Quem é RAB?



Capítulo 13: Quem é R.A.B.?

O clima ficou muito mais alegre entre o grupo depois da destruição da taça. Era muito mais comum vê-los rindo durante os dias que se passaram. Contudo a felicidade foi substituída pela ansiedade conforme a sexta-feira se aproximava, e com ela a aula com Dumbledore.

Harry não sabia qual seria o próximo passo a ser dado com relação à busca das Horcruxes, pois não fazia idéia de qual Horcruxe ainda faltava, e onde estaria o medalhão de Slytherin.

- Acho que deveríamos ir atrás do medalhão, pelo menos saberemos o que procurar – sugeriu Hermione.

- Também acho, mas não sabemos qual é a última Horcruxe e quanto menos tempo perdermos para descobrir qual é, melhor – respondeu Harry.

- Então não vejo outra solução a não ser esperar a sexta-feira. Conversaremos com Dumbledore para ver qual será o nosso próximo passo – continuou Hermione.

A semana se arrastou e finalmente na sexta-feira, Harry, Rony e Hermione se dirigiram à sala da Professora McGonagall. Foram recebidos por ela e, como de costume, deixados a sós com a figura de Dumbledore.

- Bem vindos. Acredito que estão aqui para discutir qual será o nosso próximo passo na busca pelas Horcruxes – disse Dumbledore para o trio. – O que vocês tinham em mente?

- Aí está o problema, professor. Sabemos que temos que procurar o medalhão, e descobrir qual é a última Horcruxe, mas não sabemos por onde começar e nem o que priorizar – respondeu Harry.

- Bem, acredito que as duas coisas sejam importantes e não há como priorizar nenhuma delas, então sugiro que as pesquisem ao mesmo tempo, assim ganharão tempo – Dumbledore parecia tranqüilo. – O que posso sugerir a vocês é que a melhor forma de procurar o medalhão é se concentrar no bilhete que eu e Harry achamos no interior do medalhão falso.

- Já pesquisamos todos os bruxos famosos, inimigos ou aliados de Voldemort que poderiam ter pego o medalhão, mas não achamos nada – Harry parecia um tanto decepcionado. – Não sabemos como continuar a busca.

- Harry, não acredito que quem pegou o medalhão fosse um grande bruxo – Dumbledore disse de maneira que parecia a coisa mais óbvia do mundo.

- Porque, professor? – Harry parecia intrigado.

- Porque ele previu que não seria páreo para enfrentar Voldemort, e o escondeu para que alguém mais poderoso o achasse, destruísse e então pudesse derrotá-lo – concluiu Dumbledore.

- Então quem o senhor acha que poderia ser? – Hermione entrou na conversa.

- Não faço idéia. Mas acho que podemos trabalhar com a hipótese de que seja alguém do círculo de Voldemort, sendo mais fácil para saber sobre as Horcruxes, e sobre onde estaria o medalhão – Dumbledore respondeu para a garota.

- Talvez algum Comensal? – Rony perguntou.

- É bem provável – Dumbledore sorriu para Rony.

- Então teremos que estudar todos os Comensais da Morte dos últimos anos, e ver se existe algum provável traidor – continuou Harry.

- E como faremos isso? – perguntou Hermione. – Não acredito que haja algo na biblioteca que nos dê esse tipo de informação.

- Realmente, a biblioteca não os ajudará nessa busca. Então acertei com o Sr. Roberts, que é editor do Profeta Diário, para poderem ter acesso aos jornais que foram lançados na época em que ocorreram os ataques dos Comensais – continuou Dumbledore. – Acredito que encontrarão alguma coisa lá.

- E como iremos ter acesso a eles? – perguntou Harry.

- Eles serão enviados diretamente a essa sala todo dia e vocês poderão retirar uma quantidade para levarem à biblioteca ou à Sala Comunal – respondeu Dumbledore. – Ao mesmo tempo, será possível vocês procurarem alguma coisa sobre a última Horcruxe na biblioteca.

- Ok! – respondeu Harry. – E onde estão os primeiros exemplares?

- Estão ali em cima da mesa – respondeu Dumbledore. – Mas gostaria de pedir uma coisa a vocês antes de saírem. É que teremos a festa do dia das bruxas logo, e gostaria que vocês participassem. Primeiro para não chamar a atenção, e segundo para se distrair um pouco e recuperar as forças para as próximas etapas.

- Não temos tempo para isso, professor, temos muito o que fazer – disse Harry, meio ríspido.

- Sempre temos tempo para estar próximos de quem gostamos, e nos permitir relaxar um pouco. Além do que, é mais fácil se concentrar nos detalhes quando estamos com a mente vazia – disse Dumbledore aos jovens, e olhando para Harry. Ele deu a entender que seria bom para seus amigos e pra ele também que relaxassem, nem se fosse por uma noite.

- Tudo bem, professor. Iremos na festa, mas não nos preocuparemos com ela até o dia das bruxas – finalizou Harry.

- Então vamos ao trabalho – disse Dumbledore. – E podem ter certeza que vocês irão se divertir muito no dia das bruxas.

O grupo pegou os exemplares do Profeta Diário que estavam sobre a mesa e dirigiram-se para a biblioteca.

- O que será que vai acontecer no dia das bruxas? – perguntou Rony para Harry. – Será que vai ter outro baile?

- Espero que não. O último já foi terrível pra mim – respondeu Harry. – Mas no caso de vocês seria bom, não é? Porque não teriam que se preocupar com quem convidar como no último – Harry agora dava um olhar zombeteiro para os dois, que coravam e olhavam para o chão.

- Bom, se Hermione tivesse aceitado ir comigo no último baile, talvez a gente já estivesse junto há mais tempo – disse Rony com uma certa mágoa na voz.

- Peraí! A culpa não foi minha! Se você tivesse percebido antes que eu era uma garota e me convidado logo, e não como última opção, aí então poderíamos estar juntos a mais tempo – retrucou Hermione.

- Que eu saiba, você quis ir com o Vitinho! Você poderia tê-lo dispensado para ir comigo – Rony agora bufava de raiva.

- Pois saiba que eu não iria dispensar o “Vitor”, por mais que eu gostasse de você! Ele era meu amigo e eu tenho consideração com meus amigos – Hermione já estava vermelha de raiva e seus olhos começavam a marejar.

- Amigo? Sei! Se fosse por consideração a um amigo você devia ter ido com o Harry! Você viu a dificuldade que ele estava tendo pra arrumar alguém! – Rony estava da cor de seus cabelos.

- Rony, você é um trasgo! – disse a garota, soltando a mão do namorado e correndo em direção aos dormitórios.

Percebendo até onde seu ciúme idiota o levara, Rony ainda tentou gritar para que Hermione o esperasse, mas a garota não lhe deu ouvidos.

Rony então se virou para Harry com o olhar assustado. Sua voz estava com dificuldade para sair, e mesmo assim disse:

- Cara, o que foi que eu fiz?! Ela nunca vai me perdoar!

- É melhor você ir atrás dela e resolver isso! Vai ser muito difícil continuar a nossa busca se vocês não estiverem bem. O amor de vocês não merece isso – respondeu Harry.

Rony se virou e disparou em direção aos dormitórios, resolvido a dar fim na briga com Hermione.

Harry foi à biblioteca, com os exemplares do Profeta Diário, para continuar a busca por R.A.B. e conseguir encontrar o medalhão. Como conhecia o gênio de seus amigos, achou melhor não se meter na conversa deles. Acabaria sobrando pra ele.




Para infelicidade de Rony, e de Hermione também, a garota não quis conversar com o ruivo. Ela mandou um recado por Gina, dizendo que era melhor que eles fossem apenas amigos por enquanto, para não atrapalharem a busca de Harry. E que quando ela conseguisse perdoá-lo, eles conversariam.

A atitude de Hermione parecia ter caído como uma pesada pedra sobre Rony. Ele parecia triste e desanimado. Por várias vezes ele tentou falar com Hermione, que resistia em conversar com o garoto.

A situação de Hermione não era diferente da de Rony. A garota aparecia constantemente com os olhos vermelhos e com olheiras. Além do mais, quando Rony tentava falar com ela, quase sempre a garota disparava para seu dormitório.

A situação estava insuportável e embora Gina e Harry fizessem de tudo para tentar reunir os dois, nada dava certo.

Apesar da briga afetar totalmente a busca por informações de R.A.B., incomodava mais a Harry ver seus dois melhores amigos infelizes. Harry sabia como os dois se gostavam e como demoraram para assumir.

Continuaram a se reunir todas as sextas-feiras com Dumbledore, contudo não havia progresso e eles continuavam com as mesmas dúvidas que possuíam.

Foi na última semana antes do baile das bruxas que a Diretora anunciou o que de diferente iria acontecer no evento.

Durante o jantar, ela se virou e pediu a atenção dos alunos para um comunicado:

- Atenção, por favor! Gostaria de anunciar que na semana que vem teremos a nossa primeira atividade social do ano: a festa do dia das bruxas, como todos sabem. Gostaria de dizer também que haverá um baile para todos durante a festa. Não haverá a necessidade de convidar ninguém para o mesmo.

Houve um murmúrio geral no Salão Principal e novamente a Diretora pediu a atenção dos alunos:

- Para o baile, todos deverão colocar seus nomes em uma lista e seus pares serão sorteados. O sorteio será realizado pelo professor Flitwick, que utilizará um feitiço para impedir que alguém escolha o seu acompanhante. Esse sorteio visa deixar os alunos mais integrados, para diminuir a distância entre as casas.

Isso pareceu não deixar os alunos contentes, e as reclamações começaram a aparecer de todos os lados. A Diretora não se abalou e continuou:

- Os casais sorteados deverão permanecer juntos somente na primeira hora da festa, sendo que se desejarem poderão se separar depois, ou não. Agora bom apetite, e após o jantar todos deverão se dirigir aos seus dormitórios.

Após o jantar, Rony e Harry permaneceram na Sala Comunal, enquanto Hermione e Gina subiram para os dormitórios das meninas.

- Mais um baile! Esse pessoal da escola não se cansa? – Rony reclamava com Harry. – E justo agora que eu briguei com a Mione. Eu não vou a esse baile. Não me interessa ir a esse baile se não for com ela.

- Por que você não fala com ela? – perguntou Harry.

- E você acha que eu não tentei? É só o que eu faço nos últimos dias! – respondeu Rony. – Mas não se preocupe, isso não vai atrapalhar nossa busca.

- Não estou preocupado com isso! – disse Harry indignado. – Só quero ver vocês felizes.

- Me desculpe – Rony parecia envergonhado. – É que a Mione me faz muita falta!

Os dois amigos ficaram ali, conversando até o fim da noite. Enquanto isso, Gina e Hermione conversavam nos dormitórios.

- Pára com isso, Mione, ele te ama! – dizia Gina, tentando fazer a menina mudar de idéia.

- Eu sei, Gina! Não é isso que importa! Ele nunca vai confiar em mim! Nunca vai se controlar! Eu não agüento viver brigando – disse Mione triste, porém resignada.



O baile do dia das bruxas se aproximou rapidamente e com ele, o desespero de Rony. Embora não quisesse ir com mais ninguém que não fosse Hermione, a Professora McGonagall disse que tanto ele, quanto a Srta. Granger (que tinha dito a ela que não iria ao baile também), teriam de ir para dar o exemplo. Pelo menos o fato de Mione não querer ir ao baile deixou Rony um pouco mais contente. Afinal ela, como ele, não queria ir ao baile com mais ninguém.

A busca por R.A.B. se estendeu até a véspera ao dia das bruxas (Harry fazia as pesquisas com Rony, enquanto Gina e Hermione se mantinham em outro ponto da biblioteca). Ao chegarem na Sala Comunal depois do jantar, encontraram uma grande lista afixada no quadro de avisos. A lista continha os pares do baile do dia das bruxas. Para surpresa de Harry, ele teria que ir com Luna Lovegood da Corvinal (o que para Harry não era nenhum castigo, porque sentia um grande carinho por ela). Mas ao olhar o rosto de Rony percebeu que um grande desespero tomava conta dele.

- O que foi, cara? Você vai com quem? – perguntava um Harry assustado.

- Vou com a Suzanne Bones da Lufa-Lufa – respondeu Rony meio distraído.

- Porque essa cara então? Ela até que é legal – disse Harry meio intrigado.

- É a Mione. Ela vai com o Zabini – disse Rony, irritado. – Se ele fizer qualquer coisa com ela, eu mato ele!

- Calma, Rony, ela sabe se cuidar – disse Harry, tentando tranqüilizar o amigo.

Nesse exato instante, Gina e Hermione entraram na Sala Comunal, e Hermione, ao ver o nome de seu par para o baile, olhou para Rony meio que pedindo socorro e correu para seu quarto. Gina correu ao encontro da amiga e nem olhou para a lista para ver seu par.

Rony até faz menção de ir atrás de Mione, mas se lembrou de que os garotos não podiam ir ao dormitório das meninas. Ele se sentou no sofá em frente a lareira, com cara de poucos amigos.

Harry passou um tempo consolando o amigo, e quando Rony resolveu subir, Harry decidiu olhar novamente a lista para ver com quem Gina iria.

- Não pode ser! Ele não! – disse Harry desapontado, ao ver o nome de Mark Fletcher junto ao de Gina.



No dia das bruxas, os alunos passaram o tempo livre se preparando para a festa. Rony não se conformava com o fato de Hermione ter que ir a festa com Zabini.

- A Suzanne que me desculpe, mas vou ficar o tempo todo de olho na Mione – dizia um Rony no dormitório, parecendo falar mais com ele mesmo do que com Harry.

- Pode deixar que vou ficar de olho nela também – acrescentou Harry.

Após descerem, eles resolveram esperar as meninas na Sala Comunal para irem juntos ao Salão Principal. Quando elas desceram eles não se arrependeram de esperar. As duas estavam muito bonitas, embora Hermione não parecesse nada animada. Quando elas se aproximaram, Rony se aproximou e segurou a mão de Hermione. Olhando no fundo dos olhos da menina, disse:

- Não se preocupe, eu estarei por perto! Não deixarei ele fazer nada com você.

Harry e Gina acharam que Hermione iria explodir, e dizer a Rony que não precisava de proteção, mas ao invés disso a menina segurou firme a mão do ruivo e o beijou no rosto.

Os quatro se encaminharam para o Salão Principal e encontraram todos os alunos parados em frente à porta de entrada. A Professora McGonagall tentava organizar a entrada dos alunos no salão, fazendo com que os pares se alinhassem.

Foi com dor no coração que Rony viu Hermione caminhar em direção a Zabini. Embora ele não dissesse nada, mostrava um grande desprezo pela garota.

Harry viu Gina se colocar ao lado de Mark, e Rony ao lado de Suzanne Bones, não tirando os olhos de Hermione nem por um minuto.

Por fim, Harry resolveu ir encontrar Luna, que estava parada com seu olhar vago como sempre.

- Olá! – disse Harry para Luna.

- Oi! Acho que vamos ser parceiros hoje! – respondeu Luna sorridente. – Ainda bem que não tive que ir com ninguém da Sonserina, deve ser horrível!

- É, deve ser – respondeu Harry, olhando para a figura triste de Mione, junto a Zabini.

- Todos para dentro! – chamou a diretora, enquanto abria os portões do Salão Principal com um leve aceno de sua varinha.

O salão estava esplêndido, como de costume. Estava decorado com as abóboras gigantes de Hagrid e com morcegos que sobrevoavam o salão. No lugar das mesas das casas, havia mesas para até 8 pessoas, com os lugares marcados. Uma banda tocava em um palco no fim do salão.

Procurando seu lugar com Luna, Harry pôde ver que pelo menos a diretora tinha dado um jeito de Hermione não ficar sozinha. Ela colocou Hermione e Zabini na mesma mesa que Gina, Mark, Ernesto Macmillian e uma menina da Corvinal que Harry não conhecia.

Na mesa de Harry e Luna estavam Neville, uma menina da Sonserina que Harry não conhecia, Dino Thomas e uma menina da Corvinal. Rony sentou-se numa mesa com Miguel Corner e Lilá Brown.

A primeira hora da festa foi um tédio para todos. Ninguém conseguia conversar com ninguém, devido a falta de intimidade e afinidade entre eles. Harry conversava um pouco com Luna, mas a presença de pessoas da Sonserina na mesa inibia qualquer conversa mais longa. Além disso, ele não conseguia tirar os olhos da mesa de Gina e Mione.

Para surpresa de Harry e de Rony, que também não tirava os olhos da mesa das meninas, Gina, Hermione e Mark pareciam se divertir. Conversaram alegremente, mesmo com o olhar de desprezo que continuava no rosto de Zabini. Mark era só sorrisos para as meninas, e Harry parecia que ia explodir de tanto ciúme.

Quando terminou a primeira hora da festa, e finalmente os pares foram liberados, Harry se despediu calmamente de Luna, para que ela não se magoasse, e viu Rony se levantando rapidamente, indo em direção à mesa de Hermione.

Hermione, pressentindo a reação de Rony, antecipou-se a chegada do ruivo, se levantando e agarrando a mão dele. Arrastou Rony para o lado de fora do Salão, desaparecendo da vista de Harry.

Harry se aproximou da mesa onde agora só permaneciam Gina e Mark, e se dirigiu a ruiva:

- Tudo bem? Se divertindo, Gina? – num tom que não era comum a Harry.

- Sim, Harry. Algum problema? – Gina pareceu intrigada.

- Nenhum, apenas pensei em convidá-la para dançar. Você quer? – Harry parecia falar sem pensar muito.

- Claro! Adoraria! – disse Gina se levantando rapidamente, se virando para Mark. – Você me dá licença, não é Mark?

- Sem problemas, mas não vá se esquecer do que me prometeu – Mark agora dava um sorriso maroto a ruiva.

- De jeito nenhum! Está tudo combinado! – respondeu Gina arrastando Harry para o salão.

Mal Harry e Gina começaram a dançar, e ela notou a cara aborrecida do garoto.

- Algum problema, Harry?

- O que está combinado com o Mark? Posso saber? – Harry parecia um pouco irritado com a situação.

Gina pareceu surpresa e em seguida segurou uma risada, que irritou ainda mais o garoto.

- Está com ciúme, Harry? Não sei porque você se preocupa. Eu gosto de você desde os meus dez anos de idade, e não é porque eu conheci um cara adorável como o Mark que vou deixar de pensar só em você! Seu bobo!

- Então, o que está combinado entre você e ele? – perguntou Harry.

- Você quer dizer, o que está combinado entre mim, ele, Hermione e provavelmente, você e Rony, depois que eu e Hermione tivéssemos conversado com vocês – respondeu Gina.

- Mas o que é? – Harry parecia curioso ao extremo.

- Luna! – Gina parecia falar da coisa mais obvia do mundo. – Você não notou como ele não parava de olhar para ela na sua mesa? Ou você estava preocupado demais tendo ciúmes de mim?

- Não, não notei nada. – Harry parecia envergonhado e olhava muito atentamente para o palco.

- Bem, ele a conheceu num passeio pelo jardim, e se apaixonou pelo seu ar avoado e sincero. Ele disse que nunca conheceu ninguém como ela – Gina parecia muito feliz com o ataque de ciúme de Harry, e o encarava com o maior sorriso que podia dar.

- Acho melhor irmos atrás de seu irmão. Se bem o conheço, deve estar tendo a maior briga com Mione por causa de Mark, e isso pode acabar com qualquer chance deles se entenderem – Harry puxou Gina para a direção onde Hermione e Rony saíram.

Mal os dois saíram do salão, se depararam com uma cena que os encheu de alegria e perplexidade. Rony e Hermione se beijavam ternamente, na entrada do Salão Principal, à vista de todos.

Harry e Gina se aproximaram e então a ruiva pigarreou alto, fazendo o casal parar o beijo e olharem para os dois, sorrindo.

- Não vou nem perguntar se está tudo bem. Mas gostaria de saber o que aconteceu. Achei que iria encontrar o Rony aos berros com você, Mione, por causa do Mark. – disse Harry.

- Por que eu estaria brigando com a Mione, quando eu sei que ela só tem olhos pra mim? – disse o ruivo com ar zombeteiro e imitando um cara convencido.

- Pára já com isso! – Mione ria e dava um cutucão no namorado.

- Então pode nos contar já o que aconteceu, senhorita! – intimou Gina a amiga.

- Bem, quando eu vi Rony vindo em minha direção achei a mesma coisa que Harry, por isso o puxei para cá e comecei a falar sobre Mark e Luna, e que eu nunca me interessaria por ninguém além dele, etc... – Hermione dizia com um ar alegre. – E sabe o que seu irmão fez?

- Nem imagino – respondeu Gina.

- Me perguntou porque eu estava falando aquilo, se ele só estava indo lá para me tirar de perto do Zabini, me perguntar se eu estava bem e para me prometer que nunca mais iria brigar comigo. Que ele acreditava totalmente no nosso amor e não poderia nem pensar em viver sem mim – contou Hermione com o maior e sincero sorriso que os amigos já tinham visto.

- Quando você se tornou tão maduro, Roniquinho? – disse Gina indo abraçar o irmão.

- Posso estar maduro com relação à Mione, mas se continuar a me chamar de Roniquinho posso muito bem brigar com você igual a uma criança – respondeu Rony um pouco vermelho, mas tentando se controlar.

- Bem já está melhor que certas pessoas, que tiveram um tremendo ataque de ciúme do Mark agora há pouco no Salão – disse Gina, olhando para Harry e sorrindo para o irmão.

Todos riram e entraram novamente ao salão.

Harry passou o resto da noite notando como Gina estava linda, como Rony e Hermione estavam felizes, e como Mark olhava vidrado para Luna, que dançava a seu modo, sem se preocupar com as outras pessoas.

Harry resolveu aceitar o conselho de Dumbledore, se permitiu aproveitar a festa e relaxar pelo menos naquela noite.



Os dias que se seguiram após o baile do dia das bruxas foram muito mais agradáveis para Harry. Além de seus melhores amigos estarem felizes (o período afastado de Hermione fez Rony amadurecer muito, e ele parecia muito mais maduro e confiante na relação dos dois), Gina parecia mais feliz depois do ataque de ciúme dele, e era comum vê-la encarando Harry com um sorriso no rosto.

Embora a busca fosse mais agradável, ela continuava improdutiva, levando o grupo ao desespero.

Em um dos dias mais frios do ano, o grupo analisava as antigas edições do Profeta Diário, quando uma notícia chamou a atenção de Harry.

A manchete “Membro da família Black encontrado morto” com a foto de um grupo de pessoas em volta do que parecia um corpo estirado no chão, estava na primeira página do jornal.

Harry continuou a estudar o jornal e começou a ler o texto que se encontrava abaixo da foto.

“Foi encontrado morto hoje, em uma cabana abandonada, Régulus Black II, filho de Orion Black e Walburga Black. A situação do corpo indica que Régulus foi vitima da Maldição Imperdoável “Avada Kedavra”, e que o autor de tal maldição deva ter sido um Comensal da Morte, a mando de “Você-sabe-quem”. Suspeita-se que Régulus tenha ligação com Comensais da Morte, e talvez a falha em alguma missão tenha definido a sua morte.”

Harry analisou atentamente a foto, e viu no fundo da mesma uma praia e em penhasco que lhe pareciam familiares. Foi quando veio à sua mente a noite da morte do antigo Diretor, em que saiu com Dumbledore em busca de uma das Horcruxes de Voldemort.

- É perto da caverna, onde Voldemort escondeu o medalhão! – Harry quase gritou sem perceber.

- Quieto, Harry! – exclamou Hermione. – Cuidado com o que você fala!

Para sorte de Harry a biblioteca se encontrava vazia, e seu ato só rendeu uma bronca da Madame Pince, a bibliotecária, por falar alto, e se não diminuíssem a voz, ela expulsaria a todos.

Harry fez sinal aos outros três para que se aproximassem, e mostrou a manchete com a foto de Régulus Black.

- Espere aí! – disse Hermione, correndo para a pilha de jornais antigos, e voltando com uma outra edição de alguns dias após a que Harry achou. – Veja isso!

Na seção reservada para o obituário, via-se uma nota dizendo “Será enterrado hoje Régulus Arcturius Black, filho amado e membro fiel da tradição dos Blacks...”. Harry olhou para Rony e Gina e exclamou:

- É isso! R.A.B. é Régulus Arcturius Black! Irmão de Sirius!

- Faz sentido! Se ele era realmente um Comensal da Morte, ele poderia saber sobre as Horcruxes, e poderia tê-la roubado – completou Rony.

- Só tem um problema! – disse Hermione. – Acho improvável que Voldemort tenha contado sobre as Horcruxes para Régulus. Como ele descobriu para quê serviria o medalhão?

- Talvez ele realmente não soubesse. Apenas sabia que era uma coisa preciosa para Voldemort, e por isso a roubou – sugeriu Gina.

- Não, ele sabia do que se tratava. O bilhete no medalhão falso dizia claramente que iria tentar destruí-lo para tornar Voldemort mais vulnerável, ou seja, mortal – disse Harry, com certeza.

- Também acho! – completou Hermione. – Mas estamos esquecendo uma opção.

- Qual opção, Mione? – perguntou Rony.

- Que talvez outra pessoa tenha roubado o medalhão e tenha deixado o bilhete apenas para incriminar outra pessoa, no caso Régulus. E que é bem provável que o motivo da morte dele não foi a troca do medalhão, porque a morte ocorreu anos antes de Harry descobrir que o medalhão era falso – completou Hermione.

- Como sempre, você está certa, Hermione! – disse Rony orgulhoso e abraçando a namorada. – Régulus foi morto por outro motivo.

- Bem, acho que não temos outra alternativa, senão falar com Dumbledore sobre isso, para ver o que ele acha – sugeriu Harry. – Então, prosseguiremos com a nossa busca.

Todos concordaram e resolveram voltar para os dormitórios para descansar. Sabiam que no dia seguinte teriam tempo para discutir com o ex-diretor sobre Régulus Black.

No dia seguinte Harry, Rony e Mione seguiram para a sala da Profª. McGonagall, enquanto Gina foi para a sua aula.

Ao chegarem na sala, foram recebidos por Dumbledore e lhe contaram tudo que haviam descoberto sobre R.A.B.. Dumbledore pensou por alguns momentos e se virou para Harry, dizendo:

- Existem algumas pessoas que poderiam nos dar mais algumas informações sobre Régulus, inclusive o motivo de sua morte.

- Quem, professor? – perguntou Hermione.

- Lucius Malfoy, Bellatrix Lastrange, Mundungo Fletcher e Severus Snape – disse, de maneira simples, o ex-Diretor.

- Mundungo, professor? Que relação ele tem com Régulus Black? - perguntou Harry.

- Ele era amigo de Régulus e pode saber alguma coisa sobre a sua morte – respondeu Dumbledore.

- Mas desses apenas Lucius e Mundungo estão presos em Azkaban. Acho que Mundungo pode nos ajudar, mas duvido que Lucius nos diga qualquer coisa. – disse Harry.

- Sei bem disso, e é por isso que vocês irão até Azkaban, para falar com Mundungo. Depois, Lupin e Moody irão com vocês para falar com Lucius – disse Dumbledore. – E não se preocupe Harry, eles apenas perguntarão sobre Régulus, pois não sabem nada sobre as Horcruxes.

- Ok! – respondeu Harry.

- Azkaban se tornou bem menos perturbadora, desde que os Dementadores a deixaram para se juntar a Voldemort – disse Dumbledore. – Acredito que não terão problemas para conversar com Mundungo, mas de qualquer forma irei conversar com o Ministro, e agendarei tudo.

- Tudo bem! – respondeu o grupo.

- Acho que não temos mais nada para acertar. Sugiro que descansem para a viagem, e reflitam sobre tudo que acertamos – disse Dumbledore. – E Harry, gostaria de conversar com você a sós por um momento.

Rony e Hermione trocaram olhares, viraram para o amigo e lhe disseram:

- Esperamos você lá fora!

- Tudo bem! – respondeu Harry.

O casal saiu e fechou a porta, deixando Harry a sós com a figura de Dumbledore.

- Harry, gostaria de lhe falar sobre o Natal – disse Dumbledore. – Acho que vocês deveriam passá-lo no Largo Grimmauld.

- Por quê, professor? – perguntou Harry.

- Porque mesmo sabendo que Régulus não tenha roubado o medalhão, ele pertencia à família Black e é bem provável que talvez esteja escondido na casa do Largo Grimmauld! – respondeu o ex-diretor.

Harry pareceu se entristecer com a lembrança do Largo Grimmauld sem a presença de Sirius lá.

- Sei que é duro pra você, mas será de extrema importância para a busca se pudermos vasculhar a casa bem, atrás de qualquer pista – disse Dumbledore. – Acredito que Sirius iria gostar se você voltasse para a sua casa, seja qual fosse o motivo.

- Tudo bem! Voltarei para o Largo Grimmauld no Natal e farei a busca na casa – respondeu Harry.

- Mas não se preocupe, Harry, você não passará o Natal sozinho. Está tudo acertado com os Weasleys, e eles irão passar o Natal com você lá – disse Dumbledore. – E devido a atual situação, acredito que a Srta. Granger deverá passar o Natal lá também, não acha? – Dumbledore agora sorria marotamente para Harry.

Harry riu e saiu para encontrar com os amigos, que lhe esperavam do lado de fora da sala, para contar sobre a ida de todos para o Largo Grimmauld para o Natal.

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