FIM DE NOIVADO



O carro de Harry entrou no estacionamento de um hotel muito luxuoso. Hermione ficou encantada com a fachada do prédio, era realmente uma mistura de clássico com moderno, perfeito. Desceram do carro e passaram pela portaria de mãos dadas, ela se sentiu tão bem com essa intimidade que tinha esquecido que estava noiva.
_Vamos demorar muito? – ela perguntou olhando pra ele assim que entraram no elevador.
_Depende – ele sorriu e beijou sua testa.

Entraram no apartamento dele, que era luxuoso e aconchegante. O que surpreendeu Hermione. Não imaginaria que um homem como Harry pudesse deixar um apartamento aconchegante tendo o gênio que ele tem.
_Sente-se e fique a vontade! – ele falou tirando os sapatos na entrada – Eu sempre tiro os sapatos pra relaxar. – Hermione fez o mesmo e não se arrependeu, o tapete era tão gostoso de si pisar, que dava vontade de nunca mais usar sapatos.
_Esse apartamento não é seu, é? – ela perguntou andando por ele com as mãos nas costas e sorrindo – Ele é humano demais pra ser seu.
_Muito engraçada – ele falou sentando no sofá que ficava de frente pra enormes janelas que iam do teto ao chão, agraciando-os com uma visão linda do mar – Depois reclama quando brigo com você.
_Foi você que decorou? – ela insistiu se jogando no sofá, mas na outra ponta, bem longe de Harry – Aposto que não foi.
_Não, não foi eu – ele confirmou olhando ela sorrir – Foi uma amiga.
_Aposto que não foi à amiga e sim a amante – ela comentou olhando pras almofadas colocadas estrategicamente e em frente à lareira eletrônica.
_Volto a repetir que foi uma amiga – ele urrou olhando ela sorrir mais ainda – Não seja teimosa.
_Ela é sua amante e sua amiga – os olhos castanhos mel encararam os verdes intensamente – Mas foi o lado amante dela que decorou o apartamento.
_Já chega – ele falou tomando fôlego – Não te trouxe aqui pra comentar quem é minha amiga ou minha amante.
_Me desculpe – ela sentou de lado do sofá ficando seria e de frente pra ele – Veio pra me contar o segredo que te faz ser tão amargo.
_Me acha amargo? – ele sentou igual a ela de lado.
_Às vezes sim – ela sorriu feito criança – Mas prefiro você doce, é tão bom quando você fica doce.
_Você sabe quem foi Voldemort? – Harry perguntou mudando de assunto do nada, para não cometer um deslize e ser o mais doce do que pretende futuramente.
_Claro, quem não sabe quem foi ele. O bruxo das trevas que assombrou tanto o mundo bruxo quanto o trouxa.
_O que mais sabe?
_Nada de mais. Dizem que ele foi derrotado por um menino de um ano de idade. O ministério disse que o ato foi de um Auror muito poderoso que morreu após conseguir matar o bruxo.
_Acredita nessa história?
_Não! O ministério estava sem prestigio algum na época, inventaram isso pra subir a fé dos bruxos neles. A biblioteca de Hogwarts estava cheia dessas matérias, não duvido que tenha sido o menino mesmo.
_Que bom, porque a história do menino é verdade. – Harry falou displicente – Eu sou o menino
_Como? – os olhos de Hermione ficaram brilhantes de susto – Do que esta falando?
_Na época Voldemort estava recrutando seguidores pra sua serem Comensais da Morte e meus pais eram um dos seus escolhidos. Eles não quiseram e por causa disso morreram. Minha mãe morreu me salvando e eu, não sei como, matei Voldemort naquele dia.
_Meus Deus! – foi só o que ela conseguiu dizer.
_Eu ia parar em algum orfanato se não fosse os Weasley. Sirius era o melhor amigo dos meus pais e por isso é meu padrinho, mas ele não soube do acontecido, porque estava em coma no St. Mungus. Acordou um ano depois.
_Você não tinha mais parentes?
_Todos os Potter tinham sido mortos na guerra e os Evans eram trouxas que renegaram minha mãe quando ela optou pelo mundo da magia. Era conveniente pro ministério que eu sumisse, mas Dumbledore conseguiu que eu ficasse com os Weasley. Foi a melhor coisa que me aconteceu.
Arthur Weasley lutou na justiça junto com Dumbledore pra que eu ficasse com eles. Conseguiram, mas isso custou o emprego dele, o resto de dinheiro que tinham e a vida.
_Rony me falou que o pai havia morrido de um ataque do coração, depois de uma felicidade grande.
_Mamma ainda esta grávida da Gina. Nossa pequena ruiva nunca conheceu o pai. Foi nesse momento que Tonks e Remo entraram na nossa vida, eles foram maravilhosos nos ajudando no que podiam. O ministério queria conseguir de alguma maneira que eu fosse parar num orfanato.

A conversa dos dois era feita de olhos nos olhos. Hermione estava seria ouvindo a história, Harry mantinha o rosto impassível enquanto contada tudo. Eles se entendiam com o olhar. Essa poderia ser a única conversa calma, entre si, da vida dos dois.
_Quando o senhor Weasley morreu o Ministério trancou o pouco dinheiro que os Weasley tinham e o dinheiro dos meus pais só seria libertado quando eu completasse a maior idade bruxa.
_Então como sobreviveram? Não tinha dinheiro.
_Sirius nos ajudou em tudo, mas parecia que todo o mundo da magia tinha dado as costas pra nós, então ficou difícil viver aqui.
_O que houve depois?
_Sirius, juntamente com Lupin e Tonks, deram um jeito pra sairmos do país. Então viemos pra Sicília, era longe e ninguém nos conhecia. Ficou fácil arrumar um lugar pra morar e empregos também. Eles pagaram muito caro por isso mais tarde.
_Então quer dizer que vocês moravam na Sicília todo o tempo que estudaram em Hogwarts?
_Exato. Nós nos mudamos pra Sicília muito antes, tínhamos cinco anos quando viemos pra cá, mas já tínhamos irmãos estudando em Hogwarts. Dumbledore nos ajudou também comprando o material e nos dando as bolsas de estudos.
_Entraram pra Academia de Aurores, não é? Auror é uma carreira promissora.
_Fomos os melhores alunos da Academia, os gêmeos, Rony e eu. Éramos imbatíveis, nem os professores ganhavam de nós. Depois pedimos emprego no ministério pra poder ficar de olho no ministro e ver se ele dava alguma deslizada. Para conseguirmos o que era nosso.
_Conseguiram?
_Não! Disse que não precisava de nós pra absolutamente nada. Só que ele pagou na língua depois. Veio atrás de nós como um cachorro pedindo comida, surramos esse cachorro ate não podermos mais. Nossa mãe disse que vingança é uma coisa muito feia, mas não a vi reclamar quando fizemos o ministro se ajoelhar na frente dela pedindo perdão.
_Nossa! – Hermione sorriu meio de lado – Isso deve ter feito muito bem pro ego de vocês.
_Você não faz idéia do quanto. Quando completei a maior idade o dinheiro foi liberado. Usei toda a fortuna pra poder abrir um negócio ou investir em alguma coisa.
_O que exatamente você fez?
_Investi em tudo o que sentia que dava dinheiro. Hotéis, shopping, bares, lojas de tudo o que puder imaginar, mas tudo trouxa, nada de coisas bruxas.
_Alguém do mundo bruxo já veio atrás de vocês pra pedir ajuda ou alguma proposta de investimento?
_Três vezes. Quando os bruxos souberam que a família Weasley estava em pé novamente e montada no dinheiro, correram pra nós e assim como todos do mundo bruxo, nós os menosprezamos e os ignoramos.
_Você disse que Sirius, Remo e Tonks pagaram caro por ajudarem vocês, o que aconteceu?
_Sirius, Remo, Tonks e Percy foram demitidos do Ministério. Gui foi mandando embora da Gringotes acusado de roubo, o que foi uma injustiça. Gina tentou entrar no curso de medi-bruxos, mas não a queriam por lá, porque Severo Snape escreveu uma carta pra dizendo que Gina era um desastre.
_Nossa, não sei como conseguiram fazer o curso de aurores.
_Nós também não. Então todos nos metemos em fazer coisas de trouxas mesmo, e acredite nos damos muito bem nisso.
_Vocês realmente tiveram motivos pra deixar o mundo bruxo. Eles foram extremamente cruéis com vocês.
_Cruéis é pouco – Harry fechou os olhos com raiva – Eles tiraram à casa dos Weasley, tiraram seus empregos, impediram dos filhos de seguirem uma carreira, tiraram o pouco de dinheiro que tinham tudo isso pra ver todos eles separados em orfanatos.
_Calma – Hermione se adiantou no sofá e tocou o rosto do moreno – Não fique assim. Se te serve de consolo, saiba que ninguém em seu juízo perfeito se meteria com os Weasley Potter.
_Eu sei – ele sorriu feito nos tempos de escola – Ninguém mesmo se meteria com agente.

Os dois riram gostosos sobre a lembrança de Cornélio Fudge se ajoelhando pra Molly Weasley e pedindo perdão, depois sendo enxotado pra fora. Aos poucos os dois foram voltando à postura seria, mas ainda sorrindo.
_E você? – Hermione tinha tirado a mão do rosto dele, mas Harry começou a acariciar o rosto dela com as costas da mão.
_O que tem eu? – ela adorou o carinho
_Rony nos contou tudo o que houve com você – Harry intensificou o carinho pra entre os cabelos dela – Você teve uma vida difícil também.
_Agora que sei o que vocês passaram, vejo que o que passei não foi nada.
_Tem uma coisa que anda me deixando inquieto.
_O que?
_Gina não para de me perguntar de se eu não lembro de você – o olhar desconfiado dele foi fundo na alma dela.
_Como? Por quê? – Hermione sentiu um frio na espinha – Acho que ela se refere aos trabalhos que fizemos juntos, ou melhor, que eu fazia.
_Não – Harry agora olhava cada vez mais intensamente pra Hermione – Ela me pergunta com intensidade, como se eu tivesse a obrigação de te lembrar de você a fim e a força.
_Eu não sei do que ela se refere – a mente de Hermione estava a mil. Gina e Sirius eram os únicos que sabia do que houve entre ela e Harry – Sua irmã é muito espirituosa, deve ter uma imaginação fértil.
_Pode ser – Harry puxou a cabeça de Hermione pra perto da sua – Mas pode ser que você esteja me escondendo mais alguma coisa.
_Aprendi a lição Harry – ela murmurou porem sua mente gritou [MENTIRA] – Nunca mais vou omitir nada de você, é perigoso demais.
_Boa menina. Agora venha cá me deixe ser doce com você. – disse antes de beijá-la com ardor.
_Não – ela se afastou dele – Volte a ser amargo...

Ele a silenciou com um beijo quente e sensual, e seus olhos se fecharam, suas mãos deixaram de empurrá-lo e seus dedos começaram a correr pelos cabelos sedosos e pretos dele. O beijo se prolongava cada vez mais. Hermione flutuava, sem pensar em nada. Segurando seu rosto, Harry beijava suas pálpebras, seus ouvidos e seu pescoço. Por um segundo percebeu que estavam deitados no sofá com ele em cima, mas outro beijo aconteceu e ela se perdeu de vez.
Enquanto a beijava, suas mãos corriam pelo corpo dela. Harry se sentiu tão bem naquele clima com ela. Dessa vez não teve brigas e nem xingamentos, ela estava se entregando. Hermione tirou a camisa do moreno com uma delicadeza sensual. Harry tirava a blusa dela.
Seus ombros estavam nus só se via a pequena alça da combinação de rendas. Hermione observou o rosto dele e o viu se abaixar para beijar suavemente seus ombros com os lábios entreabertos. Abaixou a alça, a beijando novamente e Hermione sentiu uma onda de agonia passar pelo seu corpo. Não resistiriam dessa vez.
_Minha – ele murmurou com os lábios no pescoço dela – Você é minha.
_Sua – ela confirmou e o desejo falou alto no apartamento – Sou toda sua.

Porem a campainha insistente falou mais alto que qualquer desejo presente. Harry ignorou, mas Hermione não.
_A porta Harry – ela afastou o rosto dele do seu colo – É melhor atender.
_Não – falou ofegante – É melhor eu ignorar mesmo.
_Harry – ela insistiu rindo do jeito dele – Vai logo.
_Inferno! – se levantou zangado e vestindo a camisa – Não se pode nem fazer amor em paz.
_O que? – ela não ouviu a parte do amor.

Harry abriu a porta zangado e se arrependeu seriamente de ter aberto. Olívia Barreta se jogou no pescoço do moreno toda sorridente e vestindo uma roupa de ginástica azul.
_Assim que soube que estava aqui, vim pros seus braços – Olívia falou enroscando seu corpo ao de Harry – E pelo que estou sentindo você já esta no ponto.
_Olívia – Harry engoliu em seco – Quero te apresentar Hermione Granger.
_Oh – ela se soltou de Harry e deu dois passos pro lado – Me desculpe.

Os olhos azuis e astutos da italiana foram do rosto afogueado de Hermione pra marca que ela tinha no pescoço, depois olhou para Harry. De envergonhada Olívia começou a ficar irritada.
_O que vocês estavam fazendo? – ela se virou furiosa pra Harry – Sou sua amante, se quer uma extra, a leve para um motel e não pro seu apartamento que fica ao lado do meu.
_Acalme-se Olívia – Harry retrucou batendo a porta do apartamento.
_Quem é essa vagabunda?
_Deus – Hermione ficou abismada com o que tinha ouvido e pegando a bolsa saiu em disparada pra fora do apartamento.
_Espera Hermione – Harry tentou segura-la, mas Olívia o agarrou antes.
_Quem é ela? – a italiana perguntou exasperada de ciúmes
_Ela é o motivo que eu estou indo te procurar quase todas as noites.

Hermione correu pro elevador o mais rápido que pôde, mas Harry foi mais rápido e a impediu de entrar no elevador na última hora. Ela ainda tentou se soltar dele, mas Harry era seguro nos seus movimentos e não largou a mulher nem um momento, a segurando cada vez mais forte.
_Me larga! – ela girou transtornada
_Não – ele respondeu prendendo o corpo pequeno dela na parede – Me escuta.
_Eu não quero saber entendeu? – Hermione gritou furiosa com Harry – Nem se de ao trabalho de explicar porcaria nenhuma.
_É claro que não vou explicar – Harry devolveu com raiva – Eu quero te lembrar que você é noiva do meu irmão, não minha. Nada que se relacione a minha vida é da sua conta.
_Mas... – tentou falar besta com o que tinha ouvido.
_Mas nada! – ele a agarrou pelo braço e a arrastou de volta ao apartamento – Você não tem nada haver com isso e se tiver desse jeito por causa dos beijos que trocamos é por que isso comprova minha opinião que já tinha de você.
_Que eu sou uma qualquer – murmurou pro moreno.

Harry parou no meio do corredor e olhou pra Hermione, que tinha os olhos cheios de lágrimas, mas nenhuma descia, ela era forte e as seguraria ate estar sozinha.
_É – ele confirmou com o coração na boca e repetiu – Uma qualquer.

Quando voltaram ao apartamento Olívia não estava mais lá. Eles pegaram suas coisas, se arrumaram e voltaram pro carro, a viajem de volta foi sinistramente silenciosa. Hermione sentia o nó na sua garganta aumentar cada vez mais. Harry não ousava olhar para ela, sentia que seu corpo dormente por uma insuportável dor no baixo ventre que insistia em doer a cada vez que lembrava que a chamou de uma qualquer. [Não se trata assim à mulher que se ama], ele pensou vendo ela se encolher mais no banco, [Será que amo mesmo? Não faz sentido eu a tratar assim]. Os pensamentos de Harry estavam a mil enquanto os de Hermione estavam numa coisa só, como um mantra, [Ele não me ama!].

Quando chegaram em casa, Harry saiu apressado sem olhar para ela. Hermione suspirou, sentindo a tensão diminuir enquanto o via se afastar. Estava morrendo de ciúmes dessa tal de Olívia Barreta e agora sabia pra onde ele ia quando dizia que sairia e não voltaria tão cedo. Decidiu andar ate a aldeia. Não deveria ser muito longe. Precisava de tempo para pensar, tempo para se lembrar de tudo o que Harry tinha dito sobre a família Weasley Potter e o Ministério da Magia. Enquanto descia a colina viu seis rapazes vindo na sua direção.
_Eccola! – um deles falou, olhando para ela – Bella, no? – comentou com os amigos rindo.
_Scusate – ela falou tentando passar por eles.

Todos riram, se colocando na frente dela. Os seis jovens passaram à língua nos lábios a admirando e percorrendo os olhos pelo seu corpo. Hermione estava sem jeito. Os olhos deles a devoravam como se ela fosse uma comida rara. Começaram a se aproximar mais e mais. Ela sentiu um aperto na garganta.
_Vão embora! – gritou em inglês.

Eles riram e trocaram olhares maliciosos. Um deles chegou mais perto e passou a mão pelo cabelo dela. Hermione afastou aquela mão bruscamente. Estava nervosa e tensa, o coração batia depressa e o rosto estava ficando sem cor.
_Basta! – a voz de Harry soou como um chicote.

Os jovens olharam para cima e empalideceram de medo. Afastaram-se, tirando os bonés num gesto de respeito. Estavam muito assustados.
_Signore Potter, Signores Weasley – um deles falou engolindo em seco.

Hermione virou a cabeça devagar. Harry estava de pé, observando tudo. Logo atrás estavam Fred, Jorge, Guilherme, Carlos e Percy Weasley olhando feio pros rapazes, sérios. Remo estava com eles.
Harry começou a caminhar lentamente com um jeito ameaçador os olhos fixos nos seis rapazes. Chegou perto de Hermione e a olhou num silêncio assustador.
_Volte para casa – se dirigiu a ela num tom frio. Levantou uma mão, esticando um dedo. Lupin deu um passo à frente imediatamente – Vá com ela – falou para Remo.

Hermione hesitou, depois obedeceu. Harry se virou para os jovens que estavam visivelmente nervosos. Suavam enquanto tentavam se explicar, os Weasley se aproximaram do irmão adotivo pra ouvir as explicações.
_Quem eram eles? – Hermione perguntou a Remo
_Apenas alguns meninos da aldeia.
_O que eles estavam dizendo para Harry? E porque estavam tão amedrontados?
_Eles disseram que não sabiam quem você era?
_E que eu sou? – perguntou com um sorriso incerto.
_Eles disseram que não sabiam que você eras a garota de Harry Potter.

Ela abriu a boca perplexa. Depois olhou para Lupin e se recompôs. A garota de Harry Potter? As palavras queimavam dentro dela, fazendo com que seu coração batesse mais forte.
_Mas – colocou a mão no braço de Lupin – Eu.. Não sou a garota dele!
_É melhor dizer isto a Harry, não a mim – Lupin olhou para ela com os sábios olhos escuros.

Hermione estava tensa quando chegou a casa. Foi ate a cozinha, seguindo Lupin, as feições carregadas. Mas ouviu Tonks falar com ela. Estava preocupada demais com tudo que tinha acontecido. O olhar de Harry ao chegar perto daqueles rapazes que a estavam perturbando tinha sido assustador.
[A garota de Harry Potter], pensou fechando os olhos, tentando recuperar o controle. [Talvez eu deseje mesmo ser conhecida como a pequena de Harry Potter], pensou Hermione com certo pânico. [Talvez eu goste de ver aquele olhar perigoso e possessivo no rosto dele]. Balançou a cabeça, tentando clarear as idéias. Tonks estava falando e ela mal podia entender as palavras da moça. Esforçou-se para voltar à realidade.
_Eles a tocaram? – perguntou tonks incrédula – Não acredito!
_Sim, é verdade mesmo – Lupin confirmou com solenidade – Eles tocaram o cabelo dela na hora em que os rapazes chegaram.

A batida da porta da frente fez Hermione dar um pulo. Houve um silêncio. Hermione ergueu os olhos para Harry e os Weasley e ficou assustada com o que viu. Havia machas escuras pelo rosto dos ruivos, terras nas roupas e sorrisos nos rostos.
_O que houve com vocês? – Tonks perguntou assustada
_Brigamos com os rapazes – Fred respondeu abraçado com Percy e Jorge – Fazia anos que não tínhamos uma emoção dessas.
_Que bom que se divertiram – Tonks só conseguiu dizer isso
_Porque fez aquilo? – Harry perguntou furioso com Hermione, ele era o único que não ria.
_Vamos contar ao Rony nossa grande aventura – Carlinhos saiu da cozinha acompanhado dos irmãos, Lupin e Tonks – Ele vai morrer de inveja.
_Porque fez aquilo? – ele perguntou
_Não sabia que seria atacada – Hermione comentou com calma. Mas queria se levantar e vibrar, atirar rosas e aplaudi-lo por ter enfrentado aqueles rapazes por causa dela – Queria apenas andar um pouco ate a aldeia.
_Um passeio? Você andaria sozinha numa rua deserta em Londres ou em Nova York?
_Aqui é diferente – ela respondeu passando a língua nos lábios – Pensei que estaria segura.

Uma mão pegou seu rosto, puxando-lhe a cabeça para trás. Harry olhou bem no fundo dos olhos dela.
_Você não entende as pessoas daqui, não é? – ele falou e os longos dedos começaram a machuca-la – Mas acima de tudo você não entende os homens.
_Olhe – disse Hermione se sentindo confusa de repente – Homens são homens em qualquer lugar do mundo – tentou se levantar, mas a mão de Harry fez com que se sentasse de novo os olhos para ele com raiva – Não me force!

Harry levantou uma sobrancelha. Ela tentou se livrar, mas a mão dele a impediu.
_Já notei uma coisa – disse Hermione zangada – Os homens sicilianos são muito mais violentos do que os outros!
_Você tem razão. Eles são muito mais violentos. Especialmente no que diz respeito as suas mulheres.

Olhou para ele em silêncio, notando as linhas agressivas daquele rosto, o machucado sob os olhos.
_Você nunca ouviu falas nas Vésperas Sicilianas? O incidente que provocou uma guerra? – Hermione balançou a cabeça negando – No século XIII um oficial francês insultou uma jovem noiva siciliana a caminho da igreja. O povo reagiu com violência.
_O que fizeram?
_Massacraram uma guarnição francesa inteira.
_O que isto tem a ver comigo? – Harry inclinou a cabeça para um lado, a estudando.
_É uma dica para você. Aqui as moças inglesas são consideradas como se fosse uma outra espécie. As moças sicilianas são para casamento, mas as inglesas são para outra finalidade.

Ao ouvir aquelas palavras Hermione se sentiu enojada. Olhou para Harry com raiva e humilhação ele não poderia ter sido mais claro.
_eu entendo! – se levantou com ódio, os olhos castanhos brilhando, o rosto fechado – É isso que pensa de mim, não é? Não é a toa que não queria que eu me cassasse com Rony! – ela riu com amargura – Não sou suficientemente boa para o seu precioso irmão, sou? Vamos dizer que só sirvo para outra finalidade, a sua.
_Você sabe muito bem que não foi isto o que eu quis dizer!
_Não foi? Então o que quis dizer? Que não pensa do mesmo jeito? Que é diferente do resto dos sicilianos? Você é inglês, mas é mais sicilianos que os próprios sicilianos.

A boca de Harry se fechou numa linha dura. Ele tentou dizer alguma coisa, depois parou, passando a mão pelo cabelo preto. Olhou-a com firmeza.
_Você não pode sair por ai desacompanhada! – falou se controlando – Leve alguém da próxima vez.
_Não haverá uma próxima vez, porque ou sair desta ilha na primeira chance que tiver!

Houve um silêncio pesado, então os olhos de Harry faiscaram e ele colocou as mãos nos braços dela, apertando.
_Você não esta falando serio!
_Oh, sim, é claro que estou! Estou cheia de você e da sua família – as mãos dele pegaram-na pela nuca, se enroscando nos cabelos.
_Se você for eu a seguirei. Estarei atrás de você o tempo todo.
_Não me importo que me siga até a Lua.
_Eu faria isto – Harry falou num tom perigoso e Hermione sentiu o coração parar de bater – Eu a seguiria ate o inferno!

Os olhos deles se encontraram e Hermione começou a tremer. Parecia que seu coração ia pular fora. A garganta estava seca e ela colocou as mãos nos ombros dele para não cair
_Me deixe em paz! – murmurou quase sem fôlego. Os olhos de Harry queimavam sobre os lábios dela. Ele levantou os olhos verdes para ela, a segurando com força.
_Hermione... – falou com ardor, a voz rouca.

Então a porta se abriu e um silêncio abafado caiu sobre eles. Viraram a cabeça. Hermione sentiu um perto no coração. Rony os olhava incrédulo.
_O que diabos esta acontecendo? – ele murmurou entre os dentes?

Hermione olhou para Rony arrasada. Fez-se um silêncio de morte dentro dela, o coração disparou. A expressão no rosto de Rony era de espanto. Ele não entendia o que estava acontecendo, não tinha idéia do forte sentimento que explodia ente Harry e Hermione desde que se encontraram pela primeira vez.
Hermione não podia enfrentar aquela situação. Passou por Rony, correndo para o hall, e subiu as escadas para o quarto. Fechou a porta, a cabeça dela doía. Havia dito a Rony, há muito tempo, que não se casaria com ele. Agora, sem dúvida alguma, ele descobrira tudo, mas da pior maneira possível. Suspirou e sentou na cama.
Estava profundamente magoada com Harry. Ele a tinha ofendido muito, e ela estava magoada. Quando disse que moças inglesas eram de outra espécie, ele a tinha humilhado demais. Com certeza era igualzinho aos outros homens sicilianos, machões e preconceituosos.
As moças da terra são para casamento, ela pensou com amargura, enquanto que as inglesas são para divertimento. [E por que isto deveria me incomodar?] pensou fingindo pra si mesma que não se importava. Sentiu as lágrimas quentes caindo pelo rosto e cerrou os dentes.
Harry tocara algum ponto dentro dela que a tinha deixado totalmente envolvida. A principio havia pensado que era apenas uma forte e irresistível atração física que existia entre eles; afinal de contas ele era um homem muito atraente. Mas agora percebia que era bem mais do que isso.
Ela não podia mais negar o que sentia. A atração sexual entre eles era esmagadora. Mas havia sentimentos muito mais profundos por trás de tudo aquilo.
Nenhum beijo poderia mexer tanto com eles se não houvesse também uma grande emoção. Fechou a mão com força tentando recuperar o controle. [É tudo culpa minha], disse a si mesma. Nunca deveria ter deixado que ele se aproximasse.
Talvez ele estivesse passando pelo mesmo inferno que ela. Sentiu uma chama de esperança, mas suspirou com amargura, pois sabia que Harry só queria ir para cama com ela. Sempre deixara isto claro, desde o começo. [Quero conquistar o seu corpo, não o seu coração], ele tinha dito. Harry não estava apaixonado, queria apenas fazer sexo com ela.
Uma batida na porta provocou-lhe um sobressalto, e Hermione enxugou os olhos com a mão.
_Quem é? – perguntou
_Rony.
_Entre – ela disse num suspiro.

Teria de enfrentá-lo mais cedo ou mais tarde. Melhor seria acabar com tudo agora. Rony abriu a porta e olhou para ela, percebendo os olhos vermelhos.
_Aquele mostro! – ele murmurou – Ela a machucou. Sinto muito, Hermione. Não deixarei que isto aconteça outra vez.

Pelo visto Harry não contara nada ao irmão. Ele a observou por um momento, depois se sentou ao lado dela na cama. Seu corpo estava tenso como se estivesse adivinhando o que se passava na cabeça dela.
_Não vou me casar com você, Rony.
_Por quê? – os olhos dele examinaram o rosto dela – É por causa de Harry? Ele falou para você não se casar comigo? Eu sei como ele pensa Hermione, eu sei como...
_Não, não tem nada a ver com Harry. Eu nunca pretendi me casar com você. Só fiquei ate agora porque tinha medo do que você poderia fazer.
_Estou vendo.
_Queria lhe dizer tudo antes, mas... – Hermione suspirou e colocou a mão sobre a dele – Eu não tinha coragem. Toda vez que tentava lhe dizer as palavras sumiam.
_Então você deixou que eu ficasse iludido – ele falou com amargura, Hermione corou.
_Sinto muito Rony – ela abaixou a cabeça. Se sentindo idiota. Tentou pensar em algo para falar, mas teve um branco.
_Não – Rony suspirou. Colocou a cabeça entre as mãos – Eu é que tenho que me desculpar. Não tinha o direito de fazer uma chantagem emocional com você como fiz. Fred e Jorge têm razão, agi como uma criança mimada. Sinto muito.

Hermione sorriu lembrando dos gêmeos, eles eram inacreditavelmente diretos e verdadeiros, não pensavam duas vezes antes de falar o que pensavam.
_E agora o que vai acontecer? Vai embora? Ou há alguma outra coisa que a mantém aqui?
_Eu não sei – ela respondeu sentindo o rosto quente sob o olhar dele – Não pensei ainda no assunto, para ser sincera.
_Talvez devesse se entender com Harry – ele falou com certa amargura.
_Luna lhe contou – disse Hermione depois de estudar a expressão de Rony por um momento.
_Sim.

Ela deveria ter imaginado. Tinha pensado que Luna não contaria a ninguém sobre o beijo no jardim, mas é claro que ela contaria a Rony. Estava apaixonada por ele, afinal de contas. Hermione desejou que nunca tivesse encontrado Harry. Enfiou as unhas na palma da mão e suspirou. A vida seria vazia sem ele, pensou, e um sorriso amargo apareceu nos lábios dela. Sem Harry o mundo parecia irreal, mas ficar come ele sabendo que não era amada, era muito pior.
_Hermione? – Rony olhava para ela preocupado – Estou falando com você.
_Desculpa, eu estava a quilômetros de distancia.
_Você está apaixonada por Harry, não esta?
_Sim – respondeu abaixando a cabeça para esconder as lágrimas.

Rony suspirou a observando. Depois passou os braços ao redor dela, a segurando junto dele. Fez com que Hermione encostasse a cabeça no seu peito.
_Sua bobinha – falou gentilmente, passando as mãos com carinho pelos cabelos dela.

Um barulho de passos na porta do quarto assustou Hermione. Ela sentiu Rony se mexer, virando a cabeça para a porta. Ela também levantou a cabeça para olhar por sobre os ombros dele. Harry estava de pé na porta, as feições do rosto carregadas de raiva.
_divirtam-se – ele falou rudemente, os olhos fumegando, e saiu andando pelo corredor.

Hermione fechou os olhos, descrentes. Era injustiça demais ele aparecer justo naquele momento! Ela ouviu o barulho do carro saindo em disparada.

N.A.: Desculpa a demora galera, mas inventar uma história milaborante pra que as coisas fiquem no seu exato lugar não é fácil. Esses fatos que aconteceram com os Weasley foram semanas e semanas de pensamentos pra nada ficar contraditório. Bem, pra vocês lerem o que estou escrevendo agora vai ter que ser em Desejo Proibido e Permitido. Tenho que me dedicar mais a pobrezinha, ela ta abandonada. Ainda to meio confusa, por isso se tiver contradição no capitulo me avisem. Bjokas e Até.
OBS: Todas as escritoras que lêem minha fic fiquem sabendo que eu estou adorando as fics de vocês. Mesmo que não sejam todas.

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