Wish you were here.



So, so you think you can tell
Heaven from Hell,
Blue skies from pain

(Então, então você acha
que consegue distinguir
O céu do inferno
Céus azuis da dor).


A dor é algo muito abstrato, muito indefinido, algo que toma a forma dos nossos olhos. Como algo tão inexplicável, tão diferente pode ter tão unanimemente insuportável?!, Independente de quem a sente a dor, é sempre dor. Seja de amor, de angústia, de saudade, de mágoa, a dor é essa palavrinha com três únicas letras que consegue de certa forma simplificar, tornando o assunto ainda mais complexo. Em um dor não existem culpados, vítimas, enfim, ela ataca quando e onde menos se espera, estilhaçando tudo por onde passa. Tolos aqueles que a ignoram, pois esses são os que mais sofrem. Não tem como classificar, mais de certo a dor do arrependimento e daquelas que mata, ao pouco, como uma longa e infinita tortura mental. Torna uma pobre mente inocente em um campo de puro sofrimento, onde a alma se consome aos poucos até esse ser virar uma carcaça andando por aí sem rumo, talvez esse fosse o inferno?!, O talvez assim, sem tanto sentimento alcançaríamos a paz?! O céu?!, Dizem que amar é sofrer, e não amar é sofrer ainda mais....

Ele se arrependia, e sentia dor, ele amava, não existe como não relacionar todos esses sentimentos, são tão confusos difusos, mais sempre se entrelaçam no coração de uma pobre alma amante. Seus cabelos, assim como seus olhos, ainda tinham os mesmo tons claros, porém não o mesmo brilho, sua pele sempre fora clara, porém ela admitiu um tom pálido permanente, coisa que só fazia durante uma única semana no mês, a semana de lua cheia. Remo Lupin, não era mais um garoto, mais era alguém que se pode chamar de misterioso, ao mesmo tempo é o exemplo de ser humano amável, fiel, e digno de toda a confiança, nem sempre depositada nele. Apesar disso era um ser solitário, pelo menos por toda sua infância, era o diferente, mais na escola, em Hogwarts, sua verdadeira casa, ele encontrou pessoas que não poderiam ser mais dignas de todos os seus sentimentos, pessoas que ele teria sempre com ele, sendo só na memória ou não.

Grandes amigos, grandes confidentes, sempre o apoiaram quando precisou, estiveram ao seu lado, se tornando até negligentes por causa dele, na verdade coisa que eles fizeram com prazer diga-se de passagem. Tiago Potter, Pedro Pettigrew e Sirius Black, a medida que os anos foram passando eles se tornaram cada vez mais amigos cada vez mais irmãos. Sendo que o último despertava um carinho diferente nele, que ele não saberia dizer o que era, e que escondia de tudo e de todos, inclusive de si mesmo. Mais sentimentos sempre afloram, cedo ou tarde, mais afloram, e o dele não foi diferente... Ainda podia se lembrar... Doce lembrança.


Can you tell a green field
From a cold steel rail?
A smile from a veil?
Do you think you can tell?

(Você consegue distinguir
um campo verde
de um frio trilho de aço?
Um sorriso de um véu?
Você acha que consegue distinguir?).


Seria mais uma das suas expedições noturnas se dessa vez, não estivesse só eles, Black e Lupin, ambos na sua forma humano "explorando" o que Hogwarts poderia esconder nos seus vastos terrenos. Correram quando acharam que alguém o descobririam, caindo depois na grama sem fôlego, que foi perdido tanto pela corrida tanto pelas altas risadas que eles davam. Remo era um tanto receoso com essas "fugas" do regulamento da escola, mais não podia dizer que não se divertia com elas, era um dos únicos momentos que se esquecia dos seus vastos problemas, para Sirius era o mesmo. De fato, sair com os amigos é sempre bom, mais estando só os dois ali, tinha um significado, diferente, único, que eles ainda não compreendiam, apenas gostavam, era uma sensação boa, reconfortante. Estavam jogados de qualquer jeito sobre um gramado, úmido pelo sereno da noite, a crise de risos ainda não passara, não que eles tivessem qualquer pressa para isso acontecer. O som das risadas de um era música para o outro, a expressão de felicidade era contentadora, mesmo que não admitissem.

As risadas foram cessando aos poucos, dando espaço a olhares intrigantes para as estrelas, e certas vezes tímidos entre eles. Remo notou que aos poucos Sirius tentava se aproximar, até que seus corpos quase encestassem, era possível sentir o calor que um corpo emanavam, e a sua necessidade por contato ou aproximação. Era tudo tão estranho, tão diferente, pra qualquer um deles, Remo sempre foi uma pessoa cautelosa e reservada, não estava diferente. Sirius apesar de toda a sua espontaneidade, de ser marcado como aquela pessoa "que fala o que vem na boca", parecia nervoso, e também quase receoso, não fazia nada com medo da repulsa, e ao mesmo tempo do que sentia e do que na verdade queria fazer.

- Aluado?! - chamou, e sentiu um calafrio quando aqueles olhos castanhos claros encararam tão fixamente, - Você... - bem como faria a pergunta?!, afinal o que queria perguntar?!, o que queria saber?! - Você... sente alguma coisa por mim? - disse por fim, voltando a encarar o céu, sentiu as faces esquentarem, tinha certeza que nunca tinha corado antes na sua vida, não daquela maneira, Remo deu uma risadinha nervosa.

- Em que sentido?! - disse ele maroto, também olhando para o céu, Sirius sorriu, e tomando um pouco mais de coragem aproximou-se mais do outro para dizer em tons sussurrantes ao seu ouvido:

- Você sabe muito bem em que sentido... - E com uma certa satisfação brincando nos lábios, ele viu Remo estremecer com o som da sua voz. Ia se afastar mais foi impedido, pelo próprio Remo. Sirius sentiu algo como um choque ao ser tocado por Remo, que logo o soltou se condenando por ter feito algo tão imprudente. Sirius mandou a favas qualquer tipo de receio que ainda tinha, aquela era a maior prova que queria. Aos poucos sua mão foi ao encontro da de Remo, e os dedos após se conhecerem se entrelaçaram. A consciência ainda desperta em Lupin o alertava para a loucura que estava fazendo, mais quando este sentiu as mãos cuidadosas de Sirius acariciar sua face, fechou os olhos e se deixou levar. Não demorou para que a ânsia dos encontro dos lábios vencesse todos os receios ainda existentes, a lua, as estrelas, as árvores, o vento, únicas testemunhas desse beijo tão apaixonado, pareciam ter se silenciado para não atrapalhar, mais para os dois em questão eles não existiam mais.

And did they get you to trade
Your heroes for ghosts?
Hot ashes for trees?
Hot air for a cool breeze?
Cold confort for change?

(Fizeram você trocar
Seus heróis por fantasmas?
Cinzas quentes por árvores?
Ar quente por uma brisa fria?
Conforto frio por mudança?).


Esse mesmo Remo que entregara seu coração, se martirizava, se condenava por ter sido tão tolo, tão inocente. Memórias doces e ao mesmo tempo amargas, sobre um tempo, sobre uma época, sobre um fato que nunca devia ter acontecido, não dessa maneira. Porque Sirius?!, Confiava tanto nele, como jamais confiou em ninguém, e fora traído tão traiçoeiramente, seus únicos amigos mortos, pelo dono do seu coração, quem ele amava perdidamente, fora tão cego ao pensar que poderia ser recíproco, mais uma parte dele insistia que tudo aquilo não tinha sido só uma mentira.

Como em muitas noites vagava como um fantasma por ruas vazias, as festas, a alegria, tudo para ele não fazia sentido, Remo estava em um universo paralelo único na sua dor. Como tantas vezes antes, as lágrimas desceram sorrateiramente pelo seu rosto em um choro silencioso, ele ás vezes podia sentir o gosto salgado delas quando estas vinham até seus lábios, independente disto, cada gota de lágrima que fugia do controle dos seus olhos, lhe proporcionavam um certo alívio, apesar de deixar mais exposta a sua dor. Como tantas vezes antes depois de tanto vagar sem rumo, sentia-se perdido, e um sentimento de solidão assustava-o, até que vencido pelo cansaço ele decidia voltar para casa.

And did you exchange
A walk on part in the war
For a lead role in a cage?

(Você trocou
Um papel de coadjuvante na guerra
Por um papel principal numa cela?).


Ele que se lembrava tanto de admirar a coragem, a lealdade de Sirius, fora assim como seus amigos traídos. Os outros tiveram o fim de suas vidas, e Remo um coração partido, o que seria mais doloroso ninguém poderia dizer. Uma guerra assustadora, e todos estavam apavorados com um Lord que era cada vez mais poderoso e isento de poder, não tinha como não tomar partido, e visto que seus amigos corriam perigos junto com seu pequeno filho, Remo daria a vida para salvá-los, e quando começou a desconfiar que Sirius não fizesse o mesmo à discórdia já tinha plantado no seu coração.

Lílian e Tiago, deram a chave de sua vida a Black quando lhe entregaram o segredo, quando decidiram que ele seria guardião do feitiço fidelius. Apesar de toda a desconfiança, encontrar os corpos de Lílian e Tiago inertes, frios no chão, sabendo que a vida nunca mais voltaria a eles, proporcionou ao jovem lobisomem uma dor que ele jamais imaginava que poderia existir, que foi multiplicando à medida que o tempo passava e simplesmente dobrou de tamanho quando soubera o culpado de tudo, era o seu Sirius. Que agora era mais um ocupante da tão temida Azkaban, e Lupin talvez nunca mais voltasse a vê-lo e mesmo que não quisesse isso também o consumia.

How I wish, how I wish you were here
we’re just two lost souls
Swimming in a fish bowl,

(Como eu queria
Como eu queria que você estivesse aqui
Somos apenas duas almas perdidas
Nadando num aquário) .

Agora seu choro não era mais silencioso, e a dor presente era a da saudade. Não devia sentir saudade ele sabia, era errado. Mais com ele nunca aprendera o certo não é mesmo?, soltou um sorriso fraco ao pensar nisso, ele era sempre tão alegre tão convicto... não podia, Lupin preferia morrer ao realmente aceitar que fora tão cruelmente traído. Ele fechou os olhos desejando poder viajar no tempo, voltar quando não tinham tantas preocupações, no tempo onde ele simplesmente se deixou ser feliz ao lado de Sirius...

- Como eu queria que você estivesse aqui... - murmurou audivelmente, como se ele pudesse ouvi-lo e vim correndo ao seu encontro.

Year after year,
Running over the same old ground.
What have we found?
The same old fears
Wish you were here

(Ano após ano
Correndo sobre este mesmo velho chão
O que encontramos?
Os mesmos velhos medos
Queria que você estivesse aqui).


Nesta noite, diferente das demais, ele não voltou para casa, sabia que não era certo viver de lembranças, mais pelo menos por aquela noite deixaria o passado voltar à tona, era reconfortante se lembrar de como um dia foi feliz. Não tinha a menor idéia de quanto tempo isso continuaria, mais agora não se importava mais, aparatou para ainda temida Casas dos Gritos, que podia ter todo o seu aspecto assustador, mais em cada canto, cada cômodo abandonado Remo tinha uma lembrança, particularmente excitante para o qual se recordar.

Caiu, encostando-se a um canto de uma parede qualquer, para que pudesse avaliar com seus olhos marejados pela saudade aquele antigo lugar, fechou os olhos e pode se lembrar de uma noite, onde eles finalmente se entregaram de vez a paixão, quase podia ouvir os gemidos, quase pode sentir o perfume dele novamente, sentiu seu corpo ficar quente e queria ter mais do que somente a lembrança. Abriu os olhos, e o cheiro que sentira naquela noite agora estava empreguinado, era um cheiro doce forte, um cheiro de pecado, doce pecado.

Não tinha como esquecê-lo, suas almas já estavam misturavam e não eram mais indivíduos diferentes, eram apenas incompletos. Imagens bombearam a mente do nosso lobisomem, imagens de Sirius sorrindo, brincando, aprontando alguma coisa, imagens de Sirius beijando-o, dele dizendo palavras "bonitas", Remo sempre o encarava nos olhos e podia sentir a sinceridade, aquilo não poderia ter sido uma mentira, não poderia ter sido uma encenação. Reme sentiu remorso, não ele não mentira estava certo disso, um dia talvez soubesse como tudo aconteceu, e até lá sobreviveria com as memórias, com as boas recordações tendo a solidão como combustível a sua dor. Mais uma certeza apoderou-se dele, de que talvez teria-o de volta, conhecendo Sirius como ele acreditava que conhecia, se este fosse mesmo inocente, fugiria, e então eles se encontrariam, e neste dia até os astros conspirariam a favor, para que os medos e as dúvidas ficassem de lado e que o amor reinasse.

- Um dia você estará aqui comigo... - disse mais uma vez em tons sibilantes, abraçando o próprio corpo, adormecendo entrando em um sono profundo onde se perdia em um sonho que revivia todos esses bons momentos que por uns instantes pareceram realmente reais.

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