Entre romances e discórdias



Cerca de vinte pessoas estavam agrupadas em torno da baliza direita. Umas quinze se agrupavam perto da baliza esquerda. Entre elas, Nicolas. A baliza do meio, por sua vez, agrupava nada menos que trinta pessoas. Rony era reconhecível entre elas, seus cabelos vermelhos voando ao vento gelado. Harry se dirigia até eles, sua roupa de quadribol vermelha tremulando com a brisa fria daquela manhã. Carregava sua vassoura sob o braço direito e a caixa de bolas de quadribol com a mão esquerda. Parou em frente a eles.

- Muito bem. Vamos começar com os artilheiros. – o grupo em torno da baliza direita se mexeu um pouco. – formem grupos de cinco e dêem uma volta em torno do campo. - Esse grupo se dividiu em quatro subgrupos, e um deles deu um passo a frente. Parecia composto por alunos do primeiro e segundo ano. Ao som do apito de Harry, decolaram. Harry percebeu o bem que tinha feito ao mandar eles fazerem algo simples de primeira. O primeiro a decolar caiu sem subir nem dois metros. O segundo trombou com o terceiro e o quarto deu de cara com a baliza. Porém, o quinto voou em torno do campo, contornou as três balizas opostas e voltou.
- Ótimo. Vocês quatro podem ir. Você espere ali perto da arquibancada.
E assim voaram mais cinco. Desses, nenhum se destacou. Os próximos cinco foram bem, mas ocorreu um engavetamento que derrubou todos eles. Harry estava quase desistindo. No último grupo, porém, duas pessoas voaram excelentemente bem, e uma também se destacou. Katie Bell, que jogou com Harry todos os cinco anos anteriores, e surpreendentemente Gina Weasley, que fez um loop magnífico antes de pousar. A outra pessoa era um menino franzino do quarto ano. Desses quatro, Harry teria que escolher três. Então ele pediu para eles passarem a bola um para o outro, depois treinou a pontaria, a força e depois avaliou o espírito de equipe.
- Já tenho o resultado. Foi difícil tirar um... Katie Bell, você continua jogando. – a própria sorriu. – Gina Weasley, ótima atuação na marcação de gols. Você também joga. – ela sorriu também, mas ao encarar Harry corou. – Quanto aos outros dois, por uma questão de espírito esportivo, eu escolhi Kyn Grabeel, mas os dois são excelentes. – um dos meninos, o do segundo ano, ergueu o braço em sinal de vitória. O do quarto se enfezou.
- Como assim espírito esportivo?
- Está vendo, Drew, você perde a cabeça à toa... Com alguém assim na equipe, se estivéssemos perdendo e você se irritasse, não teríamos chance...
Ele então fez um sinal feio com o dedo do meio e deu as costas, indo embora. Harry suspirou. Mas tinha que tirar o pior...
- Bem, vamos escolher os goleiros agora. Como vocês são muitos, se separem em grupos de dez e dêem uma volta em torno do campo. – o primeiro grupo voou bem, Harry separou duas pessoas que voaram melhor. O segundo foi um desastre, todos foram dispensados. O terceiro, que incluía Rony, deu três destaques.
- Vocês cinco, vão um por um ate lá em cima, nas balizas. Nossos novos artilheiros vão testa-los cinco vezes. O que defender melhor será o novo goleiro.
Flávio Siker, do terceiro ano, defendeu três. Guilherme Rodriguez, quarto ano, defendeu duas. Mike Bertz, quarto ano, não defendeu nenhuma. Dino Thomas, da mesma série que Harry e ex-namorado de Gina, defendeu quatro, perdendo apenas uma bomba da própria Gina. Pousou, lançando um olhar mortal tanto pra Gina quanto pra Harry. Ainda não havia esquecido o motivo da briga. Rony, no entanto, pegou na ponta dos dedos uma bola de efeito de Kyn, defendendo todos os cinco chutes. Aquelas defesas na final do ano anterior pareciam ter diminuído a ânsia de Rony antes dos jogos...
- Parabéns, Rony... Espere junto com os artilheiros... – Rony abriu um sorriso enorme, apesar de parecer meio verde... Harry se virou para o restante das pessoas, que aguardavam a seleção de batedores.
- Creio que não preciso dizer pra se separarem em grupos de cinco e voarem em torno do campo, certo? – logo houve uma movimentação, e o primeiro grupo decolou. A vassoura de dois desse grupo se engancharam, fazendo mais dois que vinham atrás trombarem. Mas o ultimo, que Harry não chegou a ver o rosto, subiu a vassoura no exato momento em que iria trombar com o restante. Fez um oito duplo nas balizas e virou a vassoura para o pouso, que ocorreu suavemente. Harry ficou abismado.
- Quem é você? Seu nome não está na lista...
- Vim de última hora. Espero que não se importe. - Retirou o capuz que lhe protegia do frio. Era uma menina, de cabelos castanhos até a cintura, exceto na frente, onde uma mecha que parecia feita de neve lhe escorria pelo ombro até se juntar com as pontas castanhas na cintura. Ela era morena, com olhos azuis escuros profundos. Sua voz era suave. Ao ver aquela mecha Harry soube imediatamente quem ela era, embora não soubesse seu nome. – Rebecca Snow, prazer. Sou do sexto ano. – então ela reparou nos olhos de Harry percorrendo sua mecha. Deu uma risadinha. – Não sou filha do professor Snow, se quer saber. Sou irmã dele.
- Sim... claro... bem, poderia esperar ali na arquibancada? – disse Harry, meio aéreo. Perdido em pensamentos. Ela deu um sorriso e foi para lá. Harry também viu Rony lhe dar um olhar significativo. Mas Harry tinha que continuar a seleção. O segundo grupo não foi muito bom, o terceiro deu um destaque, do último só se destacou Nicolas. Harry entregou-lhes uma maça e soltou um balaço. Ele mesmo, Gina e Rony decolaram, e a missão dos três era não deixar o balaço acertar nenhum deles. Lucas, do terceiro ano, tinha força, mas nenhuma pontaria. Visou um balaço que ia acertar Harry uma vez e acabou acertando a baliza do meio com a maça, quase a derrubando. Harry foi obrigado a dar um mergulho extraordinário pra não ter o nariz quebrado. Nicolas era razoavelmente bom na pontaria, e era forte o suficiente pra lidar com balaços. Rebecca tinha uma pontaria excelente, Harry poderia dizer que ela conseguiria acertar uma mosca a três quilômetros de distância se colocasse força o suficiente na maça. Harry achava que já sabia quem escolher. E não deu outra.
- Os novos batedores são Rebecca Snow e Nicolas Martorelli... Podem se juntar ao restante do time... – assim que as pessoas que não foram selecionadas foram se dispersando, Harry se virou para o novo time da grifinória, satisfeito. – Bem, agora que temos um time, acho que temos uma chance melhor de vencer... o primeiro treino vai ser terça à tarde, depois da aula de Poções... Nada como um treino pra descontrair depois de aturar aquele morcego naquele lugar horroroso... Pra quem não é do sexto ano, a aula de Poções termina às 2 da tarde. Podem ir, até lá!
Assim que todos foram embora, Hermione saltou da arquibancada para cumprimentar os três.
- Parabéns, Rony, eu realmente achei que você não ia pegar aquela do Kyn... Excelente time, Harry, eu sei que não entendo muito de quadribol, mas...
- Não tem problema, eu também achei um excelente time... Só precisaremos ensinar o Rony um feitiço de surdez... Para não fazer cara de besta e perder a goles quando ouvir a Sonserina debochando dele... Estou só brincando, Rony.
- Há, há... Muito engraçado... E aquela Rebecca, hein? Ela é irmã do professor Snow? Ela é muito boa, pra uma garota... – Rony disse, sem pensar.
- Você é muito machista, Rony! Só porque é uma garota ela tem que ser ruim? Isso não é nada justo... nós somos tão boas quanto os homens! – Hermione não pretendia parar seu discurso por um bom tempo, mas Nicolas interrompeu:
- Sim, nós sabemos, Hermione... agora podemos entrar? Está quase na hora do almoço... e depois nós temos aula... – então uma Hermione raivosa os seguiu pra dentro do castelo.

*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

Os primeiros raios de sol batiam no rosto de Hermione no dia seguinte. Ela virou para o lado contrario e continuou dormindo. Mas parecia que o sol estava determinado a acorda-la, pois o raio dourado acompanhou seu movimento, indo bater de encontro ao seu rosto, mesmo com este virado para a parede. Quando ela abriu os olhos para ir fechar a cortina, percebeu que não era o sol, apesar deste ainda estar aparecendo, e sim uma coruja muito dourada que tentava acordá-la. Hermione retirou uma carta da perna da coruja e deixou-a ir, provavelmente pra beliscar alguma coisa servindo de companhia para algumas pessoas que talvez já estivessem lá embaixo mais cedo. Abriu-a.

“Cara Srta. Granger,
Desculpe-me por acordá-la cedo, mas preciso falar com você e os outros monitores agora. Realmente tem de ser agora, porque irei viajar e preciso deixar instruções com vocês. Compareçam à minha sala nesse instante. A senha da porta é: Cachecol escocês.
Atenciosamente,
Minerva McGonnagal.”

Ela não precisou de mais um aviso. Foi se trocar e saiu.

Ela, Rony, Ernesto MacMillan, Ana Abbott, Antônio Goldstein, Padma Patil, a vaca da Pansy Parkinson e Draco Malfoy. Todos sentados em um círculo ao redor da professora. Esta já discursava há meia hora sobre não poder revelar os motivos de sua viagem, mas ressaltando sempre que era para eles continuarem com suas obrigações. Mas o real motivo daquela convocação eles só saberiam agora.
- Bem, agora que todos estão cientes de suas obrigações para quando eu estiver fora, quero lhes avisar que os monitores-chefes serão revelados assim que eu retornar, o que acontecerá amanhã à tarde. Estão dispensados.

*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

Hermione precisava responder uma carta. Assim que McGonagall a dispensou, foi ao Corujal levando pena, pergaminho e tinta. Foi até a janela mais alta do Corujal. Olhou lá para baixo. Devia ter um quilômetro, mais ou menos... Era a torre mais alta de lá, local perfeito para corujas pegarem impulso na corrente do vento. A janela tinha uns dois metros de altura, e era sem vidraças. Hermione arrumou sua mochila nas costas e subiu no parapeito. Olhou novamente para baixo, soltou um suspiro. Então, pulou.

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Draco precisava pensar. Ainda não havia achado solução plausível para aquele feitiço que Pansy mandou nele. Dirigiu-se até a biblioteca, então, depois de enrolar Madame Pince com uma história de uns meninos do primeiro ano que sujavam um livro antigo (depois do que ela se parecia com um urubu prestes a devorar a carniça de uma vez só), ele se dirigiu à sessão reservada. Parou em frente a estante maior de todas, a mais pesada e abarrotada de livros, na qual Draco certa vez reparou que um feitiço fora simplesmente absorvido por ela.
Depois de tentar uma série de feitiços contra ela, no inverno do terceiro ano, e de constatar que nada funcionava, tentou algum feitiço para remover a estante da parede. Ela apenas brilhou e voltou ao normal, mas ainda imóvel. Pelo menos dessa vez teve alguma reação... Draco não hesitou. Dobrou as mangas, deixando à mostra os braços abençoados pelo quadribol. Encostou-se na estante e se pôs a empurrar. Depois de alguns minutos, a estante se mexeu alguns centímetros, deixando a mostra algo como uma tira de madeira diferente do material escuro e empoeirado que compunha a parede da sessão reservada. Animado Draco empurrou mais e mais. Depois de aproximadamente duas horas (pois de pouco em pouco tinha de parar para verificar se tinha alguém vindo) conseguiu deixar uma porta completamente descoberta.
Girou a maçaneta. Nada. Estressou-se e tentou explodir a porta. Ela absorveu o feitiço assim como a estante fazia. Depois de tentar uma série de feitiços para abrir aquela porta, Draco, irônico como era, bateu três vezes nela, dizendo:
- Ô de casa! Abre a porta!
Estranhamente, a porta se abriu. Após ela, havia um lugar lindo, uma espécie de cômodo ampliado com metade do teto aberto ao céu. Na parte sem teto, havia uma mesa redonda e algumas poltronas em volta, além de um telescópio potente. Já na parte coberta havia uma mesa quadrada, com apenas duas poltronas e uma cadeira, muito reta, colada no chão de forma a quem se sentasse nela tivesse uma ampla visão da paisagem. Aquele lugar tinha por paisagem Hogsmeade, a Floresta Proibida, um pedaço do lago e as montanhas ao redor de Hogsmeade. Era o único local do castelo que deixava quem nele estivesse ver além de Hogsmeade. Na parte coberta também se encontrava, estranhamente, uma cama de casal.
Depois de ter descoberto aquele local, Draco improvisou uma espécie de roldana pra se esforçar menos da próxima vez. Acabou descobrindo também que não era necessário pedir pra abrir a porta, apenas os três toques bastavam. Então adotou aquele lugar como o lugar pra onde ia quando precisava pensar, ou “Sala da Penseira”.
Voltando para o presente, após enrolar Madame Pince, ele se dirigiu a sessão reservada e parou em frente a estante citada anteriormente. Procurou algo na parede ao lado e encontrou, o buraco no qual escondia a corda da roldana. Descobrira esse invento dos trouxas ao visitar um Comensal acompanhando seu pai. O filho dele, Terêncio Boot, gostava de atormentar o filho do trouxa vizinho, que nunca entendia o que acontecia e passou a reclamar de Poltergeist para o pai, coisa que arrancava risadas de Terêncio. Enquanto esperava Lúcio terminar a conversa com o pai de Terêncio, foi convidado pelo mesmo a participar de uma de suas brincadeiras. O menino buscava água num poço, quando Terêncio o jogou dentro deste com um feitiço. Draco, ao chegar perto para examinar o estranho mecanismo, constatara que de fato trouxas não eram tão burros, afinal, se viraram (de um modo extremamente primitivo, grotesco e nojento) pra viver sem magia.
Puxou a corda com força, e dentro de poucos instantes a porta fora revelada. Deu três toques nela e ela se abriu. Draco entrou. Mas não estava sozinho.
- Você???

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Hermione caiu, de pé, em uma saliência na parede logo abaixo da janela sem vidros. Arrastou-se, colada à parede, de saliência em saliência, buraco em buraco, tateando com o pé antes de apoiá-lo em algum lugar. Escorregou por canos, andou mais um pouco e chegou a uma janela idêntica a da qual ela saiu.
Entrou. Por algum acaso do destino (N/A: ou a autora quis assim) era o mesmo local em que, alguns minutos depois, alguém muito conhecido nosso tentaria entrar. Hermione descobrira esse local de maneira curiosa. Depois que viu uma coruja sumir de vista, no quarto ano, ela olhou para as paredes do castelo, meio que pra constatar a imensidão do local. Então, ela viu uma cabeça loira, olhando de um local que aparentemente era parede sólida. Usando sua famosa inteligência, traçar um caminho pelos buracos e canos da parede até chegar lá foi fácil. O difícil foi na hora de executa-lo. Mas, tendo conseguido chegar, identificou que o que parecia ser uma parede continha um feitiço de ilusão. Era outra janela. Mas a cabeça loira não estava mais lá...
Hermione, quando entrou no local em que ela chamava de Recanto, sentou-se em uma mesa e começou a responder a carta de Vítor. Ele havia pedido ela em namoro, mas ela não podia aceitar. Seu coração pertencia a alguém que, mesmo ela sabendo que não o queria, não conseguia esquecer. Mesmo querendo, ela não poderia dar seu coração para outra pessoa. Selou a carta, guardou-a no bolso e fixou o olhar na paisagem.
Alguns minutos depois, ela ouviu algo atrás da única porta que havia no local. Essa porta, Hermione nunca havia conseguido abrir, por mais que tentasse. Seus feitiços simplesmente não produziam efeito. Mas, incrivelmente, ela se abriu. E por ela entrou ninguém menos que... Draco Malfoy (N/A: noooooossa, que surpresa!).
Sua primeira palavra, ao avistar Hermione, foi...
- Você???

*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

- Mas... Como... Como você entrou aqui? – Draco estava pasmo.
- Eu é que pergunto! Como você conseguiu abrir essa porta?
- Do mesmo jeito que você atravessa paredes...
- Ah, era só o que me faltava... Draco Malfoy descobrir meu lugar preferido pra quando eu não quero que ninguém me encha a paciência...
- Eu freqüento este lugar desde o meu terceiro ano Granger...
- Impossível! Eu freqüento desde o quarto, como é que em um ano e meio nós nunca nos encontramos?
- Eu sei que você é doida pra se encontrar comigo, Granger, mas você não faz meu tipo...
- Você entendeu, Malfoy... Ou será que é tão lesado que não compreende nada?
- Eu não sei como nunca nos encontramos, Granger, mas que ótimo, estragou meu dia, satisfeita?
- Já acabei o que tinha que fazer aqui mesmo... Não vou perder o resto do meu tempo com você... – mal acabou de falar e se dirigiu à janela sem vidro. Subiu nela e ia pular, para cair em outra saliência, como na janela do Corujal, mas Draco pensou o que qualquer um que não soubesse da existência dessa saliência pensaria: que ela ia pular pra se matar.
- Sua maluca! O que você está fazendo?
- Não é da sua conta...
- O quê? Desce daí, Hermione!
- O quê digo eu!!! Hermione? Desde quando eu sou Hermione?
Mas Draco não respondeu. Hermione, achando que era melhor ir embora logo, se virou novamente e tomou impulso pra pular. Só que, na hora em que fez isso, Draco, num movimento desesperado, a puxou pelo braço com força. Como Hermione já havia soltado os dois pés para pular, acabou caindo para dentro do Recanto, e em cima de Draco.
Então, seus rostos ficaram a centímetros de distância. Eles podiam sentir o corpo um do outro completamente tensos. A mão de Draco ainda apertava fortemente o braço de Hermione, enquanto a outra ficou na barriga dela, numa tentativa de amortecer a queda. As duas mãos de Hermione se encontravam no peitoral de Draco, donde elas conseguiam sentir sua respiração rápida. Sem pensar, como se fosse natural, os dois aproximaram os rostos um do outro. As bocas estavam quase seladas...
Então, num repente, num flash de lucidez salvador, Hermione se lembrou de quem era, onde estava e COM QUEM estava. Empurrou Draco rapidamente e se levantou. Não conseguiu pronunciar uma palavra devido ao choque. Draco ainda se encontrava no chão, olhando para Hermione, abobado. Finalmente se lembrara...
Mas então ela saiu correndo, subiu novamente na janela e, antes que Draco sequer conseguisse se levantar, pulou. Ela nunca havia feito aquele trajeto tão rápido antes. Ao chegar na janela do Corujal, olhou ainda uma vez na direção do Recanto, conseguindo divisar apenas uma cabeleira loira olhando para baixo, onde provavelmente ele imaginara que ela caíra. A cabeça saía de aparentemente uma parede sólida. Bom, pelo menos já descobrira a quem pertencia aquela cabeça que havia avistado no quarto ano...

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Draco entrou em seu dormitório pensativo. Não, não podia ser isso... Era impossível... Ele simplesmente se lembrara! Aqueles olhos castanhos, que vira no seu devaneio do futuro, não podiam pertencer a Granger... Como ela poderia ser sua lembrança, ou o que fosse, mais feliz? Ele a odiava! A cena só poderia ser feliz se ele estivesse torturando-a... Mas não, ele estava beijando ela!
E o que diabos foi aquilo no Recanto? Eles se aproximaram tão naturalmente, como se fossem namorados normais... Não, aquilo era impossível! Mas, naquele segundo antes de Hermione o empurrar, ao encará-la, ele finalmente conseguira notar como era bonito o olhar dela... Tão marcante e misterioso... Ele não reconhecia, porque na lembrança ela não o encarava com ódio... E naquele momento ela também não o olhava com ódio... Mas agora se tornava claro como água... E também se tornava impossível como um Malfoy amar...
De qualquer maneira, já era... A louca havia se suicidado. Bem, ele não tinha certeza, era muito alto pra se ouvir algum barulho e ele não viu nada quando olhou depois... Pois fez bem, pensou, uma sangue-ruim a menos no mundo... Porém, bem lá no fundo, uma sensação irritante o incomodava...

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Hermione voltou para seu salão comunal, achando impossível juntar o Draco que aparecera no Recanto com o Draco que ela ouviu xingar Pansy por causa de um plano com Voldemort... Ele a chamara pelo primeiro nome, se preocupara por ela “tentar se suicidar” e ainda tentara salvá-la, puxando-a para dentro. E, naquele momento, deu até pra esquecer que ele era um Malfoy...

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Dois dias depois, em um domingo, era o dia em que iriam para Hogsmeade. Hermione e Rony já haviam descido e estavam perto das carruagens, esperando Harry. Nicolas falou que iria com Luna e Neville, e encontrava eles lá, Luna havia dito que tinha algo a falar pra ele. Hermione resolveu sair pra procurar Harry, e deixou Rony vigiando a carruagem. Passado algum tempo, a professora McGonnagal mandou todos entrarem nas carruagens, que eles iriam partir. Quem não entrasse não ia. Rony, achando que Hermione e Harry entraram em qualquer outra, sem achar a deles, entrou, pensando em encontra-los lá. Mas, antes de fechar a porta, avistou Rebecca, vindo em sua direção.
- Posso me sentar com você? Não tem mais carruagens...
- Claro...
- Onde estão Harry e Hermione?
- Foram em outra carruagem...

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Hermione procurava Harry no lado esquerdo do terceiro andar, quando esbarrou com Malfoy, já que andava olhando todos os corredores ao mesmo tempo, exceto aquele em que ela mesma estava.
- Olha por onde anda, sangue-ruim, ou vai acabar me infectando.
- Eu é que vou me infectar com sua idiotice, Mala-foy.
- Lave sua boca para falar de mim, Granger. Limpar!
- Reflectus!
Malfoy imediatamente ficou com a boca cheia de espuma e começou a cuspir bolhas de sabão.
- Você é quem deve lavar a boca para falar de mim Malfoy.
- Sua... Sua... Expelliarmus!
- Protego! Malfoy, você só consegue fazer isso? Esperava algo melhor de você! Impedimenta!
Hermione não conseguia acreditar. Ela estava ali, vendo Malfoy cair pra trás sem poder mexer as pernas e os braços, se debatendo. Porém ele ainda podia falar e ainda estava com a varinha na mão. Enquanto Hermione ria...
- Locomotor Mortis!
Hermione caiu para trás quando o feitiço da Perna Presa a atingiu. Então, para a completa surpresa de Malfoy, Hermione desatou a rir.
- HOHAIOHIAOIHAIOAHIOOIHAHIOH!!! Malfoy você realmente acha que eu não sei o contra feitiço disso? – murmurou um contra-feitiço apontando para si mesma e logo depois se levantou, mas a essa altura o feitiço de impedimento ia perdendo efeito. Hermione, percebendo isso, disse:
- Petrificus Totalus!
- Protego! Imobulus!
Hermione se imobilizou na hora. Draco chegou perto dela e deu um sorriso debochado.
- Assim está bom para você, Granger? Tomara que não esteja...
Mas Hermione já era adiantada e sabia feitiços não-verbais, fez um contra-feitiço e acertou uma joelhada em uma parte abaixo da cintura muito sensível dos homens. Malfoy gemeu de dor.
- AAAAIIIIIII!!!!GRANGER SUA IDIOTA SANGUE-RUIM!!! AAAAIIIIIII!!!
- Assim está bom para você, Malfoy? Tomara que não esteja...
- Imbecil!
- Barbie!
- Descabelada!
- Cretino!
- Sangue-ruim!
- Comensal!
- Cala a boca!
- Idiota!
- CHEGA!
- Nojento!
- CALA A BOCA!
- Desprezível!
- Existe maneira de fazer você calar a boca?
- Filhinho de papai... Hei, o que você está fazendo? – perguntou, porque ele a acuara na parede e prendera-a de modo que não pudesse escapar.
- Fazendo você calar a boca – disse, e a beijou. Sim! Draco Malfoy beijou Hermione Granger!
Hermione levou um enorme susto, era como se alguém tivesse apagado sua memória e ela não lembrasse que ele era Draco Malfoy, um filho de comensal e seu maior inimigo, que vive te xingando e desprezando, porque ela simplesmente cedeu ao seu primeiro beijo (já que, ao contrário das suspeitas de Harry e Rony, Krum tentou beijá-la, mas foi simplesmente empurrado.) E então ela sentiu seus lábios quentes e macios, e foi como se levasse um choque elétrico, seu coração acelerou, ele enlaçou uma mão na cintura dela e pôs a outra mão em sua nuca, ela com as duas mãos no peito dele, fazendo menção de empurrá-lo, mas não conseguiu reunir coragem... Simplesmente aconteceu. E, embora ela nunca admitisse isso, ela gostou do beijo (e quem não gostaria?).
Draco não acreditava no que ele estava fazendo. Ele beijou uma sangue-ruim! Ele beijou Hermione Granger! Ele beijou uma amiga do Santo Potter! E o pior: estava gostando! Ele percebera que era o primeiro beijo dela no momento que ela cedeu, não que ela beijasse mal, não, passava longe disso, mas ele tinha experiência demais no assunto para não saber. Então, segundo aquele papo meloso de garotas, aquele seria o especial. Riu-se por dentro ao imaginar a reação dela ao se tocar que esse beijo especial foi com Draco Malfoy, o homem que supostamente ela mais odeia na face da terra!
Então, num surto de sanidade de Hermione, ela empurrou Malfoy, ofegante e vermelha de raiva, e perguntou:
- P-p-porque você f-fez i-isso, Malfoy?
Draco também parecia atônito. Mas só por um instante, logo depois já voltara a ser o Draco Arrogante Malfoy de sempre.
- Porque eu quis, Granger! Aliás, você beija muito mal, garota! – ele sentiu sua consciência pesar muito. “Aliás, desde quando eu tenho consciência?”.
Hermione não conseguia acreditar, por mais que soubesse, que ele tratou com tanto descaso assim o primeiro beijo dela. Claro, ele não poderia saber, mas mesmo assim era um beijo! “Bem, pensou, ele deve tratar todas assim, afinal ele é o galinha de Hogwarts...” Aí que ela se indignou mais ainda, quer dizer então que ela era uma vagabunda dessas “todas”? Então ela percebeu que estava preocupada com um beijo de Malfoy! Bom, sendo de Malfoy ela devia se preocupar, mas não daquele jeito tipo “nossa, ele não liga pra mim, e agora?” E sim “que feitiço eu vou usar pra lavar minha boca e de que palavrão eu vou xingar ele?”. Mas não era estritamente necessário, ele sendo um Malfoy, tratá-la assim? Hermione se xingou de tudo que sabia, menos sangue-ruim, por pensar, mesmo por uma fração de segundo, que ele ia mudar por causa de um beijo. “Deixa de ser burra, Hermione, ele já deve ter beijado todos os tipos de garotas, vai que ele só te beijou por só faltar ‘sangue-ruim’ na lista dele...”.
Draco nunca admitiria a ninguém, mas gostou daquele beijo, ele era diferente do das outras garotas de Hogwarts, era ingênuo e não pretensioso, era puro e não desejoso, e ao mesmo tempo era terno. “Draco Malfoy, se eu te pegar pensando isso de novo da sangue-ruim eu te jogo da torre de astronomia” “Ah, não, acabei de descobrir que tenho consciência e ela já me faz ameaças de morte”. Draco sacudiu a cabeça, virou as costas e saiu andando, mesmo sem saber confirmando as suspeitas de Hermione.
Ela ficou indignada. Resolveu simplesmente esquecer, e continuou a procurar Harry. Já eram cinco pras oito, as carruagens logo iriam partir. Até que achou Harry, num canto do corredor, deitado e contorcendo-se. Estava pálido e suando frio, debatendo-se com a mão na cicatriz.

*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

Harry acordou pensando em Gina. Como, em quatro anos de convivência com ela, não notara que aquela garota era especial? Como ela sabia consolar, fazer rir, chorar, ser tão forte e ao mesmo tempo tão frágil, e ter sempre soluções nas horas certas? E, agora que parara para pensar, aquela sensação de ter um monstro rugindo em seu peito toda vez que via ela com Dino não poderia ser normal. Ele lembrou de quando achava que gostava da Cho. Nem com ela esse sentimento foi tão forte a esse ponto. Dessa vez era pra valer. Ele realmente gostava de Gina. E agora que ela estava livre, não poderia mais esperar. Esperara tanto tempo só pra perceber isso...
Levantou-se e se trocou. Iria procurar Gina. Parou no meio da escadaria do dormitório. Era o dia do passeio a Hogsmeade... Esquecera disso. Tanto melhor, ele procuraria Gina e iriam juntos à vila. Rony e Hermione poderiam esperálo lá. Desceu e foi procurar pelo castelo. Encontrou-a, então, no lado direito do terceiro andar. Foi até ela.
- Ah, oi, Harry. O que você... – mas não teve tempo de falar nada. Harry beijou-a carinhosamente, porém com um toque de urgência, já que se sentia apaixonado.
Gina, que não estava entendendo nada, estava, porém, adorando aquilo. Ela retribuiu desesperadamente, pois era o beijo que ela esperara por anos... Guardado só para ele... Depois de algum tempo, eles se separaram. Ambos arfavam. Harry estava radiante, Gina, confusa.
- Hãããã... Pode me explicar isso? – Gina perguntou, dando um sorriso confuso.
- Bem... Eu... Eu fiquei sabendo que você e o Dino terminaram...
- E aí veio me dar um beijo de meus pêsames? – Gina ainda sorria.
- Não exatamente... Eu gosto de você, Gina... De verdade... Bem... Acho que eu não devia ter começado a dizer isso com um beijo, mas... – dessa vez quem não teve tempo de continuar foi Harry. Gina o beijou novamente, mas um pouco mais rápido.
- Você pretende ir a Hogsmeade?
- Pretendia... Porquê?
- Eu não pretendia... Mas vou... Vou trocar de roupa, me espere perto das carruagens, tá?
- Espere um pouco, srta. Weasley... Isso é o começo de um namoro?
- Não sei... Porquê? Pensando em cair fora?
- Não... Pensando em pedir tradicionalmente...
- Como assim?
- Gina, quer namorar comigo?
- Não sei... Me dá um tempo pra pensar?
- Claro... – Harry respondeu, meio confuso.
- Hummmmmm... Já pensei! Claro que aceito!
Gina então saiu correndo, com um sorriso de orelha a orelha. Harry, sorridente, começou a voltar pra escadaria, para descer até o Pátio de Entrada, onde estavam as carruagens. Ouviu gritos, como se alguém estivesse tendo uma discussão feia, perto de onde estava. Ia passar direto, mas reconheceu as vozes.
Uma voz era feminina, e Harry reconheceu na hora a voz de Hermione gritando. Ela gritava com eles por causa dos deveres, principalmente com Rony, como não reconhecer? A outra, que mesmo gritando não deixava de ser arrastada, Harry reconheceu com ódio ser a voz de Malfoy. Começou a andar na direção das vozes. Então, a discussão parou. Os corredores silenciaram, mas não se ouviu nenhum barulho de feitiço ou de professores ralhando. Harry, estranhando mais ainda, apressou o passo.
Mas, então, veio uma dor lancinante na cicatriz. Ele não conseguia ver nada, cego pela dor, mas ouviu claramente a voz de Voldemort.
- Tem certeza de suas informações, Parkinson?
- Claro, senhor. Meu bisavô reconheceu os efeitos pelas histórias que seu avô contava. São os poderes de Morgana. Morgana LeFay. Pode me testar, senhor... Eu não consigo controlar os poderes ainda, mas farei de tudo para fazer o que o senhor mandar.
- Vamos ver... Dizem que Morgana tinha tanto ódio no coração que ressecava uma planta com o olhar. Dê-me sua varinha, para que não haja enganos, e acabe com esse absinto, que é uma das plantas mais resistentes.
Harry conseguiu então discernir a figura de Pansy, entregando a varinha a ele próprio, e viu-se levantando a mão e apontando o tal absinto. Pansy olhou para a planta, e em questão de segundos a planta estava completamente ressecada. Harry inclinou levemente a cabeça. Ergueu a mão, alegando satisfação.
- Esse absinto estava enfeitiçado para não se ressecar. Você é realmente a descendente de Morgana LeFay... Quem diria que o nome LeFay passou para os Parkinson... Agora, quanto ao restante das informações... São seguras?
- Sim, mestre, a Legião de Arthur, reunida, gera um poder das trevas inigualável e supremo, enquanto que os Guardiões Elementais, que realmente existem, se unidos geram o contrário, um poder de luz extremo. Mas, se esses membros da Legião de Arthur, ou somente os poderes deles, forem reunidos em uma só pessoa, ela terá o Poder Supremo das Trevas, assim como o senhor já sabia que os Guardiões geram o Poder Supremo da Luz. E eu também descobri uma coisa sobre ambos os poderes que o senhor não sabia...
- O quê?
- Que só existem duas maneiras de ter esses poderes: ser descendente do sangue de todos eles, o que é bem difícil e pode demorar anos para acontecer, ou a pessoa pode realizar um ritual, cujo principal objeto é uma pedra negra que a própria Morgana fez, chamada Sthon. Ela fez essa pedra na intenção de aprisionar os poderes de Merlin, de Arthur e dos principais personagens que compõem essa lenda, como Lancelot, Galahad e etc. Esses últimos não tinham exatamente poderes, mas possuíam algum dom notável. Porém, Morgana descobriu que essa pedra também poderia aprisionar seus próprios poderes, e como a fez para ser indestrutível, resolveu escondê-la em um lugar onde ela achou que seria inalcançável. Porém ela não sabia que um dia existiria essa quantidade de bruxos, e que alguns tinham poderes notáveis, portanto não colocou muita proteção no local. O problema é que ninguém sabe onde essa pedra está.
Harry, subitamente, voltou à sua própria realidade. Abriu os olhos e percebeu que estava no chão, tremulo e pálido, e Hermione estava ao seu lado, preocupada, segurando sua mão.

*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

Hermione correu até Harry, viu ele apertar fortemente a cicatriz, murmurando: “Parkinson... Morgana... Pedra... Voldemort...” Ela agachou-se ao seu lado, mas não sabia o que fazer. Segurou firmemente sua mão, até vê-lo abrir os olhos e reconhecer onde estava. Ela percebeu que ele parecia estar bastante preocupado com o que viu. Esperou ele se sentar, se acalmar e parar de tremer um pouco. Ele encarou Hermione.
- Não precisa perguntar. É melhor eu contar antes que esqueça os detalhes. Pansy e Voldemort, em um quarto, estavam conversando. Voldemort perguntou se ela tinha certeza de alguma coisa. Ela respondeu... – Harry ia contando tudo. Hermione só ouvia. -...Aí ela disse que ninguém sabia onde a pedra estava, e eu voltei a realidade. O que você acha?
- Acho que você pode estar ameaçado por uma pedra prima distante de dementadores que ao invés de alma suga seus poderes...
Harry olhou o relógio de pulso. Já eram oito e meia. Haviam perdido as carruagens.
- Perdemos as carruagens... Vou verificar se a Pansy está no castelo.
Ele puxou o Mapa do Maroto do bolso. Procurou por todo canto, mas nem sinal dela, não podia se enganar, porque havia pouca gente no castelo agora. Distraído, procurou então seu nome. Viu os pontinhos rotulados Harry Potter e Hermione Granger, parados perto de uma estátua feia, de uma corcunda com um olho só... Algo lhe soou familiar... Aquela estátua, ele já a usara para alguma coisa antes... Mas é claro! Era a passagem para o porão da Dedos de Mel! Ele não a usara mais depois que ganhara a autorização de Sirius para visitar Hogsmeade... Apagou o mapa e levantou-se, puxando Hermione.
- Aonde vamos, Harry?
- A Hogsmeade!
- Mas perdemos as carruagens!
Harry deu um sorriso maroto.
- Quem disse que nós vamos de carruagem?
Eles pararam em frente à estátua. Hermione fez uma cara de compreensão, como se tivesse se lembrado. Harry puxou a varinha, bateu na corcunda da bruxa e murmurou: “Dissendium!” A corcunda da estátua se abriu, e Harry guardou a varinha e se jogou para dentro. Hermione fez o mesmo. Andaram pelo túnel, até começarem a cansar de ficar agachados por tanto tempo. Viram finalmente as escadas, subiram até a Dedos de Mel e saíram para a vila, procurando Rony. O acharam no Três Vassouras, conversando com Rebecca. Foram até a mesa em que ele estava. Ele interrompeu a conversa e olhou os dois.
- Onde você estava, Harry? Nós ficamos te esperando até a Hermione sair pra te procurar, e nenhum dos dois voltou... Eu tive que ir embora, senão eu ficava pra trás...
- Eu encontrei o Malfoy no caminho...
- Ah, tá... E você, Harry?
- Eu... Bem... – Harry não sabia como contar que estava namorando sua irmã. De repente lembrou-se que era pra ter esperado ela na carruagem, e que agora ela devia estar zangada com ele. Mas Hermione tirou um de seus problemas.
- Harry teve... Ahn... – olhou de esguelha para Rebecca.
- Eu vou indo. Tchau Rony, a gente conversa depois. Tchau, capitão, tchau, Hermione!
- Tchau!
- Como eu ia dizendo, Harry teve outra visão. Eu o encontrei caído no chão apertando a cicatriz, daí quando ele acordou ele me contou o que viu...
Harry repetiu sua visão a Rony, aliviado por não precisar contar a Rony seu namoro agora. Ele ficou assombrado.
- Vocês não perceberam o que isso significa?
- Não! Além do fato do Harry estar encrencado e da gente já saber o motivo de Voldemort ter seqüestrado Aisha eu não percebi nada!
- Pansy é uma Comensal! Desde antes de falar isso com Voldemort ela era uma Comensal! – Rony revelou.
- Então isso quer dizer que... – Harry começou, lentamente.
- Voldemort tem um outro espião em Hogwarts! – Hermione completou, fingindo ser surpresa o fato de Pansy ser uma Comensal. Ela não havia contado aos dois sobre o que ouviu de Malfoy. Mas não percebeu que, ao dizer isso, se incriminou.
- Como assim “outro”, Hermione? Você descobriu mais alguém?
- Eu... Não, vocês também sabiam desse! Snape, oras! – disfarçou. Na verdade, ao falar “outro”, pensava em Malfoy. E pensar em Malfoy fazia ela ficar triste... Por algo que os rapazes jamais deveriam saber.
- É mesmo...
- Gente, eu preciso ir fazer uma coisa, vocês não precisam me esperar pra voltar pro castelo, tá? Eu vou ficar a tarde inteira ocupado com isso... – Harry tentava sair dali para procurar Gina.
- Você vai aonde, Harry? – Rony perguntou, desconfiado.
- Depois eu conto... Agora eu tenho que ir.
- Eu também vou fazer uma coisa... Não precisam me esperar. – Hermione agarrava a deixa, querendo ficar um tempo sozinha para poder pensar, ou melhor, tirar do pensamento, aquele beijo que ela passou a conversa toda relembrando. Rony ficou mais desconfiado ainda.
- Vocês dois vão a algum lugar e não querem me contar?
- Não! Eu tenho realmente que ir fazer uma coisa...
- Olha, Rony, se você está tão desconfiado assim, pode ir a qualquer hora que você quiser lá na primeira montanha que aparece quando você sai de Hogsmeade pela estrada principal. Eu vou estar lá. O Harry, eu já não sei...
- Eu explico depois. Tchau! – E Harry saiu do Três Vassouras.
- O que você vai fazer lá, Hermione?
- Pensar... – respondeu, sem pensar. Quando viu a cara de Rony, emendou. – Vou tentar juntar as pistas, para eu tentar descobrir onde está Aisha. Eu quero ficar sozinha para não me distrair... E você vai fazer o quê?
- Eu então vou para a Casa dos Gritos... Depois eu compro alguma coisa e vou embora...
- Então vamos fazer o seguinte: Você nos encontra no Três Vassouras daqui a duas horas.
- Mas e o Harry?
- Manda uma coruja pra ele...
- Até lá, então... – Hermione saiu e foi para a tal montanha. Rony ficou por ali mesmo, pegou uma cerveja amanteigada e foi até a Casa dos Gritos. Não entendia o motivo de estar sendo excluído daquele jeito do trio... Ele só não sabia que cada um estava escondendo algo de todos... Viu Nicolas na porteira da Casa e foi até ele. Pelo menos tinha alguém para lhe fazer companhia por duas horas...

*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

Harry encontrou Gina na Zonko’s, e ela não parecia muito feliz. Foi até ela.
- Oi...
- Oi? É isso que você tem a me dizer? – ela se virou pra ele, com as mãos na cintura e com uma expressão de “Sra. Weasley” no rosto.
- Gina... Me desculpe, é que eu...
- Você me deixou plantada, foi isso!
- Dá pra gente sair desse lugar lotado pra eu poder te explicar o que aconteceu?
- Vamos ver o que você tem a me dizer então... – ela puxou Harry pela mão até o trecho de chão que separava a Zonko’s da loja ao lado, Dervixes e Bangues. – Explique, então!
- Eu tive uma visão, tá! Minha cicatriz ardeu, e quando a Hermione me achou pra me socorrer, as carruagens já tinham ido!
- Ah... Então... Me perdoa... Epa! Peraí! Se a carruagem já tinha ido, como você chegou aqui?
- Você sabe do Mapa do Maroto?
- Sei... Aquele que mostra as pessoas de Hogwarts, né? Vi Fred e George usando ele uma vez...
- Pois é, agora é meu... Eles me deram no Natal do terceiro ano. Bem, ele não mostra só onde as pessoas de Hogwarts estão, eles também mostram todas as passagens secretas do castelo... Inclusive as sete passagens que vem até Hogsmeade. Usei a mais próxima de onde eu estava... E eu te perdôo sim... – ele a abraçou.
- O que vamos fazer agora? – ela perguntou, ainda com os braços ao redor do pescoço dele.
- Qualquer coisa, desde que seja longe do Rony... Temos a tarde toda...
- Você não contou pro Rony?
- Claro que não, ele me mataria!
- E você ainda se diz um grifinório...

*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

Hermione chegou na tal montanha, subiu até o topo dela e sentou-se. Começou a pensar. Não deveria estar assim por causa do Malfoy. Ela tinha que esquecer aquilo. Mas simplesmente não conseguia... Pela primeira vez, não sabia o que fazer. Quer dizer, ela já teve horas em que não sabia com o que ou como estavam lidando, mas sempre tinha um caminho, mesmo que esse não desse em nada. Dessa vez, não conseguia imaginar uma só saída.
Então, antes que percebesse, estava chorando. Sim, chorando. Ela chorou poucas vezes na vida, não era justo que Malfoy conseguisse essa proeza. Tentou conter as lágrimas, e percebeu que, não só tinha conseguido parar as lágrimas, como também as que já tinham caído permaneceram flutuando no ar. Estranhou. Encostou-se a uma. Ela instantaneamente caiu.
Hermione tentou compreender o que exatamente era aquilo. Podia ser uma magia involuntária. Mas então ela se lembrou da visão... Da visão de Harry... E da pergunta de Nicolas...

“- Hermione, eu não estou entendendo nada, mas deu pra pescar uma coisa: se nessa visão, que confirma o fato da mãe do Harry ser uma Guardiã, ela estava treinando Magia Elemental, se for verdadeiro porque você estava treinando com ela?”

Ela havia acabado de descobrir que Nicolas tinha razão. Ela controlava a Água. Era uma Guardiã, como Harry. As lágrimas ainda flutuavam. Pensou no ódio que sentia de Malfoy. As lágrimas instantaneamente congelaram. Hermione se levantou, fazendo com que as gotas de lágrimas caíssem. Ela deveria praticar. Ela deveria se tornar boa o suficiente para se vingar de tudo o que Malfoy havia feito. E ia começar imediatamente.

*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

Rony e Nicolas ficaram conversando na Casa dos Gritos por um bom tempo, até Rony se lembrar de ir ao Corujal avisar Harry do encontro. Os dois foram até o Corujal e Rony escreveu a carta. Ele reencontrou Rebecca, e os três conversaram de tudo: desde as matérias e o Quadribol até as bobagens do novo ministro, um tal de Rufo Scrimgeour.
Rony então resolveu ir até a montanha ver o que Hermione tanto fazia. Deixou Nicolas e Rebecca conversando e foi até lá. Quando subiu, viu que Hermione não havia notado sua presença e se escondeu. Viu gotas congeladas flutuando na frente dela, que estava sentada. Então ela se levantou de repente, e as gotas caíram. Ele viu ela puxar a varinha e se encolheu, pensando que ela o tinha visto.
Mas ela apontou para as gotas, que estavam estilhaçadas no chão, e fez elas duplicarem, triplicarem, até se formar um pequeno monte de pedaços de gelo. Ela juntou tudo em uma bola de gelo, e fez uma ponta extremamente aguda nela. Então, com um gesto brusco da varinha, apontou na direção de Rony, ainda sem vê-lo, com a intenção de acertar o tronco em que ele se escondia.
Rony não teve tempo de sair de trás do tronco. A estaca de gelo atravessou o tronco da árvore e acertou-o no ombro direito, atravessando-o completamente. Ele soltou um grito abafado e sentiu os olhos se turvarem. Viu Hermione correndo em sua direção. Fechou os olhos por causa da dor. O sangue manchava a neve branca. Sentia que ia morrer...

*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

N/A.: Me desculpem pela demora, mas eu estou ficando mais na casa dos outros do que na minha... Minha mãe arranjou um emprego de recepcionista de posto de saúde, e ela trabalha das sete da noite as sete da manhã, então eu durmo na casa dos meus tios quase todo dia... Mas depois de muito custo e crises de depressão em que eu pensava em excluir a fic, eu consegui acabar o capítulo. Espero que tenham gostado, e comentem, a idéia de excluir ainda não saiu da minha cabeça... ~*Aparatei*~

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