Início de uma nova vida



Cap.1_ Início de uma nova vida

O sol acabara de desaparecer no horizonte dando lugar a noite. Os tons vermelho-sangue foram substituídos por tons violáceos, passando pelo amarelo-ouro brilhante, compunham um mosaico deslumbrante. Lentamente, a cortina de sombra desce anunciando o fim do dia. O prenúncio de luar alteou-se. O plenilúnio inundou a imensidão azul escura e a cidade com feixes de luz prateada. Toda a Natureza em redor daquela cidade élfica vibrava na noite enluarada. A pálida claridade do luar vagarosamente se tornava mais lustrosa, mais intensa, tomando posse do céu, onde, antes, o escuro era dominante. As estrelas resplandeciam como diamantes iluminando a esplendorosa floresta que começava na cadeia de uma montanha, as colinas, reflectiam-se nas águas dos lagos, revigorava os animais e as plantas. Na plenitude da madrugada, enquanto a cidade dormia, ainda se ouviam sob o magnifica paisagem, uma melodia que ecoava encantadoramente, assemelhava-se ao som dos acordes de uma flauta mágica, soava tão suave que até consolariam os condenados às penas do Inferno. A veemente luz prateada na perfeição de sua beleza derramava-se pelos vastos espaços iluminando todos os cantos da cidade que permanecia mergulhada no sono, alheia aos movimentos da vida, às encantadoras transformações da Natureza.
 Cemendur e Merime pararam e contemplaram a visão que se projectou a frente deles. O encanto e a glória envolviam todo aquele palácio que parecia ter ganho a coloração azul escura específica da noite, tornando-o algo grandioso e excepcional. Caminharam até a um jardim magnífico com algumas árvores gigantescas carregadas de frutos que sombreavam o lugar, e no meio havia uma fonte onde a água cantava de mansinho. Do cume dos outeiros manavam fontes claras e límpidas, que mantinham verde e viçosa a vegetação, e cuja água corria num leito de pedras alvas. No chão, a grama era um tapete rico, ao lado do palácio eram visíveis os graciosos movimentos dos narcisos e das anêmonas que cresciam à beira de uma nascente serena, devido ao sibilar da brisa. Ao fundo desta paisagem, encontrava-se o soberbo palácio de cristal e de ouro com imensas janelas e torres altas tão transparentes que resplandeciam sob o brilho do luar com os cumes parecendo-se a safiras. Os elfos sentiram emanar do castelo uma fonte de magia e conhecimento que os embriagou e os evocou para o seu interior. Prosseguiram em passos largos até a construção. Atravessaram as grandiosas portas de cristais e entraram num amplo salão. Uma longa escadaria concedia acesso a outros sítios imaginários do palácio. Num canto do salão encontrava-se uma elfa. Ambos aproximaram-se dela e Cemendur tomou a palavra: _Boa noite, conselheira Lóte. – a elfa curandeira que tinha em suas mãos um livro voltou-se para eles. Seus cabelos eram castanhos aloirados, os olhos amendoados de cor verde, porém com uma tonalidade um pouco azulada denunciavam a sua bondade e simpatia. O seu olhar pousou primeiramente no bebê que Merime trazia ao colo e de seguida em Cemendur e Merime antes de pronunciar algo.
 _Boa noite. – pelos olhos dos elfos diante dela, interpretou o que viria e falou. _ Vou convocar os outros. – termina tomando rumo à escadaria. Pouco tempo depois, junto com Lóte, compareceram mais cinco belos elfos. Hanya era uma elfa esbelta, dona de longos cabelos dourados e olhos negros, os quais assentou demoradamente no bebê quando o viu. Elanor tinha olhos azuis-claros, cabelos loiros e tal como as outras uma pele tão branca quanto neve. Martano era um elfo de curtos cabelos atrás, tinha uma franja que cobria parcialmente os olhos negros com certo brilho avermelhado que reluzia sobre as mechas extremamente negras. Era um pouco mais forte que os demais. Melroch tinha cabelos curtos castanhos, meio desgrenhado e olhos cor de avelã. E por último, Failon de cabelos prateados, os olhos cinza prateado eram penetrantes e intimidadores. A sua postura mostrava-o como alguém directo e rígido. Tal como Hanya o seu olhar deslocou-se pra o invólucro. Os rostos dos elfos eram jovens, a pele ebúrnea e sem um único sinal de envelhecimento, os olhos mantinham um brilho singular, os narizes eram finos, formosos e firmes gestos eram executados por eles. Tudo neles era elegância e perfeição. As túnicas de seda que elas traziam vestidas e os adornos de ouro, confirmavam a luxúria de sua posição, do salão e igualmente dos restantes lugares do palácio. Perante os sublimes elfos Cemendur fez um gesto amplo com as mãos e curvou o corpo ligeiramente, como se fizessem uma reverência, sinal de respeito. Merime o acompanhou nessa última parte, flexionando o corpo tenuemente pra frente. Os conselheiros transmitiam uma energia única que não deixava ninguém indiferente.
 _O que tens nos teus braços, Merime? - pergunta a voz de Elanor suavemente.

_Desculpem pelas horas que já vagueiam, conselheiros. Aqui, trago a parcial razão do choque mágico que afectou nosso Mundo e os demais. _responde Merime enquanto Elanor aproximava-se e surpreendida admirava o pequeno coberto por mantas. Um sorriso esboçou-se nos lábios da conselheira ao pegar o bebê com cuidado e sem desviar os olhos azuis-claros do rosto do pequeno.

 _Um bebê? Aquele choque forte foi provocado por ele? -pergunta Failon em tom de incredulidade.

 _O que aconteceu? Qual o motivo da vinda desta criança? – pergunta Martano serenamente. _ Depois de sentirmos um choque muito poderoso de energias, chegamos a uma casa quase destruída, no Mundo dos Trouxas. Decidimos entrar e na entrada deparamo-nos com um homem falecido. Ouvimos o choro de um bebê, seguimos as escadas e entramos num dos quartos, onde no berço estava o jovem Harry, chorando… _nesse instante pára para olhar o pequeno, pouco depois continua _ao lado do berço, no chão, havia uma mulher morta ao que mais tarde Dumbledore nos revelou ser a mãe do bebê. Ele perdera os pais. Resolvemos levá-lo conosco até Dumbledore. Ele disse-nos que uma vez que Harry havia ficado órfão, iriam entregá-lo aos tios trouxas, e todos nós presentes sabemos o quão não é saudável uma criança bruxa viver com seres não-mágicos, pelo que decidimos trazê-lo com autorização de Dumbledore. No nosso Mundo ele estará em segurança, não precisará ser ‘aclamado’ por um feito que ele não lembra. E para, além disso, existe uma profecia rara que envolve o jovem Harry.

 _Uma profecia? – pergunta Hanya e Cemendur confirma. _ E que demanda ela?

 _Dumbledore escreveu para vós uma carta, explicando. – diz entregando um envelope a elfa que o abre e lê silenciosamente.

_Que se passa Hanya? De que trata a carta? -pergunta Lóte fixando os enormes olhos na expressão de surpreendida de Hanya. _ «E um dos dois deverá morrer na mão do outro, pois nenhum poderá viver enquanto o outro sobreviver...» São as últimas palavras desta carta. – a conselheira tinha de facto uma estranha expressão no rosto, um misto de calma e apreensão.

 _Mas ela faz referências a mais quê?

 _A Voldemort. Diz que o Harry é o único que tem o poder de vencer o Melkor. – responde Hanya tranquila.

_Isso significa que ele tem poderes acima do normal para os bruxos? – pergunta Martano.

_Talvez sim, esta profecia me parece mais complexa que o regular, mas todos sabemos que nem sempre as profecias se cumprem. – disse Hanya desviando os olhos da carta.

 _De todo modo, mesmo que ele não tenha habilidades especiais, deve ter um treinamento árduo para estar à altura de sua demanda. _ retruca Martano firmemente.

_Compreendemos a ameaça que esse bebê corre, mas com certeza que aqui não é o lugar mais apropriado para ele. Um bruxo crescer entre nós é no mínimo imprudente. – afirma Falion tentando chamar os outros à razão.

_Consegue pensar em algum lugar melhor que nosso Mundo, ele estará protegido aqui. – comenta Elanor fazendo se notar irreversível em sua opinião.

_Cemendur, Merime, vocês não podiam assumir tal compromisso, antes de nos consultarem. – fala Hanya sensatamente recebendo assentimento de Failon. _ Contudo, também posso afirmar que percebo os problemas pelos quais o jovem Harry poderia passar ao crescer com os tios trouxas, uma vez que ele é diferente deles. Eu consinto que ele fique conosco.

 _Como? – contesta Failon admirado.

_ Já era tempo de aparecer um herdeiro Istari para reivindicar sua herança. – afirma Hanya aproximando-se de Elanor para observar o pequeno Harry, pelo qual o fascínio a fez passar os longos dedos delicados no rosto dele em forma de carícia. 

_Os Istari? Eles trouxeram problemas incalculáveis, inúmeras vezes intrometeram-se na nossa cultura, sem mencionar os que foram corrompidos e tentaram destruir a nossa raça. Fabricaram armas capazes de devorar cidades inteiras, criaram uma época de devastação, derrubaram a terra tenra. Ficar com esse bebê seria o mesmo que aumentar as possibilidades de isso voltar a acontecer… – Melroch dá a sua opinião pela primeira vez.

_Como estão a ver, não sou o único que acha imprudente tê-lo entre nós. - fala Failon com um olhar e uma postura que impunham respeito.

 _Se consegues amansar animais perigosos, porque o mesmo não se pode passar com ele? – pergunta Elanor no que Melroch reflecte antes de falar.

 _É certo, se for criado de um modo certo, tal como os animais selvagens, ele poderá crescer não criando desumanidade e sim dignificando o nosso povo. – afirma Melroch convicto.

_Estou de acordo. – anuiu Lóte. _Então ele será Haryon, o nosso príncipe Istari. – proclamou Elanor.

_Ele pode brincar e crescer com Ethyar, uma vez que são as únicas crianças da cidade. O desenvolvimento com um elfo da mesma idade o fará fortalecer melhor e se integrar mais rapidamente. – referiu Martano. Sem pronunciar mais nada, Failon retirou-se do aposento. **********************************************************************


O sol a nascer era um espectáculo incomum e primoroso na cidade élfica. As cores matinais espelhavam-se nas águas cristalinas e configuravam ao palácio uma tonalidade diferente. A cidade e tal como a Natureza começavam a despertar com os primeiros raios. Naquele lugar a terra acabava e o mar começava, o sol repousava no oceano. Os pássaros esvoaçavam pelas varandas onde as cortinas balançavam na brisa matinal. No jardim do castelo, Elanor cantava com a sua voz melodiosa um sublime cântico de louvor ao povo. E não exaltava apenas os grandes efeitos heróicos e os actos mais sublimes do passado do povo élfico, mas também a Natureza, os Céus, o vento, a floresta, a terra, as montanhas, os lagos…e principalmente louvava Haryon que se encontrava ao seu colo. Um silêncio enorme se estendeu então por toda a cidade, o canto suave se elevou mais nos ares abafando o sopro da brisa, o correr das águas das nascentes, dos animais e da Natureza em si. Tudo parecia estar atento aos elogios dirigidos a Haryon que emanava da bela voz. O vento estava brando e o mar sereno. Quando deu por terminado o canto, a elfa proclamou para o moreno: _ Tu serás o defensor dos Ezellohar, quando cresceres muitos pasmarão de tanto heroísmo. Nenhum herói antigo ou moderno, foi ou há de ser tão forte e sábio na guerra como tu ou ter virtudes e lealdades tão nobres como os que dar-te-emos.

_Pensamentos de atrevimento sem par, conselheira Elanor. Instruam-no já que nunca descansais de lutas e guerras ou simplesmente de repetir os erros do passado. Por vezes, a vontade de um Istari é superior a justiça e a verdade. -comenta Falion surgindo atrás de Elanor.

 _Acredites ou não, ele trará mais Paz, Luz e Harmonia. Imagine as palmas gloriosas quando ele realmente for coroado, e não me refiro a um príncipe de coroa e manto, muito solene, mas sim a uma pessoa que tão depressa se diverte a amansar animais perigosos como a dar sua vida pelo seu povo e até conversar com ele. Imagino-o a enobrecer e ilustrar a alma dos Ezellohar. – afirma Hanya que estava perto dali.

 _Veremos se ele terá coragem e audácia suficiente para tal acto. – fala Failon em tom calmo, porém desafiador.

 _Por mais incerto que seja a vitória de Haryon, nunca lhe há de faltar, pessoas a quererem honrá-lo. – concluiu Hanya afastando-se de Elanor e Haryon até aos outeiros. Cada passo que dava era tão gracioso que parecia flutuar a poucos centímetros do solo. ********************************************************************


 O aposento era uma acomodação faustosa, não combinava muito com a modesta personalidade de Haryon. Dentro do quarto encontrava-se uma cama majestosa, coberta com colchas bordadas à mão e grossas almofadas. As cortinas eram feitas de linho e organza, no chão havia um carpete grosso e um banco estofado em seda com uma manta a frente da cama. Todos os delicados pormenores da pouca mobília que havia no quarto conferiam um ar aconchegante ao ambiente. A claridade entrava pelas paredes e pelo tecto de cristal. Apesar da beleza da decoração, o aposento apresentava um aspecto simples. Não havia paredes ostentando um único quadro. Tampouco muitos cômodos. A coloração do céu era o suficiente para aformosear as paredes de cores harmoniosas e deslumbrantes. No jardim podiam-se ouvir vozes alegres, gritos de crianças a brincarem… Dois jovens de cinco anos, ambos belos, porém de características diferentes. Podia se ver claramente que um deles não era elfo. Os olhos eram de um verde intenso e os sedosos cabelos negros estavam desalinhados. Trajava vestes nobres, de linho bordado a ouro. Era ágil e portador de irrepreensíveis traços. O outro tinha uma fisionomia puramente élfica: os cabelos prata tocavam suas costas, os olhos eram quase vinho de tão vermelhos. O jovem era esbelto e tão ágil ou mais que o primeiro. Ambos corriam atrás de pequenos animais que escapuliam de seus braços, o que lhes provocava risadas. O primeiro chamava-se Haryon, o segundo, Ethyar, filho de um dos melhores arqueiros da cidade.

 _Haryon, Ethyar, não têm fome? – pergunta Melroch a entrada do castelo.
 Como já estavam a brincar desde os primeiros raios, famintos decidiram entrar no castelo. Dirigiram-se a sala de jantar. A extensa mesa estava coberta de belos manjares. Haryon e Ethyar sentaram-se em cadeiras de madeira trabalhada. Seguidos de Martano e Melroch. A frente deles estavam Failon, Hanya, Lóte e Elanor. Os pratos onde serviam as saudáveis iguarias e as taças com bebidas élficas eram de ouro. O aroma doce e cheiroso provinha dos muitos tabuleiros cristalinos que transbordavam de frutos variados, os quais foram suficientes pra matar a fome aos dois jovens. Depois de fartos, os pratos desapareceram da mesa como por magia. Os conselheiros trocaram breves olhares até que um deles decidiu dar início a conversa.

 _Haryon, como sabes, nós, os Ezellohar somos criadores de jovens audazes e vigorosos, pelo que decidimos dar início ao vosso treinamento. – declara Martano o que fez o moreno delinear um sorriso. O próprio Haryon era, na realidade, um menino corajoso, sempre desejoso de correr a floresta, lugar até então não se atrevera a entrar para viver aventuras inesperadas e descobrir animais selvagens e novas criaturas. O amor que sentia por aquele mundo não cabia-lhe no coração. Para ele não havia lugar que tanto encantasse seus olhos como aquele.

_Quando começamos? – pergunta ansioso. *******************************************************************


Já fazia quatro meses que Harry começara seus estudos, tendo seu desempenho elogiado principalmente nas matérias práticas como combate e magia. Agora ele estava no jardim com Ehtyar, teriam aquela manhã livre, pois Cemendur fora enviado em missão para as montanhas, onde os Ciclopes residiam.


-O dia hoje está perfeito, não acha? –Ehtyar comenta observando o céu azul e sem nuvens, o sol brilhava tão intensamente, que não havia um elfo dentro de suas casas, todos aproveitavam a manhã nos arredores ou explorando a floresta.


-Mas para ficar ainda mais perfeito, poderíamos ir até o rio ou quem sabe até o mar! O que acha, Ehtyar? –Harry pergunta com seu sorriso maroto, uma indicação de que ele estava cheio de segundas intenções.


-Não consegue controlar este seu espírito aventureiro, não é Haryon? –pergunta direcionando seus olhos rubros para os esmeralda, como se pudesse ler o que se passava na mente do amigo.


-Só quero desvendar os segredos da floresta, explorar um pouco além dos arredores. Você não sente vontade de conhecer animais que só vemos através de pinturas ou dos quais só ouvimos falar nas canções? –pergunta empolgado, seus olhos brilhando diante do desafio. Fitando o amigo, percebeu que mexera nos seus instintos élficos mais profundos, sabendo que todo elfo ama a liberdade e é possuidor de grande curiosidade.


-Se não formos muito longe, creio que não teremos problemas. –Ehtyar fala pensativo, fazendo Harry sorrir satisfeito por seu êxito.


-Então, seguiremos para o oeste, na direção do rio e das montanhas? –Harry pergunta incerto, procurando uma posição do elfo.


-Acho que é melhor, pois se nos perdermos poderemos achar alguém para nos ajudar. –Ehtyar responde depois de parar para pensar por alguns instantes.


-Certo, então vamos logo que devemos voltar antes do almoço, se não quisermos ter problemas. –Harry fala se pondo de pé e ajeitando sua adaga, a qual levava presa na cintura em uma elegante bainha.


Os dois jovens, rumaram para oeste, atravessando a cidade e ganhando a floresta, sem que ninguém os interceptasse. À medida que se embrenhavam na mata, as árvores ficavam mais altas, frondosas, o ar era mais úmido e rarefeito, o canto das aves mais nítido e os sons de outros animais, ocultos pelas sombras ou em seus refúgios diurnos, era não só nítido, como intimidador. Ehtyar não estava gostando da escuridão causada pelo bloqueio dos raios de sol pelas copas das altas árvores, poderia sentir com seu olfato apurado o odor fétido de animais perigosos que pareciam estar à espreita, esperando o mínimo deslize para atacá-los.


-Há animais aqui e pelo cheiro parecem caçadores. Talvez seja melhor voltarmos, Haryon. –sussurra próximo a Harry, que sorri confiante e se volta para o amigo olhando-o com graça.


-Achei que elfos eram corajosos, mas pelo que vejo, não é este seu caso Ehtyar! –fala evitando rir da cara de indignação do elfo. Os olhos rubros deste fitaram-no com tanta intensidade, que por um instante pareceram enegrecer.


-Se está me chamando de covarde, saiba que... –Ehtyar pretendia desafiar o moreno, mas parou subitamente ao vislumbrar o ser mais magnífico que já vira. A ave devia ter quase um metro, pelugem vermelha com coloração azul e amarela nas asas, possuía uma crista dourada, que em vôo se assemelhava a chamas. –Wow! Vamos segui-la! –fala completamente encantado, saindo em disparada atrás da exótica ave.


-Ei, devagar, não podemos sair da trilha... Ehtyar! –Harry bradou alto atrás do amigo, que já partia habilmente pela mata, saltando as grandes raízes, os olhos fixos no pássaro.


Depois de correrem por mais de uma hora, chegaram ofegantes ao pé de uma montanha, onde a vários metros acima, um ninho verde e dourado era bem visível. O esplendoroso pássaro estava majestosamente sentado nele, os olhos fixos no horizonte, onde o azul do céu terminava no azul do oceano.


-Vamos até lá, quem sabe se conseguirmos uma pena, Melroch não nos diz o que é? –Ehtyar fala com um brilho no olhar, que faz Harry apenas concordar, apesar de estar um tanto cansado para querer escalar vários metros de montanha.


Com bastante dificuldade, as duas crianças conseguiram escalar a montanha até chegar a uma trilha larga, provavelmente feita por ciclopes, por onde andaram durante alguns minutos até alcançar o ninho. Harry estava muito ofegante e suado, preferindo descansar recostado a parede da montanha, enquanto Ehtyar se dirigiu até o pássaro.


-Olá amiga, como vai? –o elfo fala se aproximando devagar da ave, estendendo a mão lentamente até a cabeça dela –Eu nunca havia visto uma ave tão bela quanto você. –fala mostrando admiração e vendo seu elogio ser reconhecido por um cantarolar doce e suave, como os acordes de uma harpa.


O movimento da ave revelou ovos de cor prateada, quase da tonalidade dos cabelos de Ehtyar, havia penas vermelhas e coloridas em volta do ninho, as quais Ehtyar apanhou e guardou em um bolso da calça. Harry observou contente o amigo conversar com a ave, mas um barulho e um pequeno deslizamento de pedras chamaram sua atenção e o fez se virar a procura de algo, conseguindo ver as formas de um Trasgo montanhês que vinha na direção deles.


-Ehtyar, temos que ir, tem um trasgo vindo na nossa direção. –Harry sussurra ao amigo, que imediatamente se vira e observa temeroso, a gigante fera.


-Como vamos fugir daquilo? Se ele nos vir, é capaz de nos atirar montanha a baixo! –Ehtyar fala tremendo, por mais que os dois estivessem se empenhando nos treinos estavam exaustos e portavam apenas adagas, que provavelmente não fariam cócegas a um trasgo.


-Vamos só correr, depois pensamos em algo. –Harry fala apressado, o trasgo acabara de vê-los.


Os dois partiram em uma arrancada impensada para o alto, sendo seguidos pelo ser, que apesar de mais lento, possuía uma passada muito maior que a deles e, portanto, aproximava-se. O caçador já estava a cinco metros deles, quando Ehtyar parou e por pouco não fez Harry cair sobre ele, fazendo-os rolar montanha a baixo.


-Consiga uns minutos, eu tive uma idéia. –o elfo falou ofegante, enquanto mirava alguns cipós que surgiam naquela parte da montanha, numa parede verde e de aparência escorregadia.


-Conseguir uns minutos? –Harry fala quase rindo, enquanto via o trasgo se aproximar mais empolgado com o aparente cansaço das suas presas.


Sem saber exatamente o porquê, Harry correu a frente e abaixou as calças urinando aos pés do trasgo que parou e recuou diante do líquido de odor forte, como se tentasse verificar algum tipo de veneno. Do mesmo jeito que saiu, Harry voltou e viu que Ehtyar tinha dois cipós nas mãos e amarrava um ao cinto onde pendia a bainha.


-Vamos descer usando os cipós e então ele não conseguirá nos alcançar. –o elfo falou rapidamente, enquanto Harry já fazia os complexos nós que aprendera com Melroch.


Sem ter tempo para pensar, Harry e Ehtyar se jogaram montanha a baixo, escorrendo na parede viva daquela parte da montanha, enquanto o Trasgo batia na rocha tentando provocar um deslizamento de pedras. Um leve tremor foi sentido e depois um barulho crescente de pedras deslizando e rolando alcançou os jovens, acima deles uma avalanche se formara e ia esmagá-los, quando os cipós se esticaram e a queda parou.


-Uma caverna! –Ehtyar falou já puxando Harry na direção da fenda e depois Harry fez o mesmo puxando o amigo.


Ambos viram as pedras passarem por eles carregando uma parte da vegetação poucos instantes depois, visão que os fez caírem sentados, exaustos, física e mentalmente. Harry sentia seu corpo dormente, seu estômago urrava de fome, já devia ser hora do almoço e todo o esforço que fizera não havia ajudado muito.


-Também está com fome? –o moreno pergunta ao amigo, que parecia estar tentando relaxar os músculos pelo controle da respiração.


-Sim, mas não tenho nada comigo. –responde arrependido de não ter pegado alguma fruta no caminho.


-Não podemos sair pela fenda, mas talvez se continuarmos pela caverna, achemos outro caminho. –Harry sugere, já se levantando com algum esforço, estava muito cansado, mas odiava ficar com fome, além de saber que sentir fraqueza no meio de uma selva não seria nem um pouco aconselhável.


-Não podemos descansar mais um pouco? –Ehtyar fala um pouco desanimado.


-Quanto mais cedo começarmos a tentar voltar, menores são as chances de termos que passar a noite perdidos na floresta. –Harry fala com um olhar acusativo para Ehtyar.


-Se vê que não é mesmo um elfo! –fala ofendido pela discreta acusação –Saiba que os elfos tem um excelente senso de direção, portanto, basta sairmos daqui que eu saberei exatamente por onde seguir. –Ehtyar fala confiante, já se levantando e se embrenhando na escuridão do interior da caverna.


Harry preferiu não discutir, isto apenas lhe aumentaria o cansaço e a fome. Seguiu com uma das mãos no ombro de Ehtyar, que enxergava no breu quase completo do lugar, ao contrário dele, que não via nem mesmo ao amigo. Era em momentos como este que se perguntava o porquê de não ter nascido elfo. Já caminhavam há quase meia hora, quando uma discreta luminosidade se fez visível no túnel, à medida que se aproximavam, Harry começou a ver para onde ia e pôde tirar a mão do ombro de Ehtyar, que pareceu não se importar ou então estava decidido a ignorar a presença de Harry, já que nesse tempo em que atravessaram a caverna ele não havia dito uma palavra sequer.


Quando chegaram à abertura, depararam-se com uma larga trilha que descia até um vilarejo. Sabiam bem quem morava naquele lado da montanha e que deviam tomar todo o cuidado possível para não serem vistos, ou senão, suas vidas não seriam muito longas. Espremeram-se contra a parede rochosa e andaram silenciosamente, ainda era início de tarde e os habitantes das casas mórbidas daquela vila sombria, preferiam a vida noturna.


Foi um longo e tortuoso caminho até conseguirem voltar ao nível do mar e dar a volta na montanha, ambos haviam se ferido levemente, arranhões, ralados e Harry estava com uma leve torção em um dos tornozelos, por ter amparado Ehtyar em uma quase queda.


Agora estavam novamente na floresta em um ponto onde Harry não sabia, era perto ou longe de onde haviam começado. Observou Ehtyar, ele parecia analisar o sol e calcular algo, como se estivesse tentando se localizar usando todos os seus sentidos. Após alguns minutos de concentração, o elfo se virou para Harry com um sorriso confiante.


-Já sei exatamente onde estamos, Haryon! Antes do pôr-do-sol estaremos deitados confortavelmente em nossas camas, já completamente satisfeitos! –fala sorridente e com uma postura imponente, como se esperasse devolver a Harry o insulto que este havia lhe feito na caverna.


-Assim espero! –Harry fala sorrindo aliviado e esperançoso.


A caminhada não fora tão curta quanto Ehtyar imaginava, apesar de ter lhes oferecido pelo menos algumas frutas. O sol já se punha e os dois não haviam visto nem a trilha, quanto mais a cidade dos Ezellohar. O elfo de cabelos prata já não tinha mais a postura imponente nem ostentava o sorriso confiante de antes, seus ombros estavam baixos e sua expressão estava apática, os olhos rubros estavam quase negros, sem brilho e assustados. Assim que o manto escuro caiu sobre eles e o brilho prata da lua crescente iluminou fracamente o ambiente, sons agourentos vieram dos seres noturnos, agora totalmente despertos.


-Fique atrás de mim, melhor tomarmos mais cuidado agora. –Harry sussurra para Ehtyar, passando a frente do elfo e segurando firmemente a adaga na mão direita.


-Sinto muito Haryon, é tudo culpa minha. Não devia ter saído da trilha. –responde vacilante, seguindo atrás de Harry cuidadosamente.


-Diga isto ao conselho, não quero nem imaginar a bronca que levarei de todos, principalmente Hanya. –fala sentindo um tremor só em lembrar da elfa disciplinadora lhe vendo chegar tarde da noite e naquele estado.


Antes que Ehtyar pudesse falar qualquer coisa, um uivo pavoroso e potente foi ouvido perigosamente perto, fazendo-os gelar. Harry mesmo assustado tomou a frente e observou o movimento ao redor, as folhas estavam bem agitadas com o vento, o que dificultava a percepção de movimento.


-Melhor seguirmos em frente, em silêncio. –o moreno sussurra e começa a andar ainda mais atento.


Andaram alguns minutos, nos quais Harry tinha a desagradável sensação de estar sendo espreitado, Ehtyar estava cada vez mais tenso, aparentemente também tinha a mesma sensação. Quando alcançaram uma clareira, uma enorme sombra passou acima deles e uma criatura gigantesca, aos olhos do pequeno Harry, parou a sua frente encarando-o com altivez e ameaça. O ser era um lobo enorme, seu pelo cinza escuro contrastava com a mancha branca no peito, seus olhos eram amarelos selvagens e seus dentes eram do tamanho da mão de Harry.


Sabendo que não poderia ficar parado, Harry se jogou para o lado e Ehtyar fez o mesmo para o outro, ambos deram uma cambalhota e se ergueram rapidamente, começando a correr. O lobo que havia ficado confuso com a dispersão, agora dera dois passos rápidos para frente e voltara a saltar, encurralando-os novamente. No entanto, Harry já previra isso e aproveitara quando rolara, para apanhar um pedaço de galho, o qual acendera por magia, depois de um pouco de concentração. Quando o lobo viu a chama surgir de repente hesitou, o que deu tempo o suficiente para Harry por fogo nas plantas ao redor e sair correndo com Ehtyar em seu encalço, ambos correndo mais do que podiam pensar que conseguiriam.


Menos de cinco minutos depois, o lobo já os ultrapassava e avançava em Harry, que se deixou atingir pelas garras do lobo, mas aproveitou o momento para cravar sua adaga na mesma pata. Um uivo agudo foi ouvido e as aves próximas voaram assustadas, Ehtyar já havia ajudado o amigo a se levantar e já corria com ele para uma gigantesca árvore centenária, cujas enormes raízes formavam uma pequena fenda entre o caule e o solo, grande o suficiente para os dois entrarem e muito pequena para o lobo. Assim que se abrigaram, a fera selvagem fungou perto da entrada, mas ambos permaneceram encolhidos e deitados lado a lado, no entanto ao invés de desistir, ela enfiou sua pata lá dentro, tentando arrastar um dos dois até o alcance de suas presas. Ehtyar usou sua adaga para cravar na pata, provocando outro urro de dor na fera, que ainda apesar de ferida, ainda não saíra de perto e resolvera voltar a investir com a pata ferida por Harry. O elfo pensou que desta fez não haveria um modo de se livrarem, no entanto, com um esforço sobre-humano, Harry se concentrara e lançara mais chamas no lobo, que percebera que a dificuldade era muito grande para a pouca carne que obteria e saiu grunhindo, frustrado; ao lado de Ehtyar, Harry havia desmaiado, completamente exausto.


Um tempo depois, que ao ver do jovem elfo, equivalia a horas, uma sombra grande aparecia a frente deles e Ehtyar temia que fosse o mesmo lobo, ou pior, outro, que estaria saudável e mais faminto. Fechou os olhos tentando se acalmar, pois o cheiro de medo atraía ainda mais as feras caçadoras, no entanto, o que sentiu não foi uma pata, e sim uma mão lhe puxando pelas vestes.


-Cemendur! –o elfo fala emocionado, os olhos rubros já úmidos, aliviados por ver um adulto que os tiraria dali e os levaria para a segurança de sua casa.


-O que houve com o jovem Haryon? –pergunta friamente, puxando Harry do abrigo e tomando nos braços, imediatamente vendo uma grande quantidade de sangue manchando suas roupas. – Quero explicações urgentes. –fala olhando severamente para Ehtyar, enquanto o colocava sobre o unicórnio que montava e logo depois montando com Harry em seus braços.


Só sobre a luz da lua e com o brilho do magnífico animal que os levava para casa, Ehtyar pôde ver o estado crítico em que Harry se encontrava e uma enorme preocupação com a vida do amigo lhe tomou, sobrepondo-se ao medo das reprimendas que sofreria dos pais e do conselho. Foi tentando evitar as lágrimas e com a voz embargada, que ele assumiu sua culpa e narrou os eventos que se sucederam desde que Harry sugerira o passeio. **************************************************************

Após deixar Ethyar na casa dos pais, Cemendur seguiu até ao palácio com o pequeno Harry em seus braços. Quando chegou, Elanor que parecia preocupada, aproximou-se dele ostentando um ar de quem estava feliz pelo aparecimento do menino e também de surpreendida, ao ver uma parte da roupa de Harry vermelha.

 _O que aconteceu Cemendur? – pergunta Hanya que havia chegado. O tom sereno conseguiu abafar a inquietação que a elfa sentia.

 _Melhor levar ele para o quarto e chamar Lóte para tratar dele. – afirma a elfa à Elanor que assim que ouviu isso tomou o pequeno nas mãos de Cemendur e levou para cima. Assim que ela desapareceu, Hanya continuou. _ Que se passou Cemendur? Por que Haryon chegou naquele estado?
_Bem, fui procurar gemas nas florestas, até que comecei a ouvir uivos, segui o som até que senti que algum animal se afastando de uma árvore que se encontrava no meio da floresta. Quando cheguei ao local, os dois estavam abrigados na fenda de uma árvore. Pelo que Ethyar contou foram perseguidos por um Trasgo e por um lobo que acabou causando os ferimentos em Haryon. Para mais pormenores, acho melhor esperarmos ele acordar.

 _ Mas como eles foram se meter na floresta? Sempre alertei Haryon a nunca se aproximar sequer da orla da floresta. -fala Hanya para si mesma.

 _Mistérios e situações arriscadas atraem muito aqueles dois, mas felizmente estão vivos.

 _Sim, obrigado por tê-los achado.

 _Agora se me permite eu vou-me embora, acho que já cumpri o meu dever. Melhoras para ele.

_Serão entregues. Cemendur fez uma pequena reverência antes de abandonar o local. ******************************

 Hanya entrou em uma das torres mais altas do palácio, onde ficava o quarto de Haryon. Os demais elfos também estavam lá, enquanto Lóte terminava de preparar um unguento, uma mistura de ervas e agora estava colocando-o em Harry, que, entretanto havia acordado e estava deitado de barriga para baixo sobre a cama.
 _Aí, estou sentindo dor. – queixou Harry enquanto Lóte enfaixava o seu pé.

_É normal, depois do que aconteceu. – ao ouvir a voz de Hanya, o garoto engoliu em seco. _Vês? Nunca deverias ter-me desobedecido quando te avisei dos perigos que há na floresta. Já imaginaste se tivessem ficado lá abandonados à fúria e maldade dos inúmeros animais perigosos que existem entre as árvores e para acolá? – a voz saía cada vez mais sufocada.

 _Eu sei Hanya…

_Não, você não sabe e nem imagina o quanto nos deixaste preocupados. Haryon, infelizmente o mundo não é apenas aquilo que esta cidade representa para você. – fala aproximando-se do garoto.

_Porque teme uma sorte contrária para mim?

 _Não está evidente? Se não estivesses aqui, quem praticaria as valentias que farão esquecer as proezas dos outros povos? Quem passaria a dar leis justas e sábias a todos enquanto governasse? De quem viriam as gargalhadas que ecoam com o primeiro raiar de sol? A quem Melroch iria ensinar a amansar os animais? Ou aprenderia diversas coisas sobre as plantas com Lóte? Quem Elanor exaltaria em seus cânticos? A quem Martano teria o agrado de passar horas falando de armas e forja? A quem Failon ensinaria a combater mesmo a contra gosto? Quem mostraria para o Mundo vitórias e altas virtudes sem par?

_E você? - pergunta o garoto tentando sentar, porém Hanya empurra-o delicadamente contra as almofadas.

 _ Na cabeça de quem eu passaria os dias a tentar meter juízo? Com quem estaria a falar agora? Prometo que tudo o que falei acerca de ti irá realizar-se, porque eu o sei que é que assim será. -fala acariciando os cabelos do jovem. Um silêncio instalou-se no aposento. Vários olhares foram trocados entre os elfos.

_Vamo-nos, acho melhor ele repousar. – afirma a elfa curandeira e pouco depois todos foram se retirando seguindo Failon e deixando Harry que parecia entretido a observar as estrelas. Mas os seguiu um tempo após saírem. Sabia que aquela troca de olhar entre Failon, Martano e Melroch com certeza significaria algo. Ao fundo de um longo corredor que dava acesso a outra sala espaçosa, encontrava-se os conselheiros e pelo que Harry pôde ver estavam tendo uma discussão.

 _Estão vendo? A primeira prova do que falei há cinco anos atrás. Os Istari são irresponsáveis, não-confiáveis e como se não bastasse vocês ainda apoiam a vanglória de Haryon. Para quê estão nutrindo tantas esperanças que mais tarde serão vãs? Haryon correrá atrás de vitórias impossíveis. E que desastres nosso povo sofrerá com essa loucura e atrevimento pelo desconhecido. Para quê estão a apoiá-lo a ir tão longe e desvairadamente conquistar o inatingível ou buscar a fama? Maldito, maldito seja o primeiro Istari que se atreveu a respirar o ar puro de nossas terras. ´

_Haryon não correrá atrás de fama. E está querendo dizer que não quer que ele tenha sonhos, desejos? – contesta Elanor.

 _Melhor não ter desejos tão grandes e nem imitar os ambiciosos que não sabem contentar-se apenas com a sorte de existir.

_Realmente não acreditas nas capacidades dele. Apesar dos ferimentos, eles conseguiram afastar um lobo. – comenta Melroch.

_Hoje poderão ter tido sorte, mas e amanhã? Nunca se deve querer alcançar os limites de onde ninguém chegou.

 _Não há limites que valham à vida de Haryon.

_Então pretendem deixá-lo sacrificar mais tarde vidas de inocentes? Desrespeitar quem o apoiou, humilhá-los. De nada servirá o que vós ireis ensiná-lo. - cada palavra que eram ouvidas vindas de Failon pareciam mexer cada vez mais com Harry.

 _Uma coisa que tanto eu como vocês me apercebi e vos garanto, Haryon não receia uma aventura perigosa e nem hesita entre o bem o e mal. Apesar de tudo, acho que o próprio já se apercebeu do quão será difícil a sua vida futura, contudo ele saberá sobreviver, trabalhar e combater pelo que ama e erguer-se com orgulho quando lhe parecer que muitos o abandonaram, imortalizar em incomparáveis atitudes, energia, o esforço e os feitos jamais igualados a nenhum outro Istari. Não me surpreenderia de vê-lo a trazer estrelas cintilantes numa gloriosa noite triste. – fala Hanya e isso trouxe de novo força e alegria ao coração de Harry que ouvia as escondidas. Failon já não sabia o que mais argumentar para contrariar os desígnios dos demais.

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