Capítulo I



Natal, 1995.

Papai e mamãe,

Mais uma vez estou aqui, escrevendo outras dessas cartas com destinatário, mas sem utilidade nenhuma.

Esse natal está um pouco diferente dos outros, sabe? Todos nós vivemos sob a sombra de Você-sabe-quem. Sim, ele voltou! As pessoas não querem acreditar nisso, não querem aceitar que a 'paz' se foi...

Paz...

Quando eu tive paz? Será que vocês conseguiriam me responder se pudessem? Será que eu entenderia o porquê de todas essas coisas terem acontecido conosco? Por que ficar sem vocês não foi uma opção, mas uma imposição? Por que eu tive que conviver tantos anos com esse vazio insuportável dentro de mim?

Queria tanto que vocês pudessem me responder. Queria tanto poder sentar com vocês e contar como estou na escola, de tudo que tenho aprendido nos últimos tempos. Dos amigos que tenho, dos sonhos que vêm crescendo. De tudo que eu penso ser certo.

Tenho orgulho de ser filho de vocês. Terei orgulho até o fim dos meus dias porque vocês não foram covardes, enfrentaram seu destino. Mas será que eu teria a mesma coragem? Será que eu teria a mesma postura? Será que eu conseguiria? Afinal, ser um Gryffindor não garante nada para mim. É apenas a minha casa, o lugar onde conheci as melhores pessoas da minha vida. O lugar onde estou aprendendo a me conhecer, onde estou aprendendo que eu posso.

Hoje foi bem mais difícil rever vocês. Encarar, novamente, essa solidão. Essa ausência. Esse medo. Tive de fechar os olhos e imaginar que um dia vocês voltarão. E mais uma vez, tentei segurar as lágrimas teimosas que molham o meu rosto sempre que lembro de vocês. Mais uma vez, tive de encarar a realidade devastadora de que eu jamais terei vocês comigo como deveria ser.

Eu vi o olhar que Harry dirigiu para mim. Não era pena. Era compaixão. Creio que ele percebeu o quão injusta essa situação é. Creio que eu mesmo percebi o quanto é injusto ter pais e, ao mesmo tempo, não tê-los. Creio que um dia eu vou conseguir entender porque eu sinto tanta falta de pessoas que eu nunca conheci.

Meus pais!

Alice e Frank Longbottom.

Meus pais, que eu amo e amarei até o último dos meus dias.
Meus pais, que me mantém firme e decidido. Jamais desistirei.

Por vocês, eu sempre seguirei firme na minha determinação de não deixar esses momentos se multiplicarem. Neste pedaço de pergaminho eu coloco tudo o que me falta porque aqui fora, na minha vida, na minha realidade, eu vou encontrar a força necessária pra não precisar fazer isso mais.

Me perdoem por qualquer coisa. E principalmente pelos momentos em que eu fraquejei e não honrei minha herança grifinória. Não pretendo mais lamentar. Não pretendo olhar para trás e me lastimar pelo que não tive. Vocês sempre estarão guardados no meu coração. Obrigado por, mesmo sem saber, me ensinarem que eu devo encarar os desafios. Obrigado por serem quem são.

Obrigada por serem meus pais.

Com amor,

Neville.


~~


Gracias a minha twin Amandita.
Eu ainda vou te matar mais um pouco com N/L. XD

Obrigada a todos que lerem. I love comments! \o/

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