto eu gostaria de saber o porquê de tanto preconceito… Snape, esse negócio de casa não existe, somos todos seres humanos!

- Eu sei… e peço que me perdoe. Fui criado assim. Me ensinaram a odiar todos que não fossem sonserinos e sangue-puro como eu e minha família.

- Tudo bem. Isso foi um pedido de desculpas, então?

- É, foi.

- Está desculpado – disse ela sorrindo.

Snape sorriu levemente, deixando seu rosto muito mais bonito, Hermione não pôde deixar de notar. Era, sim, um belo rapaz. Talvez, se prestasse mais atenção em Snape como seu professor fosse perceber que era um homem atraente.

A beleza de Hermione também não passou despercebida. Severo a olhava com ternura e desejo. Foi se aproximando, seu rosto ardia, queria muito sentir os lábios daquela menina tão meiga, tão… delicada… a mais bela que ele já vira.

- Snape? Por que está me olhando assim?

- Me chame de Severo. É que você é muito… linda!

Hermione sentiu seu rosto se avermelhar e olhou para o chão. Até que o garoto chegou bem perto e ergueu o queixo dela com o dedo indicador.

- Olhe para mim – ela olhou. – Além de lhe pedir desculpas, eu a trouxe aqui para dizer que há muito eu tenho lhe notado… notado sua beleza, sua delicadeza… Sabe, apesar dessas nossas disputas involuntárias nas aulas para mostrar quem sabe mais, eu a admiro, e justamente, somos muito parecidos. Hermione, acho que eu gosto de você.

Ela não teve tempo para resposta, logo estava sendo beijada ardentemente por aquele garoto tão sensual. Seu beijo era inebriante e ardente. A menina sentiu um calor intenso invadir seu corpo. Abraçou Severo e respondeu seus beijos. Mas infelizmente ele parou e se afastou. Olhou-a com um olhar sexy e se virou, ascendeu a lareira com um feitiço e se voltou para ela.

- Não quero que pense que estou me aproveitando de você ou qualquer coisa assim, Hermione. Agora tenho mais certeza que nunca que a quero como minha namorada – e se ajoelhou, pegando nas mãos dela. – Aceita?

Hermione não esperava por aquilo. Ainda mais vindo de Severo Snape! Mas ele estava sendo tão doce… seus beijos eram maravilhosos! Só que tinha um problema: ela estava ali por tempo indeterminado, mas uma hora teria que ir embora, e isso poderia acontecer a qualquer momento.

- Eu… Severo, eu não sei…

- Não sabe o quê? Não tem certeza se gosta de mim?

- Não é isso, você é… maravilhoso! Mas… eu tenho um problema…

- Conte-me o que é, talvez eu possa ajudá-la.

Ela refletiu por um momento; futuramente aquele garoto seria um Mestre em Poções, o que significa que enquanto adolescente era um estudioso. Sim, talvez ele pudesse ajudá-la com alguma poção, mas não queria magoá-lo.

- Bem… é realmente complicado. Você vai rir de mim.

- Vamos, me conte. Espera um momento. Venha se sentar aqui.

Ele a conduziu para um canto da sala, onde havia várias almofadas muito fofas. Eles se sentaram ali de frente um para o outro. Hermione olhou para baixo, tentando encontrar as palavras.

- Olha, eu não quero magoá-lo… e Dumbledore me fez jurar agora pouco que eu não contaria a ninguém.

- Ah… mas pode confiar em mim. Sei que nunca fui seu amigo, pelo contrário, seu rival, e que também não pareço nem um pouco confiável. Mas pode ter certeza de que estou sendo sincero. Ora, já temos 15 anos e estamos no 5º ano. E se digo que gosto de você, é porque é verdade.

- Tudo bem, eu compreendo, mas é algo louco demais! Até Dumbledore riu de mim quando eu disse!

- Prometo ficar quieto.

Hermione olhou direto para os olhos negros do rapaz, refletindo se devia contar com ou não. Alguns minutos mais tarde, acabou se decidindo pelo sim.

- Ok, ok, eu conto. Mas vou lhe avisando…

- Fale.

A garota contou tudo detalhadamente para Severo, procurando ser o mais convincente possível. Mas se lembrou, também, que tinha que tomar cuidado para não contar muitos fatos do futuro, lembrou que Dumbledore havia lhe falado. Ao término do relato, a resposta de Severo foi apenas o silêncio.

- Não vai dizer nada? – perguntou Hermione impaciente.

- M-mestre de Poções? Eu? Seu professor? Aqui em Hogwarts?

- Éééé, meu… viu por que não acho uma boa idéia que fiquemos juntos? Apesar de ter adorado o que me disse, Severo, você tem que entender! Eu nunca recebi uma declaração dessas, nem ao menos tinha beijado um garoto! Mas é estranho… eu sempre o verei como meu professor chato.

- Eu sou, ou serei, tão ruim assim?

- Horrível!

- Não precisava ser tão franca.

- Você que perguntou.

- Tá, mas… Mas e se você não conseguir voltar? Ao menos enquanto Dumbledore não acha uma solução, Hermione, você poderia ficar comigo…

- Poderia, sim, mas não quero magoá-lo, já disse – falou ela carinhosamente passando a mão pelo rosto do menino. – Tenho certeza de que você ficaria muito desapontado se eu fosse embora, assim, sem mais nem menos, te deixar sozinho… e depois, eu ficaria morrendo de vergonha toda vez que olhasse para você adulto.

Snape não achou argumento para aquilo. Sentia que estava se apaixonando, mas o que poderia fazer?

- Hermione… você não quer que eu sofra, mas eu sofreria muito mais, pode ter certeza, se tiver que ver você todos os dias e não poder me aproximar. Ao menos que você não sinta nada… você já disse que odeia minha versão adulta.

- Não fale isso, Severo, não é verdade! Eu… eu adorei… adorei seu beijo, adorei saber que você gosta de mim. Eu também gosto muito de você. Sei que só te conheço, nessa versão, não faz nem 24 horas, mas eu já te adoro muito. Mas… ah, o que eu digo?

- Tudo bem, não precisa dizer nada. Eu também não tenho mais como argumentar. Só me resta respeitar sua vontade, Hermione.

- Obrigada. Bem… a gente se vê por aí.

- Ok.

Hermione sorriu para o garoto e saiu da sala. Voltou para a Torre da Grifinória. Falou a senha agora conhecida, subiu direto para o dormitório feminino e deitou em sua cama sem nem ao menos trocar de roupa. Colocou a cabeça no travesseiro e começou a chorar baixinho.

Na manhã seguinte foi acordada com uma voz desconhecida chamando seu nome.

- Hermione, acorde! Vai se atrasar! Só Merlim sabe como fica seu humor quando se atrasa para uma aula… socorro!

- Ai, me deixa!

- Vamos, garota, tem teste na primeira aula!

- Teste??? – perguntou Hermione levantando apressadamente. Se assustou ao ver uma garota muito ruiva e olhos verdes muito vivos a olhá-la com um sorriso cínico. – Lílian? Lílian Evans? É você?

- Claro que sou eu, meu… ainda tá dormindo, por acaso?

- Não… que teste que temos?

- Nenhum, falei só para você levantar. Sabia que isso aconteceria – respondeu a ruiva rindo da amiga.

- Sem graça… Ok, já estou levantando.

Hermione se ajeitou rapidamente e as duas desceram juntas para o café da manhã. Mas antes, na Sala Comunal, cruzaram com Sirius, Tiago e Remo. Tiago assobiou para elas e Remo deu uma piscadela para Hermione.

Logo chegaram no Salão Principal. Hermione olhou direto para a mesa da Sonserina, seus olhos cruzaram com os de Severo. Sorriu timidamente e ele retribuiu o sorriso.

A primeira aula seria logo Defesa Contra as Artes das Trevas, em conjunto com a Sonserina. O professor ordenou que se juntassem em duplas, mas não poderia ser da mesma casa. Lílian arranjou uma menina da outra casa. Hermione olhava para os lados a procura de alguém, quando Severo se aproximou.

- Hermione, posso ficar com você? Desculpe, mas é que não tem ninguém…

- Claro!

O professor passou uma tarefa aos alunos. Hermione reparava em como Severo tinha habilidade para lidar com a Magia Negra. Mas, sem querer, acabou acertando-o com um feitiço que o machucou.

- Severo! Ai, desculpa, foi sem querer!

- Tudo bem… estou bem…

- Professor, não é melhor levá-lo à Ala Hospitalar?

- Sim, claro. Se puder fazer isso, Srta. Granger…

- Posso, sim.

Ela juntou os materiais dos dois, colocou uma mochila em cada ombro, passou um braço pela cintura de Severo e foi levando-o para a Ala Hospitalar. Tudo estava muito pesado para ela, mas ela mesma que causou aquilo.

Cerca de quinze minutos depois Severo já estava sendo atendido. Não acontecera nada demais, apenas um corte profundo no ombro e um hematoma muito feio nas costas, onde bateu na quina de uma mesa.

- Hermione, pare de se desculpar! Não foi nada! Essas coisas acontecem.

- Eu sei… tudo bem, eu paro. Mas eu vou ficar aqui com você até você estar liberado.

- Nada disso, não deve faltar às aulas por minha causa. Vá, eu ficarei bem.

- Mas…

- Hermione, não me faça brigar com você.

- Tudo bem, então. Mais uma vez, desculpe.

Ela se levantou da cadeira que ocupava e deu um beijo no rosto de Severo. Depois saiu e ficou esperando dar o horário para a próxima aula, que seria Feitiços.



No dia seguinte Severo já estava liberado, mas tinha dois enormes curativos.

- Severo, eu anotei tudo nas aulas para você!

- Ah, obrigado, Hermione.

- Se quiser, podemos nos encontrar mais tarde para eu te ajudar as fazer os deveres e dar algumas explicações do que os professores disseram nas aulas.

- Eu adoraria. Pode ser hoje?

- Claro!

- Então depois do jantar vamos àquela sala…

- Tudo bem. Nos vemos lá, então. Até depois.

- Até.



(Continua…)



Nota: Eu poderia continuar nesse capítulo, mesmo, mas eu decidi parar por aqui e começar um novo porque eu queria publicar esse logo… e ia ficar muito grande. Bom, espero que estejam gostando, se é que alguém está lendo… and, please, comments!

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Comentários (2)

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