Anjo negro das masmorras

Anjo negro das masmorras



Depois daquele dia no campo de quadribol, os amigos estavam mais do que unidos. Laura teve várias conversas com Snape, mas nunca teve a coragem de perguntar o que tanto lhe perturbava. “Seria ele um agente duplo a serviço de Dumbledore? Ou quem sabe ‘Daquele que deve ser nomeado’?Não...Não...Ele não se arriscaria dessa forma, afinal, ele é um sonserino. Mas...quem sabe...?”
-Laura...Por Merlin...Conte logo a ele. Entregue logo esta carta e veja no que dá.-Snape já estava exasperado. Ela tinha muito medo.
-Mas...e se ele rir de mim? Professor, francamente, eu não sei como ele vai reagir.-Rebateu rapidamente.
-Você tem medo de ouvir um não, é isso? Eu prefiro um não a um talvez...-Concluiu.
-Não. Eu...eu só tenho medo que ele me rejeite...não como garota, entende? Mas...como amiga...
-Se ele fizer isso, é um idiota...
-Não! Isso não!
-Então ele não vai fazer nada disso...Olha, vai que ele também sente o mesmo por você e não quer dizer, porque também está com medo...-Ela, que até então andava de um lado para o outro da sala de poções, parou e o olhou.
-Acho que não...Eu percebo bem.
-Percebe bem? O que você percebe?
-Que ele até gosta de mim, mas me vê como um bebê que acabou de sair das fraldas e está começando a viver. Ele vai achar que é platônico.-Sentou-se no chão e apoiou a cabeça nas mãos, fazendo cara de cachorro abandonado.
-Ok, ok...Mas pra mim, nada é impossível até que as coisas sejam ditas.-Ele sentou-se a sua frente.-Fale! E esteja preparada pra tudo. Para o início de uma grande amizade ou um grande romance.
-Ta, mas se eu falar pra ele essa semana, eu só vou vê-lo depois do feriado de Natal. Mas...E se eu falar da minha casa? Pelo caderno...?-Uma luz havia vindo em sua mente.
-Ele também tem um caderno?-Levantou uma sobrancelha em inquisição.
-Ah...acho que sim...porque?-Tentou disfarçar.
-Ah, não...Por nada...É que eu acho que se você falasse pelo caderno, não veria a reação dele. Mas, se você for tímida, é uma opção...-Tentou esconder um sorriso, mas ela percebeu.
-Porque você sempre ri de mim?-Fez cara de magoada.
-Porque eu te acho engraçada...Porque eu acho que você está se preocupando demais com uma coisa que daqui a alguns anos, vai dar risada.-Ela sorriu.
-Pelo que todos dizem, eu nunca imaginaria que você pudesse sorrir...
-Se me permite um trocadilho trouxa, tenho alguns truques na manga...E por mais desgosto que tais manifestações de satisfação me causem, preciso praticá-las de vez em quando para que a musculatura do meu rosto não atrofie. Recomendações médicas.-
Laura riu como nunca.
-Já pensou em tentar a carreira de comediante?-Ainda ria.
-Sabe que ainda não havia pensado nisso...-Falou pensativo.
Ela riu ainda mais. Mas algo veio a sua mente. Seu rosto mudou.
-Que dia é hoje?-Estava pensando. Não podia ter esquecido...Ah, não! Não disso!
-Ah, 2 de Dezembro. Porque?-Perguntou curioso.
-Desculpe, eu tenho que ir.-Apressou-se. As lágrimas já beiravam seus olhos.
-Laura, espere...onde vai?-Mas não ouviu resposta alguma. A menina já havia ido embora, sem mas nem meio mas. Contudo, ele sabia onde ela havia ido. Mas queria deixar que ela pensasse sozinha. Tinha que crescer. E hoje, hoje... “Ah, céus... É hoje! Como pude me esquecer? Nem pra consolar a menina... Severus, seu burro!!! Vá atrás dela e diga o quanto você sente por ela... Vá!” Não pensou duas vezes e foi.
Laura correu em direção à Torre do piano. Nem disse oi para a bailarina. Naquele dia, fazia exatamente um ano que seu avô havia morrido. E ela, até aquele dia, se culpava por não ter podido se despedir dele. Era ele o homem que ela mais amou a vida toda e sabia que sempre seria. Sentou se ao piano. As únicas coisas que a faziam relaxar, eram o palco do teatro, dançar, tocar piano e cantar. Mas como não tinham um palco, e mesmo que tivessem, não seria o mesmo que o palco do teatro de sua cidade e não queria dançar, só restava as últimas opções. Começou a tocar uma música.

“Ci svegliavi con un bacio e poi (Nos acordava com um beijo e depois)
Te ne andavi a letto mentre noi(Ia pra cama enquanto nós)
Correvamo in quella scuola che (Corríamos naquela escola que)
Ci dicevi insegna a vivere (Nos ensina a viver)
Ma la vita l’hai insegnata tu (Mas a vida ensinou isso a você)
Ogni giorno un pò di più (A cada dia um pouco mais)
Con quegli occhi innamorati tuoi (Com seus olhos apaixonados)
Di due figlie matte come noi (De duas filhas loucas como nós)
Cosa non darei(O que eu não daria)
Perché il tempo non ci invecchi mai (Porque o tempo não te envelhecesse nunca)
Ho imparato a cantare insieme a te (Aprendi a cantar junto com você)
Nelle sere d’estate nei caffè (Nas tardes de verão nos cafés)
Ho imparato il mio coraggio (Aprendi a minha coragem)
E ho diviso la strada e l’allegria (E dividi o caminho e a alegria)
La tua forza e la tua malinconia (A sua força e a sua melancolia)
Ogni istante, ogni miraggio (Em cada instante, cada miragem)
Per le feste tu non c’eri mai (Pelas festas você não estava mais)
Mama apriva i pacchi insieme a noi (Mamãe abria os pacotes junto a nós)
Il lavoro ti portava via (O trabalho te levava embora)
La tua solitudine era mia (A sua solidão era minha)
Cosa non farei (O que eu não faria)
Per ridarti il tempo perso ormai (Para te devolver o tempo perdido)
Ho imparato ad amare come te (Aprendi a amar como você)
Questa vita riscchiando tutta a me (A vida está clareando tudo para mim)
Ho imparato il tuo coraggio (Aprendi a sua coragem)
E ho capito la tímida follia (E entendi a tímida loucura)
Del tuo essere único perché (Do seu ser único porque)
Sei la meta del mio viaggio per me (Você é a meta da minha viagem para mim)
È così. Sempre di più (É assim. Sempre demais)
Somiglio a te (Pareço com você)
Nei tuoi sorrisi e nelle lacrime (Nos teus sorrisos e nas lágrimas)
Ho imparato il tuo coraggio (Aprendi a sua coragem)
E ho imparato ad amare e credere (E aprendi a amar e acreditar)
Nella vita rischiando tutta me (Na vida clareando tudo para mim)
E ho diviso questo viaggio con te (E eu dividi esta viagem com você)
Io con te (Eu com você)
Ho imparato il mio coraggio (Aprendi a minha coragem)
Mi risveglio in questa casa mia (Me acordo de novo nesta casa)
Penso a quando te ne andavi via (Penso em quando você ia embora)
E anche adesso cosa non farei (E agora também o que eu não faria)
Per ridarti il tempo perso ormai...(Pra te devolver o tempo perdido...)”

Sim, ele era seu pai. Que Deus a perdoasse, mas o amava mais que ao seu próprio pai.
Ela e sua prima costumavam dizer que eram filhas dele. Mas mesmo negando, Laura sabia que era a preferida. Francesco Baglioni foi seu porto seguro, e ainda era.
Snape não teve coragem de entrar na sala ao escuta-la cantar. Sabia o quanto estava sendo duro pra ela. Queria ajuda-la de alguma maneira.
Laura ouviu um ruído. E sabia que, mais uma vez ele estava lá para protege-la. Seu guardião...Seu mestre...Não um morcego, como diziam. Mas sim, seu anjo, um anjo negro das masmorras...

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