Epílogo



Capítulo 8 – Bem vindo de volta!


Harry acordou, sentindo a visão arder. Piscou os olhos várias vezes que a vista se acostumasse. Olhou para os lados. Respirou alivado. Estava num hospital e não mais um ano adiantado.

“Ainda bem. Já ia imaginar Lucy entrando no quarto e a Ginny vindo atrás para repreender a garota por acordar o pai. Ginny grávida de... ah, por Deus, Harry, não viaja! Pense no futuro, ou melhor, nesse presente, que está cada vez mais concreto!”

Tentou se mexer, mas não conseguiu. Sentiu os braços dormentes. Mexeu os dedos para que a dormência passasse. Olhou para frente e viu sua perna engessada e presa por um gancho, sistentado por um cano de ferro. Suspirou resignado.

“Ótimo! Outro acidente de carro e quebro a mesma perna. Acho que vou trocá-la por uma perna mecânica”.

A porta abriu-se e a enfermeira entrou. Trazia na mão uma bandeja contendo, pelo que Harry percebeu, soro.

Ele conhecia aquela enfermeira muito bem. Mas algo estava errado, precisamente no ventre da moça.

- Que bom que acordou, senhor Potter. – Ginny aproximou-se e depositou a bandeja na mesinha ao lado da cama. – Como está se sentindo?

Harry não estava entendendo nada. Por que aquela formalidade, de chamá-lo de “senhor Potter”? E por que o ventre dela estava...

“Oh, não, será que...” Harry estancou antes de deixar que o desespero tomasse conta de si. Ginny estava muito calma para quem tinha... “Espere, será quê...” Uma hipótese surgiu na mente de Harry. Ele sabia que era impossível. Hermione lhe dissera que aquilo não iria funcionar. Mas então...

- Minha perna está dormente. – falou, apontando para a perna engessada.

- Isso é normal depois de uma cirurgia. – disse Ginny enquanto trocava a bula de soro por uma nova. Tirou a agulha que estava na aveia de Harry, trocou por outra e espetou novamente. Harry sentiu como se fosse uma picada de mosquito.

- Estou meio perdido no tempo... que dia é hoje? – Harry esperou, com o coração aos pulos, que Ginny constatasse ou não o que ele estava pensando. Ele não poderia dar um passo falso. Ginny não parecia conhecê-lo. E aquilo tinha explicação. A única.

- Dezoito de outubro de 2005. O senhor chegou aqui há dois dias. Deslocou o osso, mas já o recolocamos no lugar. Dormiu muito porque a anestesia era muito forte. – terminou de ajustar o soro e encarou Harry. – Parabéns, senhor Potter. O senhor é um sobrevivente.

Harry não ouvira mais nada desde que ouvira a data ou melhor, o ano. O ano! Agora, tudo se encaixava... Não conteve o sorriso.

“Eu voltei. Voltei ao ponto de partida. Agora, viverei a vida do jeito certo.”

Ele sabia que nada daquilo que vivera era um sonho, de tão real que era. Ele foi enviado para lá apenas para mostrar que como sua vida seria, graças a sua determinação.

Ele percebera que seria estranho ter Ginny como uma enfermeira e não sua companheira, grávida de uma filha dele. Mas, no fundo, sabia que Ginny estava no destino dele. Lembrou-se das palavras da mãe: “Você encontrou o amor nos braços de Ginny, Harry.” Era verdade, ele encontraria. E ele encontraria felicidade com a moça de jaleco branco. Ele viveria, com muito gosto, aquela nova vida, que lhe fora reservada.

Pensou em Neville e na surpresa dele quando o visse não mais apaixonado pela Hermione. E ele não mentiria. Diria que viu um anjo no Hospital e se apaixonara completamente. O que era verdade. Harry Potter lutaria por Ginny Weasley. Embora seria do jeito diferente que a mãe contara. Só não podia dar um passo falso.

Estava tão absorto em pensamentos que em percebeu o olhar de reprovação que Ginny lhe lançara.

- O que foi?

- O senhor foi muito imprudente, senhor Potter. Como enfermeira, posso falar. O senhor sabia que álcool e direção não combinam? – colocou as mãos na cintura e Harry baixou a cabeça, envergonhado. – O senhor poderia ter sofrido coisa pior!

- Eu... estava nervoso, preocupado com um novo projeto do meu trabalho. Nem pensei nisso... – falou a primeira coisa que veio na cabeça. Dizer que encheu a cara para esquecer a mágoa ao ver a melhor amiga (e amada) com outro era incoerente. Agora mais do que nunca.

Ginny ajudou Harry a se sentar e arrumou os travesseiros.

- Espero que isso sirva de lição. Sorte que terá apenas uma cicatriz. – “Debaixo do joelho, nove pontos”. – Está melhor assim?

- Sim, obrigado... – fingiu olhar o crachá dela –... enfermeira Weasley. – Concluiu que seria muita intimidade chamá-la de Ginny logo de cara.

- Pode me chamar apenas de Ginny. Aliás... – pegou a bandeja – a sua amiga, Hermione, que é, coincidentemente, minha cunhada, acompanhou sua operação e sua mãe não saiu nem um minuto do seu lado. Hermione e namorado dela, que alías é meu irmão, a convenceram de ir para casa descansar um pouco.

Harry ficou feliz pela gratidão da amiga.

- Hermione é uma pessoa maravilhosa... Vocês são cunhadas, então? – fingiu surpresa. - Nossa, isso que é coincidência.

- Muita coincidência. Aliás, foi o Rony que me mandou cuidar de você, pois você era amigo deles.

- Obrigado. – Harry sorriu agradecido e pegou a mão livre dela. Percebeu que Ginny ficara um pouco sem-graça e afastou a mão.

- Fico feliz que esteja bem, senhor Potter. O doutor, Paul Morgan, virá visitá-lo mais tarde e Hermione e Rony o visitarão depois do almoço, no horário de visita. Agora, descanse. Se precisar, toque a campanhia. – Ginny deu um aceno com a cabeça e saiu.

Harry olhou o botão da campanhia. Teria que se conter para chamar Ginny, apenas para ter sua companhia. Olhou o soro. A bula ainda estava cheia e as gotas caíam lentamente... Aquilo foi turvando as vistas, até que Harry se entregou ao sono.


Algumas horas depois, Harry acordou sentindo-se bem melhor. Olhou para os lados e viu Hermione sentada, olhando-o. Quando viu que ele acordara, sorriu.

- Seja bem-vindo de volta. – levantou-se a pousou a mão sobre a testa dele. – Como está se sentindo?

- Como se estivesse engessado uma pena. – brincou Harry e Hermione deu um sorriso fraco. Ficou sério de repente. – Eu não devia ter bebido. Me desculpe. Desculpe por ter saído do restaurante daquele jeito. Eu queria muito ficar e conhecer seu namorado. Mas o meu trabalho... Estava indo bem, mas estava com medo, pela primeira vez na vida, que algo desse errado. Eu fui fraco. Desculpe-me.

Dissera aquilo com tanta sinceridade, mas pensou que Hermione desconfiaria de alguma coisa.

- Tudo bem, Harry. Espero que tenha aprendido a lição: que álcool...

-... e direção não combinam. É, a enfermeira Ginny já me falou.

- Já está íntima dela?

- Ela disse que prefere que a chame assim... – deu de ombros. – Ela é irmã do Rony, seu namorado. Faz tempo que se conhecem?

- Acredite: eu a conheci no exato momento que você deu entrada no hospital. Ela parece ser muito competente. Cuidou muito bem de você. E, talvez, cuide ainda mais.

- Por que? Ficarei mais tempo no hospital? – Harry sabia que não era aquilo. Ginny cuidaria dele durante sua recuperação e fisioterapia. Ele não poderia falar que sabia. Nem Ginny havia comentado nada.

- Não. Falei com o médico e ele disse que você poderá receber alto daqui a dois dias. Mas você precisará de alguém que cuide de você durante sua recuperação, que levará três meses e a fisioterapia. Ginny já se colocou disponível. Neville disse que não terá problema nenhum em dividir o espaço. Não se preocupe, seu plano de saúde cobrirá as despesas. Mas você também pode trocar de enfermeira...

- Não. A Ginny pode cuidar de mim. Acredito que ela seja de confiança.

Outro passo foi dado.
- Tudo bem. Depois, terá que acertar tudo com o doutor Morgan, que te operou.

- Ok.

A porta abriu-se e Rony entrou.

- Como você está, cara?

- Bem, obrigado, Rony. – Harry sorriu. Era estranho encarar o rapaz à sua frente. Aquele por quem sentira inveja quando ele entrara no restaurante e beijou Hermione. Ele o encara agora como um futuro amigo.

- Sua mãe está descansando. Não pregou o olho desde que saiu da cirurgia, esperando que você acordasse. Ela virá passar a noite com você.

- Ela chorou muito?

- No começo chorou, mas quando o médico que você ficaria bem, ela se acalmou um pouco. Conhece sua mãe. Ela se preocupa muito com você.

- Eu sei. – ele suspirou, enquanto Hermione voltava a se sentar.

- Soube que minha irmã vai cuidar de você. Vai gostar dela. Ginny trata muito bem os pacientes que ela cuida. Mamãe disse que ela daria uma ótima médica de residência.

A porta se abriu e Ginny entrou, carregando uma bandeja, que continha comida. Harry sentiu seu estômago.

- Hora de comer! – Ginny depositou a bandeja contendo salada, frango grelhado e legumes e um enorme copo de suco de maracujá. Harry grunhiu.

- Vou ter que cuidar da alimentação? – protestou. – Que eu saiba, eu só quebrei uma perna e não fiz uma cirurgia do coração!

- Servimos refeições saudáveis, senhor Potter, em consideração aos pacientes cardíacos. Seria muita injustiça comer um hambúrguer, enquanto eles comem salada ou canja.

- Ou risoto de camarão. – completou Hermione e Rony sufocou um riso.

Ginny ajustou a bandeja no colo de Harry e ajeitou o rapaz para que pudesse comer. Fingiu não notar os olhos verdes pregados nela.

- Vai poder comer o que quiser quando sair, apenas tome cuidado com a gordura. Ela pode prejudicar sua recuperação.

- A Ginny vai cozinhar para você, cara. – disse Rony e Ginny o fuzilou com o olhar. – Ele sabe que você se ofereceu para cuidar dele. E ele aceitou.

Ginny sorriu agradecida. – Ficou contente por confiar em mim, senhor Potter.

- Já que vamos conviver durante algum tempo, pode me chamar de Harry. Não estou acostumado com formalidades. – Harry tomou um gole de suco. – Quando vai se mudar para minha casa?

- Quando o senhor sair do hospital. Depois de amanhã. Você mora com mais um amigo. Espero não incomodar. Será apenas temporário.

- Claro que não! Neville não se incomoda de dividir o espaço. Ele só não gosta que invadam a privacidade dele. Mas a minha você poderá invadir. – disse num tom brincalhão. Rony e Hermione entreolharam-se ao perceberem o quanto Ginny ficara sem graça com a brincadeira.

Harry almoçou e conversou um pouco com Rony e Hermione. Falou sobre o projeto. Depois, doutor Paul Morgan veio conversar com ele sobre a cirurgia e mostrou o raio-x. Harry teria que voltar ao médico a cada sete dias para fazer radiografias. Harry prometera seguir todos os regulamentos durante sua recuperação. Seria muito mais fácil ao lado de Ginny.

Mais um passo para ser dado.




Um ano e nove meses depois

- Vamos lá, Ginny... empurre... só mais um pouco... – pediu Cole paras uma Ginny molhada de suor e vermelha como um pimentão. – Mais um pouco.

Ginny fazia toda força que podia a apertava fortemente a mão de Harry.

- Coragem, meu amor... – sussurrou Harry para a esposa, que fazia mais força. – Você é forte, você consegue.

- Agora sei o que as mulheres sentem quando tem bebês... – gemeu Ginny.

- Estou vendo a cabeça... empurra mais... assim... isso... mais um pouco... mais um pouco... isso...

Um choro de bebê ecoou pela sala e Ginny suspirou cansada. Harry beijou a testa molhada da esposa.

- Parabéns, meu amor. Você conseguiu.

Ginny não conseguia falar de tão exausta que estava. Apenas sorriu.

- Parabéns, Ginny. Lucy está ansiosa para conhecê-la. – Cole entregou o bebê coberto de sangue envolto no lençol verde para a ruiva, que não sabia se ria ou chorava. Harry deixou que uma lágrima escorresse pelo rosto.

Lucy parou de chorar assim que encarou a mãe, como se a reconhecesse.

- Oi, Lucy. Sou sua mãe. Bem-vinda ao mundo. – beijou a testinha da filha. Olha, Harry. Nossa filhinha. – Ginny tinha lágrimas nos olhos de tanta felicidade.

Emocionado, Harry abraçou as duas, sua família. Beijou a filha, que tinha recomeçado a chorar. Tudo ficaria bem a partir de agora. Uma sensação de felicidade invadiu e Harry nunca se sentira tão feliz na vida. Foi um ano maravilhoso, cheio de realizações. Tinha uma vida confortável, a mulher que amava e agora, uma filha para criar. Não poderia ser mais perfeito.

Mas o ano teve uma perna já prevista por ele: Ellen. Harry fez questão se ser amigo da secretária porque sabia que ela iria embora mais cedo ou mais tarde. Ellen estranhou, mas adorava o rapaz como um filho. Depois de uma luta intensa, Ellen se foi. Estava em paz.

- Nossa, ela é muito linda. Você é uma garota de muita sorte. – confessou Hermione enquanto embalava a afilhada, que dormia tranquilamente depois da amamentação.

Ginny sorriu e pegou a mão de Harry, que estava sentado ao seu lado e visivelmente exausto.

- Você devia descansar, Harry. – Hermione disse ao ver o estado do amigo. – Até parece que foi você que teve uma filha. A mãe está menos exausta que você. – brincou e Ginny não pôde conter uma risada.

- Eu estou bem. Agora, melhor que nunca. – apertou a mão de Ginny.

- Podemos contar a ela, Harry?

- Contar o quê? – perguntou Hermione curiosa. Ginny trocou um olhar com o marido, que assentiu.

- Quando estava cuidando do Harry, ele teve um sonho. Disse que nos casaríamos, teríamos uma filha que se chamaria Lucy e que seria chefe da Archtect.

- Uau... porque não contaram isso antes?

- Harry não queria. Achou que era bobagem ou algo do tipo. Mas é como... – Ginny tentou achar as palavras - ... é como se ele previsse que teríamos uma filha. Como se estivesse... planejando.

Harry encarou Hermione e vislumbrou por um instante um olhar de entendimento, Hermione o olhava como se desvendasse os segredos mais profundos de Harry. Por fim, sorriu.

Lucy acordou e começou a chorar.

- Ela está parecendo uma comilona. – brincou Ginny quando recebeu a filha nos braços para amamentar.


- Por que está tão calado, Harry? – perguntou Ginny ao rapaz, que dirigia o carro concentrado. A garota estava no banco de trás, cuidando da filha, que dormia no carrinho de bebê para carros. A garota só conseguia dormir serenamente quando Harry a embalava nos braços ou quando terminava de amamentar.
Harry olhou para trás e sorriu.

- É que... está tudo tão perfeito. Tenho medo de que tudo isso seja um sonho e acordar para a realidade.

Ginny inclinou-se para ele e deu um selinho.

- Se um dia você acordar, eu estarei ao seu lado. Nós duas. – Olhou carinhosamente para a filha. – Não é sonho Harry. Acredite.

Harry sorriu e voltou a olhar em direção a estrada. Ela tinha razão. Não era sonho. Não mais. Não poderia desejar outra coisa. Tudo estava caminhando bem...

Estavam chegando à Mansão Potter quando Lucy acordou e começou a chorar. Ginny acalmou a pequena, que deu um gemido e voltou a dormir. Harry olhou para a filha enquanto entrava na garagem.

- Bem-vinda ao lar, Lucy Weasley Potter. Que você seja muito feliz aqui, como eu e sua mãe somos. – Ginny sorriu e beijou o marido.

Juntos, os três, rumaram para a casa e para a nova vida de pais. Uma vida que duraria durante anos e anos. Até o fim.

FIM

N/A: Finalmente, depois de tanto tempo, chego ao fim de mais uma fic. Obrigada a todos que acompanharam e desculpem a demora. Espero que tenham gostado.

Bjos e até a próxima. Juh

Ps: Universo Alternativo tem mais opção. Mas a magia de Hogwarts é insubstituível.



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