Lembranças de Amor



Lembranças de Amor


Aquela noite parecia que jamais iria ter fim, Hermione, Gina e Rony esperavam pacientemente na ante sala do St. Mungs por notícias de Harry. Fazia dois dias desde derrota de Voldemort, não havia nenhuma testemunha que não fosse Harry Potter, ninguém poderia confirmar a total derrota do bruxo das trevas a não ser que Harry acordasse e mesmo assim os curandeiros não garantiriam que ele se recordasse.


Hermione segurava nas mãos um jornal de dois meses atrás onde a reportagem de capa dizia:


O GARTO SOBREVIVERÁ NOVAMENTE????


Harry Potter, o tão famoso “Garoto-que-sobreviveu” partiu em busca do mais perigoso bruxo de nossa era. Depois das confirmações do ministério que Aquele-que-não-deve-ser-nomeado voltou, Potter não se contentou enquanto não foi atrás do homem que matou sua família....


Louco, não, talvez ele apenas esteja procurando um final surpreendente para sua “carreira de Herói”....


Um depoimento registrado pela nossa repórter Rita Stiker diz que ele iniciou suas “buscas”....


Esperamos sinceramente que desta vez ele não mate ninguém” - diz Draco Malfoy ex-colega de Potter em Hogwarts.....


Seu querido repórter Collin Merkson


Gina se levantou e circulou impaciente pele sala enquanto Hermione batia o jornal na mão fazendo um som repetitivo. Rony olhava perdido para a porta.


- Eles não têm o direito de não dizer nada! – gritou Gina a beira das lágrimas


Hermione se levantou e abraçou a amiga


- Calma. – disse Hermione se controlando para não chorar


- Calma! – disse Gina soluçando – Eu o amo, Hermione! Eu não quero que aconteça nada com ele!


- Ninguém quer Gina. Só que não adianta ficar desesperada.


- Eu...eu.. – disse Gina enterrando o rosto no ombro da amiga


 O Sr. e a Sra. Weasley entraram na sala, seguido por Lupin, Tonks e Moody.


- Alguma novidade. – perguntou Moddy


- Não. – respondeu Hermione.


Gina correu até a mãe, as duas ficaram abraçadas sentadas ao lado de Rony. Lupin e Tonks ficaram conversando em um canto da sala enquanto Moody verificava se não havia perigo na sala. O Sr. Weasley se aproximou de Hermione


- Você está bem???


- Sim. – disse a garota se esforçando para dar um sorriso


- Hermione, não precisa se fazer de forte. Todos nos estamos preocupados.


- Sr. Weasley eu...


 O Curandeiro chefe entrou na sala e todos voltaram à atenção para ele


- O que foi? - Perguntou Gina correndo até o homem


- Senhorita, ele acordou, mas estamos com um pequeno problema...


 - Qual? Fale logo! – pediu Gina desesperada


- Ele não se lembra da nada.


- Como assim? Ele não se lembra do que aconteceu com o Voldemort?


A menção do nome fez o medi-bruxo se sobressaltar.


- Não senhorita, ele não se lembra de nada, absolutamente nada. Nem do próprio nome.


- O que? Não pode ser!


- Sentimos muito, nós ministramos diversas poções, mas a memória dele não volta.


- Mas quando ele vai se lembrar?


- Talvez hoje, amanhã, no mês que vem...ou quem sabe não se lembre nunca.


- Com assim?


- Senhorita, ele foi afetado por diversos feitiços poderosos é um milagre que esteja vivo!


 - Eu sei, desculpe doutor é que eu...


- Ela é a namorada dele. – disse Hermione


- Sinto muito. – disse o curandeiro


- E eu posso vê-lo? – perguntou Gina


- Claro, é bom que ele veja as pessoas que conhece. Quem sabe assim sua memória não volte. Mas não posso deixar todos entrem. Três pessoas é o suficiente por hoje.


- Sim.


- E então quem vai? - perguntou uma enfermeira


- Eu – disse Gina


- Eu também – disse Rony


Ninguém mais se pronunciou. A senhora Weasley olhou para Hermione:


- Vá vê-lo querida.


Hermione balançou positivamente a cabeça.


Os corredores estavam cada vez mais frios, Hermione tremia. Fazia dois meses que ela não via Harry.


 A enfermeira abriu a porta. Fora às diversas escoriações ele parecia bem. Olhou espantado para as pessoas que entravam. Ele não reconhecia ninguém.


- Sr. Potter, essas pessoas vieram te ver – disse a enfermeira


Gina chorava, Rony ainda não saiu do estado de choque. Hermione não entrou no quarto ficando parada a porta junto com a enfermeira. Gina correu até Harry e o abraçou.


- Meu amor. - disse a ruiva.


Harry olhava-a assustado sem saber ao certo o que acontecia.


- Oi cara!!! – disse Rony falando pela primeira vez desde que entrou no hospital.


Harry parecia confuso e olhou para a enfermeira. Hermione fixou os olhos em Harry, só Deus sabe o quando ela desejou apenas olhar para ele novamente. Harry olhou para a garota parada à porta


- Oi - ele disse


Hermione fechou os olhos por um segundo deixando que sua memória gravasse aquela voz para sempre. Ela se aproximou da cama com um sorriso tremulo nos lábios


- Oi. Meu nome é Hermione.


Harry sorriu para ela


- Harry. Pelo menos foi o que me disseram – disse Harry sorrindo.


Hermione sorriu também.


- Eu...hã...você me conhece? – perguntou Harry.


Hermione sorriu


- Conheço sim.


- E...e vocês? Quem são? – perguntou Harry olhando para Rony e Gina.


Eles pareciam paralisados, era muito difícil ver que Harry não se lembrava de nada. O silêncio dos dois estava se tornando constrangedor então Hermione respondeu por eles:


- Este é Rony, seu amigo


- E eu sou Gina – disse a ruiva sorrindo.


Harry olhou para todos


- Hermione ,Rony...e Gi...Gina – disse Harry tentando gravar os nomes.


A enfermeira sorriu e disse:


- Eu vou deixá-los a sós para vocês conversarem.


- Obrigada - disse Hermione.


A enfermeira saiu e um pesado silêncio se instalou no quarto. Harry foi o primeiro a falar:


- Obrigado por se preocuparem comigo.


Hermione se aproximou da cama


– Você está bem?


- Estou, Hermione.


- Me chama de Mione.


 Harry assentiu com a cabeça.


- Então, Mione, o que você faz?


- Estou cursando a escola para Aurores.


- Aurores?? – perguntou Harry confuso


- Uhum. Você também queria ser auror quando terminasse Hogwarts.


 - Eu não sei nem o que são aurores! - disse Harry divertido – Que ótimo! Eu queria ser auror e agora nem sei o que é isso!!! – disse ele sorrindo.


 Hermione sentou-se em uma beirada da cama e pôs-se a explicar varias coisas sobre o mundo bruxo. As perguntas curiosas sobre as coisas mais simples a divertiam.


- Você não tem o direito de rir da minha cara desse jeito! – ralhou Harry de brincadeira com ela.


Hermione sorrindo deu um tapinha no braço dele.


- Eu não estou rindo de você! – tentou justificar-se Hermione


- Não! Imagina!- disse Harry irônico.


Finalmente eles perceberam que Gina e Rony estavam parados ali. Depois que Hermione contou a historia o Trasgo, Harry olhou para Rony.


- É verdade que você usou o feitiço certo?


- Nem desmemoriado você esquece de me provocar!! – disse Rony alegre.


Em pouco tempo os três riam enquanto Rony e Hermione contavam a Harry as aventuras que tiveram. Rony contou que recebeu um convite para jogar por um famoso time de quadribol. Ele e Harry passaram falar sobre o esporte. Harry olhou para o Rony:


- É melhor a gente mudar de assunto. Mione odeia quadribol.


 Num primeiro momento aquela fala passou desapercebida, então Hermione se deu conta do que ele acabara de dizer


- Harry! Você lembrou que eu não gosto de quadribol!


 Harry sorriu para ela e segurou sua mão


- Seria difícil esquecer qualquer coisa relacionada a uma moça tão linda.


Hermione corou violentamente


- Harry! Pare de brincar! – disse na defensiva.


Harry sorriu, definitivamente apreciava a companhia deles. Não se lembrava de Hermione nem do ruivo que se chamava Rony, mas gostava da companhia deles. Apreciava seus “novos” amigos. Harry baixou o tom de voz e puxou Hermione para perto de si.


- Quem é ela? – disse fazendo um imperceptível sinal com a cabeça em direção a Gina que estava parada apenas assistindo a conversa deles.


Harry percebeu a mudança de nuance no tom de voz de Hermione


- Sua namorada.


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No dia seguinte os médicos voltaram a fazer um monte de exames e Harry sentia-se entediado. Não recebera permissão para ter visitas e gostaria de falar com Rony e Hermione novamente. Um medi-bruxo apareceu para a consulta de rotina.


- Como vai Harry?


- Bem...- respondeu Harry sem entusiasmo


- O que foi? – perguntou o médico – Não se sente bem?


- Não é isso é...que ...eu não tenho nada para fazer.


- Não se preocupe, mais tarde haverá permissão para novas visitas, mesmo que você não se lembre delas agora será bom ver rostos amigáveis. E poderá sair da cama se sentir melhor.


- Claro, obrigado.


Harry animou-se um pouco com a perspectiva de ver Hermione e Rony novamente. Identificara-se muito com os dois, em especial com Hermione. Mais tarde como prometido houve as visitas. Harry conheceu mais pessoas que lhe agradaram, um casal muito gentil chamado Weasley, um homem chamado Lupin e uma moça, Tonks. Por mais que gostou das novas visitas sentiu-se um pouco decepcionado, queria ver Hermione e Rony novamente, mas a única que voltou foi Gina. Depois de ser simpático com aquelas pessoas perguntou diretamente a Senhora Weasley


- Por que Rony e Hermione não vieram?? Eu gostaria de vê-los.


 Molly deu um sorriso de satisfação e comentou com carinho:


- O laço de amizade entre eles é inseparável – disse com lágrimas nos olhos.


O senhor Weasley abraçou a esposa e disse para Harry:


- Não permitiram tantas visitas hoje.


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Com o passar do tempo às visitas iam se alternando, sempre vinham uma ou duas pessoas. Gina era presença constante e Harry logo aprendeu a gostar dela também, conversavam bastante. Harry já andava pelo quarto e ficava a maior parte do tempo sentado em uma poltrona. Naquela manhã enquanto esperava a visita de Hermione, que lhe prometera trazer um livro sobre quadribol, Harry conversava com Gina.


- Gina...é...Disseram-me que nós....bem, éramos namorados. Conte-me sobre isso. Como começamos a sair? Desde quando “estamos juntos”? – perguntou vacilante


Gina sorriu e sentou-se na cama animada


- Há!!! Harry, fico tão feliz que você queira saber sobre nós!


Harry sorriu um pouco sem graça, na verdade queria apenas entender o que se passara. Não queria dar a ela esperanças de que pudesse se lembrar. Por mais que devesse amá-la antes, teria de se lembrar o que o fizera se apaixonar. Ela era encantadora, gentil, carinhosa, mas isso não era o suficiente para amar alguém. Gina começou a lhe falar:


- Eu sou apaixonada por você desde que te conheci, mas você nem notava minha existência até que.....


- Olá!!! – disse Hermione entrando no quarto e aproximando-se se Harry


- Mione!!! – exclamou contente – Estava com saudades de você!


- Eu também queria muito te ver. Sente-se melhor??


- Muito! Não sei por que não recebo alta de uma vez.


- Impaciente com sempre! – disse Hermione sorrindo.


Ela estendeu-lhe o pacote que carregava.


– Para você. Como eu lhe prometi.


- Obrigado. – disse Harry sorrindo. Ele olhou para Hermione com um olhar suplicante:


- Vai ficar mais tempo comigo dessa vez?


Ela sorriu diante do pedido dele.


- Vou sim. Só vou embora quando você se cansar de mim.


- Então você não iria embora nunca! Eu jamais me cansaria de você! - disse Harry segurando a mão dela.


Hermione notou a cara de desgosto de Gina, ela poderia ter atrapalhada algo e sentiu-se constrangida.


- Gina, continue o que estava dizendo quando entrei – disse sorrindo.


Gina recomeçou a falar. Harry prestou atenção no início mas logo desviou a atenção para o livro que havia ganhado, ele olhava a capa enquanto fingia escutar o que a ruiva lhe dizia.


- Harry?? Está prestando atenção? – perguntou Gina contrariada


- Sim, claro. Pode continuar.


 Harry voltou a fitá-la e prestou atenção por mais alguns minutos, então ele começou a brincar com uma mecha dos cabelos de Hermione que estava sentada a seu lado, ele enrolava e desenrolava os fios entre seus dedos. Gina continuava a falar e ele fingia interesse fazendo algumas perguntas. Harry se interessou pelo anel que Hermione usava e retirou-o do dedo dela brincando de rodar o objeto enquanto fitava Gina que continuava a contar a historia quase como que se declamando uma poesia.


- Eu corri até você e nos no beijamos, foi à primeira vez que...


 Harry recolocou o anel no dedo de Hermione e voltou a tirá-lo, fez isso mais duas vezes até que Hermione afastou a mão. Teimoso Harry tentou segurá-la mais uma vez, mas Hermione se esquivou. Impaciente Harry imobilizou o braço dela. Hermione esquivou-se novamente, mas acabou batendo a mão no beiral da cama, protestou baixinho e deu um tapa de leve em Harry. Ele começou a rir. Mais irritada ainda Hermione tentou acertá-lo novamente, mas Harry começou a fazer-lhe cócegas. Rindo ela implorou para que ele parasse. Gina então pigarreou alto e ruidosamente. Hermione constrangeu-se e se levantou dizendo:


- Vou sair, para que vocês conversem mais à vontade.


Harry segurou a mão de Hermione numa súplica muda para que ficasse.


- Não se preocupe, Harry e eu teremos muito tempo para lembrar o quanto nos amamos – disse Gina para Hermione em tom de desafio.


Harry não queria mais perder um só instante da companhia da amiga então a puxou para sentar-se ao lado dele. Assim que começaram a conversar Gina saiu do quarto batendo a porta atrás de si.


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Harry receberia alta no dia seguinte, todos foram até o hospital para vê-lo. A Ordem fez uma reunião e decidiram que o melhor para Harry seria ficar na sede com os demais membros, afinal não tinham certeza absoluta que Voldemort fora derrotado e ainda existia a ameaça dos comensais remanescentes.


Harry chegou à sede da Ordem da Fênix. Naquela noite haveria uma pequena comemoração pela volta de Harry. Rony e Harry estavam no quarto conversando quando a senhora Weasley subiu com um vidro escuro e uma enorme colher.


- Harry querido, você precisa tomar o seu tônico.


Harry olhou para Rony com uma expressão desgostosa, mas fitou à senhora sorrindo e bebeu o horrível liquido.


Assim que Molly saiu Harry pegou um copo de água que estava sobre mesa e bebeu vigorosamente.


- Que coisa horrível! – exclamou


- Ela nos dava isso direto quando éramos crianças, ninguém escapava, mesmo que tentássemos.


Gina entrou no quarto


- Oi Harry. Estava procurando por você!


- Olá, Gina – Harry cumprimentou educado.


Rony percebendo que estava dando uma de “vela” saiu fingindo se lembrar de algo urgente. Gina sentou-se na cama em frente a Harry e ficou olhando para ele, gentilmente a ruiva se aproximou e tocou-lhe o rosto.


- Eu tive tanto medo de te perder. Eu te amo tanto Harry.


 Gina tentou beijá-los, mas Harry a afastou


- Prefiro que nos conheçamos melhor antes de...


- Deixa eu te fazer lembrar – disse beijando-o em seguida.


Harry retribuiu o beijo, mas não esperava que sua reação à ruiva fosse tão....fria. Algo em seu subconsciente deveria lembrar do amor que sentia por ela. Gina inclinou-se sobre Harry fazendo-o deitar-se sobre a cama, percebendo as intenções da ruiva, Harry afastou-se.


- Gina eu....


- Tudo bem, um dia você vai se lembrar. - disse Gina beijando-o carinhosamente. - Mas até lá o que acha de começarmos de novo?


- O...o que???


 Gina sorriu


- Quer ficar comigo Sr. Potter?


Harry ponderou sobre o pedido. Quem sabe essa não fosse a melhor forma lembrar o que sentia por ela? Harry então se aproximou e a beijou levemente nos lábios.


Hermione chegou à sede da ordem, encontrou a senhora Weasley na cozinha e perguntou por Harry. Quando a senhora lhe disse que ele estava com Rony no quarto Hermione subiu para encontrá-los. Assim que abriu a porta deparou-se com Harry e Gina aos beijos. Com uma dor lancinante no peito fechou a porta novamente e desceu as escadas com lágrimas nos olhos. Ela foi até a sala que agora estava vazia e sentou-se em uma das velhas poltronas permitindo que as lágrimas rolassem livremente.


 Harry não a amava antes, por que se apaixonaria por ela agora? Sentiu-se uma tola por ter achar que ele poderia gostar dela.


- Harry sempre amou a Gina. Somente a ela. Você será sempre apenas uma amiga – disse em voz alta para si mesma.


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Harry desceu as escadas e foi procurar por Lupin, gostava da forma franca e direta que Lupin lhe contava as coisas, ele não escondia ou tentava amenizar as noticias sobre seu passado. Harry o encontrou lendo alguns pergaminhos que logo enrolou.


- Harry. O que deseja?


- Eu vim conversar com você.


- Que ótimo. O quer saber?


- Sobre...a Gina.


- O que quer saber sobre a Gina? – perguntou Lupin com um sorriso paternal.


- Eu....eu a amo? – perguntou Harry confuso. Lupin sorriu.


- Acho que isso você é quem tem que saber. O que você sente quando está com ela?


- Esse é o problema, eu não sei o que sinto.


- De tempo ao tempo. Logo você poderá dizer exatamente se a ama...ou não.


- Obrigado. – disse Harry.


 Quando saía da sala de reuniões viu Hermione sentada na sala caminhou até ela silenciosamente. Ela estava tão distraída que nem notou sua presença. Harry aproveitou aquela oportunidade para estudá-la melhor. Ela parecia preocupada com um olhar triste, seja qual fosse o motivo que lhe emprestava tanta tristeza Harry gostaria de poder extingui-lo. Ele adorava a companhia dela, o jeito autoritário, o sorriso doce que ela lhe endereçava... Hermione levantou-se abruptamente e se virou.


- Você me assustou! - disse exaltada


- Desculpa.


- Não tem problema, eu é que estava distraída.


- Pensando em que?


- Nada importante. Vamos?


Ambos seguiram em silêncio até a cozinha onde todos os esperavam. O jantar foi alegre e agradável. Harry se divertiu muito, mesmo que ele nunca se lembrasse dessas pessoas já sentia muita afeição por todos eles. Por sua família. Era assim que ele via aquele grupo. Todos conversavam descontraidamente e Harry passou a avaliar um a um. Pequenos fragmentos de sua memória voltaram, como em um flash. Lembrou-se de Hogwarts, de Dumbledore e de algumas outras coisas. Aos poucos recuperaria totalmente a memória.


Enquanto alguns retiravam a mesa do jantar outros foram para a sala de estar conversar. Harry passou um bom tempo conversando com Lupin, Arthur e Moddy. Havia um pequeno terraço nos fundo da casa e Harry foi até lá para tomar um pouco e ar, quando abriu a porta deparou-se com Hermione olhando o céu distraidamente.


- Um galão por seus pensamentos.


- Acho que eles são mais caros do que isso. – disse Hermione virando-se para ele e sorrindo


Harry se aproximou dela até ficarem a poucos centímetros de distância.


- Hermione...


Ele podia sentir a respiração alterada e ouvir as batidas descompassadas do coração dela...ou seria o seu. Sentiu o incontrolável impulso de beijá-la, se aproximou esperando uma recusa. Ela não recuou. Quando seus lábios tocaram os dela sentiu o coração disparar, puxou para mais perto saboreando aquele momento. Sentia que se morresse naquele instante não se importaria. Hermione se afastou empurrando-o para longe. Harry a fitou confuso. Hermione estava...chorando??


- Mione...por favor.....me desculpa....


Ela cruzou a porta e voltou para o interior da casa. Harry permaneceu parado no terraço fitando a porta fechada. Uns instantes depois Gina apareceu.


- Harry, estão todos perguntando por você. Pensávamos que você tinha desaparecido.


Gina enlaçou harry pela cintura e beijou-lhe afetuosamente no rosto.


- Vamos, meu amor.


 Harry aceitou o convite e seguiu Gina até a sala, mas sua vontade era subir imediatamente e exigir que Hermione lhe explicasse por que retribuiu com tanto afeto ao beijo para depois deixá-lo daquela maneira.


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Hermione subiu correndo para seu quarto e trancou a porta. Ela atirou-se na cama chorando. Como era possível que Harry quisesse brincar com ela novamente. Não bastava o que ele fizera da ultima vez? Ela foi até a gaveta da cômoda e a destrancou com um feitiço. Retirou de lá um envelope amassado e pôs-se a ler pela centésima vez a carta que ele continha. Assim que terminou recolocou-a na gaveta e a trancou novamente.


Harry ficou na sala por mais alguns minutos e depois se recolheu alegando estar cansado. Deitou-se em sua cama, mas demorou a pegar no sono, as lembranças do beijo partilhado com Hermione voltavam o tempo todo, deixando uma sensação de rejeição em seu peito. Por que ela tem que gostar de você? Hermione é a mulher mais incrível que ele já conhecera, seria muita pretensão achar que ela gostava dele também. Também....Harry sentiu alívio, finalmente entendia o que sentia. Ele estava apaixonado, completamente apaixonado por Hermione.


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Nos dias que se seguiram Harry quase não viu Mione, apenas durante as refeições, ela parecia quer esconder-se dele. Gina pelo contrário era uma presença constante, quase não conseguia se livrar dela e isso estava começando a incomodar. Harry permitia os carinhos e a atenção dela, mas não se sentia à vontade com isso.


Passaram-se mais algumas semanas. Harry visitou o médico mais algumas vezes, embora não tivesse recuperado completamente a memória já se lembrava de bastante coisa. A única parte que ainda não conseguia recordar era a batalha com Voldemort e alguns meses que a antecederam. Lembrava-se de Gina, sabia como foi a início do relacionamento deles, mas por mais que tentasse não podia recordar o porquê deixara de amá-la. Essa era sua única certeza em relação à ruiva, não podia negar o que viveram, mas já não sentia as mesmas emoções. Seu coração pertencia a uma teimosa e linda garota que foi sua melhor amiga durante toda a vida e que agora insistia em ignorar sua existência.


Hermione o evitava, mas não ignorava o fato dele já ter recuperado a memória. Ela sabia que agora que ele se lembrava de quase tudo iria esquecer a até achar graça daquele beijo que trocaram. O melhor beijo de sua vida. Hermione sabia que nunca poderia esquecer Harry, então decidiu por um ponto final em seu sofrimento. Quando recebeu uma bolsa para terminar seus estudos nos EUA nem pensou em aceitar, mas agora via que essa era a melhor opção. A distância seria o melhor remédio. Enviou uma carta dizendo que aceitava a proposta. Quase imediatamente recebeu a resposta dizendo-lhe que poderia viajar quando quisesse. Hermione decidiu que iria o mais rápido possível e apenas comentaria sua decisão a Lupin, não queria que ninguém mais soubesse que estava indo embora.


Gina se aproximou de Harry e tentou beijá-lo, mas ele se esquivou.


- O que foi Harry? Você sabe como nos amamos, você se lembra, não?


Harry virou-se para ela decidido


- Sim Gina, me lembro como começamos a namorar, me lembro de todo o resto, mas...


- “Mas” o que Harry?


- Mas eu já não sinto a mesma coisa de antes. –


 Como assim? – perguntou Gina exasperada


– Você não me ama mais? – perguntou a ruiva quase gritando.


- Não – disse Harry calmamente


- Não me diga que “se apaixonou pela Hermione” – disse Gina irônica


 Harry não respondeu. Gina irritou-se.


- Aquela vagabunda! Como ela ousa! Aquela vadia conseguiu tirar você de mim de novo! Eu pesei que como você não se lembra da época da batalha também não se lembrasse dela! – gritou Gina fora de si.


Harry segurou o braço de Gina impaciente


- Como assim “de novo”? Não me lembrar dela?


- Ora!! Descubra por si mesmo!!! – disse Gina puxando o braço com força e saindo da sala.


Harry pretendia falar com Hermione imediatamente, subiu as escadas apressado e bateu na porta do quarto dela mas não obteve resposta.


 - Mione!!! Por favor, eu preciso lhe falar.


Impaciente ele abriu a porta. O quarto estava vazio. Harry desceu as escadas as pressas e entrou na sala de reunião. Lupin estava sozinho.


- O que ela está? – perguntou Harry exasperado


- Ela quem? Gina?


- Não...Hermione.


Lupin olhou para os lados, desanimado. Havia prometido a ela mas não achava que Hermione tomara a melhor decisão fugindo, então contou a verdade a Harry.


- Ela está embarcando hoje. Ela vai para os EUA estudar. Por tempo indeterminado.


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Harry saiu correndo e apartou a alguns metros do aeroporto. Correu até lá. Assim que entrou ouviu a chamada do vôo internacional para Manhatam. Devia ser o dela.


Enquanto corria em direção ao portão alguns flashs de sua memória retornaram, ele lembrou-se dos dias que antecederam sua partida em busca de Voldemort.


Lembrou-se de dizer que a amava, lembrou-se da forma violenta do fim de seu relacionamento com Gina. Então a memória da noite que Harry antecedeu sua partida retornou.  


 


Naquela noite ele tinha terminado tudo com Gina. Mas recebeu uma informação importantíssima sobre Voldemort. Ele teve que partir imediatamente e não teve tempo de dizer a Hermione, que já estava tudo terminado entre Gina e ele. Harry tinha percebido que amava Hermione alguns dias antes, ele não se lembrava de ter se sentido tão feliz em toda sua vida, como no momento que disse essas palavras a Hermione: “Eu te amo”. E saber que era retribuído fora a melhor sensação de sua vida. Ele então combinou com Hermione que terminaria tudo com Gina, o mais rápido possível e então eles poderiam ficar juntos.  


Harry podia lembrar-se daquele dia como se o estivesse vivendo naquele instante. A única coisa que não entendia era por que Hermione mentiu para ele? Por que ela disse que ele era namorado de Gina? Por que ela não lhe contou que sabia de seu amor? Afinal, ele acabaria lembrando mais cedo ou mais tarde que a amava!


Harry alcançou o portão de embarque e recebeu a notícia de que o vôo já havia partido. Ele sentiu com se seu coração fosse explodir. Não era possível que logo agora que se lembrar da verdade, que se lembrava de seu amor por ela iria perdê-la.


Ele caminhava para a porta do aeroporto quando a viu sentada em uma das mesas da praça de alimentação. Harry caminhou até ela.


- Será que posso me sentar? – ele perguntou puxando a cadeira


- O que você está fazendo aqui? – perguntou Hermione


Harry sorriu


- Eu me lembro de tudo.


- O...o que?


- Eu me lembro da promessa que te fiz. E embora você não saiba disso eu terminei com a Gina antes de ir atrás do Voldemort.


- Harry, você não acha que já brincou demais comigo? – perguntou Hermione com os olhos marejados.


- Mas eu não estou brincando. Mione, eu te amo.


- Claro. – disse Hermione – E a carta foi apenas uma brincadeira? – perguntou Hermione irritada.


- Que carta?


Hermione relutou, mas pegou o envelope na bolsa e entregou a ele.


- Não sei se você se lembra de ter escrito isso para mim. – disse Hermione


 Harry abriu o envelope e leu. A carta era endereçada a Hermione e assinada...por ele! Ele dizia que havia se arrependido do que disse, que amava Gina e que pretendia ficar com ela, terminava dizendo que era para que ela fingisse que ele nunca havia lhe dito nada.


 Harry estava chocado. Ele nunca havia escrito aquela carta! Tinha certeza disso!!!


- Mione...eu...eu juro que nunca escrevi isto!


- E como você pode saber? Talvez você tenha escrito e não se lembre – disse Hermione com a voz embargada.


- Eu tenho certeza que nunca escrevi isso. E mesmo que não tivesse, não tem importância. Por que tenho certeza que jamais a magoaria desse jeito. Eu jamais diria isso em uma carta... e aliás, eu não mentiria desse jeito. - disse Harry sorrindo


Hermione o fitou confusa. Não sabia se acreditava nas palavras dele, sabia apenas que tudo que seu coração queria era acreditar. Harry segurou a mão dela sobre a mesa.


- Mesmo que eu não te amasse antes de perder a memória eu não poderia nunca esquecer do seu rosto, do seu jeito, por que você é a única lembrança que meu coração não apagou. Quando eu ti vi, parada na porta do quarto eu não me lembrava do seu rosto, mas meu coração tinha certeza que você era muito importante para mim. Eu não posso te provar que estou dizendo a verdade, mas eu sei que dentro do seu coração você sabe resposta. Eu te amo e vou te amar para sempre.


Hermione chorava copiosamente, ela abaixou a cabeça e cobriu o rosto com as mãos. Assim que voltou a erguer a cabeça se jogou nos braços de Harry. Ele a abraçou e a beijou demoradamente. Hermione sorriu para ele.


- Aliás, por que a senhorita não tomou o avião? – perguntou Harry curioso


 Hermione sorriu e o beijou novamente.


- Eu não saberia viver sem você. Eu te amo Harry. Sempre te amei.

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