Um outro mundo?



Harry esfregou os olhos novamente e nada da cicatriz aparecer. Será que ainda era um sonho? Ele resolveu voltar ao seu quarto e acordar Rony. Mas na hora de acordar o amigo a idéia deixou de parecer tão boa. Provavelmente acharia que ele era doido. Mas se fosse um sonho não importava. Mas... e se não fosse. Ele resolveu acordar Rony mesmo assim.

- Que horas são? – o ruivo esfregou os olhos com a cara extremamente amassada. Havia algo de diferente com Rony. O amigo parecia mais... forte era essa a palavra. O físico de Rony não lembrava em nada o cara alto, magro e desengonçado que Harry conviveu por seis anos. Definitivamente aquilo tinha que ser um sonho.

- Sete. Me belisca. – ele estendeu o braço.

- Como? – O outro arregalou os olhos parecendo desperto.

- Me belisca, caramba. – Rony deu de ombros e obedeceu. Harry segurou o grito para não acordar os companheiros de quarto. – Eu não acordei... então.. isso não é um sonho?

- Claro que isso não é um sonho... você está bem cara?

- Acho que sim... mas... eu tive um sonho esquisito sobre uma cicatriz em forma de raio. – ele resolveu soltar isso para ver se Rony sabia alguma coisa sobre a cicatriz., mas o outro deu de ombros.

- Aposto que a Trelawney iria dizer que você sonhou que ia sofrer um acidente grave.

- Trelawney? – ela ainda dava aulas para eles?

- Me desculpe cara... mas é que eu tenho estado muito cheio de adivinhação... Você entende pra que eu preciso disso pra ser inominável?

- Talvez por que os fantasmas de adivinhação fiquem no departamento de mistérios... e desde quando você quer ser um inominável? – desta vez Harry sentiu que havia falado de mais pois Rony o olhou como se fosse louco.

- Desde de aquela visita ao Ministério no final do semestre passado né? Na mesma época que você desistiu de se tornar jogador de quadribol e resolveu ser auror... – Harry conteve uma careta, ele nunca quisera ser jogador de quadribol profissional, por mais que adorasse o esporte. Além do mais Rony falava com ele como se falasse com um desmemoriado, coisa que Harry não era. Bem talvez suas memórias estivessem um pouco diferentes mas ele ainda as tinha.

- Hm... certo, eu me esqueci... Eu acho que vou descer pro café.

- Não esqueça do seu distintivo... – Harry engasgou com essa.

- Hm... distintivo... hm... você viu ele por aí? – disfarçou. Desde quando ele usava distintivos...
- Deve estar debaixo da cama pra variar... – Rony se abaixou e voltou segurando uma coisa brilhante com o símbolo da Grifinória. – Toma aí... – ele jogou.

- Hm... valeu... eu acho.

Terminou de se vestir e desceu. O Salão comunal estava cheio de primeiranistas e Harry viu Hermione encostada na parede sozinha. Pensou se deveria se aproximar dela e hesitou, mas ela sorriu para ele o que definitivamente foi um sinal para ele se aproximar.

- Bom dia... – ela deu um selinho nele. Ótimo, ela ainda era sua namorada, isso era bom.

- Pra você também. Por que está de pé tão cedo?

- Você se esqueceu? Vou levar esses primeiranistas para a cabana de Hagrid... esse novo modelo de ensino que a diretora McGonagall implantou inclui Trato das criaturas mágicas no primeiro ano... Deve ser duro para eles... olha eu sei que o Hagrid é seu amigo e tudo o mais, mas vamos admitir que precisa se ter uma certa maturidade pra se ter aulas com ele.

- Eu achei que você gostasse...

- Bem, não são de todo ruins, eu bem que gostei de ver um hipogrifo de perto... por falar nisso, seu padrinho comprou mesmo aquele hipogrifo que iam matar não é?

- O Bicuço? Na verdade ele fugiu com ele... você não... – Harry arregalou os olhos. Ela falava com ele como se tivessem sido estranhos por um bom tempo, o que indicava nada de fuga com hipogrifo no terceiro ano, nada de ser amiga de Hagrid...

- Que foi?

- Não nada... só estou pensando onde você esteve nos últimos seis anos... – interessantemente a garota sorriu.

- Nas mesmas aulas que você, mas com grupos diferentes... Sabe, quando nós fomos nomeados monitores juntos ano passado eu achei que ia ser muito ruim, eu sinceramente teria preferido qualquer um dos outros garotos, mas sabe Harry, você é bem diferente do que eu pensava... aquele ar de superioridade seu era só uma barreira não é?

- Ar de superioridade? Eu não tenho isso...

- Bem tinha, comigo. Agora não tem mais... Talvez depois que você tenha visto que eu sou mais que um cérebro...

- Ei, eu nunca achei que você fosse só um cérebro, bem talvez no início do primeiro ano mas...

- Bem, não era o que você dizia e, honestamente, se há um ano atrás alguém me dissesse que em um ano nós estaríamos namorando eu diria que estava maluco...

- Provavelmente eu também, mas eu sempre te admirei... você é a pessoas mais inteligente que eu já conheci...

- Bem... – ela sorriu. – Eu tenho que ir... Ah, o Professor Black quer falar com você no escritório dele.

- Professor Black?

- Acho que você chama ele de Sirius... Sabe que eu até me surpreendi... ele é um melhor professor de Transfiguração do que eu imaginava... até mais tarde...

A garota saiu e deixou Harry parado piscando diversas vezes. Sirius estava vivo... Sirius estava vivo. Esta informação não parava de pipocar na cabeça dele. Sirius estava vivo, dava aulas de Transfiguração em Hogwarts e... Queria falar com ele em seu escritório, que provavelmente é o que costumava ser da professora McGonagall que agora era diretora.

Harry saiu repassando tudo que havia descoberto até então. Não estava sonhando. Rony ainda era seu melhor amigo. Hermione não fora sua amiga até o ano anterior quando os dois foram nomeados monitores e agora eles estavam juntos. Trato das Criaturas Mágicas agora estava como matéria a partir do primeiro ano e por enquanto era só.

Bateu hesitantemente na porta da sala de Sirius e ouviu a voz do padrinho dizer que entrasse. Suspirou antes de entrar e ficou encarando o homem sentado à mesa como se nada houvesse acontecido antes. Harry sentiu o coração disparar acelerado e se apoiou na parede para não cair. Sirius sorriu para ele, mas depois fez um ar de curiosidade.

- O que foi Harry? Parece que viu um zumbi...

- Não foi nada, só uma noite ruim de sono...

- Entendo.

- A Mione disse que você queria falar comigo...

- Ah, é. Sente-se... – ele indicou a cadeira à frente dele e o garoto obedeceu. – Bem, na verdade é um recado da sua mãe, já que ela receia ser impossível te mandar um berrador da Guatemala, mas enfim... Ela quer que você seja um pouco mais responsável e... – mas Harry cortou o padrinho. Sua mãe... recado... Guatemala, não parecia certo.
- Minha mãe? Guatemala?

- É... você deve ter confundido com outro país, mas foi pra lá que ela está... eu devo admitir que achei que ela estava no Camboja...

- Guatemala e Camboja não ficam em continentes diferentes?

- Não faz diferença, são todos países que precisam de bons medibruxos, mas foi pra Guatemala que sua mãe foi. Agora, me deixe dar o recado, por que se não ela me mata.

- Certo, desculpe.

- Ela disse que esperava mais de você e que quase surtou quando seu pai disse que você recebeu uma detenção, e que sendo um monitor ela não acha que você deva ficar tomando detenções...

- Isso?

- Tem um recado do seu pai também... – Sirius deu um meio sorriso – ele diz que já deve ter te dito várias vezes, mas está orgulhoso que você não tenha deixado essa história de monitor lhe subir à cabeça e continua o mesmo de sempre...

- Ah, é, claro... ele diz muito isso... – disfarçou. – Acho melhor eu ir... tenho que tomar café e tenho aula de... olha só, transfiguração no primeiro tempo... então até mais... -

Ele saiu e se deixou escorregar até o chão. Recapitulou mentalmente tudo de estranho que havia naquela história. Ele não tinha cicatriz, Rony não era monitor e estava diferente fisicamente, Hermione não fora sempre sua amiga e só passaram a se entender quando foram nomeados monitores no ano anterior, o que culminou no namoro. Hagrid continua professor de Trato das criaturas mágicas, Sirius estava vivo e dava aulas de Transfiguração, sua mãe estava viva, aparentemente como curandeira voluntária no Camboja, aliás, na Guatemala e seu pai também estava vivo.

O garoto sentiu uma coisa boa e quente percorrer seu estômago e culminar num quase grito de alegria que foi contido pela aproximação de alguém, uma garota ruiva e que parecia ainda mais segura de si do que ele poderia se lembrar. Ela o encarou e revirou os olhos.

- Por Deus, Harry Potter, o que você tem para ficar aí sentado no chão?

- Não... nada... só me deu vontade. – Harry estranhou o olhar que Gina lhe dava, era como se o desprezasse. Ele arregalou os olhos ao perceber que o Brasão nas vestes e no distintivo de monitora que ela usava não eram da Grifinória, eram da Sonserina. Gina Weasley, na Sonserina, mas uma informação maluca que era tão impossível quanto seus pais estarem vivos.

- Bem, eu acho melhor você ir embora, eu estou esperando alguém e com certeza não vamos querer conversar com você aí no meio do caminho. – ela desdenhou.

- O professor está na sala... se quiser privacidade procure outro lugar. – Gina estava agindo de uma maneira tão Malfoy... talvez fosse por estar na Sonserina, ou talvez estivesse na Sonserina por estar muito Malfoy. Ele deu de ombros e se levantou.

Quando chegou no Salão Principal, lugar já estava cheio de gente. Localizou Rony sentado junto com as pessoas que Harry reconheceu ser o time de Quadribol que ele escolhera, exceto é claro por Gina, que parecia ter sido substituída por Timothy Keebler. Se dirigiu até o grupo que o saudou.

- Harry, nós estávamos justamente precisando de você... – Corrine disse. – Nós estávamos falando sobre uma nova variação da Hawkshead e eu a Jenna e o Timothy queríamos tentar no próximo treino...

- Acho que ouvi falar... estão chamando de Pidgeonhead não é? Acho que pode ser uma boa idéia pra furar a defesa da Lufa-Lufa...

- Até mais tarde então. – O time se afastou e Harry se virou para Rony.

- Encontrei sua irmã...

- Meus pêsames... ela não te ofendeu, ofendeu?

- Não com palavras, mas com certeza com atitudes... Nunca que seria imaginável... um Weasley na Sonserina.

- Mamãe e papai ficaram bem desapontados, mas aconteceu o mesmo com o Percy... mas se você pensar bem, é como ter um Black na Grifinória...

- Mas o Sirius...

- Mas olhe os imbecis do Thomas e do Jefferson, e quero dizer, todos os antepassados do Sirius foram Sonserinos não é? Nesse caso é só o Sirius e a filha dele, não é? Por fala nela, você a viu hoje?

- Quem? – Sirius tinha uma filha?

- Quem mais? A Rebecca...

- Não. – Harry balançou negativamente a cabeça.

- Ótimo, justo quando eu precisava falar com ela... Ah, ali está, junto com a Hermione pra variar... – Rony desdenhou.

- Não fale assim dela...

- Foi mal, esqueci que vocês estão de rolo...

- Ela é minha namorada, Rony. Não há Rolo nenhum nisso.

- Você quem sabe. – ele deu de ombros e acenou para que Rebecca Black se aproximasse. A garota por sua vez se separou de Hermione e se aproximou dos dois. Ela era pálida, os cabelos lisos e negros na altura do ombro, os olhos extremamente azuis. Era versão feminina de Sirius, tinha o mesmo tipo de beleza misteriosa e sexy do pai, menos nos olhos. Os de Sirius também eram azuis, porém azuis escuros, os dela já eram mais vivos.

- Como vão meus dois melhores amigos, que sumiram o fim de semana sabe-se lá como e eu, honestamente, espero que não tenham feito nada divertido sem mim?

- Nada de divertido, com certeza. Treinamos feito burros de carga e pode culpar o Harry. – Rony fulminou o outro com o olhar.

- Bom saber... Mas o que você quer comigo, Weasley?

- Saber se você tem planos pro próximo sábado...

- Hogsmeade? – a garota pareceu pensativa. – Não, por quê? Está me chamando para ir com você?

- Ah, qual é agora, Beckie? Achei que nós já havíamos nos entendido...

- Tudo bem, Rony... Eu vou com você, mas eu juro que se você me levar pra Zonko’s desta vez eu te mato, por me fazer perder meu tempo com você.

- Certo, nada de Zonko’s... Que tal Julian’s Place? – ela apertou os olhos de uma maneira no mínimo ameaçadora.

- Você quer me levar numa loja de roupas? Dá um desconto não é Rony?

- Ei, relaxa. Eu estava brincando. Eu tenho um programa super legal pra gente fazer, mas você tem que ir comigo e não dizer nada pro seu pai até eu não ter mais aulas com ele, caso contrário eu acho que ele me transformaria permanentemente em um rato.

- Está certo. Está marcado, nós vamos juntos à Hogsmeade, certo?

- Claro...

- Agora, com licença que eu preciso terminar minha conversa com a Mione... – A garota se afastou e Harry reparou que na verdade o cabelo dela não era na altura do ombro, mas que era cortado em camadas.

- Qual é o problema dessas duas... Elas não se desgrudam mais... – Rony reclamou.

- A Rebecca deve ter cansado de ficar andando com dois homens, vamos admitir que não é a mesma coisa para as garotas, afinal, com quem elas vão falar de coisas de meninas... Mas... Qual é o rolo entre vocês dois?

- A gente tava saindo, você sabe, mas na última visita a Hogsmeade eu levei ela à Zonko’s no primeiro encontro oficial, ela ficou com muita raiva... mas eu já sei como consertar isso...

- Acho bom, garotas com raiva são muito chatas...

- É, eu sei... Eu não entendo como você consegue namorar a garota mais nervosinha de Hogwarts...

- Ela é legal, Rony... você só tem que parar para conhecê-la... você deveria saber...

- Bem... o que a Gina está fazendo com o Malfoy!!

- Sociabilizando? – Harry arriscou, mas percebeu tarde demais que era uma pergunta retórica, devido ao olhar de morte que recebeu.

- Ela disse que ele era um imbecil, mesmo estando na mesma casa...

- Sua irmã é um caso sem saída, Rony... – De repente Harry tampou a boca. Ele estava falando como se pertencesse aquele lugar, mas não era assim. Ele saiu sem dizer nada e foi até o banheiro.

Se olhou no espelho. Lá estava aquela sua imagem, sem cicatriz... ele se olhou mais uma vez. Talvez devesse ficar ali... era tudo tão perfeito, mas não era quem ele era. Ele não era o mesmo Harry e tinha que admitir, ninguém ali era o mesmo e aquilo definitivamente não era bom. As pessoa só poderiam ser uma, nunca duas. Se fossem duas tinham problemas mentais... Mas era tudo tão bom... tão real... ele tinha tudo o que queria... tinha?

Precisava ver Dumbledore, mas se lembrou que a diretora era McGonagall. Isso não era certo... Quem era ele? Não se lembrava bem. Se lembrava de várias coisas distintas que não faziam sentido era como se fosse dois. Nesse caso qual dos dois Harry ele era? Tudo estava ficando confuso.



***



Rony abriu os olhos de manhã e jogou um travesseiro na cama ao lado para acordar seu ocupante. Não recebendo nada como resposta resolveu se virar para olhar. Harry estava em sua cama estático. Parecia morto. Não se movia. Se levantou para acordá-lo, mas não recebeu resposta. Percebeu que o amigo não respirava e começou a gritar por ajuda, o mais alto que podia. Logo os outros garotos já estavam acordados e a professora McGonagall entrou correndo.



***



Hermione lia calmamente no salão comunal, quando os gritos de Rony começaram. O que ele queria? Acordar todos os alunos? Mas prestou atenção no que o outro gritava. “Socorro, alguém ajuda! Ele não está respirando!!” Quem seria? O que estaria acontecendo? De repente a Professora McGonagall entrou e subiu correndo as escadas.

Um burburinho tomava todo o salão e todos esperavam ansiosos para ver o que era. Pouco mais de um minuto depois a professora voltou a descer, levitando um corpo desfalecido à sua frente. O corpo de Harry.

- Harry! – a garota deixou escapar o nome dele como um gemido e se aproximou da professora. – O que houve? Ele está bem? Ele não está respirando professora? Está tudo bem?

- Se acalme, senhorita Granger. Venha comigo. O senhor também senhor Weasley... – ela se virou para Rony que encarava pálido a cena apoiado numa parede.

- Ele está bem? – ela perguntou a Rony.

- Ele não está respirando, mas a McGonagall diz que tem pulsação firme... – Rony mordeu o lábio. – Você não acha isso estranho? Como um pessoa pode não respirar e estar viva?

- Eu... eu não sei, Rony, honestamente, eu não sei. – Era a primeira vez que ela não sabia responder uma pergunta. Talvez fosse apenas por causa da preocupação com Harry que havia tomado conta de tudo o que ela pudesse pensar.

Os dois seguiram a professora até a enfermaria, aonde o professor Dumbledore os esperava junto com Snape.

- O que houve com ele Minerva? – o diretor perguntou.
- Não está respirando. Mas está vivo. O coração ainda bate firme. O que pode ser Albus?

- Senhorita Granger? Potter tem praticado Oclumência? – snape perguntou.

- Oclumência? Não sei... eu acho que talvez... ou não... – a garota não sabia. Estiveram muito ocupados com os planos de Voldemort pra pensar em Oclumência.

- Talvez não? Levando-se em consideração que é de Potter que estamos falando isso é um não com certeza. Garoto estúpido... mas não pensei que o Lorde fosse chegar tão longe... – Snape e Dumbledore trocaram olhares cúmplices.

- O que foi professor? O que ele tem? – Ela perguntou a Dumbledore, suplicando que lhe respondesse.

- É melhor vocês irem agora, senhorita Granger e senhor Weasley. Se Harry tiver um mente tão forte quanto eu crio, tudo vai ficar bem.

- Mas eu quero saber o que ele tem. Eu preciso, diretor! – a garota estava prestes a cair em prantos.

- Senhor Weasley, leve-a daqui. Mais tarde vocês poderão vir visitá-lo... – a professora McGonagall pediu e Hermione se sentiu ser arrastada por Rony, pelo corredor. Não agüentou até o fim, quando ouviu a porta da enfermaria fechar desabou no chão e começou a chorar. O que ele teria?



***



Quem era ele? Harry Potter. Era órfão? Não. Sim! Ou não seria? Ou seria? Não sabia... E seu padrinho? Estivera preso por doze anos e morrera há menos de seis meses. Não! Estava vivo e nunca fora preso... Essa idéia parecia tão melhor... aquele mundo parecia tão melhor... mas não podia ser real exatamente por esse mesmo motivo.



I don´t need to be anything other than a prison guard’s son

I don´t need to be anything other than a specialist’s son

I don´t have to be anyone other than a birth of two souls in one

Part of where I´m going is knowing where I´m coming from


(Eu não preciso ser nada mais além do filho de um guarda de prisão

Eu não preciso ser nada mais que o filho de um especialista

Eu não tenho que ser ninguém mais que o nascimento de duas almas em uma

Parte de onde eu vou, é saber de onde eu vim)



Qual dos dois ele queria ser? O Harry que tinha os pais, o padrinho, os amigos, a namorada, o monitor, capitão do time de quadribol, aprontador? Ou será que ele preferia ser o órfão, meio abandonado com um imenso sentimento de culpa, mas que era uma boa pessoa? A primeira opção era muito melhor sem dúvida, mas... não era quem ele era... não era real, não poderia ser. Não... como Voldemort simplesmente desaparecera... assim como Dumbledore... aonde estaria o diretor... ele saberia o que fazer.

Uma dor de cabeça alucinante o invadiu, era como se houvesse duas coisas brigando lá dentro e tudo só acabaria quando uma ganhasse. A que ele escolhesse.



I don´t want to be anything other than what I’ve been trying to be lately

All I have to do is think of me and I have peace of mind

I´m tired of looking ´round rooms wondering what I gotta do

Or who I´m supposed to be

I don´t want to be anything other than me


(Eu não quero ser nada mais do que eu venho tentando ser ultimamente

Tudo que eu tenho que fazer é pensar em mim e terei paz

Estou cansado de olhar ao redor, espaços perguntando o que eu tenho que fazer

Ou quem eu devo ser

Eu não quero ser nada mais além de mim)



Harry piscou os olhos algumas vezes tentando se esquecer da dor de cabeça. Quem ele queria ser? De repente Rony entrou no banheiro.

- Cara, você está bem?

- Saí daqui! Você não é real!

- Claro que sou... sou eu cara... você tem certeza que está bem?

- Eu disse pra ir embora. O Rony não é assim!

- Você fala demais, Harry Potter. – uma outra voz disse. Era Hermione.

- E você não é a Mione.

- Posso ser se você quiser. A mesma Hermione, por que eu sou a Hermione...

- Não! – várias vozes começaram a falar ao mesmo tempo.

- Isso é real... é o que você quer não é? Então... escolha ficar aqui... você jamais será feliz ao contrário...

O que ele queria? Nem mesmo ele sabia...



I´m surrounded by liars everywhere I turn

I´m surrounded by imposters everywhere I turn

I´m surrounded by a deadly crisis everywhere I turn

Am I the only one to notice?

I can’t be the only one who’s learned
(Estou cercado de mentirosos aonde quer que eu olhe

Eu estou cercado por impostores aonde quer que eu olhe

Eu estou cercado por um crise mortal aonde quer que eu olhe

Eu sou o único que percebe?

Eu não posso ter sido o único que aprendeu...)



Ele queria ser ele mesmo... Já sabia, e por mais que aquele lugar fosse muito tentador não poderia ficar ali... não seria o mesmo, e nem os outros, e por mais que fosse sofrida aquela existência, ele gostava dela. Sempre havia uma coisa emocionante... uma aventura para ele odiar no fim do ano... havia mais lealdade entre os amigos, havia uma família que mesmo não sendo a dele, todos o tinham como se fosse. Havia sua melhor amiga... sua namorada e melhor amiga, e não aquela Hermione que não sabe quase nada dele. Havia feito sua escolha.



I don´t want to be anything other than what I’ve been trying to be lately

All I have to do is think of me and I have peace of mind

I´m tired of looking ´round rooms wondering what I gotta do

Or who I´m supposed to be

I don´t want to be anything other than me


(Eu não quero ser nada mais do que eu venho tentando ser ultimamente

Tudo que eu tenho que fazer é pensar em mim e terei paz

Estou cansado de olhar ao redor, espaços perguntando o que eu tenho que fazer

Ou quem eu devo ser

Eu não quero ser nada mais além de mim)



- Chega! Parem de falar... Não é isso que eu quero… isso não é real.

- É sim, Harry... é o que você quer que seja real... – Hermione falou.

- Talvez.... Mas a realidade me parece certa, o que eu quero que seja real deve sempre ser só um desejo, nunca uma realidade. Se minha vida é como é, com certeza é o melhor que poderia ter acontecido...

- Você está desperdiçando a vida perfeita? – as várias pessoas lá perguntaram uníssono.

- Não é perfeita, por que não é real... não é como deveria ser...

Um a um ele viu rostos começarem a desaparecer.

- Você fez a escolha errada, Harry Potter… agora vai ter que morrer… - as pessoas falavam e medida que iam desaparecendo.

- Vai ter que morrer. – a última a desaparecer foi Hermione.

Harry se sentou... por que ainda não acordara... isso era um sonho certo?



Can I have everyone’s attention please

See, not like this and that

You’re gonna have to leave

I came from the mountain, the crust of creation

My whole situation made from clay, dust, stone

And now I´m telling everybody


(Eu posso ter a atenção de todos por favor?

Vejam, não desse ou daquele jeito

Você vai ter que ir

Eu vim da montanha, a crosta da criação

A minha situação é feita de barro, pó e pedra

E agora eu estou dizendo à todos)



- Olá, Harry... – um fantasma barbudo apareceu e Harry o reconheceu como Dumbledore.

- Diretor? O senhor morreu?

- Sou só o fantasma de sua consciência, Harry, digo isso, porque agora você se provou digno de ser sua própria consciência... você amadureceu mais que o esperado.

- Aonde eu estou?

- É sua mente... seus desejos estavam consumindo suas memórias, mas você escolheu o que era certo... foi sua própria consciência e escolheu suas memórias...

- Mas por que eu ainda estou aqui?

- Sua mente está fechada, nada entra em sai... aparentemente essa situação te forçou uma oclumência, e foi assim que Voldemort te perdeu. Quando você fez a escolha certa, sua mente se fechou às influências dele.

- Mas como eu saio?

- Só quando todo seu corpo e mente se acalmarem... mas isso pode levar tempo... enquanto isso, por que você não dorme? – o fantasma de Dumbledore disse desaparecendo.

Vendo-se sem alternativa, Harry obedeceu. Logo já não via mais nada...



I don´t want to be anything other than what I’ve been trying to be lately

All I have to do is think of me and I have peace of mind

I´m tired of looking ´round rooms wondering what I gotta do

Or who I´m supposed to be

I don´t want to be anything other than me


(Eu não quero ser nada mais do que eu venho tentando ser ultimamente

Tudo que eu tenho que fazer é pensar em mim e terei paz

Estou cansado de olhar ao redor, espaços perguntando o que eu tenho que fazer

Ou quem eu devo ser

Eu não quero ser nada mais além de mim)



***



Hermione estivera o dia inteiro ali com ele e nada de ele voltar a respirar... Até que de repente, ele expirou fortemente e começou a arfar. Um sorriso se formou no rosto da garota, mas logo desapareceu. Ele não acordara, mas pelo menos já respirava. Isso foi um alívio para ela que finalmente conseguiu dormir, como rosto apoiado na mão dele.

Agora já estava muito mais tranqüila.





N.A/ : a música desse capítulo é “I dont wanna be” de Gavin DeGraw, e é tema de “One Tree Hill”, além de ser uma música muito boa, eu recomendo que ouçam além dessa as outras do Gavin DeGraw, especialmente “Just Friends”...

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