Capítulo 1.



Foi por causa do perfume!
Capítulo 1.



Era a terceira vez que Hermione ia para aquela janela da pequena casa que morava em Londres. A rua e a paisagem mais á frente, apesar de estar um céu nublado, lhe pareciam mais interessante do que o livro que já tentava ler pela sexta vez. Suspirou pesadamente. Ainda não se contentava com aquilo. Estava impaciente e um pouco nervosa, apesar de não ser a primeira vez que sentia aquilo. Não sabia por que, nem como, mas sentia que ele estava vivo. "Ele está vivo, eu sei que está!". Percebeu dois braços, consideravelmente fortes, lhe abraçando por trás.

- Você está bem? - Perguntou carinhoso, beijando-lhe o pescoço.

Ela se virou e encarou aqueles olhos azuis. Abaixou um pouco o olhar antes de falar.

- Não sei, Rony - Novamente suspirou. - Hoje faz exatamente dois anos que ele fugiu. - Olhou para o ruivo, que a encarava meio preocupado. - Você acha que ele pode estar vivo? - Perguntou esperançosa.

Ele deu de ombros, mas logo continuou.

- Voldemort pode até estar morto, mas ainda tem gente querendo matar o Harry. - Respondeu com um tom meio preocupado.

Hermione segurou o rosto dele com as duas mãos e deu um breve beijo em seus lábios, logo em seguida, o abraçando. Ela encostou o queixo no ombro do namorado e ficou a pensar.

- Ainda bem que você está aqui. - Disse ela num fio de voz.

- Estou aqui... estou aqui com você. - Repondeu Rony afagando os cachos dela.

A garota... ou podendo-se dizer mulher, já com os seus 20 anos... se desenlaçou dos braços dele e soltou um sorriso meio amarelo antes de se dirigir até o seu quarto. Fechou a porta lentamente e se jogou na cama de casal. Virou-se para o lado, parando o olhar novamente naquela foto. Por que ela ainda insistia em guardá-la? A foto era consideravelmente velha, apenas o três, sorrindo, felizes como nunca. Primeiro ano deles. Lembranças invadiram sua cabeça. Por mais que sentisse falta do melhor amigo, ainda carregava uma pontada forte de ódio dele. Mas ele ainda estava ali, naquela foto. Porque simplesmente não rasgava, tirando-o de lá, desfazendo o trio, como fizera a exatamente dois anos atrás?


Flashback.

Harry já havia fugido há duas semanas de Hogwarts. Mesma desculpa de sempre: É para proteger vocês. Estarão correndo perigo perto de mim.Essa era a frase que Hermione mais odiava na vida dela, saindo dele. Ainda o tentou impedir de ir embora, em vão. Havia deixado uma carta dizendo apenas.

Me desculpe. Espero que me perdoe por isso um dia.

Não havia dito aonde iria, muito menos fazer o quê. Ele sabia muito bem que se fosse procurar as Horcruxes, precisaria de ajuda, dos amigos, e de Aurores. Mas como Hermione dizia em seus momentos de raiva dele... ele queria dar um de heroizinho.

O dia da batalha havia chegado, Harry já lutava com Voldemort há alguns minutos.

Dumbledore chamou os dois na sala dele. Suspirou pesadamente, como se medisse as conseqüências de tal decisão.

- Vocês querem lutar?

Hermione o encarou, com os olhos semi cerrados, como se analisasse aquela pergunta. Entendeu ao que ele se referia.

- Queremos! - Respondeu a garota de imediato, sob um olhar meio apavorado de Rony.

Voldemort já apontava a varinha para Harry, que se encontrava indefeso, caído no chão.

- Um último pedido. - Disse o homem encapuzado, com o tom frio, fazendo qualquer um tremer de medo.

- Que você morra! - Harry o encarava com ódio.

- Avada Ke...

- Hey, seu babaca! Pense duas vezes antes de convocar esse feitiço. - Ele foi impedido de continuar. Harry e Voldemort olharam para onde vinha a voz.

Hermione estava mais á frente, com a varinha em punho, firme, apontando para ele. Rony ao lado esquerdo dela, com a varinha também em mãos, apesar de ver claramente o medo que ele estava. Dumbledore estava ao lado direito dela, encarando-o com uma feição séria, com a mão relaxada, apontando a varinha para o chão.

- Ora, ora, ora. Mais gente querendo ser morta! - O homem falou irônico, tirando a varinha da direção de Harry.

- Vai sonhando. - Disse Hermione novamente. - O único que vai ser morto aqui é você. - Se a garota estivesse com medo, ela estava conseguindo não transmitir isso.

Harry olhou para Voldemort, depois para Hermione. Podia-se ver, quase que claramente, as faíscas entre os dois. Pareciam que estava lutando apenas com o olhar. "De onde ela tirou essa coragem toda?". Ele se levantou devagar, pegou sua varinha um pouco atrás de si e foi até Hermione, rapidamente. Eles ainda continuavam se encarando.

- Eu... morrer? - Ele soltou uma gostosa risada sarcástica.

- Sim, você mesmo. Não sabe contar? Somos quatro contra um. - Agora foi Harry que falou, tomando a frente de Hermione. Ele mal acabou de falar e percebeu vultos passando por trás deles, indo para onde Voldemort estava.

Os comensais logo se materializaram. Estavam em torno de 12 à 15 encapuzados. Voldemort cruzou os braços e sorriu cinicamente.

- Eram quatro contra quantos? - Perguntou sarcástico.

Rony parecia estar acabando de contá-los.

- Treze. - Disse num sussurro, quase sem voz, apavorado. Sua mão tremia enquanto segurava a varinha.

Hemione olhou para ele, temorosa, mas logo voltou-se para frente.

- Os Aurores estão à caminho, não se preocupem. - Disse Dumbledore apenas para os menores, podendo-se, agora, perceber um leve tom preocupado na voz.

- E quando chegarem aqui já estaremos mortos! - Respondeu Rony irônico, apavorado.

- Ronald... - Começou Hermione, hesitante. - ... acho que não estarei viva pra te dizer isso, então acho que vou te dizer logo. - Ele voltou-se para ela, ainda tremendo. Harry olhou por cima dos ombros ao escutar ela falando aquilo. Sorriu. Ela ia realmente falar? - Bom, é que, você pode até ser um tapado, como a Gina diz - Ela abaixou um pouco a cabeça -, mas... é que... que eu... - Ela foi impedida de continuar. Harry havia se jogado contra o corpo dela, a empurrando para o chão, gritando seu nome, após Voldemort lançar um feitiço na direção dela.

- Agora não é hora para declarações! - Lembrou-a se levantando, sorrindo. Puxou-a para cima. O feitiço bateu numa árvore mais atrás, fazendo-a cair, e soando como um aviso... a batalha ia começar.


As inúmeras rajadas de feitiços haviam cessado. Os comensais estavam sendo levados pelos Aurores, enquanto Dumbledore conversava com algumas pessoas mais ao longe. Rony estava sendo observado por Madame Pomfrey que insistia em olhar um corte na perna dele. Hermione, um pouco mais afastada dali, abraçava Harry com força, impedindo que ele fosse, novamente, embora.

- Por que você fez isso comigo? - Perguntou meio chorosa. - Duas semanas, Harry!

Ele a soltou e segurou seu rosto.

- Eu tive que fazer isso.

- Para quase morrer, se a gente não tivesse chegado à tempo. - Disse irônica. - Eu senti sua falta, e eu fiquei preocupada com você.

- Eu também, Hermione, eu também. - Ele soltou o rosto dela, suspirando, e foi até um dos troncos de árvores que estava caído, pegando a capa de invisibilidade que havia deixado lá. - Agora... eu preciso ir. - Concluiu ajeitando-a no braço direito.

- Não! - Ela pulou novamente no corpo dele. - Por favor, Harry, por favor. Não vá embora. Eu não vou te perdoar se você for embora, juro que não vou! - Disse o soltando e o encarando. Ele percebeu os olhos fundos e vazios da amiga, que ameaçavam chorar.

Balançou a cabeça negativamente, dizendo para si mesmo que não merecia mais ficar ali.

- Não posso. Eu fui um covarde! Abandonei vocês, e vocês ainda me salvaram depois do que eu fiz.

- Salvamos porque somos seus amigos. - Ela deu uma pausa. - Na carta você pediu que um dia eu te perdoasse. Estou agora aqui, na sua frente, te dizendo que eu te perdôo e implorando para que você volte conosco para lá. - Ela apontou para trás, para o castelo de Hogwarts, ainda o encarando. Estavam no começo da Floresta Proibida.

Harry levantou o olhar, olhando uma última vez para aquele lugar. Suspirou.

- Desculpe, Hermione. Você me perdoôu agora, talvez possa me perdoar daqui há alguns anos... caso eu volte. - Ele pegou a capa no seu braço e jogou por cima de suas costas, deixando apenas a parte frontal do corpo à vista.

- Harry... - Ela não conseguiu falar mais nada. Seus olhos não aguentaram, sua garganta já estava com um nó e ela precisou chorar. Encostou a cabeça no peito dele, com as mãos no rosto, e lá ficou.

O garoto apenas a abraçou, reconfortando-a. Mirou Rony mais ao longe.

- Desculpe por não ter deixado você dizer o que sentia pra ele.

Ela desencostou a cabeça do peito dele e olhou para onde ele olhava.

- Para o Rony? - Ela sorriu. - Depois me entendo com ele. Também não tinha certeza se eu ia conseguir acabar aquela frase.

Harry riu.

- Fique com ele. Cuide dele. E diga para ele que eu mandei ele não deixar nada de mal te acontecer, ok? - Uma lágrima escorreu pelo rosto do garoto ao se lembrar que não poderia mais continuar ali. Ele desencostou novamente Hermione do corpo. Com um das mãos segurou seu rosto e a outra levou a mão dela ao próprio peito. - Você vai estar sempre comigo. Onde quer que eu e você estejamos, você estará sempre comigo. - Ela balançou a cabeça positivamente, nervosa. Mais uma lágrima escorreu pelo rosto de Hermione. Ele beijou-lhe a face lentamente. - Nunca me esqueça. - Sussurrou no ouvido dela antes de se virar para sair.

Ela ainda tentou o segurar pelo braço, numa intenção de fazê-lo voltar de qualquer jeito. Ele não queria fazer isso, mas tinha que fazer. Soltou-se do braço dela rapidamente e se cobriu completamente com a capa. Deixou Hermione lá, parada, chorando por ele.

Ela ainda gritou o nome dele três vezes, tentando, em vão, fazê-lo voltar. E a última coisa que disse naquela noite, saiu como um sussurro, quase que para si mesma: "Seu idiota!"

Fim do Flashback.


Ela deixou um última lágrima escorrer pelo seu rosto ao se lembrar, mais uma vez, daquela cena. Por que ainda chorava por ele? Por que sentia tanta falta assim do seu melhor amigo? Certamente ela tinha Rony ao seu lado, o garoto que amava... ou achava que amava... mas ainda assim sentia falta do melhor amigo que tivera, mas que a abandonara há dois anos atrás. Ainda poderia chamá-lo daquele jeito? Alguém bateu na porta do quarto, fazendo-a rapidamente limpar o rosto e abrí-la.

- Ah, Rony. - Ela se virou e se jogou na cama novamente.

- Fiz um lanche pra gente. Está com fome?

- Não muito. - Ela virou o rosto para encará-lo. - Daqui a pouco eu desço. - Ela suspirou.

O ruivo se dirigiu até a cama e se deitou ao lado dela, apoiando a cabeça na mão, ficando um pouco mais alto para fitá-la.

- O que você tem hoje, hein? - Perguntou carinhosamente tirando o cabelo do rosto dela.

- Nada, só estou meio mal. Nada demais. - Ela se virou totalmente para ele e o encarou.

- Harry...? - Perguntou.

Ela apenas balançou um pouco a cabeça, confirmando.

Deu um selinho nela, demorado, logo começando um beijo. Ele levou a mão à cintura dela, girando o próprio corpo para que ficasse por cima dela. Desencostou os lábios dos dela e a encarou. Ela exibia um sorriso um tanto malicioso nos lábios. O beijou novamente, num movimento rápido se virou, e, quando ficou por cima dele, deu um pulo para fora da cama.

- Vou lanchar. - Disse sorrindo e saiu do quarto sem ele.

Rony sorriu, feliz, e observou ela fechar a porta. O quanto ela o fazia feliz, ele não conseguia medir.

Hermione foi até a cozinha e pegou o pratinho com o enorme sanduíche que Rony fizera, juntamente com um copo de leite que estava lá em cima. Sentou-se na poltrona em frente ao sofá e ligou a televisão. Sim, a casa era trouxa, juntamente com o trabalho de Hermione. Era revendedora de uma loja de perfumes... Megas, para ser mais precisa. Ganhava um salário bom, tirando a gorjeta de cada perfume que ela conseguia vender. Rony estava de férias do seu time de Quabribol. Um dos goleiros mais disputados daquela época. Tinham uma vida perfeita. Foi passando os canais enquanto comia o sanduíche. "Nada interessante". A campainha tocou. Provavelmente era o carteiro. Deixou o pratinho em cima da mesa e se dirigiu até a porta. Agradeceu à Douglas depois de pegar as cartas e se dirigiu novamente até a poltrona que estava. Foi passando de uma em uma.

- Rony, tem carta pra você!

- Não precisa gritar. - Hermione olhou por cima dos ombros. Ele vinha chegando por trás dela.

Ela entregou a carta e ele se jogou no sofá ao lado, rasgando o envelope. Passou-se um tempo. Rony lia a carta e Hermione olhava curiosa para ele. Finalmente o ruivo se virou para ela.

- Vou precisar viajar...

- Não! - Gemeu ela, o interrompendo, escorregando um pouco na poltrona. - Tem que ir mesmo?

Ele balançou a cabeça confirmando, á contra gosto.

- Nesse final de semana. Mas não se preocupe - Ele se levantou do sofá e se agachou na frente da namorada -, segunda-feira estarei de volta.

Ela olhou para ele mais abaixo e fez bico.

- Quando você vai?

- Sexta à tarde. Teremos só dois jogos e se der eu ainda volto antes.

Ela pareceu ficar mais feliz com a proposta dele de voltar antes. E parecendo que tinha lido os pensamentos dela, tratou logo de acrescentar:

- Mas, só se eu conseguir voltar antes. Não é certeza ainda.

Ela fechou a cara de novo. Deu um selinho rápido nele antes de se levantar, e se dirigir até a escada que dava para o quarto deles. Ele a puxou antes que conseguisse colocar o pé no primeiro degrau da escada.

- Não ficou chateada não, né? - Perguntou ainda a segurando.

Ela apenas olhou para o lado, desviando o olhar, fingindo estar chateada.

- Não, Mi! Nem é a primeira vez que eu viajo...

- E também não é a primeira vez que eu fico desse jeito. - Interrompeu, agora, olhando para ele. Ela fez força para não rir da situação.

Rony, por um momento, pensou em responder a carta de volta dizendo que não ia, mas a gargalhada de Hermione fez ele cair na real.

- Não agüentei, desculpe. - Ela logo viu a cara do namorado. Colocou as duas mãos no peito dele e chegou mais perto. - Você realmente acha que eu vou ficar chateada por causa disso? - Ela deu um selinho nele.

- Achava à dez segundos atrás. - Respondeu irônico. Ele a abraçou pela cintura.

- Nem se preocupe. Vá, mas ganhe! Como todas as outras vezes que você foi e ganhou pra mim. - Ela sorriu. - E vamos ter tempo, ainda. Hoje é domingo. Temos até a sexta. - Ele percebeu um tom de malícia na voz.

- Eu te amo, Hermione.

Ela sorriu e tentou responder. Sim, apenas tentou. A frase não saiu, por um motivo desconhecido dela. Estranhou tal coisa, e, para não ficar um clima estranho, o beijou.

Rony estava tão feliz que nem ao menos se importou de não ouvir um "Eu te amo" dela.

A semana passou rápido. Hermione acordava todas os dias de manhã cedo para ir trabalhar e, a cada dia que se passava, Rony ficava mais ancioso com os jogos. Já era um quinta-feita, véspera de viagem. Já havia passado do almoço e Hermione já havia chegado do trabalho. Uma chuva fina começava lá fora.

- Rony, vou subir e tirar um cochilo. Estou exausta! - Ela foi até a poltrona que ele estava sentado e deu um beijinho nele.

- Tudo bem. - Respondeu após o selinho, e Hermione subiu.

Fechou a porta do quarto ao passar e se jogou na cama. Estava realmente cansada. Deu uma última olhada pela janela. A chuva rapidamente se intensificou, chegando a fazer um barulho forte, e deixando o céu completamente cinza. Não trocou de roupa, apenas tirou a sandália e se ajeitou para tentar dormir. Escutou a campainha tocar. "Douglas... com mais cartas para Rony". Fechou os olhos e rapidamente adormeceu.

Rony olhou para a porta e se levantou, rapidamente, para atendê-la. Abriu-a. Seus olhos se arregalaram de imediato ao ver um rapaz todo encharcado do outro lado da porta. Seus braços estavam encolhidos contra o corpo e as roupas coladas no mesmo. A barba estava um pouco grande, parecia que não era feita há semanas. O cabelo, já grande, estava grudado na cabeça, cobrindo os olhos.

- Poderia me ajudar, por favor? - Perguntou o homem com a cabeça abaixada e a voz rouca.

- Vamos, vamos. Entre! - O ruivo o puxou para dentro. - Espere aí!

Rony se dirigiu até o quarto de hóspede que ficava ao lado da escada. O recém chegado deu uma olhada pela casa. "Mora sozinho", pensou. O ruivo pegou um toalha lá dentro e entregou ao homem. Ele colocou sobre as costas.

- Você precisa de um banho! - Disse observando-o de cima à baixo. - Você tem nome?

O homem não respondeu. Permaneceu de cabaça baixa. Parecia tímido. Rony não insistiu. O levou para o quarto de hóspedes, mostrou o banheiro e deu uma toalha limpa. Subiu para o seu quarto, devagar, sem fazer barulho para Hermione não acordar, pegou umas roupas limpas dele e desceu para entregar ao rapaz.

Tudo que o ruivo dizia, ele simplesmente assentia, com a cabeça ainda baixa.
"Ele é... não, não pode ser ele. Mas a voz é igual! Não, ele não estaria morando aqui, muito menos sozinho", pensou após ver o ruivo saindo do quarto e fechando a porta.

Ele tomou um banho. Rony fez um chocolate quente para ele e não fez questão de saber mais nada do rapaz, ele sempre ficava com a cabeça abaixada, como se não quisesse conversar. Hermione continuava dormindo. O homem estava sentado na poltrona, assistindo televisão, ainda tomando o chocolate quente. Os dois escutaram um barulho lá em cima.

Hermione fechou a porta do quarto e desceu as escadas, lentamente, ainda sonolenta. Rony e o rapaz olharam para a escada. A garota tirou a mão do rosto e levantou o olhar para a sala onde seu namorado estava. Ela parou de andar. Milhões de informações vieram na sua cabeça sem parar ao ver aquele rapaz sentado na poltrona, a encarando. Pela primeira vez, com a cabeça levantada. Ela abriu a boca para tentar falar alguma coisa algumas vezes, mas não saiu nenhum som. Os dois ainda se encaravam. Rony olhou do rapaz para a namorada sem entender. Ela finalmente conseguiu falar, saindo como um sussurro.

- Harry! - Seus olhos brilhavam ao encarar ele ali, sentado na cadeira, que horas atrás, Rony estava sentado.

Apesar do ruivo não ter escutado o que ela falou, conseguiu entender pelos movimentos dos lábios dela. Rony olhou para ele ali. Como não conseguiu reconhecer seu melhor amigo? Não conseguiu falar nada.

Hermione foi descendo o resto da escada, lentamente, ainda o encarando. Aqueles olhos verdes que a encaravam eram totalmente inconfundíveis. Ela caminhou devagar até parar na frente dele.

Harry sorriu. Agora tudo fazia sentido. Olhou para Rony e rapidamente voltou-se para a mulher. Aquele era Rony, e ele não morava sozinho... morava com ela.

- Hermione. - Sua voz também saiu como um sussurro, apesar de estar mais grossa. Ainda sorria.

Ela ainda não acreditava que ele estava ali, parado, na sua frente. Sua expressão rapidamente mudou. A pontada de ódio que sentia por aquele homem veio à tona.

Ela levantou a mão e deu um tapa no rosto dele, com gosto.

- Isso, é por você ter fugido! - Disse séria. Esperou ele olhar novamente para ela. Rony arregalou os olhos.

Harry levou a mão ao rosto e o virou lentamente de volta, mexendo o maxilar para ver se não tinha saído nada do lugar. Encarou-a. Agora ela exibia um sorriso de ponta a ponta no rosto.

- E isso é por você ter voltado. - Ela pulou nos braços dele, o abraçando com força.

Ele sorriu também. Era tanta a saudade de ambos. Ficaram lá, abraçados, por um tempo.

Hermione o soltou.

Rony logo tomou a frente dele. O olhou novamente de cima à baixo. Sua boca estava semi aberta, talvez pela surpresa. Não esperava vê-lo batendo à sua porta, precisando de ajuda.

- Harry Potter... que saudade, cara! - Rony apertou a mão dele e o puxou para um abraço também.

- Finalmente os dois estão juntos. - Disse divertido. Hermione corou e o fuzilou com o olhar. - Até que enfim, moça, você se declarou para ele. Já era sem tempo! - Brincou novamente.

- Harry! - Ela o repreendeu. - E pra começo de história, foi ele que se declarou pra mim antes, se você quer saber. - Retrucou vitoriosa, cruzando os braços.

- Ohh. - O moreno soltou uma exclamação de surpresa. - Você se superou, Rony. Não achei que conseguisse fazer isso. - Irônizou com um tom meio sério.

O amigo sorriu.

- Ah, não! Vem cá! Deixa eu te mostrar a casa. - Hermione o puxou pela mão, impaciente e alegre.

Harry cedeu, e os dois subiram as escadas correndo.

- Meu quarto... e do Rony. - Harry deu uma olhada por todo o local. - Ah, aí são os troféus que ele ganhou nos jogos. - Concluiu ao observar o olhar do amigo sobre a prateleira com os objetos brilhantes. - Ah, a gente tem um porão também. - Ela o puxou novamente pela mão, saindo do quarto. Apontou para o lugar no final do corredor. - Nem queira entrar lá, tá uma bagunça!

Harry riu com o tom dela. Desceram para a sala onde Rony estava.

- Ah, Harry! Só por curiosidade, como foi que você veio bater na porta da nosa casa, todo encharcado? - Perguntou o ruivo tirando o olhar da televisão, dirigindo-o à Harry.

- Encharcado, obviamente, porque estava chovendo. E como eu vim parar aqui, é uma longa história.

- Peraí, peraí. Não foi o Douglas que tocou a campanhia hoje à tarde não? Foi o Harry?

- Isso mesmo. - Assentiu Rony.

- Ronald Weasley! - A mulher olhou furiosa para ele. - Você não me acordou?! - Ela colocou as mãos na cintura.

- Mi, mas...

- Mas nada, Ronald! Um rapaz entra na nossa casa e você não me acorda nem pra me avisar? Ainda sendo o Harry!

O ruivo abaixou um pouco a cabeça, levemente constrangido.

- Eu não reconheci ele.

- É, eu percebi! - Respondeu irônica.

- Pessoal, pessoal. Calma, brigas depois, ok? - Harry levantou as mãos, fazendo um sinal com as duas maõs para eles pararem.

A mulher bufou e balançou a cabeça negativamente, se jogando ao lado de Harry no sofá.

- Mas, enfim. Explique como você chegou até a nossa casa.

- Bom - O moreno suspirou -, resumindo logo... bebi mais do que devia. Cheguei no meu apartamento e o cara do aluguel tava lá pra pedir o dinheiro, peguei briga com ele e o cara me expulsou da minha casa. Ai fiquei na rua, sem dinheiro e sem apartamento. - Disse simplesmente, como se não fosse importante.

Rony arregalou os olhos e Hermione começou a rir.

- Você é tão engraçado, Harry. Tá bom, agora conta a história verdadeira. - Pediu a mulher.

Harry ficou sério e esperou a amiga parar de rir.

- Estou falando sério. - Hermione arregalou os olhos, surpresa, e seu queixo caiu levemente.

- Há quantos dias você tá na rua? - Perguntou Rony, de imediato, curioso.

- Dois dias... eu acho. - Respondeu dando ombros.

E continuaram conversando durante toda a noite. Hermione insistiu para Harry ficar com eles por uns dias. Explicou que Rony precisaria viajar no outro dia para um jogo, então, teria que tomar conta da casa pela manhã, já que a amiga sairia para trabalhar.


A sexta-feira amanhaceu ensolarada... Perfeita para viajar. Hermione trabalhava enquanto Harry ajudava o amigo a fazer a mala. O ruivo viajaria na hora do almoço e, para via das dúvidas, já havia se despedido de Hermione, caso ela não chegasse à tempo de vê-lo partir.

- Vi que seu relacionamento com Hermione está indo bem. - Comentou Harry sentado na ponta da cama, observando o amigo terminar de fechar a mala.

- É. - Ele tirou a mala de cima da cama e a colocou em pé, no chão. Sentou-se. Ficou pensativo por um momento. - Tenho uma surpresa para ela quando eu chegar. - Comentou mirando a parede à sua frente.

- Que surpresa?

- Quando eu chegar, você vê. - Deixou o corpo cair para trás. - Todos dizem que ninguém nunca é feliz para sempre. - Sorriu. - Existirá uma excessão. Eu serei feliz para sempre. - Virou o rosto para olhar para Harry. O amigo também sorria.

Tivesse, Harry, entendido ou não, isso não importava. Queria apenas que o ruivo chegasse logo para ter certeza de qual seria a surpresa, já que já tinha uma idéia do que seria.


Harry escutou a porta da frente casa se abrindo. Não se levantou da poltrona, apenas virou a cabeça para ver Hermione entrando.

- Rony já foi? - Perguntou indo na direção do amigo.

- Acabou de sair. - Respondeu, logo em seguida recebendo, dela, um beijo no topo cabeça.

A mulher subiu. Deixou as coisas no quarto, tomou um banho e desceu.

- Com fome, Harry? - Perguntou dirigindo-se à cozinha.

- Não, obrigado, Mi. Já almocei.

Ela rapidamente preparou um sanduíche e pegou um pouco de suco na geladeira. Sentou-se no sofá, para ficar assistindo televisão também, e começou a comer.

- Você ainda não fez esse barba? - Perguntou após passar o olhar rapidamente no homem.

Ele levou as mãos ao rosto e, ao tocá-lo, balançou a cabeça negativamente. Hermione olhou para a escada.

- Accio varinha. - Ela pegou o objeto e apontou para Harry. Com um balançar da mesma, o rosto do rapaz mudou.

Harry passou a mão no rosto novamente.

- Bem melhor. - Ele sorriu. Ficava muito mais bonito sem barba.

Hermione acabou de comer.

- O que vamos fazer esse final de semana?

- Você que sabe. - Respondeu Hermione voltando da cozinha. - Você precisa de roupas e cortar esse cabelo.

- Então, vamos! A gente tem que se divertir enquanto Rony não está aqui.

- Você não tem roupa...

- Eu vou assim! - Tratou logo de acrescentar. A mulher o olhou de cima à baixo. Estava com uma roupas meio largadas do Rony. Aceitou.

- Vou pegar minha bolsa e a gente sai.

Harry assentiu com a cabeça e foi logo até a porta.

Durante todo o dia, ele pareceram duas crianças brincando no meio da cidade. Harry teve de passar em Gringotes para pegar o pouco dinheiro que ainda restava. Foram ao shopping, compraram roupas para o Harry, tomaram sorvete, passaram na pracinha, e o homem ainda chegou em casa de visual novo. Foi praticamente obrigado a cortar o cabelo. E depois a mulher fez questão de elogiá-lo, dizendo que estava muito mais bonito.

No sábado foi a mesma coisa. Visitaram alguns lugares da cidade, foram para a feirinha, assistiram filme. Chegaram exaustos em casa. O mundo parecia tão mais alegre e iluminado para Hermione. Ela ficava de um jeito tão diferente com Harry ao seu lado. Talvez pela disposição do rapaz e o bom-humor dele. Ainda mais com aquele sorriso cativante que ele tinha. Há dois anos não se sentia daquele jeito.

O domingo também amanhaceu tranquilo. Harry foi acordado ao gritos, por Hermione.

- Mas o que é isso? - Perguntou sonolento, colocando os óculos, sentando-se rapidamente na cama.

- Temos um churrasco para ir. São 11 horas da manhã, Harry!

- Temos?

- Sim. Claro que você vai comigo. Já disse para as minhas amigas que você iria estar lá. - Ela deu uma pausa e observou o homem cair para trás. - Vamos logo, Harry! Você tem apenas 20 minutos para estar pronto! - E saiu do quarto.

Ele chegou até a sala. Levantou as mãos.

- Aqui estou eu.

- Ótimo. - Hermione desligou a televisão, levantou-se do sofá e o puxou pela mão, saindo da casa.

- Eu não passei perfume! - Disse entrando no carro.

- E...?

- Vou sair, para um lugar onde tem muita gente, sem perfume? - Perguntou incrédulo.

- Depois nós resolvemos seu problema. - Ela sorriu, enquanto ligava o carro. - Vendo perfumes. É o meu trabalho. Prometo que a gente sai cedo de lá e tem mostro um montão de perfumes, ok? Um dia não vai te matar.

- Fechado. - Ele sorriu.

Até que o churrasco nem foi tão tediante como Harry achava que seria. Conheceu algumas amigas e alguns amigos de Hermione, e eles tinham um papo bom. A turma era legal. Depois da parte de apresentações, beijinhos pra lá, beijinhos pra cá, ele começou a gostar. Até pediu para ficar mais um tempinho quando Hermione disse que precisavam ir embora. Eram pouco mais das 4 da tarde. Hermione foi até a loja onde trabalhava e pegou um sacola, razoavelmente grande, com várias amostras de perfume.

Eles foram até a pracinha perto de onde moravam. Hermione sentou em uma das cadeiras e colocou a sacola de perfumes na mesa à frente.

- Pode escolher.

Foram mais de 30 minutos tentando escolher o perfume ideal para Harry. Nada. Ele não gostou de nenhum deles. Ou era muito forte, ou era muito fraco, ou senão não era a fragrância certa para ele.

- Qual perfume você tá usando? - Perguntou ele virando o rosto para Hermione. Ela estava ao seu lado.

- Ah, é um que eu tenho guardado. Há tempos não usava ele. - Comentou.

Harry inclinou um pouco a cabeça e Hermione levantou um pouco o rosto. Cheirou seu pescoço. Assim que ele inspirou, algo rapidamente passou pela sua cabeça. Fatos vieram e a imagem de Hermione também. Ficou praticamente imóvel. Seu corpo não mexia por vontade dele. A mulher abaixou um pouco a cabeça para perguntar o que havia acontecido... de repente ele havia paralizado... mas seu rosto estava perto demais do dele. O corpo do homem já mexia por vontade própria e a única coisa que se passava pela mente dele era Hermione. Fazia força para não se mover, no estado que estava, podia fazer uma tremenda besteira. Não conseguiu mais segurar e seu rosto foi indo mais para frente, tirando a mínima distância que havia entre eles, fazendo ele beijá-la.

O pouco tempo que ficou ali, foi suficiente para sentir o gostinho da boca de Harry. Era diferente... diferente da de Rony. O empurrou.

- Hermione, desculpe. Eu não queria... - Ele tentava se desculpar... tarde demais.

A mulher se levantou da mesa num impulso, olhando feio para ele. Pegou a sua sacola rapidamente, balançou a cabeça negativamente, como se tivesse desaprovado a atitude dele e saiu.

- Mas o que diabos aconteceu comigo? - Harry se perguntou, tentando raciocinar algo lógico... alguma resposta para o ocorrido.

Bateu a porta com força ao entrar em casa. Se tivesse alguém dormido, com certeza esse alguém teria acordado com o barulho. Subiu as escadas correndo. Jogou a sacola na cama e se sentou na mesma. Suspirou. Se perguntava como aquilo havia acontecido. Rápido demais... tudo rápido demais. Imaginou Harry, depois Rony. Desesperou-se. Contava à Rony, ou não? E Harry? Estava morando na mesa casa que ela! Como seria dali em diante? Ela teve vontade de gritar parar tentar espantar os milhões de pensamentos que se formavam na sua mente sem parar. Gritar para todos ouvirem. Tentou se acalmar. Caiu para trás, na cama. O jeito era esperar Rony chegar. Tinha que ter uma conversa séria sobre o que aconteceu. Desabafaria para ele, e explicaria que não passou de um simples erro, que não teve nenhum significado para ela. Teria de ser sincera. E depois pensaria em conversar com Harry. Queria uma explicação para o que aconteceu. E foi no ocorrido da tarde de domingo, que Hermione ficou pensando durante todo o dia. O beijo, aquele gostinho... NÃO! Definitivametne... não! Não podia ficar pensando no gostinho que a boca de Harry tinha. Mas ela não negou nem sequer por um segundo que não havia gostado daquilo. Realmente gostei, mas não se tornará a repetir, pensou. Ficou um pouco atordoada ao se deitar. Harry não apareceu para o jantar. Apareceu apenas no final da noite, passando direto para o seu quarto, sem falar com Hermione. E ele habitou sua mente antes de dormir; e seus sonhos durante a noite.

- Hey... hey. - Hermione sentia alguém a balançando. Tivera sido apenas um sonho? - Hermione, cheguei.

Ela abriu os olhos com dificuldade, logo se formando a imagem de Rony na sua frente. Abriu um sorriso e pulou no pescoço do namorado.

- Hey, calma. - Ele saiu do abraço apertado que Hermione havia dado. - Sentiu minha falta? - Perguntou com um sorriso maroto.

- Senti, sim. - Ela se lembrou de ontem, e o lindo sorriso que estava em seu rosto desapareceu rapidamente.

- O que foi? - Rony se sentou ao lado dela na cama, preocupado.

Ela respirou pesadamente antes de continuar.

- Precisamos conversar. - Ela não o encarou.

- Se não for imporante, será que pode ser mais tarde? Estou morto de fome. - Ele colocou a mão na barriga.

- Não, claro que não. Vá tomar café, depois conversamos. - Ela forçou um sorriso. Deu um selinho rápido nele. Não era a mesma coisa... definitivamente não era. E estava com medo disso. Medo de fazer alguma besteira.

O ruivo chegou na cozinha. Deu uma olhada pela casa e mirou o quarto de Harry ao lado da escada.

- Por que o Harry não está em casa? - Perguntou um pouco mais alto para fazer Hermione escutar lá em cima. Não tirou os olhos do leite que colocava no copo.

Ele esperou um tempo para a resposta vir. E veio junto com Hermione, que descia as escadas.

- É justamente sobre isso que eu quero conversar. - Ela passou pela cozinha e se jogou no sofá. Enterrou o rosto na mãos.

Rony colocou a cabeça para fora da cozinha.

- Não me diga que ele fugiu de novo!

A mulher apenas balançou a cabeça negativamente, que ainda estava enterrada nas mãos. O ruivo colocou seu copo na pia e se dirigiu até ela, um pouco preocupado.

- O que quer conversar comigo? - Ele ficou sério.

- Se o Harry fugiu de novo, eu não sei. - Disse levantando a cabeça. - Mas eu acho que sei o motivo por ele não estar em casa. - Concluiu sem encará-lo. Ela apontou o lugar vazio ao seu lado no sofá. Rony sentou, encarando-a. - Ontem... aconteceu algo. - Ela olhava para frente, não tinha coragem de encarar o namorado. - Que eu não sei porque aconteceu, muito menos como aconteceu... - Ela foi direto ao ponto. - O Harry me beijou, ou nós nos beijamos... eu não sei! Teve um beijo entre a gente. - Ela falou um pouco rápido, mas Rony conseguiu entender tudo. Ela virou o rosto lentamente para ele.

Ficaram sem falar por um tempo. O homem parecia analisar a situação. Hermione estava com medo. Era agora que ele ia começar a gritar, derrubar tudo, ir atrás de Harry e resolver a situação, deixar ela. Mas ele ficou calmo e sério.

- Você gostou? - Perguntou tirando o olhar dela. Olhou para frente.

- Como? - Perguntou surpresa. Ele não havia feito nada que ela havia pensando.

- Eu perguntei se você gostou... do beijo. - Ele voltou-se para ela novamente.

- Rony... eu não sei. Não deu tempo de ver se foi bom ou ruim, eu o empurrei. - "Você disse que ia ser sincera com ele. Porque não diz logo que gostou? Não! Eu não gostei! Foi, apenas... diferente, só isso.".

- Você sentiu alguma coisa na hora?

- Rony! Aonde você quer chegar com isso?

- Quero saber apenas se você sente algo pelo Harry.

- Se quisesse saber, bastava ter perguntado. E não! Eu não sinto nada pelo Harry. Ele é apenas meu melhor amigo. E sobre o que eu senti na hora... deve ser meio estranho beijar alguém como ele, levando em consideração os anos de amizade que a gente tem. - Respondeu como se fosse óbvio.

O ruivo novamente ficou a pensar.

- Era só isso que queria falar? - Perguntou se levantando.

A mulher estranhou o comportamente dele em relação a isso tudo. Esperava algo mais "brutal" da parte dele. Ficou feliz ao perceber que não fez isso, mas admitia que havia ficado surpresa.

- Sim. - Ela viu o homem passando e indo em direção à cozinha. Ela deu de ombros. Pelo menos havia falado para ele o ocorrido. - Vou trabalhar. - Ela subiu.

Lembrou-se de algo. O perfume. Levaria para a loja para saber mais sobre ele. Pegou-o, jogou dentro da bolsa e foi trabalhar.

Ela colocou o pequeno frasco do perfume na bancada de vidro, fazendo um pequeno barulho.

- Você sabe alguma coisa sobre esse perfume, Karen?

A mulher olhou de Hermione para o frasco.

- Posso dar uma olhada. - Karen pegou o frasco e subiu na altura do rosto. Observou algo. Arregalou os olhos.

Rapidamente o destampou. Hermione não entendeu. Ela cheirou o perfume e depois olhou para Hermione.

- Vo-você é bruxa?! - Ela encarou a amiga por um tempo. Não esperou resposta, já tinha certeza qual seria.

Abriu um armário abaixo da bancada de vidro e tirou algo de lá. Segurou a varinha na frente de Hermione. Esta, arregalou os olhos. Como aquilo era possível? Abriu a bolsa rapidamente e tirou sua própria varinha de lá.

- Como...?

- Estudei em Hogwarts. - Respondeu Karen. - Como conseguiu esse perfume?

- Ah, não lembro direito. Só sei que estava lá em casa, e posso dizer que me trouxe problema. - Respondeu enquanto colocava a varinha de volta na bolsa.

Karen sorriu.

- Você tem namorado, e algum amigo seu fez algo totalmente fora do normal... como te beijar.

Aquilo estava realmente virando assutador. Karen havia estudado em Hogwarts, era bruxa, sabia algo sobre o perfume que Hermione não sabia, e ainda sabia o que havia acontecido.

- Tá, tá, tá. Espera um minuto. - Hermione fez um gesto com a mão para ela parar. Era informação demais de uma vez só. - Comece a explicar.

- Você conhece a Amortentia, não é?

- A poção do amor? Claro!

- Então. Podemos dizer que esse perfume é, em alguns casos, como uma poção do amor, mas de um jeito diferente. - Hermione queria que ela chegasse logo na parte de como havia descoberto o ocorrido do dia anterior. - Quando alguém cheira esse perfume, é despertado o sentimento forte que existe dentro dela...

"O Harry gosta de mim?"

- Mas, você acabou de cheirá-lo.

- Sim, me deixe continuar. É despertado o sentimento pela pessoa da qual estava com o perfume, no caso você. Quem sentiu seu cheiro?

- Meu melhor amigo. Mas, eu ainda não entendi a parte que você descobriu o que aconteceu.

- A maioria dos sentimentos despertados, é o amor. Você disse que lhe causou problema. Já aconteceu isso com uma amiga minha... em Hogwats, até. Apenas supus o que aconteceu, e eu acho que acertei.

- É, realmente acertou. - Hermione encarou o perfume. Precisava ter uma conversa séria com Harry.

- Ah, e a propósito. - Começou enquanto colocava a varinha de volta no armário. - Não conseguimos nos controlar quando o perfume é inspirado. Se alguém tiver muita raiva de você, e o perfume for inspirado por ela... Ou corre muito rápido, ou tem perigo de morrer espancada. - Concluiu divertida. - Mas não se preocupe - Tratou logo de dizer, ao observar a feição da amiga -, é raro acontecer isso. Como eu falei, o sentimento que predomina é o amor. Mas, então. Não me falou como conseguiu o perfume.

Hermione passou um bom tempo pensando. Bateu na própria testa ao se lembrar de onde tinha vindo... dela mesma. Sentou-se numa cadeira ao seu lado.

- Não acredito nisso! - Karen apoiou os braços na bancada e esperou Hermione continuar. - Último ano em Hogwarts. Li sobre esse perfume, o fiz, mas não usei. Ronald ia ser a vítima. Queria saber o que ele sentia naquele época... ódio ou amor. Mas não cheguei a usá-lo, e o guardei. Vejo que eu esqueci de tudo que eu li. Não me lembrava mais de ter o usado. Claro, Hermione! É uma poção! Ai, que idiota. Esqueci desse detalhe, e o usei depois de anos.

Karen teve vontade de rir com a cara que ela fez ao concluir a explicação. Se controlou.

- E agora, o que vai fazer?

- Preciso ter uma conversa seríssima com Harry Potter.

Karen soltou uma exclamação de surpresa.

- Conseguiu conquistar Harry Potter? Se quiser, pode ir falar com ele agorinha. Fico no seu lugar por hoje.

- Faria isso por mim?

- Faço isso por Harry Potter.

Hermione não ligou para a última frase da amiga e já saiu correndo da loja.

- E boa sorte! - Gritou Karen após ela correr. Balançou a cabeça, rindo.
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N/A: dividi em dois capítulos porque fica melhor de ler.
pra quem não conseguir ler tudo de uma vez, aí não perde. =)
digam o que acharam, ok?
té já.

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