O Dragão da Corvinal



Simon Nissenson tinha decido até Hogsmeade passar o domingo o mais longe possível dos amigos e dos problemas que Doumajyd causava para todos. Por isso, aceitara participar de um evento sobre poções que seu pai estava promovendo em uma das lojas da família.
Depois de um tempo de conversas chatas com pessoas que ele mal conhecia, e que achavam que sabiam mais que ele sobre o assunto, ele decidiu parar de perder tempo em coisas inúteis e voltar para o castelo. Pelo menos na sua sala comunal, não teria que encarar nenhum bruxo que se achava mestre em alguma coisa ou qualquer um dos outros Dragões.
Era nisso que ele estava pensando quando passou por uma esquina e viu um rosto conhecido. Era aquela amiga da Mary que vivia nas estufas e que atualmente tinha se transformado em um zumbi. Não foi surpresa para ele perceber que ela chorava, parada imóvel olhando para os seus próprios pés.
- Francamente... – resmungou ele tentando passar despercebido por ela, o que não foi nada difícil, já que ela não parecia estar nesse mundo – Até que foi fácil... – ele riu e deu uma última olhada para trás.
Foi então que a viu cair de joelhos no chão, soluçando e tremendo inteira.
Ele parou, apesar de repetir para si mesmo para continuar andando e esquecer que a tinha visto. Mas... ela era uma aluna da sua casa e, gostando ou não, ele era o seu monitor. Não era certo abandoná-la naquele estado no meio da cidade quando já havia escurecido.
E, mesmo com um pressentimento de que iria se arrepender daquilo pelo resto da vida, ele deu meia volta e se aproximou dela:
- O que aconteceu? – perguntou impaciente se abaixando para poder ficar no nível em que ela estava.
Ela virou o rosto inchado e molhado para ele, tentando ver quem era, e quando o reconheceu tentou dizer alguma coisa:
- E-eu... eu s-só q-queria... – mas não conseguiu continuar, então sem aviso, ela o abraçou com força, chorando ainda mais.
- Ah, meu Merlin... – Nissenson revirou os olhos e a segurou para que os dois não caíssem – Não é decente para uma bruxa de família como você ficar chorando pelas ruas! Eu, como seu monitor, deveria lhe dar a advertência mais severa que... – ela continuava soluçando e não parecia estar prestando a mínima atenção no sermão dele – Ok, você com certeza precisa de ajuda. Vem comigo, meu pai tem uma loja aqui perto.
E ela se deixou levar por ele, sem conseguir dizer uma palavra.


***


Mary correu por todas as ruas daquela região da cidade. Passou por vários lugares que ela e Vicky costumavam passear nas folgas dos estudos. Perguntava pela garota para qualquer conhecido ou desconhecido que encontrava na rua. Mas nada disso adiantou.
Ela parou e olhou para céu, onde varias estrelas já haviam aparecido. Não tinha muito tempo e também não podia pedir a ajuda de ninguém naquele momento.


***


- Isso é amargo! – reclamou Vicky, ainda fungando, terminando de tomar o conteúdo de um cálice que Nissenson havia lhe entregado.
- Sim. É amargo. – disse ele guardando as coisas que havia pego nos balcões da loja para preparar a poção – Mas você conseguiu falar depois que tomou, não?
Ela concordou com um aceno de cabeça.
Quando ela chegara à loja, achava que nunca mais teria forças para ficar em pé sozinha, tanto que teve que ser arrastada até uma cadeira. Mas depois de ter tomado a poção, a sensação de fraqueza foi passando, e ela pode responder as perguntas do dragão.
- O que é isso? – perguntou ela.
- É algo que as pessoas tomam quando estão no mesmo estado que você.
- ...Me desculpa. Você não tem nada a ver com isso e ainda me ajudou.
- O gosto amargo é bom. – disse ele, fingido não ter ouvido o pedido de desculpas dela, puxando uma cadeira e sentando no lado oposto ao dela na mesa – E é isso que faz com que o efeito dessa poção seja rápido. Precisamos sentir o gosto amargo para nos lembrarmos que existe o doce... É o mesmo com o amor. As pessoas amadurecem quando passam por paixões amargas e dolorosas. Aprendem que não devem ficar insistindo em algo que não é bom... Você precisava passar por essa decepção, Vicky... Agora, da próxima vez, não vai errar, certo?
Ela concordou com um aceno firme de cabeça, não sentindo mais vontade alguma de chorar.
- Certo. – disse ela devolvendo o cálice – Obrigada.
- Ok, então vamos!
- Tudo bem! Não quero mais dar trabalho! Posso voltar sozinha para o castelo!
Nissenson riu:
- Quem disse que vamos voltar agora para o castelo?
Ela o encarou sem entender.
- Digamos que eu estou com raiva hoje e preciso descontar em alguém. Esse tal de Kevin parece que está merecendo uma lição! Ou você não quer uma revanche?
Vicky pensou por um instante e então disse decidida:
- Quero!


***


- Realmente está tudo bem assim, Chris? – perguntou MacGilleain para Doumajyd, que fingia estar lendo um livro na ala do D4, apesar de esse estar de ponta cabeça.
- Se for mais um sermão do Dragão da Lufa-lufa, não quero ouvir! – respondeu ele.
- Está realmente tudo bem em acabar com o D4 assim?!
Doumajyd jogou o livro com raiva contra a parede, tentando demonstrar o que pensava:
- Quer apanhar, Adam?!
MacGilleain respirou fundo e retirou algo de dentro de uma sacola que carregava.
- Pense bem no que está fazendo, Chris. – ele colocou uma maçã em cima da mesa e saiu, sem dizer mais nada.


***


Mary parou ofegante, se apoiando em seus joelhos. Por mais que procurasse, não encontrava Vicky.
Várias coisas terríveis que poderiam ter acontecido começaram a passar pela sua cabeça. Ela conhecia a personalidade de Vicky e sabia do que ela era capaz...
Então uma idéia lhe veio à mente: o lugar onde o Kevin havia falado que iria com aquela bruxa escandalosa. Talvez ela pudesse ter ido para lá. E ainda sem ter recuperado totalmente o fôlego, Mary voltou a correr pelas ruas iluminadas pelos fogos mágicos de Hogsmeade.

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