Na fortaleza de Você-sabe-quem



Capítulo 22: Na fortaleza de Você-sabe-quem



            Harry teve uma noite nada agradável, acordando às cinco horas da manhã, suando, devido a um pesadelo. Ele enfrentava Voldemort e, mesmo vencendo, a batalha custava a vida de Gina, Rony e Hermione. 


            - Você está bem? – disse uma voz que vinha de uma das camas próximas.



            - Tudo bem – respondeu Harry, olhando para a figura de Neville, sentado em sua cama, observando o que parecia ser uma foto em suas mãos. – Não conseguiu dormir? 


            - Não muito – respondeu Neville. – Muito em que pensar, não consegui relaxar.



            - Sabe que não tem obrigação de nos acompanhar, não é? – perguntou Harry ao amigo. 


            - Por que todos acham que tenho alguma dúvida se vou ou não enfrentar Voldemort? – respondeu Neville, parecendo irritado – Saiba que nunca tive dúvidas com relação a isso. A minha preocupação é se não vou acabar atrapalhando tudo, colocando em risco a missão.



            Harry ficou envergonhado de pensar que Neville não teria coragem para encarar essa batalha. Várias vezes o amigo provara o quanto estava totalmente empenhado em enfrentar os perigos que existissem para derrotar Voldemort. 


            - Desculpe – foi a única coisa que Harry pode pensar para dizer.



            - Tudo bem – respondeu Neville, abaixando a cabeça, encarando o assoalho. – Todos pensam o mesmo. 


            - É claro que não – disse Harry. – Todos sabem do que você é capaz. Você foi um dos poucos membros da AD que esteve no Ministério, enfrentando os comensais, e que respondeu ao chamado de Hermione no ano passado, quando o castelo foi invadido. Você é uma das pessoas mais corajosas que conheço.
            - Obrigado – respondeu Neville. – A única coisa que me importa é que o esforço dos meus pais não tenha sido em vão. E que um dia eles tenham orgulho de mim. 


            - Eles já têm, Neville – Harry encarou o amigo, tentando lhe passar confiança. – Agora é melhor nos arrumarmos, já que não conseguiremos dormir de novo.



            Harry e Neville levantaram-se, e começaram a se trocar para aquela que seria a batalha definitiva contra Voldemort. Olhando para Neville, Harry pôde notar toda a determinação no rosto do amigo, e que ele faria tudo que fosse necessário para garantir a derrota daquele que fora o maior bruxo das trevas da história, talvez maior até que Grindewald. 


            - Neville, posso lhe pedir um favor? – Harry, não sabendo por que, resolvera de última hora que era o amigo a pessoa ideal para realizar uma das coisas mais perigosas que eles teriam que fazer naquele dia.



            - Claro, Harry – respondeu o garoto. – Tudo que eu puder fazer pra ajudar. 


            - Temos que matar a cobra que Voldemort possui, ela se chama Nagini. Você já a viu?



            - Não que me lembre, mas sei do que você está falando. 


            - Para derrotarmos Voldemort temos que matar primeiro Nagini. Só eu, Rony, Hermione e Gina sabemos disso. Todos nós tentaremos, mas se por acaso falharmos, você poderia tentar acabar com ela?



            - Eu? – Neville quase engasgara para pronunciar aquela palavra. – Será que eu seria capaz, Harry? Acho que existem bruxos mais preparados para isso. 


            - Mas não com a mesma determinação e coragem que você. Tenho certeza que você é capaz, tenho plena confiança em você.



            Neville, sem hesitar ergueu a mão para Harry, que retribuiu o gesto, apertando a mão do amigo. 


            - Se depender de mim considere feito. E obrigado por confiar em mim – respondeu Neville.



            Harry e Neville desceram as escadas e aguardaram a chegada dos outros estudantes da Grifinória que iriam para a batalha. 


            Algum tempo depois os alunos começaram a descer, com a intenção de se preparar para ir tomar café, antes do inicio das aulas.



            - Vocês deveriam ter nos chamado! – disse Hermione, se aproximando de Harry e Neville, com Gina. 


            - Acordamos cedo demais – respondeu Harry, se aproximando de Gina para abraçá-la.



            - E Rony? Onde está? – perguntou Hermione. 


            - Deve estar acordando. Sabe como é difícil alguma coisa atrapalhar o sono do Rony – Harry conseguiu sorrir pela primeira vez, depois da conversa que teve com Snape sobre a invasão da fortaleza.



            Como Harry previra, Rony desceu as escadas correndo, assustado, achando que tinham esquecido dele, e esbravejando com o amigo por não tê-lo acordado antes. 


            O café foi silencioso. Harry segurava a mão de Gina, e olhava Rony e Hermione, que pareciam querer aproveitar cada segundo que tinham. Neville parecia centrado, com um olhar seguro que os amigos nunca haviam visto em seu rosto. Praticamente todos apenas mexeram a comida nos pratos e levantaram-se em direção à entrada do castelo.



            O grupo que se formou na entrada do castelo logo após o café da manhã era bem peculiar. Membros da AD, da Ordem da Fênix, Aurores do Ministério e alguns professores de Hogwarts aguardavam a chegada de Snape, que os guiaria até a fortaleza de Voldemort. 


            As feições do grupo eram bem diferentes. Elas iam da determinação dos membros da Ordem, a insegurança de alguns alunos, do temor que alguns aurores pressentiam, ao semblante sempre despreocupado e divertido dos gêmeos Weasley.


 


            O silêncio tornava a respiração das pessoas mais audíveis, criando um ambiente tenso. A grande maioria dos presentes tinha a respiração pesada, típica de pessoas nervosas, e Harry e seus amigos não estavam diferentes.



            O barulho dos portões da propriedade se abrindo chamaram a atenção de todos. Caminhando lentamente, vinha Severus Snape coberto por uma capa de viagem negra, que o tornava mais próximo da visão do corvo negro que os alunos faziam dele. 


            - Vejo que há mais pessoas dispostas a morrer por você do que imaginei, Sr. Potter – a voz do antigo professor de poções tinha um tom de desdém, e ele encarava Harry com um sorriso irônico.



            - Por mim, não – respondeu Harry. – Mas pela liberdade do mundo bruxo. Por suas famílias. 


            Severus não mudou a expressão de seu rosto por causa da resposta de Harry, e caminhou em direção a Kingsley.



            - A entrada da fortaleza de você-sabe-quem fica próxima à costa, nos arredores de Londres. Sua única entrada fica de frente para o mar. O melhor é aparatarmos na floresta de luxor, que fica próxima a entrada. De lá organizaremos o ataque à entrada do castelo. 


            Kingsley apenas concordou com a cabeça.



            - Agora peço que todos prestem muita atenção – continuou Snape, mas em voz alta, se dirigindo a todas as pessoas que estavam presentes. – Temos que entrar na fortaleza para localizar você-sabe-quem. Os membros da Ordem e os aurores do Ministério serão nossa linha de frente, forçando quem esteja protegendo a entrada a se afastar, para que possamos entrar e localizá-lo. Então nada de demonstrações de coragem sem sentido. Nem colocar em risco a missão por algum ato idiota – Snape terminou a frase olhando para Neville, que pela primeira vez não desviou seu olhar. 


            Por um segundo aquilo intrigou Snape, mas logo em seguida retomou seu ar arrogante, para continuar a se dirigir a todos.



            - Iremos aparatar em grupos, guiados pelos aurores e pelos membros da Ordem da Fênix, portanto mantenham o máximo de silêncio ao chegarem, para que possamos estar todos juntos na hora do ataque. Teremos que sair das dependências da escola para que possamos aparatar. 


            Snape fez um sinal a Kingsley, que começou a orientar as pessoas a seguirem os aurores e os membros da Ordem indicados para a aparatação em grupo.



            - Vocês quatro, esperem! – disse Snape com autoridade a Harry, Rony, Hermione e Gina, quando eles começaram a acompanhar os outros. – Precisamos combinar algo. 


            Harry parou, e encarou Snape, disposto a mostrar ao antigo professor que não gostava do seu tom de voz.



            - Quem te colocou como líder dessa operação? – perguntou ele. 


            - Ninguém. Apenas sou a pessoa mais informada no momento. E como estou colocando minha segurança em risco quero garantir que nada saia errado devido à inconseqüência de algumas pessoas.



            - Calma, Harry – disse Hermione, querendo acalmar o amigo. – Ele está certo. O melhor é que sigamos suas instruções. 


            - Finalmente alguém com algo na cabeça – Snape mantinha um sorriso irônico, que deixava Harry quase fora de controle. – Vocês irão aparatar comigo, depois que todos estejam lá. Não entraremos na luta diretamente, apenas quando a entrada estiver livre.



            - Mas temos que ajudar! – disse Rony. 


            - Não creio que a ajuda de vocês seja essencial nessa fase. Além disso, nosso ataque só será bem sucedido se encontrarmos o lorde das trevas, para que o senhor Potter possa derrotá-lo.



            - Acredita que Harry possa derrotá-lo então? – disse Gina, querendo desafiar Snape. 


            - Minha opinião não interessa. Dumbledore acredita, e aprendi que a única opinião que importa é a dele. Mas se quiser mesmo saber senhorita Weasley, acho que Dumbledore está errado.



            Harry teve que se controlar para não partir para cima de Snape. 


            - Como estava dizendo antes de vocês me interromperem, iremos aparatar logo após todo já estejam lá, e só entraremos quando o caminho estiver livre. De lá usarei a ligação que a senhorita Weasley possui com o Lorde das trevas para encontrá-lo. Levarei vocês até ele, e em seguida a senhorita Granger trará a senhorita Weasley para casa, em segurança.



            - Mas por que eu?  - perguntou Hermione, inconformada. – Eu quero ajudar! 


            - Porque a senhora é uma das poucas pessoas que pode trazer a senhorita Weasley em segurança para fora da fortaleza. Além disso, evitará que o senhor Weasley fique mais preocupado em protegê-la do que ajudar na batalha.



            - Mas... – tentou argumentar Hermione. 


            - Já discuti todo o plano com Dumbledore, então não questione as coisas. A senhorita irá voltar com a senhorita Weasley, e ficará com ela até que a batalha termine.



            - Hey! Não fale com ela assim! – disse Rony, numa demonstração clara que não estava gostando do que Snape dizia. 


            Snape limitou-se a olhar para Hermione com desdém, e ela aceitou. Se Dumbledore concordava com aquilo, o melhor era seguir as ordens.



            Eles se dirigiram em silêncio ao local onde os grupos estavam aparatando, e aguardaram até que todos tivessem ido. 


            Snape ergueu os braços. Harry e Rony agarraram os braços do antigo professor de poções, enquanto Hermione agarrava o braço de Rony, e Gina o de Harry.



            O quarteto sentiu seus corpos sendo puxados em direção a Snape enquanto rodavam, e a sensação de estarem sendo sugados por um tubo passou por todos, até chegarem ao que parecia ser uma floresta fechada, de onde se podia ver a praia e a entrada de uma caverna. 


            Kingsley se aproximou de Snape e ambos sussurraram algumas palavras um para o outro. Kingsley assentiu, e dirigiu-se até um grupo que o aguardava.



            De onde estavam, puderam ver Kingsley liderar um grupo que se aproximava da caverna pelo lado esquerdo, enquanto outro grupo, liderado por Lupin, se aproximava pelo outro lado. 


            A entrada da caverna parecia desprotegida, o que intrigava Harry, mas quando os grupos de Kingsley e Lupin estavam a poucos metros de entrar na caverna, jorros verdes saíram de dentro dela, atingindo alguns membros dos grupos, que caíram mortos pela maldição da morte.



            - Protejam-se! – gritou Kingsley, enquanto respondia ao ataque dos comensais da morte, que finalmente se mostraram, saindo do que pareciam ser postos de guardas cuidadosamente camuflados nas paredes da entrada. 


            Embora os comensais tivessem conseguido surpreendê-los, a vantagem numérica do grupo fez com que recuassem.



            - Vamos! – disse Snape, puxando Gina e Harry assim que todos os outros já haviam entrado na caverna. 


            Rony e Hermione seguiram os três de perto. Quando conseguiram entrar, ficaram quase petrificados pela cena que ocorria. Os comensais haviam recuado até o que parecia ser um portal, de onde, protegidos, continuavam atirando feitiços nos bruxos que tentavam entrar.



            - Snape! – gritou Dolohov, que reconheceu o antigo aliado, enquanto ele puxava Harry, Gina, Hermione e Rony para detrás de uma grande pedra. 


            - Agora, senhorita Weasley, deixe sua mente aberta para que eu possa encontrar o Lorde das trevas.



            Gina assentiu, enquanto Snape apontava sua varinha para ela. 


            - Legilimens! – pronunciou Snape.



            Gina ficou com os olhos sem foco, e Snape mantinha a varinha na direção dela, enquanto um fio de prata a ligava a cabeça da garota. 


            A cena não se alterou por alguns segundos, mesmo com o ataque dos comensais. Kingsley e Lupin, que antes haviam liderado a invasão ao castelo agora flanqueavam a posição de Snape.



            Snape finalmente libertou Gina de seu feitiço, fazendo com que ela caísse no chão, sendo amparada por Harry. 


            - Pronto! – disse Snape. – Já sabemos onde ele está. Senhorita Granger, leve a senhorita Weasley de volta a Hogwarts, e mantenha-se ao seu lado. A segurança dela agora é sua responsabilidade.



            Hermione concordou, mesmo com lágrimas nos olhos. Olhou para Rony, sussurrando um “tenho cuidado e volte pra mim”, e arrastou a amiga para fora, para poder aparatar. 


            - Kingsley! Lupin! Vamos! – disse Snape, deixando Harry surpreso.



            - E eu? – perguntou ele. 


            - Eu volto para buscar você e o senhor Weasley. Não se preocupe. E não tenha tanta ansiedade em enfrentá-lo, Potter.



            Lupin, Kingsley, o Senhor Weasley e Tonks seguraram nos braços de Snape, que aparatou em seguida. 


            Moody, Jorge, Fred e Gui lideravam agora, junto com os aurores do ministério, o grupo que mantinha os comensais ocupados.



            Tão rápido quanto desapareceu, Snape reapareceu na frente de Harry e Rony. 


            - Vamos! – disse ele. – Não temos muito tempo.



            Foi quando a figura de Neville e Luna os alcançaram, e o olhar de Neville disse tudo a Harry. Os dois iam com ele. 


            - Não – disse Snape. – Ele só vai atrapalhar. – E olhou com ódio para Neville.



            - Ele vai – respondeu Harry. 


            Snape apenas fechou a cara. Sabia que não havia tempo para discussões. Os quatro seguraram nos braços do antigo professor, e foram sugados pelo redemoinho que era criado quando se aparatava.



            Harry se viu em um pequeno cômodo, iluminado por archotes, que parecia ser uma ante-sala de algum cômodo maior. Viu Lupin e Kingsley, que flanqueavam o que parecia ser a única porta que dava acesso aquele lugar.



            - O Lorde das trevas esta na sala principal da fortaleza – sussurrou Snape para Harry. – Assim que entrarmos enfrentaremos os comensais que fazem sua segurança pessoal, e qualquer outra coisa que esteja lá dentro. 


            - Uma coisa! – disse Harry, chamando a atenção de todos. – Temos que eliminar Nagini antes de atacar Voldemort. Se ela permanecer viva, nada poderá ser feito para acabarmos com ele.



            O grupo assentiu, e com um feitiço, Kingsley arrombou a porta, permitindo a entrada daqueles que estavam ali para finalmente tentar acabar com Voldemort.


NOTA DO AUTOR: Gostaria de agradecer a Nikari, minha amiga e eterna beta pela betagem, só você para me aguentar mesmo, rsrsrsrs. A todos os leitores (novos e antigos) pela paciência e pelos comentários. Prometo terminar a fic em breve, agora faltam poucos capitulos. Boa leitura, espero que gostem.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.