O Cárcere



Harry acordou com a cabeça extremamente dolorida. Tentou passar a mão sobre a cicatriz que ardia, mas viu que seus braços e pernas estavam fortemente amarrados. As amarras que prendiam seus braços estavam presas na perna da cama dos tios. Viu pés à sua frente e ergueu a cabeça, ali estava Lúcio Malfoy.


- Boa noite, Potter.


- Como você veio aqui?


- Oh, Potter, você não pensou que ficaríamos presos em Azkaban pra sempre…


- Que vocês tinham fugido de Azkaban eu sei, quero saber como entraram aqui - disse Harry com raiva.


- Oh, ele está nervoso - debochou um comensal sentado na cama. Harry virou o pescoço para ver quem era, era McNair.


- Você disse que… sabia, que nós havíamos fugido de Azkaban?


- Oh, Malfoy, você não pensou que eu não veria a fuga de Azkaban através de Voldemort, pensou? - retorquiu Harry ironicamente.


Malfoy olhou-o fixamente.


- Como você conseguiu? O Lorde das Trevas tentou invadir sua mente, e você simplesmente havia trancado-a, ele não sabia como, provavelmente alguma medida de Dumbledore, suponho.


- Suponho que você adoraria saber, é realmente uma pena.


- Potter, você esqueceu de algo deveras importante. O Lorde das Trevas não pode aproximar-se desse lugar, mas nós sim.


Harry de repente se tocou, como Dumbledore pode deixar aquilo acontecer? Ele mesmo dissera que um dos motivos de tê-lo trazido para a casa dos Dursley era porque os comensais ainda estavam livres, mas nada os impediria de entrar ali se descobrissem onde ficava. E além da Sra. Figg e de Mundungo, nada mais estaria protegendo-o.


- Os meus protetores… - iria dizer: a Sra. Figg, mas achou que talvez eles não soubessem sobre ela e ele estaria entregando-a.


- Aqueles dois bruxos? Dumbledore foi muito ingênuo em confiar num aborto e naquele inútil, deveria guardar o seu pupilo melhor, não acha?


- O que vocês fizeram com eles? - perguntou preocupado com a Sra. Figg e Mundungo.


- Ah, nada! Nada demais! - respondeu um bruxo sentado no chão que Harry ainda não tinha reparado na presença, era Dolohov, que dava um sorrisinho amarelo para ele. - Eles quase nem gritaram, completou rindo.


Harry olhou nervoso para Malfoy, o que eles teriam feito, ou estariam blefando?


- Onde eles estão?


- Nesse momento eu não faço a menor idéia, Rookwood disse que cuidaria deles depois de nós termos os capturado, teria que perguntar a ele.


Harry sentiu uma onda de ódio subir ao seu rosto deixando-o vermelho, viu que Malfoy segurava o braço que estava com uma grave queimadura. Olhando Dolohov melhor viu que ofegava deitado no chão, tinha cortes pelo pescoço. Virou o pescoço e viu McNair. Ele olhava a perna, havia um rasgo na calça e um grande corte na perna, talvez quebrada.


De repente Harry se lembrou de outra coisa. - Onde estão os meus tios? - perguntou começando a desesperar-se, com a aversão que tinham de bruxaria.


Lúcio Malfoy riu. - Ora, garoto! O que pensa que seríamos capazes de fazer com eles? - estalou os dedos e chamou: - Rodolfo, traga-a!


Rodolfo Lestrange entrou segurando Tia Petúnia com uma mão sobre sua boca e a outra segurando suas mãos amarradas atrás do corpo. Harry desesperou-se ao vê-la daquele jeito, sentiria-se culpado o resto da vida se algo acontecesse a ela.


- Preocupado com a sua pobre tiazinha, Harry? Oh, é uma pena mesmo, afinal ela é o motivo de Lorde Voldemort não poder entrar aqui, é, é sim, por causa dela. Ele apontou a varinha em direção a ela.


- Não! - gritou Harry sem poder fazer nada.


- Não? Não, você diz, pois eu digo sim, sim, sim, sim, Potter! Crucio.


Tia Petúnia caiu no chão soltando-se dos braços do comensal, gritando.


Harry gritou implorando: - Não, não, pare, por favor, pare, faça o que quiser comigo, mas deixe-a, DEIXE-A! Os comensais riram dele, ele ouviu os tios de Tio Válter gritando no andar inferior: - Parem, o que estão fazendo com a minha mulher? PAREM!


Ela parou de gritar ofegando.


- Parem com isso, parem, não façam nada com eles, nada! Peguem-me, façam o que quiser comigo, mas deixem eles, eles não têm nada a ver com isso. Harry achava que já estava acabado, então tentaria salvar ao menos seus tios.


- Ah, Harry, o que te faz pensar que pouparíamos esses trouxas repugnantes?


- Levem-me, levem-me, mas deixem eles, não façam nada, eles não têm a ver com isso!


- Ah, mas é claro que têm, é por causa deles, ou melhor, dela, que o Lorde das Trevas não pôde vir aqui, pessoalmente, te buscar. Mas não há problema, nós iremos levá-lo até ele. Quanto a esses trouxas, nós iremos matá-los por puro prazer mesmo, depois, é claro, que tivermos torturado-os bastante.


Tia Petúnia, no chão, olhou-o com olhos lacrimejantes. Harry achou que o estaria condenando, mas ela olhava-o com piedade, sentia pela vida dele também. Vendo-a assim, no chão, sentindo as dores que ele já conhecia, olhando-o assim, sentiu um imenso remorso e um intenso sentimento de revolta, por que isso? Por que tinha que acontecer com ele?


De repente os vidros das janelas e os objetos de porcelana de toda a casa começaram a explodir lançando estilhaços afiados em todas as direções, os comensais se abaixaram para proteger-se. Mais dois comensais, dos novatos, subiram ao quarto dos Dursley.


- O que está acontecendo?


- Fique quieto e calado. Eu não sei o que está causando isso!


Harry sentia seu sangue fluir, sentia o ódio correndo em suas veias. Via sua tia, uma inocente, ali deitada, agonizando. Então de repente ele se tocou dos estilhaços de vidro à sua volta, olhou para a janela, sem vidro, e compreendeu que quem fizera aquilo fora ele. Ele fizera aquilo sozinho, inconscientemente, assim como quando fizera seu cabelo crescer há tempos atrás.


Olhou atordoado para Lúcio Malfoy.


- É melhor sairmos daqui, rápido, deve ser alguém da Ordem - disse ele -, vão, vão e chamem os outros, vamos partir, imediatamente, antes que alguém chegue, a polícia trouxa também não demorará, os vizinhos os alertarão - disse ele aos comensais que por último haviam chegado.


- E quanto aos trouxas?


- Abandonem-nos, não temos tempo para eles - os comensais já viraram-se quando Malfoy acrescentou voltando atrás - não! Matem-nos, matem-nos e vamos, rápido!


- E o garoto? - disse indicando Harry com a cabeça.


- Dele eu cuido - disse Malfoy com um ar de superioridade, e achando meio prepotente da parte dele perguntar aquilo, como se fosse óbvio.


Harry sentiu seu estômago afundar, eles não poderiam matá-los, ele tinha que fazer algo, não podia deixá-los ser mortos por causa dele.


O comensal levantou Tia Petúnia brutalmente e carregou-a para fora do quarto.


Harry olhou desesperado para Malfoy, ele sorria. Não sabia o que fazer, nada do que dissesse os faria mudar de opinião.


Malfoy virou-se para Rodolfo, que estivera ali parado.


- Pegue-o, e vamos.


Rodolfo aproximou-se de Harry, apontou a varinha para ele, e ele não lembrou de mais nada.





Harry abriu os olhos, o rosto encostado num chão duro, frio e úmido. Levantou o pescoço e olhou em volta. Era uma sala grande, escura e gelada; os móveis eram antigos e mofados. Estava ao lado de uma parede, à sua frente estava um espelho comprido, e à sua direita, uma poltrona.


Estava com as mãos amarradas atrás do corpo. Ajeitou-se tentando levantar um pouco o corpo. Estava no mesmo lugar em que vira Voldemort em um dos seus sonhos.


De repente sentiu sua cicatriz arder intensamente. Fechou os olhos para amenizar a dor, mas ela só foi aumentando sucessivamente. Abriu os olhos já sabendo quem veria à sua frente.


Ali estava Lorde Voldemort, em pé, na sua frente.


- Você não achou que duraria por muito tempo, Potter, achou?


- Não, achei que demorou demais. Deve estar perdendo o jeito, lorde.


Voldemort lançou um olhar malicioso para ele.


- Lúcio me disse que você sabia que havíamos invadido Azkaban.


- E…


- E eu gostaria de saber como.


- A mente brilhante de Lorde Voldemort ainda não conseguiu chegar a conclusão sozinho?


- Eu gostaria de ouvir dos seus próprios lábios.


- Como eu disse ao seu caro Lúcio, é realmente uma pena que você ficará sem saber.


Voldemort frisou-o com aqueles olhos frios. Harry concentrou-se, sabia o que ele estaria fazendo. Desviou seus olhos e esvaziou sua mente.


- Mas o que você acha que está fazendo? - Voldemort exclamou de repente.


- Realmente, você decaiu completamente desde que eu derrotei você! Será que é tão difícil de entender ou vai precisar de ajuda?


Um olhar de fúria percorreu o rosto de Voldemort.


- Você… você…


- Eu, eu o que? Sim, sua grande arma pra conseguir atacar o garoto problemático se foi, Voldemort.


- NÃO OUSE PRONUNCIAR MEU NOME!


- Qual? Voldemort? Ou Tom Riddle?


Voldemort apontou a varinha para ele, e gritou:


- Crucio.


Harry gritou, seu corpo doía intensamente, mas depois de um tempo, passou. Depois, ele começou a rir.


Voldemort olhou-o interrogativamente, como se Harry tivesse perdido a noção de quem estava ali em sua frente.


Harry sabia que não tinha mais arma ali, em frente a Voldemort, que o mataria daqui a alguns instantes. Mas não morreria acovardando-se em frente a ele, assim como seu pai, seria corajoso, bateria de frente com ele. De repente lembrou-se das pessoas saindo da varinha de Voldemort quando do Priori Incantatem, no fim do quarto ano, e deles dizendo-lhe para não largar a varinha e manter o fio. Lembrou também do canto da Fênix, de Fawkes quando ele mais precisou. E lembrou-se do Chapéu Seletor, cantando sobre a coragem dos alunos da Grifinória. Encheu-se de coragem e olhou para Voldemort friamente.


- É justamente isso que lhe torna inferior a Dumbledore, Riddle.


Voldemort apontou a varinha para ele novamente, despeitado.


- Você acha que fará alguma diferença? Ficar aí me amaldiçoando?


- Fez diferença aos Longbottom.


Harry ficou mudo, não tinha mais o que dizer.


- Dumbledore você diz. Você realmente considera o seu precioso Dumbledore o maior bruxo de todos os tempos?


- Ele não foi derrotado por um bebê de um ano de idade.


- Você faz idéia do quão bom o seu querido diretor é? Tão bom que sabe escolher a dedo os seus seguidores, não é mesmo? - perguntou Voldemort alterando-se.


Harry continuou olhando-o interrogativamente.


- Pois hoje, antes de eu te matar, eu gostaria de mostrar a você uma pessoa que pela primeira vez veio aqui, à minha casa, mas que serve-me de longa data. Um de meus fiéis seguidores, que enganou perfeitamente o seu perfeito diretor.


- Do que você está fa…


- Entre meu caro fiel servo - chamou Voldemort de repente olhando para Harry com a malícia percorrendo seus olhos -, entre para prestigiar a queda do garoto que sobreviveu - e começou a rir histericamente.


Pela porta à extrema direita entrou um vulto vestido de preto, como um grande morcego, com sua capa esvoaçando; o cabelo oleoso cobrindo seu rosto; seu nariz adunco sobressaindo em seu rosto.


Snape atravessou a sala e dirigiu-se aos dois, ficando ao lado de Voldemort.


Harry sentiu seu estômago voar em direção à sua garganta. Snape estava ali, estava ali a mando da Ordem. Ele daria um jeito. Concentrou-se novamente para impedir Voldemort de tentar invadir sua mente, o que era muito difícil já que sua cicatriz estava queimando em sua testa.


- Então, Potter. Você realmente acha que o seu diretorzinho é um bruxo mais poderoso do que eu, mas que deixa-se enganar-se na hora de convocar seus seguidores, logo aquilo que ele deveria ter de mais importante.


Harry pensou que era hora de entrar no jogo, antes que Voldemort percebesse algo.


- Você? Eu sempre soube que você não prestava, quantas vezes avisei Dumbledore que não passava de um Comensal…


Harry pensou que deveria estar bom para um começo, não conseguia pensar muito na reação que teria se aquilo fosse realmente verdade, com a cabeça doendo e cuidando incessantemente para que Voldemort não conseguisse penetrar sua mente.


- Incrível não? - respondeu Snape sutilmente - A Oclumência nos leva a campos inomináveis.


Harry não compreendeu.


- O que, Potter? Por que a cara de surpresa? Como acha que eu enganei Dumbledore? Ele não é nenhum Lorde das Trevas, mas continua sendo astuto. Bloqueei meus verdadeiros pensamentos em relação a essa guerra, em relação a ele, ao Lorde, tudo que o fizesse descobrir que eu ainda servia fielmente àquele que sempre servi.


Harry ficou apreensivo, espere aí, pensou consigo, aquilo tudo era invenção, claro, mas Snape tinha arranjado uma boa história, demais…


- Tolo ele, tolo você, tolos todos os membros da Ordem da Fênix de acreditarem que eu estava ao lado de vocês.


Espera aí, Snape tinha ido longe demais ao mencionar a Ordem, ele não poderia mencionar a Ordem a Voldemort, ele iria querer saber de detalhes, e Snape teria que dizê-los, senão Voldemort perceberia a farsa. A não ser que…


- Surpreso, Potter? Eu também estaria, afinal a traição é algo tão amargo para quem é traído. Já para quem trai, é doce, muito doce - Snape sorriu com aqueles dentes amarelos.


Harry nunca vira Snape sorrir antes, alguma coisa estava errada ali, mas Harry não queria acreditar que pudesse estar acontecendo.


- O senhor não… - Harry já ia começando apreensivo tentando acreditar que ainda era uma farsa.


- Sim, Potter. Eu sou agente duplo, mas nunca estive ao lado de Dumbledore, eu traí a Ordem. Estive passando informações sobre os passos do nosso caro diretor ao Lorde das Trevas por todo esse tempo.


Harry estancou, duro, não, ele não poderia estar dizendo aquilo.


- O senhor tentou parar Voldemort no primeiro ano, tentou impedi-lo de conseguir a Pedra Filosofal, tentou impedir o Prof. Quirrel.


- Como ousa pronunciar o nome do Lorde? Crucio.


Harry foi pegado de surpresa e gritou alto com a imensa dor causada pelo feitiço.


- Começou errado e terminou certo, Potter. Eu não tentei impedir o Lorde de pegar a Pedra, tentei impedir Quirrel. Não sabia que estava sendo comandado pelo Lorde, se soubesse eu mesmo teria me oferecido para pegar a Pedra. E o Lorde estava muito fraco para mostrar-se a mim, convencer-me de que estava de volta. Quando foi ficando mais forte, ao longo daquele ano, eu, infelizmente, fui fechando o cerco sobre Quirrel, de modo que ele, burro como era, misturou as coisas, e realmente acreditou que eu servia a Dumbledore, e ficou com medo de me dizer que estava com o Lorde das Trevas consigo.


Agora sim era sério. Não podia mais negar, Snape traíra-os. Harry esbravejou:


- COMO VOCÊ PÔDE? DUMBLEDORE CONFIOU EM VOCÊ!


Voldemort, que até então permanecera quieto, finalmente manifestou-se.


- Ah, finalmente, mostrando o seu verdadeiro eu, Potter. Não me diga que achava que Snape estava ao lado de Dumbledore tentando me enganar.


- Patético, Potter. Assim como o seu pai.


Harry sentiu o sangue subir com ódio.


- É! Veja como Dumbledore também é patético. Ele sempre perdeu tempo acreditando na bondade das pessoas, e que eles podem ser capazes de redimir-se. Enquanto eu, ao seu lado, fingi que tinha desistido do Lorde desde a última guerra. E ainda fingi estar usando Oclumência contra o Lorde para ficar ao seu lado, e passar informações a Ordem, todas essas, por sinal, eram sempre falsas e forjadas. Enquanto na verdade eu utilizava-me de Oclumência contra ele, e servia ao Lorde das Trevas. Que irônico não?


Não só ódio trespassava Harry, mas também nojo. Como alguém poderia ser tão baixo àquele ponto?


- Quanto ao fim do seu quarto ano, quando o Lorde das Trevas ressurgiu. Eu não fui encontrar-me com ele porque bem antes disso, desde o seu primeiro ano, quando descobri que na verdade estava tentando é parar Voldemort e não Quirrel, fiquei transtornado, já que o Lorde estaria achando que eu realmente estava ao lado de Dumbledore, pois exatamente isso que sempre transpareci, tanto a Quirrel, tanto a qualquer outro professor, logo, ele acharia que eu não estaria mais ao seu lado. Então resolvi deixar a poeira abaixar para depois vir até ele e declarar-me seu fiel servo como sempre fui. Além do mais, eu não podia sumir dali, quando senti a Marca Negra - Snape levantou a manga e aproximou-a do rosto de Harry - queimar, alegrei-me, porque o meu sonho finalmente realizara-se, o Lorde retornara, e se eu saísse dali estaria me entregando, e eu seria mais útil se fosse espião do Lorde das Trevas, logo fiquei ali, e foi por isso que você não me viu quando o Lorde ressuscitou. Era o plano do Lorde com que ninguém ficasse sabendo que ele estava vivo, mas com a sua morte, Potter, que deveria ter ocorrido, Dumbledore logo ligaria as peças, ele se tocaria que você foi morto, afinal você desapareceria, e eu, que teria sumido do local, teria ido me encontrar com o Lorde. Ele mais cedo ou mais tarde ligaria as peças, então permaneci lá, como se eu estivesse estado ao seu lado por todo esse tempo. E a proteção sobre você ficara muito acirrada assim que ele descobriu o que acontecera naquela noite. Foi um erro Crouch tentar matá-lo naquela mesma noite.


Harry mal podia acreditar no que estava ouvindo.


- E tem a Oclumência também. Eu avisei ao Lorde que estava te dando aulas de Oclumência. Mas do jeito que você estava indo, você nunca conseguiria aprender, mas pelo jeito, você finalmente conseguiu botar alguma coisa nessa sua cabeça dura, não é Potter? O Lorde não tem conseguido invadir a sua mente nesses últimos dias, afinal, é a única maneira de ele descobrir o que dizia a Profecia.


Então Harry percebeu, aquilo tinha que ser mentira, Snape era membro da Ordem, ao menos aparentava ser, ele sabia o que a Profecia dizia, e se Voldemort continuou até o fim com o seu plano de pegar a gravação da Profecia era porque Snape não havia lhe dito. Sentiu seu estômago afundar com um leve alívio.


- Ah, Potter, algo que você provavelmente não sabe. Nem todos os membros da Ordem sabem o que a Profecia diz.


Harry sentiu seu estômago dar voltas novamente, tivera tantas esperanças de que tudo fora mentira.


- É! Nós sabemos da Profecia, sabemos que diz sobre um garoto que nasceria para derrotar o Lorde, e é por isso que é tão importante, mas nenhum de nós sabe o que ela diz literalmente. Eu tentei a Trelawney, mas ela não se lembra de nada, fica mais desligada do que o comum quando faz alguma profecia, aliás, suponho que esta tenha sido a única. Ou seja, você é o único que sabe o que diz a Profecia literalmente. Por isso nós precisamos de você. E é por isso que precisamos que abra a boca e nos diga tudo, você sabe que não tem como escapar, você acabará dizendo de um jeito ou de outro.


- Torturem-no - disse McNair.


- Sim, faça ele gritar até a morte, ou até a loucura, faça cada nervo do seu corpo tremer de dor - disse Rookwood.


- Não - disse Snape firmemente. Sob a tortura, a mente dele pode perder muita coisa, e ele pode se esquecer de dizer muita coisa. Sob tortura ele não ficará em sã consciência para contar cada detalhe do que diz a Profecia.


Só então Harry percebeu que todos os Comensais estavam na sala, observando. Foram entrando aos poucos enquanto conversava com Snape, e rodeando Harry, Snape e Voldemort, que continuava quieto observando-os friamente.


- E como não conseguimos invadir sua mente, Potter. Só temos uma medida a tomar.


Snape moveu a mão para dentro da capa negra e tirou um vidrinho de dentro dela. Harry reconheceu aquele formato do vidro, Snape mostrara um vidrinho igual àquele no quarto ano, era Veritaserum, a Poção da Verdade.


Harry tremeu temeroso. Estava disposto a agüentar qualquer coisa, mas permanecer calado, mas sabia que à partir do momento que aquela poção tocasse a sua língua sairia falando sem freio algum. Se era possível dizer que antes não estava, agora sim estava temeroso.


Olhou ofegante e temeroso para o vidro que Snape balançava em seus dedos debochando da cara de Harry.


- É! Sim, você sabe do que eu estou falando, não, Potter?


- Bem, tinha também a morte de Crouch, mas essa eu não pude impedir. E… ah! É verdade. O aviso que eu dei à Ordem que você tinha ido ao Departamento de Mistérios.


Harry ficou atento para ouvir o que ele teria a dizer sobre aquilo.


- Quando você me disse que Almofadinhas tinha sido capturado, não compreendi de imediato, mas compreendi que estava querendo me dizer algo secretamente, e me fingi de desentendido em frente à Umbridge.


“Saindo dali, fui em direção à minha sala, e antes de alcançá-la já tinha compreendido o que me dissera. Depois vi você e a Granger descendo com Umbridge e dirigindo-se à Floresta, esperei para ver o que aconteceria, depois de alguns minutos, os seus amiguinhos vieram correndo da sala de Umbridge e dirigiram-se à Floresta também. Aguardei por vocês, mas vocês não voltaram. Corri e avisei a Ordem que você tinha ido ao Departamento de Mistérios. Isso é que o que você sabe.”


“Como o Lorde já disse, é a primeira vez que venho aqui, para não ser descoberto encontro-o raramente, e nunca aqui, é muito perigoso. Logo, não fico sabendo de cada movimento que o Lorde dá. E acabei por não saber do plano armado por ele para capturá-lo. Mas como compreendi o que me dissera sobre Almofadinhas, cheguei logo à conclusão de que o Lorde o capturara, e usara a ligação entre vocês dois para fazer você vê-lo e ir atrás dele. Até aí tudo foi uma maravilha. Mas vi Draco Malfoy e outros alunos da Sonserina descerem em direção à Sala Comunal da Sonserina, e lembrei que deviam estar voltando da sala de Umbridge, estavam bem machucados. Então me lembrei que várias pessoas tinham me visto naquela sala, e logo a Ordem ficaria desconfiada porque eu não avisara-os. Eu até poderia me fazer de desentendido sobre o que Potter dissera, mas não seria nem um pouco convincente. Então decidi contar à Ordem, era necessário. Mas de uma maneira que os planos do Lorde não fossem prejudicados, a única maneira era demorar para contar à Ordem, eles estavam tão agradecidos por eu tê-los avisado que nem se tocaram, nem eles nem você, que até vocês voarem à Londres teria dado tempo suficiente de eu tê-los avisado e os membros da Ordem terem ido ao Ministério e esperado-os na porta. Só quando entrei em contato com eles que vi que Black não fora capturado, então percebi qual era o verdadeiro plano do mestre. Mas eu enrolei o suficiente para contá-los o que você me dissera, de modo que os comensais já deveriam ter pegado a Profecia, matado todos vocês e ido embora.”


Harry viu que tudo se encaixava, realmente, os Testrálios eram incrivelmente rápidos, mas o tempo de eles chegarem à Londres voando ainda era menor do que o tempo necessário para se avisar a Ordem.


- Mas os comensais fizeram o favor de não conseguir retirar o pirulito de uma criança e deixaram vocês escapar. Dando tempo da Ordem chegar a tempo.


Voldemort olhou aprovando a atitude de Snape, depois virou seus olhos para os outros comensais, que abaixaram suas cabeças.


- Mas não adianta. Você mesmo sabia disso, Potter. Mais cedo ou mais tarde você sabia que o Lorde chegaria à você, e que você não teria como escapar, e eis! A hora chegou!


Snape destampou a rolha do vidrinho minúsculo, e olhou para Voldemort como se esperasse um sinal de aprovação. Este olhou com aqueles olhos vermelhos para Harry.


- A compreensão às vezes é algo doloroso, não? Às vezes desconhecer certas coisas é muito mais prazeroso.


- E é por isso que eu sei que depois de você descobrir o que diz a Profecia, você preferirá ter ficado sem saber.


Voldemort congelou. Isso realmente afetara-o. Não só a curiosidade agora sim atiçada queimava-o por dentro, mas também a apreensão. Mesmo Harry conseguiu perceber isso. Pela primeira vez até ali ele considerara a real importância do que estava para saber. E saber o que ela dizia podia perigoso, como ele mesmo dissera, certas coisas eram melhores ficar sem saber.


Harry disse a primeira coisa que lhe viera à boca para revidar ao comentário de Voldemort, por mais que soubesse que seria importante para ele saber o que diz a Profecia, a única coisa em que pensou foi plantar a dúvida em Voldemort, apesar de saber que não duraria muito tempo e ele logo seria vencido pela curiosidade.


Como Harry previra, Voldemort não se demorou muito na dúvida.


- Dê-me isso aqui - disse a Snape silvando.


- Oh, Lorde das Trevas! Se me permite, seria uma grandiosíssima satisfação para mim, dar Veristaserum a Potter - disse inclinando a cabeça levemente.


Voldemort, que ficara tão orgulhoso de Snape durante o discurso dele a Harry, inclinou a cabeça positivamente.


Snape adiantou-se com o frasco aberto na mão. Inclinou-se sobre Harry e segurou o seu queixo com a mão esquerda, empunhando o frasco na outra. Harry fechou os lábios com força.


- Agora, abra essa boca, Potter! - disse ele no costumeiro timbre de voz.


Harry manteve os seus lábios firmes. Snape trocou o frasco de mão, e com a direita esmagou a garganta de Harry. Pego de surpresa, ele ficou sem ar subitamente e foi obrigado a abrir a boca.


Snape virou alto o frasco com a mão esquerda, o líquido escorreu de dentro dele e caiu na língua de Harry. Ele sentiu um forte puxão no umbigo e seu corpo ser içado para cima, viu uma mão voar em direção do seu rosto e após isso um turbilhão de cores enquanto era carregado com um corpo batendo ao seu lado.

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