ÚNICOOO



Sua cabeça ainda estava doendo. Já havia passado um dia e três horas desde aquela festa. Mas ainda parecia haver um piano sobre ela. Não tivera coragem de sair do quarto. Caminhou para o banheiro pela décima vez, a fim de lavar o rosto e “tirar” aquele peso.

Olhou no espelho. Quem lhe visse naquele estado se perguntaria se aquele era realmente o verdadeiro Draco Malfoy. Seus cabelos estavam despenteados e caídos nos olhos, estes, pequenos e inchados. Realmente havia bebido demais. Mas, pela primeira vez na vida, ele não ligava.

Estava intrigado. Aos poucos se lembrava do que aconteceu na festa. Mas eram como flashes. Nada completo.

Festa dada pelo ministério em comemoração a captura dos últimos comensais. Tudo o que se podia imaginar de bebida, de roupas, de bandas, havia lá. Era um festão.

Uma mansão foi alugada. Estava enfeitada a moda antiga. Toda em dourado. Laços e cortinas caíam das janelas, formando belas molduras. Garçons serviam bebidas de todos os tipos a todos os momentos. E todos, sem excluir nenhuma pessoa, tinham uma máscara no rosto.

Draco sentou-se na cama e fitou um ponto na parede. Era assim que sempre fazia para poder se lembrar de alguma coisa. Sempre funcionava...

O clima da festa estava o melhor. Depois de uma hora inteira de discursos e falas ensaiadas em cima de um palanque, todos estavam na pista de dança, bebendo, dançando e, alguns, se beijando.

Era impossível reconhecer alguns rostos. Principalmente, porque aquele era o seu sexto copo de wisk. Já estava se sentindo bastante alegre e cambaleante. Observava todos dançando, felizes, com suas vidas perfeitas.

Identificou Potter. Usava o traje de gala e uma máscara azul clara, mas a cicatriz estava a vista. Identificou Weasley. Seus cabelos vermelhos estavam a vista e também dançava com uma garota de cabelos cheios e castanhos. Granger... Pouco depois seu olhar foi desviado. Longbotton beijava Lovegood. Estavam sem as máscaras.

Continuou olhando, até que seus olhos pousaram sobre um corpo de garota. Fitou-a. Seus cabelos estavam presos em um coque, cobertos por um pano dourado, que combinava com a decoração da festa. A máscara que usava era igualmente dourada e lhe tapava todo o rosto, exceto o nariz e os lábios.

Draco caminhou cambaleante. Tirou a máscara que usava e parou de fronte para a garota.

-O que você está fazendo aqui? – perguntou a garota, em um tom seco.

-Isso... – e sem mais nem menos, a beijou.

A reação de início da garota foi ficar estática, completamente imóvel, mas, sem se conter, entregou-se ao beijo.

-Mérlin! Eu surtei! O que me deu na cabeça pra beijar uma garota daquela maneira? – disse, desviando o olhar do ponto. – Só podia estar bêbado mesmo.

Passou as mãos sobre o rosto e voltou a fixar o mesmo ponto de antes...

O momento estava sendo perfeito. Absolutamente. As bocas estavam com sede uma da outra. Ele sentiu que já a conhecia. Conhecia aquele cheiro, aquela pele. Mas tinha certeza que nunca havia tocado um dedo sequer naquela criaturinha.

Foi então que ela o empurrou, fazendo-o cair no chão.

-Não faça mais isso. Nunca mais. – disse, se abaixando, para não chamar atenção dos demais.

-Desculpe. Não sei o que... ahh... Minha cabeça. Está tudo rodando! – disse, pressionando uma mão na cabeça.

-Você está bem? – a garota perguntou.

-Não. Não estou bem.

-Aquela droga daquele beijo. Merda! O gosto daquela garota ficou na minha boca! – disse, enquanto passava a língua nos lábios. – Onde será que ela foi? Malfoy, você é mesmo um idiota! Beijou a garota, ela te ajudou e você nem ao menos sabe quem é ou onde está. Nem disse obrigada, muito menos se despediu. – disse para si mesmo.


“Eu não sei o que eu to fazendo, mas
Eu tenho que fazer
Aquela noite que eu te conheci, eu acho,
Que nunca vou esquecer
Um momento quase perfeito
Inocente em seus defeitos
Tudo que é bom dura pouco
E não acaba cedo
Agora, pra sempre, foi embora, mas eu nunca disse
adeus
Agora, pra sempre, foi embora, mas eu nunca disse...”.


-Eu preciso sair. Tenho que tomar um ar. Estou me sentindo meio tonto.

-Meio tonto? Você está bêbado, Malfoy.

Ele se assustou ao ouvir seu nome.

-Como sabe que sou eu?

-Está sem máscara.

-Droga. Eu tenho que... ahhh... Merda!

-Vem, Malfoy! Eu ajudo você. Vou levar você pra sua casa. Anda!

-Não preciso de ajuda.

-É... eu estou vendo.

-Por que essa música ta tão alta, ein!?

-Porque você está em uma festa. Música em festa é alta. Entendeu?

-Eu sei. Eu não sou burro.

-Eu sei que não. Agora vamos.

A garota se abaixou e, com muito custo, o ajudou a levantar.

-Consegue aparatar na sua casa, Malfoy?

-Claro que eu consigo. Aparatar é fácil.

-Não quando se está bêbado.

-Não enche!

Draco fechou os olhos e focalizou a sala de estar da sua casa. E em um simples estalar de dedos, os dois se encontravam dentro da Mansão dos Malfoy.

-Pronto. Você já pode ir embora. – disse o loiro, se soltando da garota.

-Certeza?

-Sim. Eu estou ótimo! – falou, enquanto tentava se equilibrar em pé.

A garota começou a sorrir, rir e depois a dar gargalhadas.

-Isso não tem graça. A casa está mexendo. Não é culpa minha.

As gargalhadas continuavam.

-Para de rir, garota! Ah! Tudo bem, eu admito! Eu não estou bem. Será que você poderia ficar comigo, pelo menos por agora?

Ela parou de rir e engoliu seco.

-Eu... er... acho melhor não... er...

-Por favor! Eu faço qualquer coisa. – disse ele se aproximando e tomando as mãos da garota. – qualquer coisa...

-Está bem! Mas só um pouco.

Draco deu um sorriso e avançou o rosto pra frente, a beijando novamente. Mais uma vez a reação dela foi de estática e depois de entrega. Passou os braços em volta do pescoço do loiro e o beijou com vontade. Um tempinho depois, sentiu-se cair em cima dele, no sofá branco. Interrompeu o beijo.

-Eu disse pra não fazer isso mais. – Falou ainda de olhos fechados.

-Desculpe. Foi inevitável.

-Que não se repita ou eu vou embora.

-Não. Eu já parei. Mas eu poderia ficar nessa posição a noite inteira se você quiser.

Foi então que ela se tocou e, completamente corada, saiu de cima de Draco, apenas se sentando ao seu lado.

Draco agora sorria. Estava bêbado, mas conseguiu ver que as orelhas da garota haviam ficado vermelhas com o comentário. E, intimamente, deu graças a Mérlin por ela ser tão ajuizada. Ele não sabia o que poderia ter feito naquela situação. Nem acreditava que havia pedido ela pra ficar com ele. E na sua casa.

-Apesar de que eu faria qualquer coisa... ahh... Deixa isso pra la. – disse, num suspiro. “Draco Malfoy, você está virando um perfeito gay. Todo sentimental e suspirando...”, pensou.


“Eu disse vamo embora, to meio tonto,
Preciso respirar lá fora
Me leve para a sua casa, eu quero dormir
Onde você mora
Eu passando mal e você ria
Tanto barulho, eu não entendia
Mas concordava sem saber
Com tudo o que você dizia
Se me pedisse pra pular de um prédio
Eu diria sim
Qualquer coisa pra você gostar de mim
Agora, pra sempre, foi embora, mas eu nunca disse
adeus
Agora, pra sempre, foi embora, mas eu nunca disse...”


-Por que você tanto me olha, Malfoy? – perguntou a garota, desviando, pela milésima vez, o olhar dos cinzentos de Draco.

-Gosto de ver você sem graça. Fica com as pontas das orelhas vermelhas.

Nessa hora, as orelhas ficaram ainda mais vermelhas.

-Já chega, Malfoy. Você não pode beber assim mais, nunca pro resto da sua vida.

-Ah! Qual é?! Só tomei alguns copos de wiski.

-Quantos?

-Alguns...

-Quantos, Malfoy?

-Seis.

-SEIS?! Pirou? Ta querendo morrer de cirrose?

-Ah! Vira essa boca pra la! Eu não sou tão idiota!

-É o que você virou nessa festa.

-Ah! Quem é você pra me dar ordens? – disse, mal humorado.

-Sou alguém que está indo embora agora! – falou a garota, se levantando.

-Não! Espera! – falou ele, se levantando rapidamente e caindo de novo. – Ai, minha cabeça! Fica... Desculpa. Eu prometo não beber mais. Não tanto assim. Acho que vai realmente fazer bem pra mim se eu parar.

-Está prometendo pra mim?

-Estou. É uma promessa. Com feitiço ainda. – estendeu a mão – Um pacto. Ok?

A garota hesitou por um tempo, mas, sorrindo, estendeu a mão.

-Feito.

-Agora senta de novo.

-Não. Eu tenho que ir...

Draco a puxou pela mão, fazendo ela se sentar em seu colo. Fitou os olhos castanhos da mulher.

-Por favor.

-Eu... eu... tenho que...

-Shh... Fica só mais um pouco.

A garota sorriu com um canto dos lábios e Draco a beijou novamente. Dessa vez, o beijo foi com mais desejo por parte dos dois. Não foi surpresa. Ela já sabia que ele o faria.

Aos poucos foram deitando no sofá, até que ela interrompeu de novo.

-Só os beijos...

-Mas...

-Você está bêbado. Não vou fazer nada.

-Tudo bem...

A garota passou a acariciar os cabelos do loiro. Ficaram assim durante uma hora, até que ele pegou no sono. Ela se levantou, puxou a varinha, murmurou um feitiço e o colocou em sua cama. Não soube como reconheceu o quarto, mas o deixou la. Ela não conseguia acreditar em tudo que havia feito. Se seus amigos e parentes soubessem, ela estava morta. Suspirou. O olhou mais uma vez e aparatou.

Se levantou em um pulo. Aquilo tudo havia acontecido e ele não conseguia saber quem era aquela garota. Que o fez dormir. Que, agora, estava deixando-o sem rumo. Que ele desejava com todas as suas forças.

A noite havia passado rápido. Não perguntara o nome, não identificara, nada. Só se lembrava das orelhas vermelhas e dos olhos castanhos. Mais nada.

-E eu não pude nem me despedir!

Ouviu um estampido em seu quarto. Slugh, seu elfo doméstico, aparecera no quarto.

-Senhor, o senhor está atrasado. Precisa estar no ministério hoje, às 15hrs, senhor. Tem uma reunião com o Potter, a Granger, o Longbotton, a Lovegood e os Weasley.

-Quantas horas, Slugh?

-Agora são 14:20 senhor.

-Mérlin! Obrigado, Slugh!

-De nada, senhor!

E em outro estampido, o elfo sumiu.


“Eu perdi o rumo
Comecei a delirar
Acho que prometi até parar de beber e de fumar
De repente a noite acaba
E todo mundo some
Me lembrei que eu esqueci de perguntar o seu nome
Sem endereço nem direção por onde
começar
Qualquer coisa pra poder te encontrar
Agora, pra sempre, foi embora, mas eu nunca disse
adeus
Agora, pra sempre, foi embora, mas eu nunca disse
adeus”


Draco entrou no banho, lavou a cabeça, o rosto e o resto do corpo. Depois deixou que a água caísse em seu corpo. Não conseguia tirar aqueles olhinhos envergonhados da sua mente.

Saiu do banho, vestiu-se com uma roupa mais formal. Vestiu sua blusa branca, uma calça jeans preta e uma jaqueta jogada por cima da camisa branca, também preta. Ajeitou os cabelos, calçou e desceu.

-O almoço está servido, senhor.

-Pode comer, Slugh! Eu não tenho fome. – disse, sério. – Já estou saindo. Adeus!

-Adeus, senhor. – disse o elfo, em uma reverencia.

Draco aparatou dentro do ministério, em sua sala.

-14:56. Ufa! Cheguei a tempo.

Saiu da sala, percorreu um largo corredor e entrou no elevador e apertou o 12. Sempre pensara que ter um elevador no edifício era ridículo, mas, para hoje, ele estava achando um conforto. A cabeça parecia pesar uma tonelada e ele não conseguiria subir todas aquela escadas.

A porta do elevador se abriu. Draco saiu e entrou na segunda porta a direita. Na parede estava uma placa.


SALA 1235 – Neville Longbotton, ministro da magia.


Entrou. Todos já estavam lá, exceto a caçula dos Weasley.

-Boa tarde! – cumprimentou, Draco, sem sorrir.

-Boa tarde, Malfoy. – respondeu Harry, acenando com a cabeça.

Draco olhou os outro e sentou ao lado de Luna.

-Boa tarde, Draco. Você está bem? – perguntou a loira. Seus olhinhos intrigados passeavam pela sala, como se estivesse admirando uma bela paisagem.

-Estou ótimo, Lovegood.

-Não parece. Bebeu demais ontem, não é?! Dá pra ver nos seus olhos, que estão inchados.

Draco revirou os olhos.

-Como você sabe de tudo?

Luna deu de ombros.

-Só sou mais esperta, um pouco. – E voltou a atenção para a sala.

15:00... Nada de Weasley caçula. 15:10... 15:20... 15:30...

-Desculpem o atraso! Desculpe! Acordei atrasada! – disse uma ruiva, entrando na sala apressada. Olhou para a mesa. Havia um lugar ao lado de Hermione e em frente Draco Malfoy. Sem encarar nenhuma pessoa la, a não ser a castanha, sentou.

-Parece nervosa, Weasley. – comentou Draco.

-É... – ela respondeu, sem olhar pra ele.

Após Gina entrar e se acomodar, a reunião começou. Draco reparou que Gina nem olhava pra ele e que, a todo o momento, trocava olhares com Hermione. Parecia muito nervosa. Em um tempo, a castanha cochichou algo com Gina e foi ai que o loiro viu-se espantado. As orelhas da ruiva haviam ficado vermelhas, exatamente onde as da garota da festa ficavam. Draco sentiu um calor correr dentro de seu corpo e fechou os olhos. Queria sumir, desaparecer. Será que alguém ali ligaria?


“Eu não como, eu não rio
Eu não sei o que é adormecer
Me desculpe se eu fechar os olhos
E desaparecer”


“Não pode ser ela! Não pode!”, pensou, ainda de olhos fechados. Mais uma vez, os beijos trocados passaram por sua cabeça.

-Draco... Draco Malfoy... DRACOOOO! – gritou, Hermione.

O loiro abriu os olhos assustado.

-Se for pra você dormir, pode voltar pra sua casa.

-Eu não estava dormindo, Granger. Desculpe, Longbotton.

-Tudo bem, Draco. Agora, volta pra reunião.

-Ok.

Uma hora depois, a reunião acabara. Draco foi o primeiro a sair. “Não pode ser ela... Será?”, pensou. “Preciso fazer uma coisa. Preciso saber.”. Parou no meio do caminho e voltou para a porta da sala.

Harry saíra acompanhado de Neville e Luna, depois Hermione e Rony, só depois Gina.

-Weasley. Weasley. Espera.

Gina parou de costas para o loiro.

-O que foi, Malfoy?

-Foi você, não foi?

-Fui eu o que?

Draco olhou em volta. Muitas pessoas os olhavam.

-Eu preciso falar com você sobre uma questão importante, Weasley. O Potter que me passou. Vem. – disse, puxando a garota pra dentro da sala, desviando a atenção de curiosos.

-O que eu fiz, Malfoy?

-Na festa... Foi... Vira pra mim, Weasley. Por favor...

Gina se virou. Encarava o chão. Draco se aproximou.

-Não estou entendendo, Malfoy. – disse ela, ainda encarando o chão.

Mantinha as orelhas vermelhas.

Ele estava muito próximo.

-Ontem, na festa do ministério, uma garota... quer dizer... eu... bem... beijei uma garota. E ela me levou pra casa, ficou la comigo, até que eu adormecesse...

-E o que te faz pensar que fui eu?

-Ela ficava com as orelhas vermelhas, como as suas estão agora. E tinha os olhos... Olhe pra mim, Weasley.

Gina não se moveu. O loiro aproximou-se mais e ergueu a cabeça dela, a olhando nos olhos.

-Mérlin! Foi você! – disse, em meio a um espanto. – Por que fez tudo aquilo?

-Por que você me beijou? – perguntou ela, sem desviar os olhos.

-Porque eu te achei a mais linda da festa. Por que me ajudou?

-Porque você estava bêbado e poderia morrer tentando voltar pra casa. Por que me pediu para te fazer companhia?

-Porque... – ele parou. Nem ele mesmo sabia. – Porque eu gostei de uma coisa...

-De que? – indagou a ruiva.

-Disso.

Aproximou e a beijou. Gina não esperava, mas, como em todas as vezes, sentiu suas pernas ficarem moles, seu coração acelerar, suas orelhas ficarem vermelhas e, instantaneamente, suas mãos subirem pelo pescoço do loiro.

-Eu não sei o que deu em mim... – Disse Draco, após separar os lábios. – Mas eu sei que quero você, Gina. Você não sai da minha cabeça e olha q ela parece estar pesando mais de uma tonelada.

Gina sorriu.

-Você é um Malfoy e eu uma Weasley...

-Demos certo na noite passada.

-E será que vamos dar de novo?

-Eu me arrisco. Você não?

A ruiva sorriu e o beijou de novo.

-Considero isso como um SIM! – respondeu o loiro, retribuindo o beijo.

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