Dragão Expulso



- Doumajyd! – Mary ainda tentou chamá-lo, inutilmente.
Já era o bastante tudo o que tinha acontecido antes para que agora ele acrescentasse mais esse engano na sua lista de acusações contra ela. E o pior, Hainault estava envolvido dessa vez, não era algo só entre eles dois.
- Droga! – ela reclamou – Ele sempre se precipitando!
- Precipitado... – Hainault parecia preocupado e não tirava os olhos de onde o amigo esteve momentos antes – Será?
E sem aviso, ele saiu também, deixando uma Mary sem entender para trás.


***


Doumajyd bateu em qualquer um que se atreveu a estar no seu caminho até o Salão Principal. Só parou quando MacGilleain e Nissenson apareceram e o seguraram, para que ele explicasse o que estava acontecendo.
Mas antes do líder dos Dragões abrir a boca, Hainault entrou correndo no Salão Principal, e parou imediatamente após receber um olhar ameaçador de Doumajyd.
- Chris. – murmurou ele, não se atrevendo a se aproximar mais.
- Adam, Simon! – convocou Doumajyd, virando o rosto de lado para tirar Hainault do seu campo de visão – A partir de hoje, não falem mais com o Ryan!
- O quê?! – perguntaram em coro os outros dois, chocados com o novo decreto.
- Ele não é mais nada nosso! – continuou Doumajyd, impassível – Nem dragão, nem nosso amigo de infância!
- O que está dizendo, Chris? – Nissenson ainda tentava entender.
- Ele é apenas um traidor! – Doumajyd não abriu espaço para discussão.
Então mais passos apressados soaram pela porta do Salão Principal, e uma Mary ofegante entrou e parou ao lado de Hainault. Ao vê-la, Doumajyd falou bem alto, para que todo o Salão ouvisse:
- Ryan Hainault não é mais um Dragão!
Uma onda de espanto se espalhou por todo o lugar e foi seguido por outra de murmúrios.
- Você não é mais meu amigo. – acrescentou ele mais baixo, para que somente Hainault e Mary ouvissem.
- Se acalme, Chris! Nós – MacGilleain tentou falar com o amigo, mas foi empurrado por ele.
- O que aconteceu, Ryan? – Nissenson ainda tentou perguntar para Hainault, ciente de que não conseguiria uma resposta com Doumajyd, mas foi completamente ignorado.
- O quê? – Mary não acreditava em nada do que tinha acabado de ouvir, e por isso demorou um pouco para reagir – Espera! Por que expulsar o Ryan?! – ela chegou até na frente de Doumajyd – Só porque você tem raiva bate nos outros e desconsidera seus amigos?! Sinceramente eu odeio isso! Odeio esse Christopher Doumajyd!
Essas últimas palavras foram o bastante para o dragão, que saiu, dando a volta por ela e por Hainault, sem olhar para os dois, ainda respirando furioso. Nissenson e MacGilleain foram atrás dele, lançando um olhar significativo para Hainault antes de saírem.
Mary e o dragão expulso ainda permaneceram nos lugares em que foram deixados, tentando processar o que havia acontecido.
- Você é a pior, Weed! – acusou a aluna de cabelos ruivos da Sonserina, chegando junto dela, com as outras duas colegas.
- Percebe o que você fez?! – praticamente chorou a de cabelo encaracolado – É o fim do D4!
- Eu fiz? – murmurou Mary tentando não ultrapassar do seu limite de irritação.
- E tudo isso por causa de uma sangue-ruim insignificante! – lamentou-se a líder loira.
- Suas... – Mary estava prestes a dar um merecido soco em cada uma delas, quando sentiu que alguém segurava a sua mão, a impedindo de avançar.
Ela olhou para trás e viu Hainault a encarando:
- Tudo bem. – disse ele.
Mary sentiu que todas as suas forças iam embora. O que acontecera foi realmente horrível, e a pessoa que mais estava sofrendo ali era Hainault. Ela sentiu vontade de amaldiçoar Doumajyd para sempre.


***


Enquanto isso, em uma sala reservada de Hogwarts, mais uma proposta era feita.
Richardson, o secretário da senhora Doumajyd colocava uma maleta cheia de galeões na frente de Sarah Swan, que a admirou encantada. Mas logo seu brilho no olhar diante de tanto ouro desapareceu e ela assumiu uma pose mais sóbria:
- Desculpe, mas eu não posso aceitar. – ela levantou-se subitamente e dirigiu-se para a porta. Porém, parou no meio do caminho e virou-se sorridente – Mas eu posso ajudar! – e com uma inclinação graciosa de cabeça ela saiu alegremente da sala.
- Senhora? – perguntou o secretário para a pequena esfera de cristal posta em cima da mesa, por onde a senhora Doumajyd assistia a tudo.
- Nessa garota não se pode confiar. – disse ela cruzando os braços e rindo de um jeito sinistro – Mas eu gostei...


***


Depois das últimas aulas da tarde, Mary não tinha ânimo para ir às estufas com Vicky. Agora era ela quem estava com preocupações, e a amiga a teria que perdoar por isso... esperava. Então ela encontrou um lugar silencioso perto do lago e se sentou em baixo de uma árvore que já começava a mostrar sua nova folhagem de primavera.
Mary tentou repassar tudo o que tinha acontecido nesses últimos dois dias. Primeiro aquele plano louco da irmã de Doumajyd para que os dois saíssem juntos em um encontro duplo, coisa que ela já sabia desde o início que não daria certo. O próprio encontro em si que fora um desastre. O namorado idiota de Vicky por quem ela estava sofrendo agora. Depois a carta da sua mãe que terminara de acabar com o seu dia. Então quando ela foi tirar satisfação com Doumajyd eles acabaram brigando... pelo menos ela deixou bem claro que não tinha mais nada a ver com ele. Depois aquele Ryan desolado na torre que a abraçou de repente e então Doumajyd flagrando os dois... tudo bem que não passara daquilo, mas visão limitada do líder dos Dragões parecia não perceber isso.
Na verdade, Mary não se importaria nem um pouco por Doumajyd estar tendo conclusões erradas sobre o que realmente estava acontecendo na torre... Mas usar aquilo para expulsar o seu melhor amigo do D4, era realmente injusto. Hainault não merecia aquilo.
Ela pegou a esfera de Doumajyd no seu bolso e começou a rodá-la nos dedos... Doumajyd era realmente um grande egoísta, orgulhoso e idiota. Porém, as palavras das meninas da Sonserina ainda ecoavam na sua mente, e ela não podia deixar de pensar que por culpa dela o D4 estava se desfazendo. Não o D4 que aterrorizava Hogwarts em todos esses anos em que estudaram ali, mas o D4 que cresceram juntos e sempre estavam uns com os outros.
- Preocupada?
Uma sombra apareceu ao seu lado e ao virar-se Mary se deparou com Hainault, que sentava ao seu lado com seu cabelo vermelho parecendo estar em chamas pelo reflexo do sol.
- Não... – respondeu ela suspirando – Só com muita raiva por tudo ter terminado como terminou. Não foi justo ele ter o expulsado assim! Doumajyd foi longe demais!
- Mary, – disse ele com seu tom tranqüilo, não demonstrando estar prestando atenção em nenhuma das palavras que ela dissera – vamos sair juntos?
Ela quase se engasgou com as próprias frases que estava dizendo. E, antes de poder pensar direito, respondeu:
- Sim.

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