Entendendo as irritações



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Rony estava realmente irritado quando chegou ao dormitório. O baile de inverno tinha se anunciado horrível com os trajes de gala que ganhou da mãe, entretanto era certo que tudo tinha sido muito pior. O garoto viu Hermione “confraternizando com o inimigo” e apenas isso foi capaz de obscurecer a festa toda.

A recente discussão que tivera com a amiga não lhe saía da cabeça e bastava a simples lembrança daquele episódio para que o seu sangue fervesse ao ponto de derramar volumosamente larvas em chamas sobre qualquer um que ousasse, naquela noite, contrariar as suas próprias conclusões para o acontecido.


Lembrança:


“Mantendo uma distância de três metros, os dois vociferavam um com o outro, as caras vermelhas como pimentões.

- Ora, se você não gosta, então sabe qual é a solução, não sabe? - berrava Hermione; agora seus cabelos iam se soltando do elegante coque, e seu rosto se contraía de raiva.

- Ah, é? - berrava Rony em resposta. - Qual é?

- Da próxima vez que houver um baile, me convide antes que outro garoto faça isso, e não como último recurso! - A boca de Rony ficou mexendo sem emitir som algum como a de um peixe de aquário fora da água, enquanto Hermione virava as costas e subia batendo os pés a escada do dormitório das garotas para se deitar. Rony se virou para Harry.

- Bom - balbuciou, completamente abismado - bom, isso prova que ela não
entendeu nada...

Harry não respondeu. Estava gostando demais de ter feito pazes com o amigo para dizer o que estava pensando naquele momento - mas, em todo o caso, ele achava que Hermione entendera melhor do que Rony”.

(Fonte: Harry Potter e o cálice de fogo, p. 343 e 344).



Fim da lembrança.


Potter preferiu permanecer mais silencioso que nunca naquela madrugada. Vestiu o pijama rapidamente e se acomodou na cama, evitando emitir qualquer som. A briga que ele presenciou no salão comunal entre seus melhores amigos deixou claro que, até mesmo um inocente cumprimento de “boa noite”, soaria como uma ofensa imperdoável para Rony, diante dos últimos acontecimentos.

Infelizmente, nem o amanhecer ensolarado foi capaz de melhorar o humor do ruivo, nem a animação dos pássaros teve força para desfazer a flagrante tristeza na face de Mione. Aquele café da manhã, no salão principal, parecia uma tortura.

- Será que aquele idiota do Vítor Krum não vai desistir de olhar para nós? – questionou Ronald impaciente com a persistência do búlgaro.

- Acho que ele não está olhando para nós – disse Gina tranqüilamente enquanto folheava algumas páginas do profeta diário que Hermione acabara de lhe passar – Tenho certeza de que ele só está vendo uma pessoa nessa mesa, Rony, e ela não é você!

O ruivo se engasgou com as pequenas passas do mingau de aveia que tomava, ao escutar a irmã, e foi visível que as suas orelhas ficaram mais avermelhadas do que costumavam ser.

- É verdade – replicou Ron de forma mal educada. – Ao menos, não forneço ao inimigo os dados que podem derrotar minha escola. Melhor que ele não olhe para mim mesmo...

O que se seguiu, após a fala de Rony, ocorreu em frações de segundos. Harry observou Hermione se levantar com o semblante realmente enfurecido. A garota tinha deixado cair o jornal sobre a mesa chamando a atenção dos estudantes mais próximos e mantinha, em uma das mãos, a faca de queijo comprimida apertadamente enquanto dispensava um olhar assassino para o ruivo.

Naquele mesmo instante, Ron teve certeza de que deveria ter se mantido calado. Potter ficou em pé imediatamente, permanecendo entre o amigo e a amiga, a fim de evitar que a segunda guerra bruxa tivesse início ali, com os dois. Contudo, foi desnecessário. Hermione apenas sacudiu a cabeça em sinal de reprovação, deixando que a faca caísse sobre o prato num gesto de enfado e fúria. Ela fitou os olhos verdes de Harry que retribuiu com compreensão e saiu do salão principal, seguida pelos comentários ruidosos dos alunos da sua casa.

Gina correu atrás da amiga em passos céleres, no entanto desistiu de prosseguir, ao perceber que Krum já estava bem mais perto de alcançar Hermione. A ruiva tornou ao salão principal, decidida a dizer boas verdades para o irmão, que tinha uma expressão desolada no rosto quando ela voltou.

- Sabe, Rony, nem vale a pena falar nada para você. Acho que o seu pior castigo já é ter perdido Hermione... – Gina sorriu para Harry sem a timidez habitual e completou: - Veja se não deixa esse panaca fazer mais nenhuma besteira por hoje. Está ficando realmente cansativo para qualquer um que tenha um pouco de sensibilidade – completou a ruiva, falando diretamente para o melhor amigo do irmão.

Harry fez com que Rony o seguisse até a sala de aula contra a vontade dele. Teriam dois tempos de Defesa Contra as Artes das Trevas e tudo que não precisavam, para completar o dia, era perder uma das aulas mais importantes e esperadas da semana. Ronald parecia bastante disperso, principalmente, após ter notado que Hermione não voltara do passeio com Vítor Krum.

- Você acha que ela ficou chateada comigo? – questionou o garoto, imaginando que Moody não estava prestando atenção. Antes que Harry respondesse, o ruivo recebeu o impacto de uma coisa gelatinosa e grudenta na cabeça, para demonstrar que Alastor se mantinha bem atento a qualquer movimento dos vivos e, até mesmo, dos mortos.

- Ronald Weasley, melhor ir para o chuveiro agora, garoto! – advertiu Moody, passando ao ruivo um frasco de poção básica. – Vai antes que o ácido dessas bombas grumosas dissolva sua cabeça inteira.

Era tudo que faltava ao ruivo para fechar o cortejo de horrores da manhã e o pior é que ela ainda não havia se encerrado. Malfoy, Crabbe e Goyle gargalhavam abundantemente enquanto imaginavam a cena da cabeça do ruivo se desmanchando como sabão. Entretanto, logo foram lembrados que poderiam ter o mesmo destino e, talvez por esse motivo, um silêncio se abateu sobre os mesmos de modo verdadeiramente impressionante.

Rony seguiu em direção ao dormitório masculino, objetivando se livrar daquela coisa, que agora habitava sua cabeça, e teve a impressão de que não deveria ter se levantado aquele dia. Aparentemente, tudo só fazia piorar.

Na passagem pelos jardins internos de Hogwarts; caminho que teve a infelicidade de escolher para chegar mais rápido ao seu destino, deparou-se com o que aparentava ser o término de um terno beijo. Teria sido melhor se a prudência o tivesse afastado dali, no entanto a curiosidade se fez mais forte e Rony teve o desprazer de ver suas próprias pernas fraquejarem quando conseguiu distinguir a face de Hermione entre um dos componentes daquele discreto casal.

O coração do ruivo parecia que estava se despedaçando vagarosa e dolorosamente em partes microscópicas; partes pequenas e miúdas, como ele mesmo se sentia ali, uma parcela mínima daquilo que, um dia, havia sido um garoto feliz. Ele permaneceria ainda naquele lugar, sem reação, não fosse o ardor que começou a sentir na cabeça, fazendo-o se lembrar de que, caso desejasse manter uma sobre o pescoço, deveria correr e fazer a aplicação da poção que professor Moddy lhe deu.

Assim, passou por Krum e Hermione sem os encarar por sequer um momento. Imaginava em sua cabeça que os dois estavam rindo intimamente daquela cena ridícula, que era ele saindo detrás dos arbustos, como um espião à espreita, disfarçado de gelatina ácida. Se havia ainda algum resquício de amor próprio, aquela imagem seria capaz de destruí-lo com um poder lesivo bastante acentuado.

Não foi difícil chegar ao banheiro depois disso, mas Ronald estava esgotado. Tinha a respiração irregular, a transpiração intensa e uma pulsação anormalmente acelerada. Procurou evitar os pensamentos que lhe vinham, pois já não sabia se valia à pena pensar. Apesar disso, a imagem daquele beijo foi impressa a fogo em sua memória e nem ele mesmo conseguia compreender por que aquilo o incomodava tanto. Passou o resto do dia isolado e sem conversar. Fugiu das pessoas, das perguntas e iniciou, sem sucesso, uma fuga de si mesmo.

À noite, deitou-se bem antes dos companheiros de quarto, na esperança de que o ignorassem. Para sua surpresa, foi exatamente o que todos fizeram. Até o próprio Harry preferiu deixar que Rony o procurasse, a correr o risco de estragar a paz recentemente selada entre eles.

As horas foram se passando, mas o ruivo não conseguia dormir. Depois de uma luta interior intensa para decidir se acordava ou não o amigo, uma de suas partes, provavelmente a vencedora, despertou Harry às duas horas e trinta e quatro minutos da manhã.

- Harry, - murmurou Rony. – Você está dormindo?

- Estou... – respondeu o garoto mecanicamente.

- Então, por que está falando comigo? – perguntou o ruivo, incrédulo.

- Porque não tenho escolha, Rony, sou seu amigo... – explicou o moreno, que agora já se levantava para apanhar os óculos na mesa ao lado. – O que foi? Quer conversar agora?

Ronald fez um gesto positivo com a cabeça e ficou em pé. Os dois desceram para o salão comunal, que estava vazio, e se sentaram em suas poltronas prediletas, próximas à lareira.

- Ela estava beijando o Krum hoje cedo... – Rony falou em um tom grave e sofrido.

Harry encarou o amigo, tentando fazer uma cara surpresa, no entanto foi pouco convincente.

- Você já sabia disso? Sabia que eles estavam juntos? – questionou o ruivo, sentindo leves pontadas de traição.

- Não, Rony, eu sinceramente não sabia, mas era lógico que acontecesse...

- Lógico? Como assim lógico? Nossa melhor amiga sai com o seu adversário do Torneio Tribruxo e você julga lógico ela sair beijando ele por aí? – Ronald aparentou se alterar um pouco. – O que há de lógico nisso?

- Bem, Rony, Hermione está realmente muito bonita... na verdade, ela sempre foi, mas alguma coisa nela despertou e fez com que os outros garotos também acordassem... É natural que o Krum se interesse por ela. Qualquer garoto normal se interessaria. Ela é inteligente, sensível e bonita... Bom, acho meio lógico que ele tenha feito de tudo para beijar ela, depois que foram juntos ao baile e, você sabe, por mais que insista em não admitir, que o Torneio Tribruxo nada tem haver com esse beijo – Harry acabou de falar num só fôlego, ainda sem saber se seria morto ali mesmo pelo amigo ou se, dali em diante, Ronald apenas o ignoraria completamente até o dia da sua morte, que ele julgava estar bem perto, ante a proximidade da segunda prova.

Entretanto, Ronald somente se calou momentaneamente, para ordenar as idéias que vinham soltas em sua mente, como flashes. Elas se acendiam e apagavam justo quando se começava a enxergá-las melhor.

- Não sei por que estou tão preocupado com isso - confessou Rony sem encarar o amigo.

- Acho que é exatamente o que você precisa descobrir – finalizou Harry, minutos antes de voltarem ao quarto.



Continua...


Arwen Undómiel Potter
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Agradecimentos:

Queridos,

Se chegaram até aqui, já me fazem extremamente grata e feliz! Espero contar com a presença de vocês num futuro bem próximo! As opiniões serão sempre bem vindas!

Beijos e até o nosso 2° encontro,

Arwen Undómiel Potter.


Agradecimentos super especiais também para Karla Kollynew que generosamente deu uma olhada nesse capítulo!

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