"Olhos Negros"



Chovia. Chovia muito, e o Expresso de Hogwarts se movia lentamente, as gotas d’água chicoteando às vezes, violentamente em suas janelas. As janelas dos compartimentos. Num desses compartimentos estava uma jovem, muito bonita, mas que ainda não conseguia disfarçar as olheiras. Mas Hermione não se importava. Estava tão sorridente e feliz quanto Harry, que falava banalidades com Gina, sua mão pousando possessiva e respeitosamente no ombro esquerdo da ruiva. Todos estavam felizes por eles: ficavam muito harmoniosamente bem junto. Harry descobriu que Gina se parecia muito com sua mãe, principalmente por ser “faísca-curta”, e havia muitas pessoas que diziam ver Lílian e Tiago novamente. Rony estava absorto numa discussão acalorada com Luna: as hinkypunks eram as Veelas em sua forma monstruosa ou não? Rony insistia que não, Luna que sim. Hermione estava muito feliz por ambos. Finalmente Rony encontrara alguém perfeito. Estava se sentindo um pouco sozinha ali, Neville estava ausente, tinha ido se sentar junto á namorada, Ingrid Strabonsky, num compartimento da Lufa-Lufa. Ingrid era uma menina gentil, mas era possessiva demais. Aliás, Sonserina não era mais uma Casa odiada por muitos. Agora se tornara motivo de admiração, já que muitos de seus ocupantes tomaram lugar no lado da Ordem durante a Guerra – ainda que por benefício próprio.

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Hermione pensava na Sonserina,enquanto coçava atrás das orelhas de Bichento. O meio-amasso,que andara estressado,fitava ,aborrecido,ora Arnaldo – o Mini-pufe de Gina – ora Edwiges (que devolvia olhares igualmente irritados) e ora Píchi, que piava alegremente na gaiola. Num relance de suspiro, se viu pensando em dois olhos negros. Na vida real, eram frios e maliciosos. No seu pensamento, porém, os olhos tão bonitos podiam expressar o que ela quisesse. E nesse momento estavam brilhantes, serenos. Como no dia da Batalha Final. Hermione queria muito vê-los assim. Eram tão mais bonitos!
“Granger” - pensou, reprimindo-se. Tentou, a partir daí, pensar em outras coisas, como em Minerva. Ela parecia sem dúvida mais animada. Será que teria dado certo com ela e Alvo? Se sim, seria um ano bom para os romances em geral. Menos para Hermione – ou assim parecia - bem, estava ela num romance? Não, mas, por tão pouco! Hermione se dava conta: aquilo não era, definitivamente, uma admiração. Ela sentia algo mais pelo professor. Mas não podia ser amor, podia? Tantas dúvidas pra uma cabeça só... Aliás,porque diabos ele iria desejar beijá-la? Aquilo fora tão irreal,que ela,por um momento,achou que fosse mero produto de sua imaginação,mas se lembrava,de ter lido em algum lugar sobre separação mente-consciência.

O trem deu uma parada brusca.

-Já chegamos? - perguntou Hermione para Gina.

-Parece que sim,hein? É melhor se trocar logo de roupa,ou quer ser vista assim pelo “Sonserino Misterioso”? – disse Gina, animada. Hermione se trocou , pensando se algum dia Gina esqueceria o tal sonserino.

Quando saíram do trem,ouviram uma voz conhecida e grave anunciar, um pouco abafada pelo som da chuva,mas ainda alta:

-ALUNOS DO PRIMEIRO ANO,AQUI! Vamos,vocês terão de enfrentar essa chuva! Vamos,mexam-se! Ah,olá,meninos! Como vão?

Era impossível falar no mesmo tom de Hagrid, e todos se entreolharam e fizeram sinais de positivo com os dedos polegares. Logo entraram na carruagem com os Trestálios. Agora, os cinco ocupantes – e seus animais – podiam vê-los.
Enfurnado em sua capa negra, ele observava o salão,ciente de que em aproximadamente 5 minutos esse se encheria de jovens detestáveis comentando, em voz extremamente alta,sobre as férias. Estava um pouco ansioso para vê-la, apesar de não admitir isso a si mesmo. Ele lembrava exatamente de tudo que acontecera quando sua consciência voltou ao seu corpo. A expressão surpresa, os olhos brilhantes, os lábios macios... a mão pequena e delicada,agarrada a sua. Será que ela estava... pensando... coisas?
Não, não. Ela não pensaria coisas assim. Ela não pensaria em ele estar se apaix... “Espere!” – gritou uma voz dentro da cabeça dele. “Em quem esteou pensando? Na Granger? Ora, faça meu favor.”

Severo Snape não estava feliz,tampouco. Tudo o que tinha era ele mesmo. Somente. Nem sabia porque estivera vivo até então. Tinha a vaga impressão de que ninguém se importaria se moresse. Afinal,ele cometeu tantos erros. Mas Dumbledore precisava dele, e se tinha forças pra morrer,tinha pra viver. Ou ao menos era essa a desculpa que ele dava á sua consciência.

Percebeu que Minerva o observava e tentou manter os olhos fixos na porta do Saguão. Logo, vozes altas e animadas foram ouvidas. Minerva levantou-se energicamente. Ajeitou o Chapéu Seletor e o banquinho, conferiu a lista de nomes, saindo pela grande porta,ao mesmo tempo que os outros alunos entravam. Era um grande grupo, e pareciam mais cabeças-ocas que nunca – pensou Severo.


Demorou a localizá-la,mas a encontrou. Estava com um ar falsamente alegre. Ele percebeu, também, que os seus dois melhores amigos estavam com garotas pela mão, e compreendeu. Ela estava “sozinha”. Ele também passara por isso, no sétimo ano,quando ninguém mais conversava com ele e ele tinha que passar horas e horas na Biblioteca, afundado com livros, seus únicos amigos.

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UM DIA DEPOIS...

O Salão Principal estava cheio. Era hora do Almoço, e todas as cadeiras e bancos estavam lotados. O burburinho das conversas altas e as risadas esganiçadas – que pareciam vir de hienas,não de humanos – deixariam qualquer um não acostumado com uma tremenda dor de cabeça. Uma aluna,porém parecia estar alheia a conversa dos amigos, mas não parecia estar com dores – contemplava com extrema concentração o prato em sua frente.

Era observada por um par de olhos negros, os mesmos que ela ansiava em ver dóceis, o dono desses olhos,porém, tinha pensamentos bem mais expressivos. Pensava numa maneira de conseguir olhar para ela na aula Extracurricular de Poções. O que diria? “Precisamos conversar”? Iria parecer um marido querendo tirar satisfações da esposa. Sem dúvida ela precisava de explicações. E ele as daria. Mas tudo ao seu tempo. Ele não sabia,mas o tempo voa, tanto e tão alto quanto as corujas que acabavam de entrar para a entrega do Correio.

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N/A: EU SEI,EU SEI! Ç_Ç Não me matem,mais um capítulo CC=Curto e Chato,mas vai melhorar,prometo! Não fiquem chateadas,porque ainda essa semana quero digitar o capítulo 10,que já está pronto e com muuuuuitas novidades!
Amo vocês,
E queria dedicar esse capítulo pra todas as leitoras novas! Muitíssimo obrigada!
Kissus,
Lety Snape

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