Como Matar um Vampiro



CAPÍTULO VIII. COMO MATAR UM VAMPIRO

O jantar tinha acabado de ser servido na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, e, agora, as mesas do salão principal sumiam para dar lugar a dezenas de almofadas espalhadas pelo chão, onde os alunos do sétimo da instituição se acomodariam para prestar total atenção às palavras de Mina Stoker na primeira aula que ela daria sobre vampiros.

Com um imenso quadro negro recém-conjurado onde outrora ficava a mesa dos professores, Mina se encontrava certamente um tanto desconfortável. Falar em público nunca fora a sua especialidade, e ela certamente não se sentia bem em falar para inúmeros adolescentes, prontos para rirem da mínima titubeada.

Agora já estava tudo pronto – ela respirou fundo.

O feitiço para ampliar a voz foi feito.

Agora todos estavam atentos.

- Er... Boa noite a todos... Bem... eu sei que vocês estão cansados, mas como vocês
já devem saber, tem um vampiro perto de Hogwarts que está atacando... não é prudente que vocês não saibam como identificar um.

Calou-se.

Todos a observavam. Ela respirou fundo mais uma vez, conseguindo finalmente controlar o pânico.

- Bem, qual a imagem que vocês têm de um vampiro?

Vários começaram a falar.

Mina se sentiu um pouco mais confiante, vendo que, com a participação dos alunos, ela poderia, finalmente, começar uma palestra.

- Primeiramente, vampiros estão mortos! – As vozes aos poucos cessaram. – Logo eles não precisam respirar, comer, ou dormir. Eles podem vir atrás de vocês para tomar seu sangue na hora que quiserem, pois não se sentem cansados.

Uma menina no fundo do salão ergueu a mão.

- E por que existem tão poucos ataques?

Mina sorriu.

- Porque em 1919, em Paris, bruxos e vampiros assinaram um acordo de paz. Nós forneceríamos sangue bom através dos nossos feitiços, e eles nos deixariam em paz. Desde então, foram pouquíssimos os ataques vampíricos, a maioria por parte de trouxas arbitrariamente transformados. E, como todos sabem, tivemos alguns ataques durante a guerra passada.

Um garoto gordo da Lufa-lufa:

- Foi uma dona de clã, não foi?

Mina riu.

- Não existem donos de clãs, mas formadores. E, sim, os ataques acontecidos há alguns anos, durante a guerra, foram feitos, entre outros vampiros, por Scarlet Leigh, uma das mais perversas formadoras de clãs.

Um garoto da Sonserina.

- Para que servem os clãs?

- O clã é como se fosse uma marca. Quando fazemos exames em corpos que foram infectados por vampiros, ou nos próprios vampiros, podemos descobrir um ancestral comum. Claro, todos os vampiros, assim como todos os humanos, provêm de um só ancestral comum, mas nós podemos combiná-los ao tipo de sangue de um vampiro que fez muitas vítimas.

“Scarlet Leigh fez muitas vítimas. O seu sangue, que é único, tal qual uma impressão digital, será passado através da mordida, fazendo com que as vítimas dela, e as vítimas das vítimas dela possuam também esta marca. Nós podemos ver as marcas através das mais diversas poções, e é justamente isso que estamos fazendo aqui em Hogwarts, com a ajuda no diretor Severo Snape: tentando descobrir as origens desse vampiro.”

Uma garota da Sonserina.

- Mas, digamos que essa Scarlet tenha sido mordida pelo conde Drácula. As vítimas dela não teriam também a marca do conde? Como poderia diferenciar?

Mina, esperta, sorriu.

- As famílias de vampiros não são muito numerosas. Uma vez que a poção está pronta, é só comparar. Então temos tabelas para saber qual vampiro veio antes de qual, com as datas exatas dos nascimentos e óbitos deles. Depois de feita a comparação, saberemos se um vampiro corresponde às marcas de Leigh, de Drácula e de Lúcifer, o primeiro vampiro, esse vampiro é do clã de Leigh, pois ela foi a última a se tornar vampira dos três.

Um menino Grifinório.

- Para que a separação em clãs serve?

- E vou simplificar ao máximo. Quando uma pessoa é mordida por um vampiro, ela começa a ter com ele uma relação de dependência. Por isso, é natural que, ao vampirizar alguém, conseguindo assim um tipo de aliado ou servo, o vampiro volte ao seu ascendente e relate este fato. Por isso, o vampiro, em regra, sabe quem são todos os vampiros que surgiram a partir da sua mordida. Antigamente, isso era usado em guerras: quando o vampiro conseguia desfazer esse laço de dependência, ele formava a sua própria família, todos obedientes a ele, formando um grande exército. Hoje, usamos as famílias apenas para ajudar a cumprir o Decreto de Amizade entre Vampiros e Homens.

“Agora vamos sair do científico e ir para o prático. O que vocês fariam se encontrassem um vampiro?”

Uma ruiva da Grifinória.

- Mostraria uma cruz.

- Funcionaria para mim. Mas funcionaria para você? Tudo o que tem a ver com o religioso, como a cruz e a água benta, funciona apenas se aquele que quiser se livrar do vampiro tenha fé nesses objetos. Eu acredito plenamente nos dogmas da igreja católica, acredito que a cruz e a água benta sejam sagradas; logo, eu poderei usar esses artefatos para me livrar de um vampiro.

“Porém, a maioria dos bruxos não compartilha dessa visão, tendo que usar métodos menos simpáticos para se livrar dos vampiros. Tais como alho, fogo e estaca de madeira ou prata.”

Um menino do Corvinal.

- Prata? Isso não é para lobisomens?

- Vampiros são alérgicos à prata e madeira. Lobos, apenas à prata. Mas, se você acerta uma bala de prata ou madeira na cabeça de um vampiro, ele se enfraquecerá, mas não morrerá. Se acertar no coração, ele morre na hora.

Um menino da Sonserina.

- E o fogo?

- Os vampiros, ao levar o abraço, desenvolvem uma proteína que fica responsável pelo seu poder de regeneração. Quando entram em contato com o fogo, essas proteínas desnaturam e eles perdem temporariamente essa capacidade, ocasionando uma reação em cadeia da qual só sobrarão cinzas.

- E o sol?

- Essas proteínas que eu acabei de mencionar são sensíveis aos raios solares e entram em combustão quando têm um contato mais intenso com eles.

Uma menina da Sonserina.

- Se tivesse um vampiro aqui, como poderíamos reconhecê-lo?

- A primeira coisa que eu faço para reconhecer um vampiro é olhar para as suas unhas. – Mina olhou de relance para Snape. – As unhas de um vampiro não são como as nossas, apresentando uma textura diferente, mais compacta, como as unhas dos felinos. Depois, prestem atenção aos hábitos: vampiros geralmente não comem, pois o seu estômago atrofiado refuga a comida. E, de vez em quando, você pode pegar um vampiro sem respirar, já que eles apenas respiram após um grande esforço ou quando vivem em sociedade, para manter uma aparência mais “normal”. As diferenças mais apontadas: olhos esbranquiçados e brilhantes e caninos proeminentes só podem ser percebidos quando o vampiro está para atacar; quando ele está vampirizado.

No fundo do salão, ela viu Severo se levantar, mostrando-lhe um relógio e deixando claro que o tempo que ela tinha para dar a sua palestra já tinha se encerrado.

Mina sorriu sem-graça – até que ensinar aquelas crianças não tinha sido tão ruim.

- Eu acho que minha hora terminou. – O alívio nos olhos dos alunos com o fim da aula um tanto maçante foi óbvio. – Agora eu lhes chamo para os jardins, aonde o Senhor Van Helsing vai ensiná-los a se proteger.

Os alunos aos poucos foram se dispersando.

Severo Snape se aproximou lentamente de Mina. O olhar preso ao dela, fazendo o seu corpo responder com desejo aos mistérios daquele homem.

- Van Helsing está insistindo para que todos vão. Isso inclui você, que, nas palavras dele, não deve saber sequer pegar numa estaca. – Ele ergueu uma sobrancelha numa expressão que demonstrava um quê de divertimento. – Mas eu tenho certeza que você sabe segurar uma estaca, não?

O rosto de Mina imediatamente ficou vermelho. Ela sentiu o ar esvair-se dos seus pulmões e, apesar de ter tentado responder, não conseguiu falar nada além de alguns murmúrios desconexos.

Snape, ainda divertido, apesar de tentar manter a sua expressão séria e austera de sempre, perguntou:

- Você vai ou não vai, Stoker?

- Ah, eu... Bem, eu não sei... – Respirou fundo e buscou calma. – Tentar atirar na frente de todos esses alunos... Mas eu não quero aborrecer o Senhor Van Helsing. Você vai?

Ele crispou os lábios.

- Não preciso. Eu sei me defender.

Ela assentiu e começou a caminhar, parando quando percebeu que ele a seguia.

- Você não disse que não ia?

- Não vou ficar atirando no vento, Stoker... – Aproximou-se mais, falando baixo e voltando ao tom divertido. – Mas eu não perderia você tentando atirar por nada nesse mundo.

E, com um sorrisinho de escárnio se formando no canto dos seus lábios, ele tomou-lhe a frente.

XxXxXxX

Os alunos do sétimo ano muniam-se de uma estaca de madeira para tentar apunhalar bonecos à sua frente, usando os movimentos que Van Helsing lhes ensinara para que a penetração no coração fosse mais fácil.

Isso já fazia meia hora.

Todos já haviam conseguido atingir o coração do boneco.

Todos, exceto Mina.

- Ora, Stoker, vamos! Eu disse que tem que ser perpendicular ao corpo, entre as costelas, e não enviesado em cima do esterno!

Ela suspirou, soltando a estaca.

- Eu desisto, Senhor Van Helsing! Eu nasci para ficar nos laboratórios, e não para sair à caça! Eu enveneno meu sangue, é mais fácil!

Snape, que, ao lado dela, mantinha o seu semblante divertido enquanto assistia às tentativas de Mina, disse:

- Envenenar o sangue nunca é bom. Faz mal ao corpo. Sem falar que você sempre pode se encontrar numa emergência onde precise do seu sangue puro.

Van Helsing torceu o nariz, mas concordou:

- Ele está certo, Stoker. Tome!

E entregou a ela um tipo de atirador de flecha que deveria pesar pelo menos dez quilos.

Mina cambaleou ao sentir o peso do objeto, mas conseguiu manter-se em pé – afinal, cair na frente de dezenas de alunos era uma vergonha pela qual ela não queria passar.

- Como eu seguro isso?

Van Helsing se colocou por trás dela e ajeitou o objeto por sobre os ombros de Mina – arrancando disfarçados olhares raivosos de Severo.

- Aqui fica a mira – ele disse, apontando para um pequeno arco com uma bolinha no meio na parte de cima da arma. – E aqui você atira a flecha. Mire no coração.

Mina se concentrou. A nova arma chamou atenção de todos.

A sua concentração foi tanta, que ela não se lembrou de Isacc Newton, nem da sua terceira lei, nem de que, segundo esta, quando houvesse o estopim, a força que impulsionara a flecha para frente a impulsionaria para trás.

Não é preciso nem dizer que, embora a flecha tenha atingido certeiramente o coração do boneco, fazendo-o se desintegrar, Mina tropeçou em seu salto e caiu para trás, sentada numa poça de lama, arrancando gargalhadas de todos os presentes.

Ela talvez nunca tivesse ficado tão vermelha.

Snape gritou:

- Fim de aula. Todos para os dormitórios, a menos que queiram ser suspensos.

E, entre risos e comentários, os alunos entraram no castelo, deixando apenas Mina caída, Van Helsing rindo e Snape olhando para os dois.

Van Helsing controlou a gargalhada e ofereceu a mão à Mina.

Ela se levantou, ajeitando os trajes em seu corpo.

Tentou rir, sem graça.

Snape perguntou:

- Você está bem?

- O suficiente – ela disse, finalmente percebendo estar suja de lama. – Eu já me acostumei com esse tipo de coisa... Sou muito desastrada.

Um minuto de silêncio para Van Helsing dizer:

- Acho que está na hora de irmos investigar. Você vai conosco, Snape, ou tem que ficar cuidando da escola?

- Eu vou.

Mina sorriu.

Segurou nas mãos dos dois “cavalheiros”, arrependendo-se imediatamente quando sentiu a mão fria de Snape apertar a dela.

Disse, ainda mais sem graça do que estivera minutos atrás.

- Então, vamos? Para Hogsmeade!

XxXxXxX

Aula longa e maçante, mas necessária.

Reviews, por favor!

E bjus para a minha maninha linda e maravilhosa, a Shey, que continua betando a fic. E, naturalmente, para o pessoal que revisou: Tina Granger, DevilAir, Lois, BastetAzazis, Lua Mirage2 e Kure.

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