O que houve com o sol?



O que houve com o sol?


Eu costumava vê-la. Seus raios de luz aqueciam meu corpo e minha alma, e seu brilho afugentava todos os males que havia dentro de mim.
Aquecia-me quando me sentia quente e vivo, e continuava a aquecer-me mesmo nos tempos mais nebulosos.
Nunca deixara de brilhar para mim, sua luz sempre me guiando a qualquer lugar que fosse, desde que comecei a viver de verdade.
Mesmo que as nuvens por vezes, teimassem em ofuscar seu brilho intenso e hipnotizante, uma pontinha de si sempre aparecia por trás do vapor condensado.
Jamais se apagava, nem quando a noite chegava, e a Lua ocupava seu lugar insubstituível no céu. Continuava a brilhar através dela, com menos intensidade, mas mesmo assim, fazendo com que naquele espaço de tempo em que estava abaixo do horizonte, ainda houvesse luz.
Ela não deixaria de brilhar, não para mim. Estaria sempre presente, aquecendo-me e iluminando-me da mesma forma.
Posso senti-la todo o momento, porém, meus olhos não são capazes de vê-la, sua intensidade ofusca a minha visão, assim como ofuscou durante muitos anos.
Ela jamais se apagará para mim, para nós. Mesmo não podendo vê-la, posso senti-la. Sua luz e seu reflexo estarão para sempre sob meus cuidados. É a nossa Lua, meu sol.


- Querida, já é hora de deitar-se. – eu disse, entrando no quarto de minha estrela.

- Estou sem sono, pai. – ela me respondeu com a voz infantil, doce e decidida que outrora pertencera a minha eterna amada. Orgulhava-me saber que minha filha era o amor personificado.

- É necessário. – eu disse. A mirei carinhosamente enquanto ela tirava uma mecha de cachos volumosos da frente de seus olhos. - Que livro é este? – eu perguntei, franzindo a testa e tentando decifrar o titulo levemente apagado do livro que minha filha lia tão concentradamente.
Ela tirou seus olhos das páginas amarela, e fitou-me. Olhos da cor dos meus, porém, com a profundidade incomparável do olhar de sua mãe. Sorri involuntariamente, enquanto a fitava paternalmente.

- Você deveria saber, não é papai? – disse, arqueando as sobrancelhas finas para mim. - Hogwarts: Uma história – informou - Um dia, um dia você lerá e saberá o porquê de ele ser tão fascinante.

Meu sorriso intensificou-se. Entrelacei minhas mãos com a pequena mão de minha filha. Fina, delicada, e infantil.
Depositei um beijo em sua mão e afaguei seus cachos afetuosamente, enquanto levantava-me da cama e abria a maçaneta da porta.

Ela sorriu. Sorriso largo e delicado, expressão severa e ao mesmo tempo delicada e frágil. Cabelos volumosos e castanhos, olhos verdes e intensos. O conjunto perfeito, uma harmonia incrível. Percebi quando ela se levantou, livrando-se dos cobertores e andando até mim, agarrando-se a minha cintura e lembrando-me: - Não se esqueça de rezar para a mamãe, papai.

O sentimento que sempre me uniu ao meu amor, agora corria pelas veias de minha pequena estrela.
Nosso amor estaria no sangue de Lua, daqui até a eternidade.

- Eu nunca esqueceria do meu Sol, Lua.



-x-

Bom gente, essa é mais um dos meus dramas curtinhos.
Espero que gostem, beijão! :*

Compartilhe!

anúncio

Comentários (1)

Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.