O começo de uma história



Capítulo 1: O começo de um história…

Feitiços lançados ao ar… destruição em todas as direcções… feridos… mortes! Remus Lupin sentia seu coração afundar diante da batalha que se desenrolava em torno de si. Aquele era o dia. O dia que todos os feiticeiros haviam temido que chegasse. Mas também era o dia que todos sabiam que iria, mais tarde ou mais cedo, surgir. E agora, via-se diante de uma certeza assustadora: naquela batalha, o futuro iria ser decidido. Ou vencia a Magia Negra ou a Magia Branca. Devoradores da Morte ou integrantes da Ordem de Fénix. Lord Voldemort ou Harry Potter!
Fechou momentaneamente os olhos. Não queria pensar que Harry, o garoto que segurou nos braços meras horas após ter nascido, diante do olhar orgulhoso de James, estava ali… no centro da batalha. A única esperança do mundo bruxo!
Ele era tão indefeso… tão inocente…

Flashback:

James sorriu, por entre as lágrimas de felicidade, quando os pequenos dedos se fecharam num único dedo seu, muito maior do que os do bebé que segurava carinhosamente nos braços.
Ao seu lado, Remus e Sirius conheciam pela primeira vez o mais novo integrante do grupo dos marotos.
_ Ele não é o bebé mais perfeito que vocês já conheceram?
Remus sorriu diante das palavras do seu melhor amigo. Nunca em toda a sua vida, sentira tamanho orgulho e emoção nas palavras de James Potter. Quem iria adivinhar que o seeker e capitão dos Gryffindor, aquele que apresentava um currículo enorme de namoradas e um ainda maior de detenções, iria se derreter por algo tão singelo como um recém-nascido? É claro que se teria de ter em conta de que James muito mudara ao longo do tempo e que aquele bebé não era um criança qualquer. Não! Aquele era Harry James Potter, filho de James e Lily Potter.
_ Perfeito e traquina! Sim…porque filho de maroto, maroto será! – Olhando severamente para o pequeno bebé, Sirius ergueu-lhe o dedo em riste – Ouve uma coisa, pequenote! Eu não quero ouvir histórias, quando cresceres, que tu passas todo o tempo enfiado naquele antro de perdição e bolor que é a biblioteca, nem de que não consegues defender-te de Slytherins idiotas. Nasceste um maroto e é isso que serás porque afinal temos de manter a tradição. Tens de Jurar que não irás fazer nada de bom!
Harry piscou os olhos esmeraldas em sinal de confusão. E quando a face de Sirius se aproximou da sua, Harry limitou-se a inclinar a cabeça como que pensando para si próprio se alguma coisa que Sirius havia dito tinha algum sentido. Remus não conseguiu deixar de pensar o mesmo.
_ Que estás tu para aí a falar, Sirius Black? O Harry ainda está a conhecer o mundo que o rodeia e tu já o estás a afogar em más influências.
Sirius dirigiu um olhar escandalizado para ele como que não acreditando no que ouvira.
_ Harry tem de saber desde já do que é feito o mundo. É nosso dever, como Marotos Mor, guiar este pequeno marotinho na descoberta dos prazeres da vida. – soltando um sorriso malicioso continuou - E que prazeres! Harry… meu caro Harry, se tu soubesses que…
Mas Harry não chegou a perceber que tipo de prazeres Sirius falava uma vez que a boca deste já se encontrava tapada pela mão de Remus, que o olhava reprovadoramente.
_ Tu estás louco?! O Harry ainda é um bebé!
_ Se a Lily te apanha a dizeres essas coisas para o Harry, és um Homem castrado e morto, meu caro Padfoot. A tua sorte é que ela está no quarto a descansar. – Mas as palavras não haviam chegado aos olhos do novo pai, que brilhavam de riso.
Olhando para baixo, para o pequeno ser nos seus braços que observava tudo e todos com a inocência e curiosidade típica de criança, James não conseguiu deixar de pensar, o quão certo Sirius estava. Harry era o mais novo membro dos marotos. Sabia que daí a alguns anos, o seu filho iria, também, criar um grupo de amigos e que, independentemente do que o futuro lhe reservava, ele iria marcar Hogwarts para sempre.
Seu filho! Saboreou as palavras. Há quanto tempo desejava dizer aquelas palavras desde que Lily o informara de que estava grávida? Sabia que, sempre que acariciara a barriga da esposa, sentindo os pequenos chutes do seu filho, ele já era pai. Mas agora, só agora, é que a realidade lhe era palpável. Só agora conseguia desfrutar de todo o significado das palavras: Eu sou pai!
_ Sirius? Remus? – os outros dois marotos olharam inquisitoriamente para o amigo que olhava pela janela, ainda com Harry nos braços.
_ Vocês prometem-me algo?
Responderam logo após trocarem um olhar confuso entre si.
_ Sim, claro!
_ È só pedires, Prongs.
_ Protejam o Harry! Custe o custar.
Sirius aproximou-se do amigo, colocando-lhe a mão no ombro.
_ James?! Mas que conversa é essa?
James virou-se para o melhor amigo, sorrindo quase tristemente.
_Não sei. Agora que a realidade de ser pai se abateu sobre mim, não consigo deixar de me sentir protector. Durante estes 9 meses estive a imaginar tudo o que gostaria de ensinar ao meu filho. Tudo o que lhe quero transmitir…
_ E vais fazê-lo!
_ Eu sei! Pelo menos espero. Mas, de repente… - a felicidade extinguiu-se do olhar avelã de James por alguns segundos.
_ De repente…?! - Remus também se aproximou olhando preocupado para o amigo.
_ Não sei… tive a sensação de que não poderei fazê-lo. Não me perguntem porquê! - Disse rapidamente ao ver que os outros dois marotos se preparavam para o interromperem –Apenas senti isso. É como se… como se algo me dissesse que não vou estar do lado de Harry. Pelo menos do modo que gostaria.
Sorrindo como que se desculpando.
_ Deixem estar! Foi apenas uns pensamentos sem sentido. Ainda estou um pouco abalado pelo parto. Posso não ter dado à luz a este maroto júnior mas podem crer que Lily tratou de tornar esta noite para mim tão dolorosa quanto foi para ela. Se os xingamentos não foram suficientes, podem crer que quase ter a mão esmagada manifestou isso. Cheguei a pensar que nunca mais recuperaria a mobilidade. – Riu-se, afastando a tensão criada ainda momentos antes, no entanto Remus e Sirius trocaram um olhar preocupado entre si.
_ E tu…- disse erguendo Harry até ao nível dos seus olhos – tu vais ter de ter muita paciência porque vais aturar uma mãe muito protectora e um pai ainda mais protector. Para não falar de dois tios malucos.
_ A quem estás a chamar maluco, cabeça de chifres? - Sirius olhou indignado para o melhor amigo sendo apenas ignorado.
_ E quando fores grande o suficiente vou ensinar-te como voar numa vassoura, quer a tua mãe queira, quer não.
_ Vais desafiar a Lily, Prongs? - Sirius sorriu divertido.
_ O que a Lily não sabe, não pode magoá-la.
_ Então ele não vai desafiá-la Sirius… - Remus continuou sorridente - ele vai é fugir do confronto!
_ Ah…ah…ah! Que piada. Só não me rio mais porque estou sem fôlego - ironizou James, lançando olhares negros aos seus dois amigos, perdidos nas suas próprias gargalhadas – Não ligues àqueles dois, Harry. Eles só dizem disparates. E esta é a primeira lição que te dou: se o Remus te pedir para fazer algo, faz o contrário!
_ Ei! - o dito cujo parou de rir automaticamente.
_ E se o Sirius também te pedir para fazer algo, fá-lo a ele! O teu padrinho precisa urgentemente de alguém que lhe faça frente.
_ Que raio de conselhos é que andas a dar ao miúdo, Prongs?! Até parece que… ESPERA AÍ! PADRINHO???
_ Sim…padrinho. Acho que Harry vai precisar de um e, embora as escolhas fossem muitas porque todos querem ser padrinho do Harry e são todos óptimas opções…- James sorriu trocista para Sirius - acho que não escolheria alguém melhor para o cargo do que tu, Sirius.
_ Tu…tu… estás mesmo a falar a sério?
_ Claro que estou. Eu não brincaria com algo tão sério como confiar o meu filho a alguém.
_ Mas… mas… Remus, tu estás a ouvir isto?
Remus sorriu. Sabia que James tinha razão. Não haveria melhor escolha…melhor pessoa para ocupar um cargo daquela importância.
_ Eu estou. E, ao contrário de ti, não estou a ouvir qualquer disparate.
Sirius olhou para ele, como que pensando se ambos estariam a gozar com ele.
_ Vocês só podem estar doidos. Sim! É isso! Estão doidos! Eu não sou propriamente o maior exemplo de responsabilidade adulta.
_ E eu sou, Sirius? Continuo a ser o Prongs mas também já sou pai. Achas mesmo que te convidaria se não te achasse digno do lugar? És o meu melhor amigo! Confio em ti a minha vida, logo, não conheço mais ninguém que tivesse a minha total confiança para lhe confiar o meu bem mais precioso.
_ James…
_ Espera, deixa-me acabar. Eu não peço que mudes, que deixes de ser o mesmo Sirius Black de sempre. Porque nesta família, não existe o normal. O Harry irá crescer no nosso meio e, sinceramente, não consigo pensar num melhor meio para crescer. Somos os três, umas crianças adultas? Somos! Não o nego. Bolas! Somos os marotos! É suposto sermos assim. Eu e tu a traçar planos para arrebentar com a escola, o Remus a tentar colocar-nos algum juízo na cabeça embora ele próprio seja um lobo traquina pronto a emergir.
_ James Potter!
_ Ei Moony, não o negues! Tenho a certa impressão que qualquer dia vais aparecer-me à porta de casa com uma namorada toda doida, com o cabelo às cores e completamente rebelde. E podes ter a certeza que o que vou perguntar será: “Só agora?” Acho que tu no fundo - sorriu malicioso para o amigo – gostas delas beeeem rebeldes.
_O Remus? Com uma mulher dessas? – Sirius começou a gargalhar descontrolado.
_ Sim! O Remus! Vai uma aposta Sr. Padfoot?
O olhar de Sirius adquiriu um brilho maroto.
_ É claro que sim! Aposto 50 galeões como o Remus se vai apaixonar por uma rapariga do tipo”bibliotecária”.
_ Pois eu aposto que vai ser com uma rapariga mais do tipo “ eu sou mais eu, louca, e gosto disso”
_ Rapazes! Caso não tenham reparado, EU estou aqui. Que eu saiba a vida amorosa de que estão a falar é MINHA, logo sou eu que escolho.
_ Com toda a certeza, senhor Moony! Eu e o Prongs nunca contrariaríamos tal facto…
_ Mas isso não significa que não possamos apostar nas tuas escolhas femininas.
Remus limitou-se a revirar os olhos. Será que Harry, sendo tão pequenino, já teria consciência na família louca em que se estava a meter?
Controlando as risadas, Sirius olhou carinhosamente para Harry.
_Tens razão, Sr.Prongs. Eu aceito, com todo o gosto, ser o padrinho do Harry.
_ Fico feliz! E também conto contigo Remus.
_ Comigo?
_ Sim. Para controlares até que ponto o Sirius poderá influenciar o Harry. E para o substituíres quando ele não poderá estar lado a lado com o meu filho.
_ Muito bem.
James adquiriu um semblante sério. Remus jamais se iria esquecer de que aquele momento foi um dos poucos em que vira o amigo tão sério.
_ Eu quero que me jurem… Promessa de maroto! Quero que me jurem que vão proteger o Harry tal como eu o protegeria. Quero que estejam do lado do meu filho, sempre que eu não puder. Que o protejam contra esta guerra… que ela não sinta o que eu sinto, todos os dias, quando trabalho como auror. Que ele cresça longe das influências dos devoradores da morte e das garras malignas de Voldemort.
Acariciando a testa de Harry com um carinho quase palpável:
_ Eu sei que o meu filho será corajoso como o pai e bondoso como a mãe. Sei que como guerreiro que ele será, irá desejar participar na guerra que explode lá fora. Mas eu quero que vocês não o deixem. Que nem que tenham de o arrastar pelos cabelos, vocês têm de o afastar dos males deste mundo.
_ Não o podes proteger de tudo, James.
_ Eu sei, Moony, Mas se o proteger de Voldemort, já me sinto feliz. Eu sei que ele irá travar as suas batalhas mas não quero que trave esta batalha. Esta guerra não é lugar para uma criança. Além disso tenho esperança que quando Harry estiver suficientemente crescido, tudo isto já tenha passado e Voldemort não seja mais de que uma breve lembrança e uma pequena referência nos livros de História que tanto odiávamos no nosso tempo de escola.
Um pesado silêncio abateu-se entre eles. Todos se encontravam imersos nos seus próprios pensamentos e, para espanto de Remus, quem quebrou esse silêncio não foi James mas sim Sirius.
_ Eu prometo James! Mesmo que não precise eu o faço. Não preciso pois já adoro esse pequeno rapaz de olhos esmeralda. Não sei explicar como, mas Harry já conseguiu cativar toda a minha devoção.
Remus compreendia o que Sirius tentava explicar. Também ele já se encontrava ligado ao pequeno. Uma ligação que se formara quase instantaneamente, sem ele se aperceber. Uma ligação tão forte, que Remus sentia uma necessidade quase física de proteger Harry.
_ Eu também prometo James! Tanto eu como Sirius estaremos do lado de Harry e do teu lado.
_ Mesmo que eu não esteja presente?
_ James! Que ideias é que te andaram a enfiar na cabeça?
_ Apenas responde.
_ Nós prometemos.
_ E não vão quebrar o juramento?
_ Tu sabes bem que não!
_ Promessa de maroto?
_ Promessa de Maroto! Não te preocupes, Sr. Prongs. O mini maroto será sempre a nossa primeira prioridade.
James pareceu recuperar o ânimo depois disso. Sorrindo para os seus amigos, continuou a mimar o filho.
Sem perceber bem o porquê, Remus viu-se assolado por um mau pressentimento. Um pressentimento tão forte que tinha receio de o questionar e de tentar perceber do porquê de ter aparecido. Mas, quando Peter finalmente chegou, e pegou Harry ao colo, o mau pressentimento intensificou-se. Pois quando Peter pegara Harry ao colo, este, que pouco chorara desde que nascera, começou a berrar a plenos pulmões, como se tivesse medo de algo.
Tentou fechar os olhos, e mandar o pressentimento para o esquecimento. Não! Aquilo não era nada. Isso! Aquilo era apenas resultado de um dia cansativo e cheio de emoções, resultantes do impacto do nascimento de Harry.
Sentindo-se mais calmo e confiante, Remus ficou a ver James pegar Harry ao colo, tentando acalmá-lo, e a ouvir a voz suave do amigo, a tecer palavras reconfortantes e mais promessas sobre a sua vida como pai e sua presença na vida do filho.
Promessas lançadas com esperança e amor, sem saberem que seriam quebradas pelo capricho do destino cruel.


Fim de Flashback


E agora? O que diria seu amigo, James Potter, se soubesse que, tanto ele, como Sirius haviam falhado na sua missão? Na missão de proteger Harry? Que não haviam conseguido cumprir a promessa de afastar Harry de tudo aquilo? Mas como era possível afastar alguém de uma guerra se esse mesmo alguém já estava destinado a lutar por um dos lados da mesma? Como?
Um grito trouxe-o de volta à realidade obscura e terrível que o rodeava. Focalizando a sua atenção, viu quando um devorador da morte caiu quando enfeitiçado por Tonks.
Nymphadora Tonks! Um pequeno e sincero sorriso surgiu nos lábios de Remus. Toda a vida havia estado sozinho, com a excepção dos amigos, considerando-se não merecedor de outro tipo de relação. Mas nada na sua vida o havia preparado para o efeito “Tonks”. Tentara convencê-la de que aquela relação nada tinha para dar certo. Enumerara várias razões que iam desde o facto de ser mais velho, até à sua condição de Lobisomem, tentando a convencer, talvez mesmo tentando convencer-SE, de que aquilo que começava a sentir não deveria existir. Que pensar em possibilidades era, por si só, algo proibido. Mas, no final, Remus sentiu-se vencido por Tonks. Esta havia passado por cima de todos os preconceitos afirmando que gostava dele tal como ele era, e que, se ele sentia o mesmo, então nada mais importava. Remus nunca gostou tanto de ser vencido. Parecia que, afinal, James Potter ganhara a aposta!
Piscou os olhos com força, preparando-se para lutar com um novo Devorador da Morte.
É incrível como a mente humana trabalha. Um mar de memórias e pensamentos haviam passado pela mente de Remus, sem, no entanto, passar mais do que um minuto. Dizem que, quando uma pessoa se vê irremediavelmente face a face com a morte, num segundo ele revê toda a sua vida. Remus não sabia até que ponto aquelas palavras abarcavam um fundo de verdade. Só sabia duas coisas: não reviveu toda a sua vida apenas as partes mais importantes, principalmente envolvendo os marotos, e não estava pronto para ceder à morte. Tinha duas razões porque lutar: uma delas era a bela auror que aprisionara seu coração solitário e a outra uma promessa. A promessa de proteger a pessoa mais amada pelos marotos: Harry James Potter!
Lutou ferozmente, deixando por momentos seus instintos animais abaterem-se sobre si. Lançava maldições com precisão, protegia-se daquelas que lhe eram lançadas, tentando, passo a passo, aproximar-se do seu alvo: o centro da batalha…o local que mais tremia sob o poder da magia… o local onde Tom Marvolo Ridle, Lord Voldemort, e Harry Potter, o Menino que Sobreviveu, se isolavam de tudo, enfrentando-se numa derradeira batalha.
Quando chegou perto o suficiente, viu Harry cansado como jamais o havia visto, mas ainda assim com uma expressão de determinação em todos os pontos de sua face. Viu também aquele que era alvo de grande temor por parte da comunidade bruxa sorrir triunfante, saboreando, talvez, a perspectiva da destruição daquele que ousou esmorecer a sua faceta de invencível.
Dando um passo em frente, Remus embateu numa barreira invisível.
_ Não vamos conseguir passar. Harry conjurou-a para evitar que outros se coloquem entre eles.
Olhando para o lado, viu Charlie Weasley a observar atentamente os dois grandes bruxos.
_ Mas… nós temos de ajudar. Não o podemos deixar lutar sozinho! – Remus começou a dar murros na barreira tentando, inutilmente, trespassá-la. - Temos de fazer alguma coisa!
Charlie não respondeu e Remos finalmente compreendeu aquilo que Dumbledore receara durante todo aquele tempo: ver Harry a lutar com um dos maiores bruxos das trevas e não fazer nada… ser um mero espectador enquanto a verdadeira luta decorria diante de seus olhos.

* * *

Harry tentou controlar a respiração, enquanto bloqueava mais uma maldição lançada pelo bruxo à sua frente. Sentia todo o seu corpo protestar pelo cansaço acumulado durante aqueles últimos dias… aqueles últimos meses! Não havia parado de procurar as Horcruxes, de lutar contra seres que jamais pensou existirem, de ver e viver com o receio de que todos os que amava pudessem ser alvos de Voldemort. Durante meses se prepara para aquele derradeiro encontro. E agora… rezava a todos os magos que não falhasse… que não deitasse tudo a perder… que estivesse à altura de proteger todos os bruxos e muggles, destruindo aquele assassino. O assassino de seus pais… o responsável pela morte de Sirius, de Dumbledore e de tantos outros. Sim, porque afinal, tudo ocorrera porque Tom Riddle desejara ser o melhor e escolhera a magia negra como o caminho.
Mas por muito cansado que estivesse, não iria desistir. Lutara muito, vira muito, sofrera muito para chegar ao ponto que estava. Agora, prometera a si próprio uma coisa: Podia morrer, mas se morresse, levava Lord Voldemort consigo!
_ Vamos fazer uma coisa, Mr. Riddle. Que tal se brincarmos às advinhas?
Voldemort olhou furioso para ele.
_ Não me chames isso! Jamais pronuncies esse nome! Além disso, Harry… tsc… pequeno Harry, não me digas que já estás louco sem ao menos eu tentar.
_ Não! - sorriu ironicamente, sentindo um prazer ao ver a fúria acender-se ainda mais nos olhos vermelhos do bruxo das trevas. Afinal, um bruxo desconcentrado é muito mais fácil de apanhar. – Apenas lembrei de uma advinha que é capaz de te interessar, Tom. O que tem em comum os seguintes objectos: uma taça, um diário…
Dizia cada um dos itens com cuidado e lentidão, deixando suas palavras serem arrastadas, mas não abafadas, pelo barulho da batalha que se desenrolado por toda a parte.
_ …um medalhão, um livro, um anel e uma cobra?
O prazer redobrou-se ao ver a face sempre impassível do seu inimigo, ceder ligeiramente.
_ Ah…vá lá…eu sei que sabes o que é. Para falar a verdade, todas essas coisas têm dois pontos em comum, mas eu só te peço uma. Então? Não é assim tão difícil, pois não?
Agora Harry conseguia determinar, com grande satisfação, uma sombra de… Medo? Seria aquilo medo?
_ Bem… já que não respondes, EU respondo. Todas essas coisas têm em comum o facto de terem sido alvos de um feitiço muito antigo e negro para guardar um pedaço de alma de um ser desprezível. O que não compreendo é o seguinte: como se pode guardar algo que não se tem? Hum? Então Lord Voldemort, não me respondes?
_O que tu sabes sobre isso? – perguntou furioso esquecendo-se, momentaneamente, da varinha que segurava em seus longos e brancos dedos.
_ O suficiente. Agora… aqui vem a novidade! Para além de serem Horcruxes, sabes o que mais têm em comum?
Deu um passo em frente, sorrindo ironicamente.
_ Estão todos destruídos!
Dissera aquelas palavras vagarosamente, sem pressas… saboreando o efeito que estavam a ter em seu antagonista. Poderia morrer, mas morreria com o prazer de ter sido dos poucos que tinha conseguido quebrar a mascara de Voldemort e de o fazer sentir o amargo sabor do medo… o mesmo medo que infligira em milhares.
_ Já não te sentes tão imortal, pois não Tom?
Aquelas palavras pareciam ter feito despertar no Lord das trevas um instinto perigoso e mortífero.
_ Não sei como fizeste para descobrir isso, Potter, mas podes ter a certeza que não vai fazer diferença alguma.
_ Não?
_ Não! Logo que te matar, vou usar o teu sangue, a tua vida destruída, para construir um outro Horcruxe.
_ Não receias que te destrua? Que já não sejas intocável?
Lord Voldemort soltou uma gargalhada sarcástica.
_ Potter… não sei o que o velho caduco te andou a dizer todos estes anos, mas se foi fantasias de que me poderias vencer, devo aconselhar-te a não acreditares em tudo o que ouves. Principalmente quando vem de alguém como Dumbledore.
_ Não digas o nome dele. Não te atrevas a pronunciar o seu nome! Tu não mereces dizê-lo!
O sorriso de Voldemort alargou-se, fazendo parecer-se ainda mais com uma serpente pronta para atacar.
_ Parece que toquei num ponto fraco, não foi? Agora já não tens o teu querido professor para te proteger.
_ Cala-te! – ordenou, lançando-lhe um feitiço de uma intensidade tal, que Voldemort teve dificuldade em pará-lo.
_Só tenho pena que não tenha sido eu a retirar-lhe a vida. De o ver mendigar por misericórdia… pedindo que o poupassem.
_ Albus Dumbledore foi e é o maior bruxo dos nossos tempos.
_ “É”? Não sei se sabes, pequeno Harry, mas o director já se foi!
_ Ele jamais partirá enquanto aqueles que lhe forem fiéis continuarem aqui.
_ Aqueles que lhe forem fiéis ? - pronunciou as palavras com escárnio - Diz-me Harry, continuas fiel a Dumbledore? Claro que sim! Que pergunta mais idiota. Mas fazes mal… muito mal… porque agora… em vez de estares do meu lado, estás a lutar por uma causa perdida…
Lançou um feitiço que atingiu Harry directamente no peito, fazendo-o voar alguns metros até embater numa árvore.
_ … por uma causa perdida e inútil. Diz-me, Harry, achas mesmo que irei poupar os teus amigos… todos aqueles que gostas? Não!!
Tentou controlar os gritos que se formavam em sua garganta quando sentiu seu corpo ser alvo de vários cortes e ferimentos, não desejando dar o prazer a Voldemort de o ver ceder. Trincou o lábio inferior, fazendo-o sangrar quando sentiu seu abdómen ser perfurado por uma lâmina incandescente invisível que lhe trespassou a carne.
_ Vou torturar pessoalmente cada amigo teu… cada um que teve sua presença marcada na vida de Harry Potter. Harry Potter, o Menino que Sobreviveu! Patético! Nem te aguentas em pé. És só um garoto… um pequeníssimo obstáculo no meu caminho.
_ No entanto, incomodo-te, não é? - conseguiu recuperar um pouco as forças, levantando-se. Iria enfrentar tudo de cabeça erguida.
_ Incomodas mas deixarás de incomodar. A partir de hoje não haverá mais Harry Potter…não haverá mais o herói do mundo… e irás tombar tal como teu querido professor tombou. Falhaste! E ao falhar, mostraste finalmente que Albus Dumbledore também falhou ao confiar em ti!
Não! Não poderia deixar aquilo acontecer. Não poderia falhar! Tinha de os proteger! Respirou fundo, tentando desviar as maldições que lhe eram lançadas. Uma… duas… três… dezenas… sem parar… cada vez mais fortes… mais dolorosas. Cada vez mais difíceis de quebrar. Imagens dos amigos preencheram-lhe a mente… memórias de um tempo em que era feliz na sua inocência. Onde podia desfrutar de aventuras de estudante, no interior do castelo e nos seus terrenos. Imagens dos pais… do padrinho… de Dumbledore. Não os podia abandonar! Desistir não era aceitável! Falhar não poderia ser uma realidade! Tentou com mais força… sentiu seus limites serem forçados… quebrados… Tinha de lutar por eles! Por aqueles que precisavam da sua protecção e por aqueles que um dia também haviam lutado contra aquele monstro e tudo o que ele representava.
Não! Não podia desistir!
_ Falhaste, Harry Potter! Não há mais nada que possas fazer.
Não! Tinha de haver algo!
_ E agora, chegou a altura em que Lord Voldemort prova ao mundo que nada o pode vencer. Nada nem ninguém! Que Harry Potter nada vale e é facilmente destruído.
Tinha de protegê-los! Muitas pessoas dependiam de si. Mas não tinha forças. Não conseguia encontrar em si mais energia. Já havia gasto suas ideias, seus feitiços. Não estava preparado. Mas tinha de estar!
_ Vais morrer sabendo que todos os que amas vão sofrer nas minhas mãos. Um a um!
_ Não! – gritou descontrolado, perdendo completamente a noção da realidade.
Debaixo dos seus pés, a terra começou a tremer violentamente, assustando todos na batalha. Harry fechou os olhos com força, enquanto levava as mãos à cabeça, continuando a gritar.
_ NÃO VOU DESISTIR! NÃO TE VOU DEIXAR VENCER! PORQUE NÃO ÉS NADA MAIS DO QUE UM ASSASSINO! UM ASSASSINO!
Chamas começaram a rasgar os céus e todas as árvores começaram a ser arrancadas do solo. Trovões demonstraram todo o seu poder, atingindo vários pontos do campo de batalha, ameaçando atingir vários devoradores da morte. Todos olhavam receosos em torno de si. Até mesmo Voldemort! Harry parecia ainda indiferente a tudo o que acontecia.
_ PROMETI QUE NÃO TE DEIXARIA VENCER E É ISSO QUE IREI FAZER! TU, LORD VOLDEMORT, NÃO IRÁS ASSASSINAR MAIS… MAGOAR E TORTURAR MAIS… NÃO IRÁS PROVOCAR MAIS NENHUM MAL NESTE MUNDO!
Harry abriu os olhos, de repente, e Voldemort viu-se frente a frente com um Harry que não conhecia. De onde vinha todo aquele poder? Como poderia…?! Agarrou com força a varinha. Ele era Lord Voldemort, herdeiro de Slytherin, o único feiticeiro que havia conseguido enganar a morte. Nada o poderia vencer. Muito menos um miudinho de 17 anos. Num último acto de desespero, dirigiu sua varinha para Harry e pronunciou.
_ Avada Kedrava.
_ Harry, não!
Remus tentou correr em auxílio do rapaz mas, mais uma vez, a barreira o impediu. Viu, em terror, quando a luz verde atingiu Harry, penetrando-lhe a pele, e este fechar os olhos. No entanto, não tombou. Manteve-se estático durante alguns segundos, até voltar a abrir os olhos, fixando fortemente Voldemort.
E, pela primeira vez, puro terror foi visível em todo rosto de Voldemort… terror esse que aumentou ainda mais ao ouvir as palavras sussurradas pelo Menino que Sobreviveu.
_ Não existe poder maior do que aquele que vem do nosso coração. Todos aqueles que não o conseguem sentir… nada serão! Este foi o teu maior erro, Tom Riddle.
E para espanto de todos, a luz que havia, momentos antes, penetrado em Harry, saiu do corpo dele, adquirindo sua cor uma tonalidade branca. Ficou a pairar no ar durante uns segundos até que caminhou em elevada velocidade para Voldemort.
Depois disso, apenas o nada.
Remus manteve-se paralisado no mesmo lugar, observando o ponto onde, segundos atrás, Lord Voldemort havia estado, sem compreender o que tinha acontecido. Estava tudo terminado! Voldemort estava vencido!
Olhando para Harry, viu que os olhos deste começavam a fechar-se e as pernas começavam a ceder. Correu para ele, reparando que a barreira, que por duas vezes o havia parado, já não se encontrava lá. Apanhou-o antes que o corpo fizesse contacto completo com chão, ajoelhando-se na terra e encostando a cabeça de Harry junto ao peito.
_ Harry! Aguenta-te!
_ Remus? – abriu lentamente os olhos.
_ Eu estou aqui! Não fales! Não te canses. Eu vou pedir ajuda. - olhando em volta, deparou-se novamente com Charlie, que parecia estar em profundo choque - CHARLIE! VAI BUSCAR A EQUIPA DE MEDIBRUXOS! AGORA!
O Weasley pareceu sair do torpor e começou a correr.
_ Harry?!
_ Ele está morto? Está tudo terminado?
_ Está! - lágrimas corriam agora por sua face, fazendo-o esquecer de tudo o resto. De que havia ainda muitos aurores a tentar conter os últimos Devoradores da Morte, que se recusavam a acreditar que seu mestre havia perdido… que vários eram os pedidos de ajuda… que muitos olhavam para ele e Harry, ainda a tentar compreender tudo o que haviam visto… que a terra já não mais tremia, que o céu se encontrava límpido… que nenhum trovão marcava sua presença - Tu conseguiste Harry! Conseguiste! Está tudo terminado!
Harry sorriu cansado, mexendo-se ligeiramente, apenas para soltar um gemido de dor. Remus olhou e viu, para seu grande horror, um profundo corte a atravessar o abdómen do garoto. Tentou fazer pressão na ferida, mas rapidamente seus dedos se encheram de sangue.
_ Aguenta Harry! Não desistas agora! Não me abandones!
_ Estou tão cansado… - agora a voz dele nada mais era que um sussurro - só me apetece fechar os olhos.
_ Não! Não feches! Ouve a minha voz. Agora vais conseguir ter uma vida normal. Serás como todos os outros.
_Uma vida normal… não sei porquê, mas isso parece-me quase um mito.
Remus não conseguiu deixar de ficar espantado com a capacidade dele em fazer uma piada num momento como aquele.
_Vamos tentar os possíveis. Que dizes?
Mas Harry já não lhe respondeu. Seus olhos se encontravam fechados, seu rosto pálido.
_ Não…não…Harry? Fala comigo! Não me abandones como o Prongs e o Padfoot fizeram. Fica aqui comigo. - olhou em volta desesperado – ALGUÉM ME AJUDE!!!! POR FAVOR!!! Harry! Abre os olhos. Não desistas! Não agora! HARRY!!!!

* * *

Sentia seu corpo pesado e dolorido. Tentou mexer-se um pouco, mas rapidamente arrependeu-se. A dor tinha-se multiplicado, perfurando-lhe o corpo como uma lâmina. Tentou voltar ao estado de inconsciência, onde a dor não tinha lugar. Será que não podia simplesmente mergulhar na escuridão e na ignorância?
Mas seu corpo protestava, obrigando-o a voltar à realidade.
Abriu os olhos.
Quando conseguiu focalizar a visão, deparou-se com um tecto alto de pedra, com lustres a pender… um tecto que, infelizmente, conhecia demasiadamente bem.
Muito bem, Potter! Bravo! De volta para enfermaria. - Pensou sarcasticamente.
Tentou recordar-se da razão da sua nova visita aos domínios de Poppy Pomfrey, a enfermeira da escola de Hogwarts. Forçou a mente e, quase que imediatamente, uma torrente de memórias o avassalou. Memórias terríveis de mortos, feridos… de uma busca interminável… de perdas… e, por fim, a batalha!
Sentou-se num sobressalto, fechando imediatamente os olhos pela dor provocada pelo movimento. Levou a mão ao abdómen e sentiu o linho das faixas que o envolviam.
_ Harry?
Olhou para o lado, apenas para fechar novamente os olhos quando sentiu suas costelas fazerem um barulho agoirento, quando se viram sob a pressão do abraço de Remus Lupin.
_ Remus! AI! Estás a esmagar-me.
O maroto pareceu recuperar a compostura, afastando-se rapidamente, murmurando mil e uma desculpas, intercalados com questões como: “Estás bem? Queres que te vá buscar alguma coisa? Tens a certeza que tens forças para te sentares?”.
Harry ficou a observá-lo atentamente, surpreendido pelo ar derrotado do ex-Professor. Suas roupas encontravam-se manchadas de sangue e poeira, rasgadas em vários pontos. Seu cabelo encontrava-se em completo desalinho, fazendo aproximar-se de uma versão Potter. Seu rosto… nunca Harry tinha visto tamanho descontrolo e abandono em Remus Lupin. Tinha grandes olheiras a pesarem-lhe por debaixo dos olhos, vários cortes e ferimentos era visíveis ao longo de todo rosto, mas completamente esquecidos por aquele que os envergava. Mas seus olhos… havia uma profunda preocupação neles... e um brilho típico de quem derramara várias lágrimas.
_ Harry?
_ Hum…
_ Perguntei se te sentias bem.
_ Ah! Sim…eu estou bem! Não te preocupes. Estou com força para qualquer coisa. - e, para provar sua teoria, balançou os braços, flectindo-os. Grave erro! A dor atacou-o, mais uma vez, fazendo todo seu corpo tremer, sem quaisquer remorsos ou delicadeza.
_ Tu não estás bem! - Remus olhou reprovadoramente para o rapaz.
_ Ok… ok. Desta vez não discuto. Sinto-me como se tivessem passado o autocarro Cavaleiro por cima de mim e o parassem, só para fazer marcha-atrás, passando-o novamente sobre mim.
Remus riu-se divertido.
_ Devias deitar-te. - começou a incliná-lo sob a cama, surpreendendo-se por não encontrar qualquer resistência por parte de Harry.
_ Normalmente iria discutir. Mas hoje estou estourado. Nunca me senti assim.
_ Precisas que chame a Madame Pomfrey?
_ Não! Não é preciso. Eu necessito de descansar, não de ter uma enfermeira possessa a queixar-se, mais uma vez, das minhas idas à enfermaria. Eu juro que aquela mulher é um Buldogue! Um Buldogue de guarda que não deixa nós, pobres vítimas de seus cuidados, termos o direito à sua liberdade.
_ Coitadinho… - troçou.
_ Não gozes! Estou a falar a sério.
Ficaram em silêncio por alguns segundos, até Remus criar coragem e fazer aquela pergunta que o perseguia desde a batalha. A mesma pergunta que enchia as mentes de todos que haviam presenciado a luta entre Lord Voldemort e Harry Potter.
_ Harry?!
_ Hum…
_ Lembraste do que aconteceu durante a tua batalha?
Harry olhou para ele, profundamente.
_ Lembro… quer dizer… mais ou menos. Lembro-me de sentir receio de não vos conseguir proteger. De falhar… de não conseguir ir de encontro com a esperança e a expectativa que muitos tinham em mim. O meu pai… a minha mãe… Sirius…Professor Dumbledore… e tantos outros que ainda estão…-as palavras pareciam-lhe ter fugido por momentos, ao que Harry, novamente, se sentou, completamente esquecido do seu corpo mutilado, agarrando Remus pelo braço.
_ Remus. Eles estão bem, não estão? Quer dizer…os Weasleys, Hermione, todos aqueles que…
Remus sorriu calmamente, voltando a empurrá-lo em direcção à cama e fazendo-o encostar a cabeça nas fofas almofadas.
_ Estão todos bem! Não te preocupes. Estão raladíssimos contigo, mas estão vivos.
Harry suspirou aliviado, fechando os olhos.
_ Ainda bem. Diz-lhes que não existe razões para se preocuparem. Eu estou bem. Isto não é nada que umas boas férias não resolvam.
Esperou ouvir a resposta de Remus, mas esta nunca veio. Abriu os olhos confuso, encontrando-o a olhar assustado para si, com os olhos brilhantes de lágrimas e perdição.
_ Remus?
_ Pensamos que te iríamos perder. Eu pensei isso. Depois… depois…
Harry acenou com a cabeça. Sabia ao que o maroto se referia: a explosão de magia.
_Eu não sei o que aconteceu. Um minuto tentava reunir forças, desejava conseguir proteger-vos, desesperado com a perspectiva de não o conseguir… e… no outro…Perdi o controlo. Foi como se algo se apoderasse em mim. Como se algo acordasse em mim! Foi tão forte! Tão intenso… quase que não conseguia respirar.
_ Tu paraste um Avada Kedrava, Harry! Um Avada Kedrava! Ali! À minha frente! Como se de nada se tratasse. Paraste-o e alteraste-o, lançando-o em direcção a Voldemort e depois… depois…
As palavras pareciam não querer sair, mas Remus forçou-as. Tinha de falar… tinha de fazer Harry compreender a intensidade do que acontecera.
_ Depois, simplesmente, colapsaste nos meus braços e ficaste hirto. Naquele momento… naquele momento…- as mãos tremiam-lhe sem controlo - pensei… pensei que te tinha perdido. Pensei que tinhas morrido.
Harry agarrou novamente no braço dele, vendo-o deixar-se cair sobre a cadeira perto da cama onde estava deitado. Remus fechou os olhos, levando as mãos ao cabelo em sinal de derrota.
_ Eu estou aqui, Remus. E posso dizer-te que não tenho intenções de ir a mais nenhum lado, nos próximos tempos. Uma vida pacata e normal, isso é o que eu preciso.
Remus ergueu o rosto, fitando-o.
_ Achas que consegues? “Harry Potter” e “uma vida normal” não é o que eu considero a combinação perfeita.
_ Pronto! Pode não ser normal, mas, pelo menos, será mais normal do que foi até agora. Além disso, deves ter um pouco mais de fé em mim e nas minhas capacidades.
_ Oh! Eu tenho! Podes crer que tenho! Nas tuas capacidades para te meter em sarilhos.
_ Remus! Então? - Riu-se um pouco, sendo acompanhado pelo mais velho- Pensa assim: Nada mais estranho pode me acontecer. Certo?
_ Espero sinceramente que não.
Harry olhou mal-humorado para ele, deixando sua cabeça afundar completamente no travesseiro.
_ Harry?
_ Hum…
_ Quando aquelas coisas estranhas começaram a acontecer e percebi que eras tu a causá-las… tive receio…receio desse poder.
_Também eu, Moony… também eu…


* * *

A noite já se apresentava senhora e dona de tudo, lançando seu manto negro sobre uma campo de batalha já esquecido… milhares de tendas com feridos… um castelo de alunos que já não mais se sentiam assustados. Naquela noite, todos haviam se vergado sob o manto de Morpheu, desfrutando de um sono já não mais cheio de pesadelos, mas sim de sonhos por cumprir e a esperança de que agora havia um futuro.
A guerra havia terminado… o sangue deixou de ser derramado… finalmente a paz há tanto tempo acalentada foi conquistada. E todos sabiam que, no dia seguinte, quando as forças já estivessem recuperadas, apenas se esperava uma coisa. Uma única coisa! A celebração de uma paz… o brinde à esperança a futuro abertos… a saudação a um herói!
Mas, do manto negro da noite, um vulto se formou, caminhando lentamente ao longo dos corredores de Hogwarts. Caminhava com segurança, sem receio de ser ouvido, mesmo sendo seus passos não mais altos que um murmúrio.
Cruzou corredores e halls, ignorou a passagem para as masmorras, até chegar ao seu destino final.
Esticou a mão e as portas da enfermaria de Hogwarts se abriram.
Aproximou-se da cama desejada, vendo que, talvez, não estava tão sozinho como pensara. Sentado numa cadeira perto da cama do garoto, estava um homem nos seus 30 e muitos anos, a dormitar. Aproximou-se cautelosamente mas, mesmo assim, o homem acordou. Olhou em volta, tentando perceber o que o havia acordado e encontrar um perigo eminente que pudesse atacar o garoto que protegia. Olhou para trás e seus olhos encontraram o vulto, esbugalhando-se de surpresa.
Tentou abrir a boca para tecer alguma coisa: uma palavra, uma exclamação… talvez um grito…Mas nada conseguiu articular pois rapidamente, como que se mexendo com a luz, o vulto pousou sua mão sobre o ombro do ex-Professor de DCAT, fazendo-o perder a consciência.
Satisfeito com o resultado, aproximou-se da cama e sorriu levemente. Sem qualquer pressa, sentou-se nos pés dela e aguardou que os sentidos, recentemente acordados, do rapaz o fizessem perceber que alguém o observava de perto.
Não se sentiu desiludido!
Rapidamente, o rapaz abriu os olhos de supetão, sentando-se como que se um choque lhe tivesse sido aplicado. Olhou para o vulto, assustado com o que via mas, antes que conseguisse exercer qualquer tipo de reacção, o vulto decidiu pronunciar-se.
_ Olá Harry!



Nota de autora:

Hum…hum *lightmagid a preparra a voz… hei não se riem!... eu até canto bem!...*

Apaguem a luz de faz favor! *lightmagid traz um bolo delicioso com vários andares… cada andar a representar os aniversariantes*

PARABÉNS A VOCÊS
NESTA DATA QUERIDA
MUITAS FELICIDADES
MUITOS ANOS DE VIDA
HOJE É DIA DE FESTA
CANTAM AS NOSSAS ALMAS
PARA A MENINA, LOLA

* lightmagid volta a encher o peito de ar*

PARA O MENINO GABREILZINHO BUBUBU

* mais um pouco*

PARA A MENINA DAMA MARY POTTER

* mais um pouquinho*

PARA A MENINA PRI

* e está quase… enche esses pulmões lightmagid*

PARA A MENINA DIDI

* quase…quase…quase... *

PARA TODOS QUE FIZERAM OU FAZEM ANOS

* ai!!!!!*

UMA SALVA DE PALMAS!!!


* lightmagid fica toda animada*

TENHAM TUDO DE BOM
DO QUE A VIDA CONTÊM
TENHAM MUITA SAUDE

* lightmagid estende os braços atraindo olhares estranhos*

E AMIGOS TAMBÉM!!!!

PARABÉNS PESSOAL!!!! SEJAM PARABÉNS ATRASADOS, UM POUCO ADIANTADOS OU MESMO NA ALTURA CERTA!!!!

MUITOS PARABÉNS!!!!

O primeiro capitulo das CRÓNICAS DE ASERA!!! Digam lá se não é um presente especial. Pode estar mal escrito ou assim- assim... mas é de coração.

Obrigada pelo apoio que sempre me deram… eu sinto orgulho de dizer que sou amiga de muitos de vocês, com quem tive o GRANDE PRAZER de falar no msn, skype e afins.

A ti, minha adorada maninha e beta, obrigada por me teres aconselhado a fazer esta nova fic” só digo isto agora porque ainda não me apercebi do trabalhão que terei com duas fics para actualizar e porque tenho um delicioso bolo à minha frente. VIVA AO DOCE!”


didi, eu sei que só fazes anos sexta...mas decidi dar-te o presente com avanço.

Pronto… acalmei… acho que todos, principalmente a família, estavam a começar a achar que eu já tinha pirado. E já estou mesmo a imaginar a resposta do gabrielzinho bububu “ Mas ela já não era pirada?”

Posso ser mas podes ter a certeza que não ficas atrás.

Posso também imaginar o comentário do pontas chifrinhos cor de rosa… mas a esse apenas repondo: “ se dizes alguma coisa relacionada com uma palavra começava por L ou palavras relacionadas, toco o sino para dar inicio à caça!”

E pronto… beijinhos a todos… espero que gostem…

Da Grã-magid vai este enorme presente, Lightmagid


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