Uma Manhã Tumultuada



Capítulo 13 - Uma Manhã Tumultuada

Manhã de 21 de Dezembro de 1995.
Nevava calmamente por Londres. O tempo frio e a proximidade do Natal fazia as pessoas saírem cobertas de luvas, gorros e cachecóis. Mesmo para uma auror metamorfomaga, não era diferente. Ela atravessou o Largo Grimmauld e entrou apressadamente no número doze. Ela sobressaltou-se ao abrir a porta e dar de cara com Sirius Black, que cantava alegremente.
- Feliz Natal, priminha! – falou ele, que, pelo visto, pendurava ramos de visgo logo à frente da entrada da casa. – Frio, hein?
- Pois é – concordou ela, tirando o casaco, as luvas e o cachecol. – Você não acha que pega mal colocar ramos de visgo por uma casa cheia de adolescentes?
- Não, já que avisei aos mais... curiosos que isso é apenas para maiores de idade que já terminaram a escola – respondeu Sirius, sorrindo. - Nunca se sabe, não é, Tonks? Ginny veio me perguntar logo de cara o que eu pretendia com isso.
- E o que é que você pretende com isso? – quis saber Tonks, visivelmente desconfiada.
- Apenas trazer um pouco de harmonia para essa casa – ele falou em tom inocente, deixando a moça mais desconfiada.
- Ainda que de maneira física, você quer dizer – comentou a jovem, e, sem esperar resposta, continuou: – Afinal, quem você espera cair nessa brincadeira? Molly e Arthur?
- Não, não iria ter graça – responder o primo, com um aceno impaciente com a mão. – Tenho um peixe maior para pescar... Ou melhor, dois peixes maiores.
- Entendo – ela não se surpreendeu ao saber que Sirius já havia escolhido suas vítimas; para não ficar com receio, achou melhor nem perguntar quem era. Então desconversou: – Tem alguém aqui? A casa parece deserta.
- Os garotos estão lá em cima – respondeu Sirius, terminando de arrumar os ramos de visgo –, e Aluado está na cozinha, eu acho. Por que você não vai até lá?
- É, acho que vou – concordou Tonks, ainda desconfiada. – Melhor do que ver você planejando alguma coisa que não me parece muito... ética.
- Você vai gostar, Tonks... Tenho certeza que vai!
- Sei. Até mais, Sirius.
A jovem rumou para a cozinha onde, como Sirius havia dito, se achava Remus Lupin. Ela não sabia exatamente o porquê, mas seu estômago pareceu dar um solavanco que a fez ficar um pouco nervosa; isso estava acontecendo mais frequentemente, principalmente depois do fatídico beijo entre os dois alguns meses antes.
- Bom dia, Nymphadora – cumprimentou ele, sorrindo.
- É Tonks, Remus – corrigiu ela, com um arrepio. – Bom dia. O que está fazendo?
- Acabei de terminar um relatório sobre a minha última missão – respondeu Remus, apontando para a mesa, onde se achava um rolo de pergaminho caprichosamente dobrado. – E, agora, sem perspectiva sobre o que fazer.
- Estamos na mesma – comentou Tonks, sentando-se na cadeira. – Onde está a Molly?
- Foi visitar Arthur no St. Mungos.
- É isso! – exclamou a auror, levantando-se. – Vamos!
- Aonde? – perguntou Remus, sem sair do lugar.
- No St. Mungos, é claro – respondeu ela, em tom óbvio. – Veja bem, Remus. Eu não tenho nada para fazer. Você não tem nada para fazer. Vamos visitar Arthur!

Cinco minutos depois, Tonks e Lupin caminhavam pelo hospital bruxo. Tonks ficou um pouco enrolada com a descrição feita pelo cartaz na entrada do hospital, dizendo em que andar se achava a tal enfermaria onde Arthur estava. Remus chegou a se perguntar como que ela conseguira chegar lá três dias antes, com os garotos, Moody e Molly. Mas concluiu que fora, provavelmente, Molly quem guiara o grupo. Ele, portanto, se viu obrigado à ajudar a moça a achar a enfermaria (Tonks estava começando a confundir a esquerda com a direita).
- Tonks! Remus! – exclamou Arthur Weasley, quando os dois (finalmente) alcançaram a porta da enfermaria. – É realmente uma surpresa vê-los aqui!
- Decidimos de última hora – explicou Remus, lançando à Tonks um olhar significativo.
- E como estão as coisas na Ordem?
- Uma chatice – dessa vez que respondeu foi Tonks. – Não há praticamente nada para fazer por lá. Onde está Molly?
- Ela foi falar com o curandeiro responsável – respondeu Arthur, parecendo um pouco nervoso. – Ela quer saber quando vou poder sair, mas os curandeiros dizem que não saio daqui antes do Natal, o que significa que terei de passar por aqui, mesmo.
- É realmente uma pena, Arthur – falou Remus. – Seria bom tê-lo conosco na sede.
- É, mas eu não vou passar o Natal lá – interpôs Tonks, em tom desanimado. – Se bem que faz realmente muito tempo que não vejo minha família, minha mãe deve estar louca da vida comigo.
E mal Tonks acabou de falar isso, Molly chegou, acompanhada do curandeiro.
- Ah, olá, queridos, não sabia que viriam hoje – falou Molly, sorrindo. – Fui falar com o curandeiro, seria realmente muito bom se Arthur pudesse passar o Natal conosco. Então ele resolveu vir até aqui averiguar a situação da mordida.
- Talvez não fosse bom que ficassem aqui – falou o curandeiro, para Remus e Tonks. – Tenho certeza de que não irão gostar de ver isso.
Os dois se olharam e concluíram, silenciosamente, que, se o próprio curandeiro falou isso, era melhor ouvir seu conselho. Eles se despediram do casal Weasley, e já iam seguindo para a saída quando Tonks de repente falou:
- Sabe, nós ainda temos a manhã inteira. Podíamos tomar um chá aqui no hospital, mesmo, né?
- Pode ser – concordou Remus. – Não tenho nada para fazer, mesmo.
Para a salvação de mais um ataque do senso de direção de Tonks, havia um letreiro que dizia exatamente em que andar era a cafeteria. Eles já podiam ver as mesinhas para se sentar quando Tonks foi "barrada" por um paciente do hospital.
- Já te disseram que seus cabelos são lindos? – perguntou o rapaz, que estava de muletas. Devia ter a idade de Tonks (cujos cabelos estavam vermelho-escuro), mas era muito mais cara-de-pau do que a moça que, obviamente, havia ficado de cara emburrada com a pergunta.
- Já – respondeu ela, com simplicidade, continuando a andar para acompanhar Remus.
- Você não é paciente daqui, é?
- Não, não sou – negou Tonks, sem olhar para ele.
- Olha, eu vou sair daqui amanhã de manhã – continuou o rapaz, insistente. Remus já estava começando a ficar com medo por ele. – Que tal sairmos amanhã à noite?
- E que tal você ir para a sua enfermaria?
- Só se você for comigo, benzinho.
- Não – negou ela, novamente. Então falou para Remus: – Vá na frente que eu já o encontro, Remus. Talvez não tenha reparado, mas eu estou com um carrapato do meu lado.
Remus apenas fez que sim com a cabeça, e sentou em uma das mesinhas, onde ainda podia ver Tonks falando (ou melhor, quase gritando) com o desconhecido. Ele, além de insistente, era abusado. Quando Tonks parou de falar, ele, que não havia se mexido ainda, murmurou alguma coisa, que fez a jovem olhar para ele com uma cara mais emburrada do que antes (se é que isso era possível!) e, sem mais nem menos, foi possível ouvir o estalo da mão de Tonks no rosto do rapaz, que, rapidamente, saiu na direção oposta dela.
- Não pergunte – falou ela, ao sentar-se na mesa com Remus.
- Eu não ia, juro - respondeu ele, simplesmente.

E, assim, com calmaria, termina a manhã de 21 de Dezembro.

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