Voltar ao Que Era



Forças do Destino II


Capítulo 14 – Voltar ao Que Era


 


Os olhos castanhos de Hermione Granger estavam abertos fitando o teto do quarto, ela sentia o inchaço deles afinal dormira mal à noite. Várias vezes acordou e enquanto acordada, não conseguia segurar o choro. O coração dela estava quebrado, o pior dia da vida dela viera a tona, o pior pesadelo estava acontecendo enquanto estava acordada. Muitos já haviam dito que seria melhor para ela dormir, que assim ela esqueceria e ficaria bem, porém ela não queria ficar bem, ela não queria esquecer. Como ela poderia?


A ruiva virou-se de lado na cama, os pensamentos longe de seu corpo, longe daquele quarto, lá embaixo, nas masmorras, onde o loiro repousava. Estaria ele pensando nela, se arrependendo do que fizera? Viria ele atrás dela pedindo perdão, ajoelhado na frente dela, implorando para voltar? Ou ela deveria correr atrás dele?


Draco Malfoy... O loiro que ela tanto desejava, que ela tanto amava... Como ele pudera fazer algo assim depois de tudo que eles passaram? Devia haver alguma coisa, algum motivo, com certeza deveria, mas ele não dissera nada com nada, sequer explicou realmente porque estava terminando. Ele sempre fora assim? Tão arrogante, tão ignorante, tão seco... Tão frio? Era sim, mas quando eles se odiavam. Ele a odiava novamente? O que ela fizera de errado? O que quer que ela tenha feito havia machucado o loiro tanto assim a ponto de ele sequer chorar ao terminar com ela?


A garota olhou para o relógio e se levantou devagar, não estava com vontade de se levantar. Sentada na cama, ela abriu a cortina que envolvia sua cama e surpreendeu ao ver o dormitório vazio. Sem vontade, ela se pôs de pé, ia fazer o que tinha que fazer, não podia faltar em aula nenhuma.


O vestiário estava quase vazio, não teve que esperar para tomar seu banho e se trocar. Não encontrando ninguém de seu ano nem no vestiário nem no Salão Comunal, Mione se encaminhou sozinha para o Salão Principal. Enquanto descia, observava os grupos que sempre existiram, mas que ela não prestava atenção, não tinha tempo para essas coisas. Pessoas de mesma casa e mesmo ano andavam juntas, havia poucas exceções de mistura de anos e casas. Em que mundo ela imaginara que ela, Hermione Granger, e Draco Malfoy ficariam juntos?


 Sozinha, ela se sentou no mesa da Grifinória e comeu sozinha. Havia quase cinco anos que ela não se sentia assim, solitária, excluída. Mas parecia pior, ela não tinha nada, família, amigos, namorado, nada! Perdendo o apetite aos poucos, ela brincou com a comida com o garfo. Impaciente, ela soltou o garfo e olhou sua volta; viu várias pessoas olhando e apontando para ela enquanto comentavam algo com os próprios amigos.


Irritada, ela se levantou da mesa, não precisava ficar ali, não estava com fome. Encaminhou-se para fora do Salão e quando estava passando pela porta, o loiro estava ali também. Ela não conseguiu evitar o olhou; ele, no entanto, ignorou a presença da garota, que abaixou a cabeça, forçando as lágrimas a não caírem.


 


~~*


 


-Alguém sabe? – já era a sexta pergunta que Minerva fizera a turma e como todas as outras, ninguém levantou o braço. – Senhorita Granger? – nem sendo chamada pelo nome, a garota se mexeu, parecia morta, a cabeça deitada na mesa ao lado da pena. Ficara daquele jeito durante a aula toda e também nas aulas anteriores; aquela já era a última aula do dia e ela não tomara nota de nenhuma delas. A diretora da Grifinória olhou a aluna, preocupada, mas não deixou tal emoção transparecer. – A pergunta fica como pesquisa; tragam um relatório de trinta centímetros na próxima aula. Estão dispensados! – Mione apenas reagiu as duas últimas palavras da professora e mais do que rápido guardou seu material na mala. – Menos você, senhorita Granger. A garota soltou a mala no chão e permaneceu sentada, rígida, enquanto o resto da turma se retirava da sala.


-Desculpe-me professora – a garota disse, sem ter coragem de olhar Minerva. A professora já estava sentada na cadeira dela e pediu que Hermione se aproximasse. A ruiva fez o que lhe fora pedido, apreensiva.


-O que lhe acontece? – ela perguntou com a voz ainda seca.


-Nada, professora. – Mione não conseguia olhar a diretora de sua casa nos olhos, portanto fitou os próprios pés.


-Então a senhorita acha normal ficar do jeito que estava nas aulas? Foi uma sorte sua que os outros professores estivessem de bom humor ou os pontos que em geral a senhorita recebe nas aulas seriam perdidos. – as palavras soaram como uma ameaça aos ouvidos de Hermione, mas ela não se importava com o que a mulher dizia; nada do que ela dissesse a importaria.


-Está certo, professora. – a garota se limitou a dizer. – Estou liberada? – surpresa com a garota, Minerva não se atreveu a dizer nada, apenas gesticulou com a mão que sim.


Hermione deu as costas à professora, pegou sua mala e saiu da sala, sem em momento algum se preocupar com o aviso de Minerva. Como se qualquer palavra, dita por qualquer pessoa que fosse, pudesse acalmar o que ela sentia por dentro. Como se uma bronca pudesse fazer que seu coração voltasse a bater. Como se uma ameaça pudesse lhe trazer o sorriso de volta. Ela abriu a porta inexpressiva, não parecia que o sangue lhe corria pelas veias, estava pálida, como uma morta, não comera o dia todo por falta de apetite.


-Hermione? – o vulto que a esperava ao lado da porta a chamou. Ela demorou um pouco a se acostumar com a mudança de luz e só então reconheceu Harry e Rony. Ela não soubera dizer quem a chamara, seu cérebro tão teve tempo de pensar e ela não queria saber quem era, não lhe parecia importante.


-Você está bem? – perguntou Harry, aproximando-se da garota. Rony continuou encostado na parede observando-a preocupado. A ruiva não se importou com a presença dos dois ali na porta esperando-a, apenas virou-se de costas à eles, pretendo se dirigir à Torre da Grifinória. – Podemos te acompanhar? – a perna do moreno era maior e logo ele estava na frente da garota. Vendo a expressão tão preocupada do garoto, Hermione não conseguiu recusar o pedido e logo estavam os três se encaminhando para o Salão da Grifinória, Harry de um lado de Hermione e Rony do outro, todos em silêncio. Enquanto se encaminhavam para o destino deles, acabaram trombando com um grupo maior de alunos.


-Não olha por onde anda sangue-ruim? – Hermione mal tivera tempo de reconhecer a pessoa depois que trombara nela, mas a voz já foi o suficiente para que seu peito de contraísse. Ela olhou para trás para ter certeza de quem era e lá estava ele, o loiro, senhor Draco Malfoy, do jeito que ele sempre fora, arrogante e metido, cercado de sonserinos tão ruins quanto ele. – Tome o cuidado de não encostar em mim de novo, não quero me sujar. – ele disse olhando sarcástico para a ex-namorada.


-Não fala assim com ela! – Rony deu um passo à frente, ficando cara a cara com o sonserino.


-Vejo que voltou a andar com o Cicatriz e o Pobretão. – Draco se limitou a dizer e depois, abraçado a Pansy e a mais uma garota que Hermione não conseguiu reconhecer, ele deu as costas ao trio e partiu em direção contrária, seguido pelo resto do grupo.


-Vamos Hermione! – Harry disse, pegando-a pelo braço delicadamente. A garota no entanto ficou ali parada até que o loiro sumisse de seu campo de vista.


 


~~*


 


O ânimo de Hermione só piorou nos dias que se seguiram quando deveriam estar melhorando. Cada encontro que tinha com Draco piorava sua situação, cada insulto que ele lhe mandava só a fazia desejá-lo mais. A cada dia que se passava, mais depressiva ela ficava. A garota tentou descontar o sofrimento nos estudos, mas não conseguia se concentrar, deixando de ser a aluna brilhante, a sabe-tudo que costumava ser. Os trabalhos de escola já não tinham as notas que costumavam, estava atrasada em todas as matérias, suas anotações no final de todas as aulas estavam sempre em branco. O poço em que estava parecia cada vez mais fundo.


Mesmo que Harry e Rony a fizessem companhia e de vez em quando Aquiles a viesse procurar para ver como ela estava, não havia nada que diluísse um pouco sequer do que estava sentindo. De fato, tinha companhia todos os dias, não estava sozinha nunca, mas no fundo ainda se sentia solitária, não conseguia conversar com ninguém sobre o que estava sentindo, não queria falar com ninguém sobre aquilo.


No fundo, Hermione sabia que não queria deixar de sentir aquilo pois acreditava que um dia ela seria recompensada, que ao ver todo o sofrimento que estava causando a garota, Draco reconsiderasse e reatasse o namoro, mas tal reconciliação não vinha nunca, o loiro parecia se divertir com as lágrimas que freqüentemente escorriam pelo rosto da garota.


A ruiva emagrecera muito, perdia o apetite muito facilmente; na verdade, ela não vinha mais razão alguma de continuar existindo então não conseguia pensar em um bom motivo para comer; as poucas vezes que colocava alguma coisa na boca era por insistência de Harry, Rony ou Victor.


Certo dia, depois de semanas depois do rompimento com Draco, enquanto a garota voltava de sua tentativa frustrada de estudar, ela viu dois vultos se movendo em um dos corredores mais escuros de Hogwarts. Devagar, a garota se encaminhou para onde os corpos deveriam estar. Seus olhos castanhos se arregalaram ao ver Draco Malfoy beijando outra garota, a qual não conseguiu reconhecer.


Não queria chamar atenção deles para si então, sem fazer barulho, ela se afastou do casal e se encaminhou para a Torre da Grifinória, o passo lento em contraste com o coração, que estava disparado. Lágrimas escorriam pelo rosto em silêncio, seu rosto estava encharcado, nunca havia chorado tanto.


Ao chegar ao Salão Comunal ela ignorou a presença de Harry e Rony, os quais a estavam esperando, e subiu direto para o dormitório. Para sua sorte, ele estava vazio, poderia chorar o quanto quisesse sem perturbar ninguém e sem ser incomodada, mas ela não se permitiu continuar chorando. Limpando o rosto, ela seguiu até o criado-mudo ao lado de sua cama, onde abriu a gaveta e pegou uma tesoura, seguindo então decidida ao espelho do dormitório. Eu preciso voltar a ser o que eu era antes e eu acho melhor você voltar ao que você era antes também. As palavras de Draco ainda ecoavam claras em sua cabeça e ela sabia o que tinha que fazer.


Deu uma última olhada em si mesma antes de começar. Eu preciso voltar a ser o que eu era antes e eu acho melhor você voltar ao que você era antes também. Não podia demorar ou desistiria. Depois de soltar um suspiro, ela soltou os cabelos vermelhos do rabo de cavalo e aos soluços começou a cortá-los. Enquanto cortava, via as compridas mechas vermelhas caírem no chão. Com o cabelo do jeito que queria, ela largou a tesoura no chão. Eu preciso voltar a ser o que eu era antes e eu acho melhor você voltar ao que você era antes também. Cortar, no entanto, não era o suficiente. Pegou a varinha, ainda se lembrava do feitiço perfeitamente... Murmurou as palavras certas e pelo meio das lágrimas que embaçavam seu rosto, ela viu a cor de seu cabelo mudando do vermelho para o antigo castanho. Eu preciso voltar a ser o que eu era antes e eu acho melhor você voltar ao que você era antes também.


-Porque tudo que somos é tudo o que queremos ser. – a garota disse, olhando seu próprio reflexo, impassível, inexpressiva, fria como que a ensinara a ser.


Não mais rebelde, não mais ruiva, não mais popstar, não mais a garota. Apenas Hermione Granger, a sabe-tudo Grifinória. Era isso que ela era, não podia mudar. Era apenas em tal perfil que se encaixava. Voltaria a ser quem era antes, voltaria a obedecer os pais, quem quer que fossem, voltaria a ser a aluna brilhante que sempre fora, voltaria a ter as melhores de toda Hogwarts, voltaria a ser a chata que obedece a todas as regras, voltaria a ter amigos, voltaria a andar com Harry e Rony, seus melhores amigos, mas antes de tudo, voltaria a odiar Draco Malfoy.


 


 


 


N/A: Oi meus amores! Tudo bem com você? Espero que sim! Então, antes de tudo, quero agradecer a todos que estão lendo e principalmente aos que comentaram. Fiquei muito feliz menos com todos os comentários que recebi! Mas infelizmente, tenho uma notícia muito triste para vocês. (por enquanto) Sim, meus amores, esse foi o último capítulo de FDD2. Eu sei que eu tinha prometido mais dois ou três capítulos, mas eu coloquei tudo que eu precisava nesse capítulo pequeno ai. Daqui para frente, só FDD3! Sim, eu prometi e eu vou cumprir. Logo mais vou lançar FDD3!


Infelizmente, eu não tenho nenhuma prévia, sinto muito mesmo, mas quem lê minhas outras fics vai ter sorte porque aos poucos eu vou postando prévias por lá. E pretendo, antes de postar o capítulo de lançamento, postar vários trailers para matar vocês de curiosidade!


Infelizmente também, ainda não tenho nenhuma data de lançamento, mas eu acho que por volta do final de janeiro, começo de fevereiro, eu estréio FDD3, mas mantenham-se informados pelo meu blog e pelo meu twitter!


Sobre o capítulo... Eu sei, ficou curto e eu sei que ficou muita coisa para resolver. (na verdade, só duas! O casamento arranjado e o romance Draco/Hermione, mas isso foi proposital, afinal, se eu resolvesse tudo, para que fazer FDD3?). O Aquiles não apareceu nesse capítulo, eu sei, mas isso só vai ser explicado mais para frente. Alguma idéia? Façam suas apostas. E para quem vai ler FDD3, preparem seus corações, pois Jenny e Aaron vão aparecer muito mais na próxima fic. E talvez até haja mais alguns personagens, eu não pretendia colocar mais nenhum, mas veremos.


Bom, gente, é isso. O que vocês acharam do final? Têm alguma crítica, alguma sugestão? Comentem, quero saber a opinião de vocês, me contem o que vocês querem que aconteça, quero ter idéia do que passa na cabeça de vocês.


Beijos, até a próxima!

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