A vida continua



Capítulo 24: A vida continua


 


            Faz dois anos desde a derrota de Voldemort e, mesmo tendo me formado, eu continuo com a mesma mania de continuar escrevendo no meu diário, como faço desde os meus cinco anos, antes de saber que eu seria uma bruxa.


 


            Depois da morte de Voldemort, as coisas se acertaram finalmente. Kingsley é Ministro da Magia e os últimos comensais da morte foram capturados.


 


            Apesar da grande quantidade de mortes, o mundo bruxo estava a salvo, e a perspectiva de vivermos em paz é real. Todos estão esperançosos que isso dure.


 


            Minha carreira no trabalho vai bem, embora tenha que agüentar certos funcionários que ainda se acham melhores por não terem sangue trouxa. Eu tenho e me orgulho disso.


           


            Kingsley me elogia sempre que me encontra, e me diz que, da forma que trabalho, chegarei a Ministro da Magia rapidamente. Digo a ele que será improvável, pois temos o melhor Ministro da Magia que existiu nos últimos séculos, e que não seriamos loucos de demiti-lo.


 


            Sinto certa tristeza no olhar dele ao falar do atual cargo. Como outros grandes aurores, Kingsley não foi feito para trabalhar atrás de uma escrivaninha. Ele prefere a aventura ao status do cargo de ministro, mas não deixa isso afetar seu desempenho. O que disse sobre ele ser o melhor ministro da magia dos últimos séculos é a pura verdade.


 


            Estou feliz, pois encontrei Luna ontem, e parece que ela está superando o ocorrido naquele dia, há dois anos atrás.


 


            No fim, Neville foi o mais corajoso de todos nós, ao proteger Luna.


 


            Não sabíamos, mas ele a amava mais do que tudo, e como sempre não se achava merecedor dela.


 


            Foi no enterro dele que ficamos sabendo disso, quando sua avó entregou seu diário a Luna, para que ela soubesse como o neto a amava.


 


            Ela leu, e nos disse o que achava que precisávamos saber.


 


            Ela disse que Neville se sentia grato por nos ter como amigos, e que sabia que sentíamos amizade por ele, mesmo ele não sendo um grande bruxo, ou corajoso como os outros alunos da Grifinória.


 


            Ela disse que ele a amava desde o quinto ano, quando estiveram juntos na armada de Dumbledore, mas não se declarava por achar que ela não sentia a mesma coisa, e por medo que ao se declarar perdesse sua amizade também.


 


            De certa forma isso foi ao mesmo tempo torturante e benéfico à Luna.


 


            Foi torturante porque ela nunca soube o que ele sentia por ela, e embora nunca se sentisse apaixonada por ele, não saberia qual seria reação se ele lhe contasse, porque ela nunca pensara sobre seus sentimentos, por se achar complicada demais.


 


            Mas ao mesmo tempo foi benéfico também, por ela descobrir que alguém lhe amara mais que a própria vida.  Afinal, são poucas pessoas que recebem esse tipo de presente, ela nunca esperava que alguém fosse sentir aquilo por ela.


 


            Neville sempre fora muito tímido e inseguro, mas nunca deixou de mostrar que era um grande Grifinório. Matou Nagini, lutou com Bellatrix e se sacrificou por Luna. Ninguém mostrou mais coragem nessa guerra, talvez só o próprio Harry.


 


            Outro que parece que está reagindo é o Rony.


 


            Matar uma pessoa, mesmo sendo o próprio Voldemort, mexeu muito com a cabeça dele.


 


            Ele nunca pensou que poderia lançar uma maldição da morte, mesmo sobre o maior assassino de todos os tempos. Ele confessa que foi a visão de Harry morto que supriu todo o ódio que ele necessitou para realmente querer matar Voldemort.


 


            Ele diz que não quer sentir isso nunca mais na vida, e que prefere morrer a lançar outra vez aquele feitiço.


 


            Sei que ele fala da boca pra fora, pois esta quase se tornando um auror, e que nunca me deixaria sozinha. Com certeza nunca irá matar mais ninguém, mas também nunca se deixará abater.


 


            Quem diria que aquele menino medroso iria se tornar uma das pessoas mais corajosas que conheço?


 


            Nem sei como pude ficar longe dele tanto tempo, mesmo estando tão perto.


 


            Nosso namoro está mais firme do que nunca, embora as brigas não tenham acabado por causa disso. De certa forma eu gosto, pois me lembra da época da escola, e de tudo que sofremos para ficarmos juntos.


 


            Ele continua sendo aquele garoto ciumento e sem confiança que conheci, desde os tempos de Hogwarts, no que se trata de relacionamentos. Ele é incapaz de ser educado e seguro o bastante para notar que nunca existirá outro em minha vida.


 


            Ele é a minha fortaleza, minha proteção, meu cantinho de paz e carinho, tudo que sempre desejei em toda a minha vida.


 


            Ele ainda me faz corar sempre que me elogia, quando segura a minha mão ou me beija, ao mesmo tempo em que me dá confiança e intimidade para falarmos sobre tudo.


 


            Mas não se enganem, ele continua tendo a sensibilidade de uma colher de chá.


 


            E mesmo assim eu sou louca por ele.


 


            Alguns podem achar que não somos feitos um para o outro, mas é só porque não nos conhecem, principalmente a ele.


 


            Não existe ninguém mais leal, dedicado, carinhoso e de coração tão bom quanto o Rony. Ele é a prova viva de que podem existir pessoas boas, que te amam sem pedir nada em troca, ou esperar reconhecimento por isso. Amar é da natureza dele.


 


            Bem, vou me deitar, porque temos que ir ao cemitério amanhã, e não posso me atrasar. Rony vai passar aqui para irmos juntos, e sei que embora tenham se passado dois anos, vamos precisar muito um do outro.


 


<hr>


 


            - Acorde Rony! Você vai se atrasar! – Soou a voz da senhora Weasley da cozinha.


 


            Mal sabia ela que Rony já estava acordado, aliás, nem havia dormido.


 


            Fazia dois anos desde a morte de Voldemort, e a sensação de matá-lo era ao mesmo tempo boa e desesperadora.


 


            Todos achavam que ele já se recuperara, mas ele sabia que isso nunca iria passar. Aquele seria o fardo que levaria por toda a sua vida.


 


            Ser conhecido como aquele que matou “Você-Sabe-Quem” poderia parecer uma honra para muitos, mas ele a passaria para qualquer um que quisesse de bom grado. Matar não era honra pra ninguém, mesmo ele sendo a personificação de tudo que existe de ruim no mundo.


 


            Ir ao cemitério era um dos piores dias de sua vida, e por mais que tentasse o sentimento de dor e perda nunca iriam cessar.


 


            Ele só queria ter feito mais pelos amigos. Tê-los protegido melhor. Porém, como diziam no curso de aurores, na guerra essas coisas acontecem.


 


            Fácil falar para aqueles instrutores. Garantia que nenhum deles perdeu alguém que amava naquela guerra. Duvidava até que amem alguém. Todos eles deviam ter nascidos de chocadeira, pensava Rony.


 


            A única coisa que amenizava seus problemas era Hermione. A menor possibilidade de encontrá-la tornava seu dia simplesmente perfeito.


 


            Não sabia como tinha agüentado ficar tanto tempo longe dela, mesmo estando tão perto. “Será que ela pensa assim também?” pensou Rony.


 


            Só odiava o fato de eles estarem em carreiras diferentes, e por ela conseguir um estágio tão rápido, o que impossibilitava de se verem todos os dias.


 


            Ele sentia que seu futuro sogro não ia muito com a sua cara, mas ele que se conformasse. Hermione iria ser sua esposa, dentro de pouco tempo, ele esperava.


 


            - Ronald Weasley!!! – gritou a Sra. Weasley novamente da cozinha.


 


            - Já estou descendo, mãe! – gritou ele em resposta.


 


            Rony calçou seu sapato, e tirou o paletó da cadeira em que o mesmo estava pendurado.


 


            Quem o olhasse não o reconheceria dos tempos da escola. Estava vestido em um terno preto bem cortado, com sapatos lustrosos e o cabelo bem penteado. Ele parecia muito mais um executivo do que um bruxo.


 


            Hermione gostava daquilo, e ele gostava porque ela gostava. Fazia ele se sentir um homem feito, que merecia a bruxa mais inteligente de todos os tempos, mesmo que ele não precisasse fazer nada para agradá-la, apenas ser ele mesmo.


 


            Rony chegou à cozinha, e encontrou os outros Weasleys sentados, todos prontos para irem ao cemitério, tomando seu café da manhã.


 


            Ele correu os olhos e perguntou a mãe.


 


            - Cadê a Gina?


 


            - Não dormiu em casa – respondeu simplesmente a Sra. Weasley.


 


            - Como assim não dormiu em casa? – disse Rony, com seu rosto tornando-se tão vermelho como seus cabelos. – Vai deixá-la dormir na casa dele todo dia agora?


 


            - Sr. Ronald Weasley, faça-me o favor! – O tom da Sra. Weasley era ameaçador. – Você sabe muito bem que confio em sua irmã. Ela tem a cabeça no lugar.


 


            - Eu não sei se posso confiar nele – respondeu Rony.


 


            - Você o conhece – ela retrucou.


 


            - Sim, mas homens são homens – completou Rony.


 


            - Agora faça o favor de calar a boca – disse a mãe, acabando com a conversa. – Você sabe como essa data é dura pra ele, afinal ver as pessoas se sacrificando por ele não foi fácil. Gina é a única que consegue fazer ele se sentir um pouco melhor. Ele foi o seu melhor amigo desde os onze anos, agora deixe sua irmã em paz e acabe o seu café.


 


            - Mas mãe... – gaguejou Rony.


 


            - Já disse para calar a boca. Gina irá dormir na casa do Harry quantas vezes ele precisar. Tenho plena confiança nos dois, e sei que são cuidadosos, então cale essa boca e acabe de tomar seu café. Não quero chegar atrasada ao cemitério.


 


            Rony enfiou seus ovos na boca, e se resignou. Teria que se conformar. Gina não era mais uma criança, e se ela teria que ficar com alguém, melhor que fosse com Harry.


 


<hr>


 


            Ele abriu os olhos e viu o rosto de Gina, que dormia ao seu lado. Mas uma vez ela tinha vindo salvá-lo da loucura que o perseguia naquele dia.


 


            A culpa pela morte de Neville o perseguia já fazia dois anos, e só a presença de Gina o confortava.


 


            Ela vinha e eles ficavam namorando, conversavam e acabavam dormindo juntos, de mãos dadas apenas, porque Harry respeitava a confiança que a Sra. Weasley tinha nele, e principalmente sabia que eles teriam tempo, uma vida toda juntos.


 


            Ao contrário de Neville.


 


            Ele sempre achou que a culpa da morte de Neville era dele, afinal fora ele que pedira ao amigo para matar Nagini, e talvez com isso instigado uma coragem desmedida no amigo, que acabou resultando em sua morte.


 


            Harry sabia da coragem de Neville, mas se martirizava, por achar que talvez tivesse influenciado o amigo de alguma maneira.


 


            Com tristeza, se lembrou daquele dia, e de como Neville tinha morrido. Ele achava que faria o mesmo caso a pessoa a ser morta por Voldemort fosse Gina, mas nem isso o confortava.


 


            Se ele tivesse se sacrificado antes, Neville não precisaria ter morrido. Ele se culpava por não ter entendido a profecia antes, e que os dois precisariam “morrer” para que o mundo bruxo finalmente tivesse paz.


 


            Flashback:


 


            Harry abriu os olhos e se viu em um lugar que não conhecia.


 


            Ele só se lembrava de ter abaixado a varinha, e de Voldemort lançando o Avada Kedrava sobre ele.


 


            De repente, ele estava em um salão enorme, cercado por cadeiras vazias.


 


            Harry forçou a vista e percebeu uma figura largada no chão, do outro lado do salão. A única coisa que demonstrava que aquela figura estava viva era o movimento de sua respiração.


 


            Ele tentou se aproximar, mas uma voz conhecida ecoou pelo salão.


 


            - Deixe-o, Harry.


 


            Harry virou-se, e pode ver Dumbledore se aproximando, seguido por seus pais, Sirius, Neville, e todos que haviam morrido.


 


            Ele tentou correr ao encontro deles, mas foi impedido por uma parede transparente, que parecia circundar ele e aquela figura disforme no chão do salão.


 


            - O que está acontecendo? – perguntou ele. – Onde eu estou?


 


            - Onde você está não é importante, filho. – respondeu Tiago Potter. – Mas sim o que você vai decidir agora.


 


            - Como assim?


 


            - Aquilo estirado no canto da sala é o que restou de Voldemort. Ele estará morto assim que você decidir o que será de sua vida Harry, pois o destino dele já está traçado. – Quem falava agora era Sirius, mantendo o semblante sério.


 


            - Não estou entendendo – continuou Harry.


 


            - Filho – disse Lílian com um tom suave, enquanto tomava a frente do grupo. – A parte de Voldemort que estava viva em você, como um parasita, desde que ele tentou matá-lo, vai se extinguir assim que você decidir se prefere voltar para seus amigos ou permanecer aqui, conosco. Se preferir voltar poderá reencontrá-los, e viver o resto de sua vida, ou pode ficar aqui, com a gente.


 


            - Eu tenho essa opção?


 


            - Sim. – respondeu Dumbledore. – Mas como todas as coisas que decidimos existem as conseqüências.


 


            - E quais elas seriam?


 


            - Se decidir voltar não se lembrará do que aconteceu aqui, e continuará sentindo a falta de seus entes queridos, bem como sentirá a culpa pela morte de muitos que estão aqui, embora nenhum de nós pense dessa maneira. Se decidir ficar o remorso, a culpa e a dor se extinguirão, porém a mesma dor que sentiu quando você perdeu quem amava será a das pessoas que te amam, e que permaneceram do outro lado – terminou de dizer o antigo diretor, mantendo-se passivo ao final.


 


            Harry pensou em Rony e Hermione, e na dor que seus amigos iriam sentir com a sua morte. Claro que teriam um ao outro, e a dor com certeza seria amenizada pelo amor que sentiam. O problema era outro. Gina.


            Ele sabia que Gina era forte, que iria continuar vivendo sua vida, tentaria ser feliz, mas ao mesmo tempo sabia que ela nunca iria esquecê-lo. Ele sabia disso, pois ela significava a mesma coisa para ele.


 


            Harry encarou seus pais, e disse serenamente:


 


            - Tudo que eu sempre quis foi ficar com vocês. Tive tão pouco tempo para estar com vocês que nem sabia o que era ser amado pelos seus pais, mas não posso deixar Gina. Minha história com ela está apenas começando, e não sei se conseguiria ficar em paz aqui sem ela.


 


            - Está certo disso, Harry? – perguntou a imagem de Dumbledore.


 


            - Sim – respondeu simplesmente o garoto.


 


            - Não esperava outra atitude sua – Dumbledore sorria, junto com as pessoas que o acompanhavam. – Seja feliz, você merece.


 


            Harry olhou com tristeza para Neville, e quase não teve forças para falar com o amigo, então a frase saiu quase como um sussurro.


 


            - Desculpe.


 


            - Não tem do que se desculpar, Harry. Fiz o que fiz porque era necessário, e pela pessoa que amava. Sabia que se não o fizesse nunca teria paz.


 


            Harry sorriu tristemente para o amigo e, olhando para Dumbledore, fez um breve aceno com a cabeça, dando a entender que estava pronto.


 


            - É só fechar os olhos, Harry, e logo estará em casa novamente.


 


            - Nós te amamos, filho – disse a figura de Lílian, enquanto sorria cercada por Tiago e Sirius.


 


            - Também amo vocês – respondeu Harry, fechando os olhos, para retornar aos amigos.


 


            Fim do flashback.


 


            Aquela lembrança sempre retornava para ele, mas a coisa que Harry mais gostaria de saber é porque ele não havia morrido, mais uma vez. Ele fora atacado pela maldição da morte pela segunda vez na vida, e mesmo assim estava lá.


 


             - Acordado há muito tempo? – A voz suave de Gina tirou Harry do transe em que ficava toda vez que aquele dia vinha a sua mente.


 


            - Já faz algum tempo. Não queria te acordar.


 


            - Pois devia. Estou aqui justamente para ficar com você, e não deixar que pense, ou faça, alguma besteira – Gina sorriu para o namorado, enquanto aproximava-se para lhe abraçar, encostando seu rosto em seu peito.


 


            - Quando vai vir pra cá de vez? – perguntou Harry, mesmo já sabendo a resposta.


 


            - Logo. Sabe que preciso preparar mamãe pra isso. E espero que você esteja bem nesse período. Nosso casamento vai ser uma notícia no mundo bruxo, e espero que agüente a pressão sobre isso.


 


            - Eu sei.


 


            - E não adianta vir com aquela história de fazermos uma festa mais íntima, só para os amigos e para a família. Sabe que mamãe não aceitaria de nenhuma forma – apressou-se em dizer, rindo, ao ver que o namorado iria voltar novamente a aquela idéia.


 


            - Ok, ok. Sei que sua mãe não aceitaria – Harry riu da situação, pois ele realmente sabia que a sua futura sogra nunca iria aprovar aquilo. Afinal, Gina era sua única filha.


 


            - Melhor levantarmos, não? Já esta ficando tarde, e não podemos chegar tarde ao cemitério.


 


            - Você tem razão, já está na hora.


 


            Gina levantou-se, puxando o namorado para se arrumarem.


 


<hr>


 


            Era uma manhã fria, e já passavam das dez da manhã quando finalmente Harry e Gina chegaram ao cemitério.


 


            Rony, Hermione, Luna e os demais membros da armada de Dumbledore já os aguardavam.


 


            Eles haviam combinado de se encontrarem todo ano, dez dias após a data de aniversário da morte do colega, a fim de evitar tumultos. O cemitério já era muito freqüentado no dia da morte de Neville, para que a presença deles causasse mais transtornos à família do colega.


 


            Apesar do atraso, ninguém reclamou ou se dirigiu a Harry e Gina. Não havia nada para falar. Todos sabiam que só estavam vivos graças à coragem de pessoas como Neville, que sacrificou a própria vida pelos amigos.


 


            Eles caminharam até o jazigo onde ele se encontrava sepultado, e aos poucos foram se pondo em volta dele.


 


            Harry e Gina ficaram ao lado de Rony e Hermione, que estavam abraçados. Os demais completaram o grupo.


 


            Eles haviam combinado que aquela seria uma reunião dos amigos que lutaram juntos de Neville na batalha contra Voldemort, e que mais ninguém deveria saber.


 


            Como em todo ano, cada um fez sua homenagem de forma silenciosa, pois não eram necessárias palavras para expressar o que sentiam.


 


            Por fim, Luna depositou uma flor vermelha e amarela, as cores da casa de Grifinória, que havia sido criada pela professora Sprout, especialmente para Neville.


            Harry segurou firme na mão de Gina, enquanto lágrimas rolavam de seus olhos.


 


            Todos choravam em silêncio. Não havia a necessidade de se manterem firmes, estavam todos na mesma situação, compartilhando o mesmo sofrimento.


 


            Luna veio até Harry, e beijou-lhe no rosto, sorrindo fracamente. Fez o mesmo com Gina e com cada uma das pessoas que ali estavam.


 


            Cada um dos amigos fez o mesmo, despedindo-se e ao mesmo tempo celebrando a amizade que havia entre eles, e pela qual foi possível a derrota de Voldemort.


 


            Após todos terem saído do jazigo, deixando apenas Harry, Rony, Hermione e Gina, o ruivo aproximou-se do amigo, dando-lhe um abraço apertado e dizendo em seguida:


 


            - Vai ficar bem?


 


            - Vou. Gina vai ficar comigo. Por favor, diga a sua mãe que ela vai dormir em casa novamente, mas que estará de volta amanhã, pela manhã.


 


            - Tudo bem. Não quer ir lá pra casa? Hermione vai pra lá, e mamãe e papai adorariam vê-lo.


 


            - Prometo ir amanhã, com a Gina. Ok?


 


            - Tudo bem.


 


            Hermione aproximou-se dos dois, beijou Harry e despediu-se de Gina. Acompanhou Rony para fora do cemitério.


 


            - Vamos? – perguntou Gina ao namorado.


 


            - Me dá um segundo? Queria pensar um pouco sozinho.


 


            - Te espero lá fora, ok?


 


            - Sim. Obrigado.


 


            Gina beijou Harry e foi em direção a saída do cemitério.


 


            Harry ajoelhou-se em frente ao jazigo de Neville, e como fazia todo ano começou sua pequena conversa com o amigo.


 


            - Mais um ano, Neville. Consegui agüentar mais um ano. Graças a você e a sua coragem. Você sabe que se eu pudesse teria trocado de lugar com você. Estar vivo é uma coisa que devo a pessoas como você, que deram a vida nessa guerra. Queria que pudesse estar vivendo o que eu estou vivendo com a Gina. Você, mais do que ninguém, merecia. O que me deixa um pouco mais conformado é que com certeza você está em um lugar melhor, cercado pelas pessoas que ama, e que já se foram. Você, meu amigo, foi o maior símbolo do que significa ser um Grifinório. Coragem, lealdade e amizade eram coisas que tinham outra proporção em você. Me esforçarei ao máximo para que saibam tudo o que você fez pelo mundo bruxo, e como sua participação mudou o rumo da guerra. Descanse em paz. Ano que vem estarei aqui de novo, e prometo voltar aqui todos os anos do resto de minha vida. Obrigado.


 


            Harry levantou-se, enxugou as lágrimas que correram pelo seu rosto durante toda a conversa íntima que teve com Neville, e dirigiu-se até a porta do cemitério para encontrar Gina, a mulher da sua vida, e que dava sentido a tudo pelo o que tinha passado.

Nota do autor: Estou escrevendo o último capitulo da fic. Agradeço a cada um de vocês pela paciência e pelo apoio. Escrevei um agradecimento melhor no final.

Valeu gente!!!

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