CAPÍTULO 1



Eu gostaria de dizer que foi por causa do mar que os nossos caminhos foram traçados naquelas férias. Mas talvez fosse apenas o destino, nem eu sei dizer direito. No começo, quando tudo estava prestes a se transformar, eu senti que tudo em que eu estava acreditando, era uma grande bobagem. Minha mente e meu coração brigavam muito, eu quase nunca sabia como agir, e quando agia, pensando que estava fazendo a coisa certa, uma avalanche me enterrava em desespero.

Mas eu tinha minhas amigas comigo. Éramos quatro garotas perdidas em um mar de garotos. Bom, talvez não um mar, afinal havia apenas cinco garotos. Mas eles eram nossos colegas de escola. Acho que ainda não entendi por que eu aceitei ir pra lá. Talvez tenha sido algo bom pra mim, não sei dizer. Ok, vamos ao que aconteceu.

~*~

As férias mal haviam começado e eu já estava super entediada. Não havia absolutamente nada para fazer. Tá legal, na verdade havia um zilhão de coisas com as quais eu podia me entreter antes de enlouquecer e me enforcar. Mas nada pareceria ser realmente satisfatório.

Minhas amigas eram tudo para mim, as únicas pessoas na galáxia que me entendiam completamente. Certo, parcialmente. Mas eu as amava mesmo assim, por mais que me irritassem e que eu, às vezes, sentisse vontade de jogá-las, uma a uma, pela janela do dormitório.

Nunca fui a mais bonita, talvez a mais inteligente, mas nunca a mais deslumbrante. Meu nome foi um pacto excêntrico dos meus pais, um tipo de trégua, já que a minha mãe queria fazer uma homenagem para a bisavó dela (Lílian) e meu pai sempre adorou outro nome (Susanne), então a obra de arte saiu denominada Lílian Susanne Evans. Eu não passava de 1,65, tinha cabelos ruivos e muito rebeldes que, por mais que eu penteasse, alisasse e enchesse de feitiços, nunca ficavam do jeito que eu queria. Eles eram super ondulados e caíam nos meus ombros, e quando essas ondas resolviam mostrar-se super chatas, elas conseguiam. Meus olhos eram a única coisa que eu admirava em mim mesma. Depois da minha inteligência. Eles eram estonteantemente verdes. Um verde-vivo, ou melhor, um verde-realmente-vivo, de acordo com as minhas amigas. Às vezes eu gostava de ficar sentava na frente do espelho olhando diretamente para os meus olhos. Era como se uma selva inteira se abrisse diante de mim.

Eu sei, estou sendo super sentimentalista e tudo isso está me dando enjôo. Eu tenho uma amiga super sentimental, que vive escrevendo poesias, poemas, versinhos, entre outras coisas. O nome dela é Mandella Crossfore, mas nós a chamamos de Mandy. Ela é simplesmente demais. Apenas de ser meio sensível quando a tudo, ela é uma grande amiga, que sabe ouvir e que parece saber exatamente o momento em que precisamos de alguém. Eu, particularmente, sou uma grande fã dela, porque ela não tem esse vômito verbal, como eu tenho. Quer dizer que eu sempre digo tudo que passa na minha cabeça, e às vezes isso não é muito bom.

Mandy é muito bonita. O que eu realmente invejo nela é que o cabelo dela parece adorá-la. Porque ele fica do jeito que ela quer sempre, sem teimar nem um fiozinho. Além do mais, ela tem uma cor de cabelo muito bonita. São castanho-avermelhados, lisos e vão até os ombros dela. Os olhos dela são uma mistura de azul e castanho, onde nasce um pequeno girassol no meio. Ela é um pouco mais alta que eu, é magra e muito carinhosa. Uma amiga e tanto.

No nosso grupinho há uma garota que é exatamente o contrário da Mandy. O nome dela é Savanna Reynolds, e ela é um tanto gótica. Assim como a Mandy, nós demos um apelido para a Savanna: Save. E, pelo que sei, ela adorou. Ela é a mais alta de nós, tem 1,71, é magra, tem cabelos negros e cacheados que vão até seus cotovelos e olhos muito azuis. Quando eu digo “muito azuis”, você tem que entender que eles são um intermediário de azul claro com azul-celeste. Consegue entender? Bom, ela vive desenhando, e desenha super bem, pra você ficar sabendo. Ela é artilheira do time de Quadribol da Grifinória e é um pouco indócil quando se trata de garotos. Posso descrevê-la com uma palavra de quatro sílabas, quer ver? IN-DO-MÁ-VEL. É isso que ela é. Mas é minha amiga mesmo assim e eu a admiro muito. Além de tudo, ela é uma excelente cantora e toca piano perfeitamente. E ela é a minha Bíblia para assuntos amorosos, porque ela sempre sabe o que dizer, quando dizer e como dizer. E ela tem um olhar mortífero que é de arrepiar. Assusta muito mesmo. Mas ela é legal.

Já a mais distraída e relativamente calma de todas nós é a Jessika Knowledge, ou Jessy, como nós a chamamos. Ela vive no mundo da lua, mas é inteligente e muito atenciosa. Nós sempre rimos quando estamos com ela. Rimos dela, é claro, não com ela. Mas pelo visto ela não se importa. É ela que torna a nossa vida tão completa e ensolarada. Ela é aquele raiozinho de sol que aparece no meio de uma floresta escura e que nos guia até a saída. Jessy sempre sabe o que fazer em situações desesperadoras. O contrário de mim, é claro. Jessy é uma arrasa-corações. Ela pode parecer viver em outro planeta em termos de mente, mas ela meio que brinca com o coração dos garotos, como se fosse uma gata selvagem. E ela é muito bonita, muito bonita mesmo. Ela tem a minha altura, é magra, tem os cabelos louro-dourados, lisos, em corte chanel e os olhos verde-água.

Quando se trata de querer partir o coração de alguém, a Jessy é a garota. Ela sabe de tudo, o que fazer, como fazer e onde fazer. Os olhares, expressões, foras... Ela sabe de tudo relacionado a isso. É por isso que ela é tão útil para nós. Ao contrário da Save, que é minha Bíblia para assuntos amorosos, a Jessy é minha Bíblia para foras. É mais um motivo porque eu gosto tanto dela. Mas não digo que ela é assim com todos. Quando ela encontra alguém de quem gosta, ela se entrega de corpo e alma, como se estivesse pulando em um lago de emoções.

Agora que sabem exatamente como são todas nós, eu vou te contar o que houve. Eu estava morrendo de tédio ligando e desligando a televisão de uma maneira monótona para tentar me alegrar, mas estava piorando. Foi aí que acabaram as pilhas do controle remoto. Depois eu descobri que a minha “amada” irmã tinha pintado uma das asas da minha coruja de laranja-pêssego enquanto ela dormia. A coruja, quero dizer, não a minha irmã.

Então, enquanto eu tentava tirar a tinta da asa da Ray com uma esponja, outra coruja entrou voando pela janela e pousou bem na minha cabeça. Então você pode imaginar que eu entrei em pânico. Imagine só! Uma coruja boboca resolve pousar na sua cabeça e ficar ali. A primeira coisa que eu fiz foi começar a correr de um lado para o outro, abanando as mãos sobre a minha cabeça tentando fazer aquela ave sair dali. Foi realmente patético. Então a Ray pousou na minha cabeça também e conseguiu espantar a outra coruja, que pousou no meu travesseiro deixando marquinhas de patas de coruja nele todo.

Comecei a rezar para que só tivesse lama nas patinhas daquela coruja. Foi aí que notei que aquela coruja bobona era a Poochie, a coruja da Jessy. Quero dizer, só mesmo a Jessy para dar o nome de Poochie para uma pobre e ingênua corujinha. Fiquei com um pouco de pena da Poochie. Então ela (Poochie) largou uma carta na minha cama e ficou me encarando com aqueles grandes olhos dor de abacate como se pedisse um petisco de coruja ou alguma coisa assim. Mas depois do que ela me fez eu simplesmente recusei dar um biscoitinho para ela.

Peguei o envelope preto, com meu nome escrito em prateado e o abri.

- “Espera aí! O envelope preto e letra prateada é a marca registrada da Save! Quer dizer que foi ela que escreveu a carta? Então ela e a Jessy estão no mesmo lugar? É melhor abrir”.

Tirei o papel de lá de dentro, que, por acaso, também era preto e também estava escrito em prata. Desdobrei-o e li:

“Querida Lily, por favor não nos odeie por enviar esse convite assim de última hora. É que eu (Save), a Mandy e a Jessy estamos na casa de praia dos meus pais. E queremos que você venha juntar-se a nós. Traga o que precisar porque ficaremos aqui até uma semana antes das aulas começarem. Ah, a Jessy está pedindo desculpar por qualquer infortúnio que a coruja idiota dela tenha lhe causado.
Hey! A Poochie não é idiota! Ela só sofre de um distúrbio de ingenuidade.
Enfim, todas sentimos muito pela Poochie ingênua (idiota). Venha o mais rápido possível.
Com carinho,
Save, Mandy e Jessy”.


-Legal. – eu disse enquanto caminhava de um lado para o outro com aquele pergaminho na mão cantarolando a música All By Myself da Celine Dion. – O que eu vou precisar?

Abri o armário, todas as gavetas e revirei tudo. Acabei enchendo duas bolsas enormes com uns oito maiôs, sandálias, blusas, shorts, saias, etc... Era tudo muito necessário afinal de contas. Posso claramente dizer que tinha em mente o que minhas amigas esperavam que eu levasse, então resolvi satisfazer as expectativas delas: levar milhões de livros.

Com tudo pronto e com, é claro, a permissão dos meus pais, entrei no meu quarto, respirei fundo, me concentrei e aparatei exatamente na frente da porta da casa de praia dos Reynolds. Ouvi um estrondo muito alto vindo de dentro da casa, então a Save apareceu na porta com um grande sorriso e me abraçou. Ela pegou algumas das minhas malas e levou para um certo quarto que ela disse ser “o quarto das meninas”.

E a tragédia aconteceu quando perguntei:

-Como assim “quarto das meninas?” – com uma expressão curiosa.

Save pareceu perdida naquele momento. Ela gaguejou um pouco, respirou fundo e tentou achar uma maneira de explicar. Quando ela sorriu de um jeitinho afetado e me olhou preocupada, eu sabia que o que ela tinha a dizer ia ser, sem dúvida, um choque.

-Lily. – ela começou. – Não odeie a Jessy por isso, mas ela achou que seria, mas divertido convidar cinco garotos para se juntarem a nós.

No começo eu não achei aquilo tão horrível.

-Legal. Quem são? – perguntei da maneira mais ingênua.

Save mordeu o lábio inferior e colocou as mãos nos bolsos. Notei que ela tentava achar uma maneira de se explicar. Certamente ela estava se esforçando, pois as maçãs do rosto dela, normalmente muito claras, pois a pele dela é muito branca, ficaram incrivelmente rosadas.

-Lily... – ela disse passando a mão esquerda nos cabelos. – são os Marotos.



~É impressionante como ter um ídolo ajuda a se inspirar. Espero que tenham gostado. Espero comentários, ok? Beijinhos!!! Postarei logo!~

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