Primeira Parte



Disclaimer: As personagens pertencem a JK Rowling.


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Arco-Íris sem cor



“Mesmo que o cérebro humano fosse tão simples que nós o pudéssemos compreender, seríamos mesmo assim tão estúpidos que não o compreenderíamos.”
Jostein Gaarder (O mundo de Sofia)


No mais escuro da noite nasce o Sol
Na mais clara luz nasce as sombras
No mais bonito sonho nasce o terror
Na mais profunda verdade nasce a mentira
E o que nasce do meu amor? Apenas a dor?



Com passos sofridos percorro o caminho traiçoeiro do teu coração sem ao menos ter um mapa para me guiar...




Se a casa era velha por fora o que dizer por dentro. O pó denunciava que o morador há muito que não colocava lá os pés, as divisões imundas, eram sinistras e grotescas, como as dos filmes que Hermione costumava ver nas férias de verão. Os seus pais tinham um fraquinho por filmes de terror e a convenciam a ver também, não que apreciasse, bastava a realidade que vivia diariamente já de si bastante terrorífica. Os móveis de madeira escura ostentavam buracos e diziam, com as suas vozes silenciosas, que serviam de comida a muitos dos bichos que por eles passavam. A luz do sol não entrava, era impossível, visto as grossas cortinas de um vermelho sangue castigar toda a habitação às trevas. Não sabia quem poderia ter vivido ali, naquele ambiente frio, amargo, triste, desesperante... Um arrepio subiu-lhe pela coluna e os cabelos na sua nuca ficaram em pé numa reacção normal mas curiosa. O que era afinal um arrepio? Não queria saber o que o provocava mas o porquê de ele existir. Será que a resposta estaria num livro? Teria de averiguar...

Continuou a estudar todas as salas e reparou que definitivamente aquela casa não guardava boas memórias. Toda ela parecia gritar por liberdade, liberdade das coisas que nela se passaram. Mas continuava presa, amarrada a uma tristeza que cegava qualquer oportunidade de fuga.

Não queria ficar ali mas teria de aguentar permanecer rodeada de todas aquelas más sensações por mais alguns dias antes de partir para a Finlândia, país onde se encontrava o próximo Horcruxe. Harry recebia cartas enigmáticas assinadas com “R. A. B.” que referiam os lugares escolhidos por Voldemort para esconder um bocado da sua alma. Claro que ao princípio não acreditaram naquelas cartas suspeitas mas, no fim, acabaram por se dirigir aos lugares indicados por elas. E ainda bem que o faziam, encontravam sempre aí um Horcruxe... Quem quer que fosse que lhes mandava as cartas não deveria ter uma má intenção, caso contrário não havia motivo para os ajudar.

Acendeu uma vela com a ponta da sua varinha e sentou-se num dos sofás negros e velhos. Suspirou, havia muita coisa para se fazer ainda e o tempo não parecia os querer ajudar. Caminhava depressa sem esperar para saber se eles o seguiam.

-Ah, estás aqui, procuramos-te por quase toda a casa. – disse Harry entrando pela porta dos fundos com Ron atrás.

-Podias ter avisado que vinhas para o que parece ser a... sala de estar? – Ron pareceu confuso e olhou para todos os lados fixando os seus olhos azuis na decoração bizarra e antiga em redor deles.

-Desculpem mas estavam tão concentrados a falar com Lupin pela lareira da biblioteca que resolvi observar melhor a casa.

-Desde quando não te interessas pelo que Lupin diz? – perguntou Harry sentando-se ao lado de Hermione e fechando os olhos com cansaço.

-Eu sei que o que diz Lupin é importante Harry, mas já tinha falado com ele antes de sairmos outra vez de Hogwarts.

-Tens sempre de saber as coisas primeiro que nós... e calculo que a ideia de ficarmos aqui nesta casa horrível ser uma boa ideia, também foi tua. – Ron sentou-se entre os seus dois amigos com um ar brincalhão e os outros dois reviraram os olhos.

-Dumbledore tinha indicado esta casa a Lupin para ele ficar durante algum tempo depois de ter abandonado o cargo de professor em Hogwarts. – esclareceu Hermione – Mas Lupin nunca chegou a vir para aqui... De qualquer maneira, é um lugar seguro por isso não reclamem.

-Desde que não acorde a meio da noite com uma aranha a menos de um metro de mim, não há problema. – argumentou Ron com um pequeno vestígio de medo na voz.

-Não contes com isso. –Harry sorriu com a cara de pavor que o ruivo fez, logo que disse essas quatro palavras.

-Bem, meninos eu vou descansar um pouco, amanhã temos de estudar muito bem tudo o que sabemos acerca do lugar onde está o Horcruxe pois os feitiços que o protegem podem ter alguma coisa a ver com isso, nunca se sabe. E como é melhor prevenir do que remediar, toda a informação que consiguemos reunir é nos fundamental.

-É necessário absorver tanta informação e os detalhes são tão importantes que por vezes tenho medo de não ser demasiado inteligente para os ver. – sorriu Harry tristemente.

-Possuis tanta inteligência quanto nós e é para ver os detalhes que os teus olhos não apanham que estamos aqui contigo. – animou Hermione deixando o sofá já aquecido com o calor do seu corpo e abandonando a sala.

-Nós também vamos então. – disse Ron apressando-se em seguir a amiga.

Hermione despediu-se dos outros dois no corredor do primeiro piso e entrou no quarto que calhou escolher. Simples seria a palavra exacta para o definir. Tinha uma cama ao meio, um armário, duas mesas de cabeceira e uma mesa de trabalho, coberta por livros e pergaminhos, em frente da qual encontrava-se uma cadeira de madeira velha e gasta. Não era tão frio como o resto da casa, até se podia dizer que era aconchegador. Mas não podia evitar pensar no estranho que seria dormir num quarto cujo anterior dono desconhecia. Alguém antes dela, com um rosto, com pensamentos, com sentimentos enfim, com uma identidade, já dormira naquele mesmo quarto e com certeza que passara alguns momentos de reflexão olhando para o mesmo papel de parede sujo e escuro.

Soltou um bocejo e esfregou os olhos, queria dormir, sentia-se sonolenta. Caminhou até à cama e amando-se para cima dela, o pó levantou-se fazendo-a tossir. Teria de conjurar um feitiço para limpar a cama antes de se poder render e entrar pelos altos portões do mundo dos sonhos que cada vez visitava menos.

As aulas no colégio pareciam tão distantes agora, pertenciam a uma vida longínqua que poderia não ter sido a sua. Era assustador como as coisas mudavam tão rápida e radicalmente e, ao mesmo tempo tão subtilmente que poucos davam conta disso. Os dias passavam, as semanas passavam e os messes passavam também sem avisar ninguém das suas mudanças. Tinha vontade de chorar. E se ninguém sobrevivesse àquela guerra que se movia como uma gigante sombra de morte e destruição? E ainda pior. E se ela fosse a única, de entre os seus amigos, que sobrevivesse? Afastou os pensamentos como se eles queimassem. Era melhor não se lembrar dessas possibilidades, elas devoravam a pouca alegria que ainda se conservava dentro do seu coração. Era uma quantidade tão pequena que ameaçava desaparecer por entre as lágrimas que caiam frequentemente dos seus olhos sem que ela tivesse força suficiente para as limpar.

Deitou-se novamente na cama para tentar dormir mas ao passar os olhos outra vez pela mesa de trabalho, no outro lado do quarto, algo lhe chamou a atenção. Não era nada mais nada menos do que um pergaminho velho e comido pelos anos mas cujas letras escritas a vermelhos vivo prendiam o olhar como a chamar que as lessem desesperadamente.

Hermione puxou os cobertores para trás sentido novamente a baixa temperatura do mês de Inverno sob o qual vivia e levantou-se com movimentos leves.

Pegou o pergaminho entre as mãos com um cuidado tal que dava a sensação de que com o toque dos seus dedos o papel se fosse desfazer em pó e misturar-se com o ar em movimentos de adeus. Sentou-se na cadeira e, sem que os seus sentidos captassem a estranha sombra nas suas costas, começou a ler:






“Negro...

Tudo em mim é apenas uma sombra do alguém que nunca poderia ser. Não me arrependo do que sou, não, realmente não me arrependo. Voltaria a tomar as mesma decisões, uma por uma pois todas elas eram para mim certas na altura e, apesar de hoje olhar para trás e duvidar, sei que tudo o que vivi faz parte de mim, sou eu, eu sou assim... para o bem ou para o mal.

Apesar de não demonstrar sei o que falam nas minhas costas e no canto do quarto onde os meus pensamentos são guardados reservei um lugar unicamente para essas pessoas. Não que elas me consigam, de alguma maneira, me afectar, há muito que tal deixou de acontecer. Mas isso realmente aconteceu alguma vez? Acho que o mais certo a dizer é que nunca ouvi algo carinhoso na mesma oração que o meu nome, muito pelo contrário, sempre fui visto com suspeita e repugnado como se a minha existência fosse mais um dos erros do destino. E se calhar foi mesmo...

Negro...

Sobreviver ou não sobreviver, escolher ou não escolher, amar? Ah, o que é isso? Existe mesmo o que essa palavra significa? Para mim não, ou poderei dizer que um amor impossível é realmente amar? Era tão bom se todos sentissem o que sinto, nem que seja apenas uma ínfima parte, apenas uma amostra. Ver nos dias de Sol, a tristeza do Inverno, na flor mais bela, as pétalas do medo, num sorriso harmonioso, as lágrimas da perda... Mas, infelizmente vejo que há quem nasça com a sorte de só presenciar a face bela da moeda. Tenho raiva, ciúmes... por mim morreriam todos eles e os remorsos nunca me seriam apresentados.

Há quem não mereça, quem não dê valor, quem simplesmente despreze a sua bênção. Mas, mesmo assim, eles continuam a tê-la enquanto eu vou sendo enterrado sem piedade nas profundezas da amargura, das artes obscuras que tal como nos labirintos misteriosos e intimidadores a saída, apesar de existir, é muito improvável de ser encontrada. Talvez, só talvez, se ela me desse a mão e me arrancasse das garras da escuridão eu pudesse matar esse monstro que mora em mim alimentando-se da pouca bondade que cada vez vai sendo menor, mais escassa...

Negro...

Ao contrário do que possa parecer, não tenho pena de mim mas sim do que fizeram de mim. A minha infância desenrolou-se envolta pelas brumas do ódio, do ressentimento, da angústia, do arrependimento. Todos os dias o meu pai (porque ainda o chamo assim?) culpava-me por aquilo que eu sou e não tive oportunidade de escolher, um feiticeiro. Acabava por desafogar as suas iras na minha mãe que, tal como eu, nada pôde para evitar a magia de correr como veneno nas suas veias. Porque a tratava assim? Só mesmo pelo facto de ser feiticeira? Era pelas marcas e cicatrizes no corpo dela, que ela que ia deixar de o ser? Odeio-o! E odeio-o todos os muggles como uma vez o meu pai odiou todos aqueles que são como eu.

Ah, ah, ah... ironias, tudo ironias... parece que me tornei como ele, afinal. Foi devido ao meu pai que desprezei e, por que não dizer, inferiorizei sempre todos os que tinham pais muggles. Pelo menos até ela aparecer... As palavras saídas da minha boca com rancor e desprezo, sempre para a magoar, não compartilhavam, os meus sentimentos que suplicavam por revolta, por terem uma oportunidade por mais mínima que fosse, de confessar o que significa de verdade ela para mim. Porém, a minha voz seguia como espinhos selvagens para ferir e cortar qualquer esperança de um dia poder sequer ser visto por ela como algo mais do que um simples traidor que não merece mais do que a morte e o esquecimento. No entanto, nunca fiz nada para mudar isso...

Negro...

Que escolhas tenho eu? Até de dia a luz teima em fugir do meu redor condenando-me a vaguear pela parte negra do mundo. Os meus passos guiam-me para o pior, sempre para o pior de tudo e, mesmo se retroceder acabo por cair no vazio esburacado da alma. E não tenho asas para poder de lá sair... Por isso torno a perguntar que escolhas posso eu fazer. Elas levam-me a um único ponto por mais diversas que sejam, não passam de uma ilusão sem fundamento criada pela mente de quem anseia por um pouco de felicidade.

Negro...

Parece que a palavra que melhor me define é o ódio. Ódio, ódio, ódio... apenas ódio. É tão fácil odiar, porque não o fazer? Se o acto de amar me está negado então só me resta poder odiar, num ódio tão grande quanto o meu amar poderia ser. Gostaria de poder sentir outro sentimento mas estou tão cansado... Cansado de tudo e não há nada que me forneça uma centelha de esperança para me fazer mudar. Para ver o mundo de outra perspectiva, uma com mais cor, além do cinza e do negro.

Negro...

E escrevo pedaços da minha alma não sei para quê nem porquê. Talvez para expulsar alguma da dor que habita há muitos anos dentro de mim como um veneno lento mas do mais mortal. O papel está a acabar e a tinta começa a faltar, suponho que seja um sinal para terminar de me desafogar e voltar à realidade ardente que queima com chamas de gelo a pele dos mais fracos. Despeço-me de ti, pergaminho sem sentido, que guarda os segredos de um homem que parou de viver desde que nasceu...


Severus Snape”




Sim, era profundo demasiado profundo e, apesar de fazer de tudo para não chorar, Hermione sentiu os olhos a ficarem húmidos e a libertarem uma substância salina que acabou por cair em cima do pergaminho, borrando algumas das letras. Aquilo que tinha acabado de ler era a verdadeira identidade de Severus Snape, o professor que havia morto o maior feiticeiro que ela alguma vez conheceu. Como é que alguém que realizou tal acto, que traiu todos os que lutavam para acabar com a escuridão, poderia ter pensamentos como os que as palavras escritas no velho pergaminho diziam?

De logo, as janelas abriram-se bruscamente com a força do vento e da chuva, que durante todo o dia tinha caído formando poças nas bordas das estradas, e as cortinas ondularam em movimentos forçosos e em completa desarmonia.

Hermione largou o pergaminho com o susto e precipitou-se em voltar a fechar a janela. A lua desenhava formas de sombras por entre as árvores lá em baixo e não havia uma única estrela no manto negro que tudo cobria sem dó nem piedade.

Esperava realmente que a janela não tornasse a abrir sozinha durante a noite... De súbito, ouviu uns barulhos sufocados vindos do outro lado do quarto, que de tão envolto na penumbra não deixava que os seus olhos descodificassem o que aí estava. O mesmo medo que sentira outras vezes, nas suas aventuras perigosas que, ao ser amiga de Harry, se tornaram uma constante na sua vida de estudante, retornou e despertou-lhe de qualquer vestígio de sono que poderia ainda ter.

Sem retirar os olhos do outro lado do quarto, pronta para o caso de sair daí alguma coisa, aproximou-se da cama. A varinha estava guardada debaixo das almofadas e necessitava dela... Depois de a ter bem apertada na sua mão direita avançou em passos cuidadosos até ao escuro.

-Lumus. – disse com voz baixa mas clara o suficiente para que a ponta da sua varinha adquirisse uma luz alaranjada e iluminasse uma figura demasiado familiar que olhava para ela com uns olhos negros e vívidos. – Prof...

Não teve tempo para concluir o que ia exclamar porque a sua boca foi tapada por uma mão de dedos longos e pálidos, de uma cor cadavérica como as dos mortos. Entrou em pânico mas continuou estática enquanto observava o cabelo negro, as roupas sujas, cujas manchas não conseguia identificar, e o rosto sério e concentrado de Snape. A sua varinha deixou de ter importância, tamanho choque em que se encontrava. Milhares de perguntas invadiram-lhe a alma atropelando-se umas às outras em busca de respostas, respostas estas que apareciam a uma velocidade tal que era impossível capturá-las.

-Antes de gritar convém conjurar um feitiço que permita o som conservar-se apenas neste quarto. – declarou Snape com uma voz rouca e baixa e retirando a varinha das vestes. – Não queremos acordar Potter e Weasley, não é? Eles necessitam de dormir...

-O... o que quer? Não vai capturar o Harry sem passar pelo meu cadáver primeiro, seu traidor! – gritou Hermione assim que teve a boca livre. Afastou-se e apontou a varinha em direcção àquele que em tempos foi um dos seus professores.

-Em lugar de fazer suposições sobre o porquê de eu estar aqui, é melhor me deixar falar Srta Granger.

Hermione continuou preparada para um muito provável duelo mas manteve-se em silêncio. Aproveitaria o facto de Snape ficar distraído no decorrer do que quer que fosse que ele queria contar para encontrar uma forma de lhe lançar um feitiço petrificante e poder fugir do quarto para chamar Harry e Ron.

-Vejo que aprendeu a se conter nestes últimos meses. – disse com uma pitada de sarcasmo na voz.

-Fale de uma vez, ou sente prazer em lançar palavras irónicas antes de atacar as suas vítimas?

-Bem, retiro o que disse, continua a mesma de sempre. –Snape deu um falso suspiro de desilusão – Respondendo a uma das suas perguntas mentais, não eu não estou aqui nem para os levar ao Lord nem para vos matar, caso contrário, nenhum dos três estaria vivo a estas horas. O motivo que me fez voltar à minha antiga casa foi ajudá-los, por mais incrível que pareça.

Hermione não sabia se deveria acreditar ou não no que Snape dizia. Como confiar numa pessoa que tinha por maior habilidade atraiçoar a confiança em ela depositada? Mas não poderia dizer que o que ele dizia não tinha alguma lógica. O seu ex-professor já deveria estar naquele quarto muito antes dela entrar nele. Só assim se justificava o facto de não o ter visto entrar. E apesar disso ela continuava com vida, ele não a matara quando esta desprevenida.

E mais, agora sabia quem tinha dormido na mesma cama de onde se levantara à apenas uns minutos, e essa descoberta não lhe agradou.

-Mesmo se acreditasse nisso, não vejo porque motivo um Devorador da Morte, que se diverte com a desgraça que mancha as nossas vidas, se dignaria a nos ajudar.

-Deveria aprender que não pode saber todas as respostas, no entanto, a essa pergunta eu lhe posso responder.

-Não vejo como me possa convencer de que realmente nos quer ajudar mas estou disposta a ouvi-lo.

-Sinto-me completamento lisonjeado por estar disposta a isso. – declarou Snape irónico. – O motivo que me leva a ajudá-los é o mesmo que me tem levado a salvá-los durante estes anos todos: Dumbledore.

-Mas ele já não se encontra entre nós e devido a si!

Hermione voltou a aproximar-se de Snape com um ódio renovado. Este continuava apoiado à parede, os braços caídos ao lado do corpo e com a mão direita a apontar a varinha para o chão.

-Eu sou um assassino Srta Granger, o sou há mais tempo do que imagina. Às vezes temos de fazer sacrifícios para o bem de outros e isso foi exactamente o que fiz.

-Como pode falar assim? Você matou Dumbledore, a nossa última esperança!

-Oh, e eu que pensava que era o Santo Potter Todo Poderoso.

-O Harry é o único que pode matar Voldemort mas como pode ele o fazer sem a ajuda de Dumbledore? – inquiriu Hermione num fio de voz, baixando o olhar mas voltando a ergue-lo logo a seguir. Não era inteligente perder Snape de vista.

-Não pretende mesmo que responda a isso pois não? – perguntou Snape com um sorriso de malícia no canto dos lábios. – Como eu estava a dizer, antes de me interromper com comentários que não levam a lugar algum, é devido a Dumbledore que os quero ajudar mas, para isso, necessito que aceite o que eu diga como verdadeiro.

-Como pode pedir isso?

-Ora, com a boca, pensei que fosse óbvio. – proferiu Snape com uma sobrancelha elegantemente levantada. – Como não diz que acreditará no que lhe vou dizer e é de conhecimento geral que quem cala consente, então proclamo o seu silêncio como a resposta que esperava ouvir. Não deve, por nada, viajar até à Finlândia.

-Co... como?

-Eu disse que não deve viajar até à... até à...

Snape não conseguiu terminar a frase, deixou cair a varinha que alcançou o soalho com um barulho seco e deslizou pela parede com o olhar desfocado e a cor demasiado branca da sua pele a empalidecer ainda mais. Agarrava com força o seu abdómen como se quisesse rasgar a pele e expulsar a dor que parecia sentir. Instantes depois encontrava-se encolhido no chão em plena agonia. Hermione lembrou-se então do que tinha lido naquela noite acerca do seu ex-professor e num reflexo impensado e desprevenido da razão, largou a varinha, que foi fazer companhia à de Snape, abaixou-se em frente àquele que todos consideravam um traidor e lhe segurou ambos os ombros.

-O que se passa professor?! Responda-me por favor, o que está a sentir?


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Olá meninas (os meninos andam muitos escassos por estes lados), aqui está a primeira parte de uma fic com apenas dois capítulos e que eu já queria ter postado à algum tempo mas, por algum motivo que eu ainda não sei bem, acabei por postar apenas agora. É drama mas quem não gosta deles (pelo menos de os ler)? Bem, espero que tenham gostado!!
Obrigada por terem lido!! =D
Beijinhos***

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