Boa...



"UAU. Minerva McGonagall acaba de inventar a Poção da Juventude."
Sim, porque a moça que entrara não poderia deixar de lhe fazer pensar na professora. Os cabelos castanhos estavam presos num coque tão apertado que fazia Ron perguntar-se se não era muito incômodo. Andava muito ereta e tinha um pedaço de pergaminho nas mãos, que o seguravam com firmeza.
A moça parou de andar e o encarou.
O queixo de Ron caiu.

**

Hermione estava boquiaberta.
Ronald Weasley. Aquele era Ronald Weasley.
"Não", negou a voz em sua cabeça, "este não é Ronald Weasley, impossível. Além do mais, o que ele estaria fazendo no Ministério?!"
"Ele não poderia ter sido chamado".
"E", insistiu uma outra voz, muito impertinente, "Ronald Weasley não poderia ter ficado tão..."
Tão o quê? Bonito, era a palavra?
"Mas você sempre –"
"Não. Eu NUNCA... ele é um grande idiota."

**
Ron estava sem ação. Hermione o odiava.
Não, não o odiava. Ela o repugnava.
Ele sentiu as orelhas queimarem... "Foi ela que não respondeu à minha carta. Um dia fomos amigos na escola. Hoje, eu não tenho nenhuma ligação com ela, nenhuma".
Ron não sabia se a cumprimentava ou não. A princípio, ele a encarava, mas, ao perceber isso, baixou os olhos para o chão.

**

"Vamos, Hermione. Mostre-se superior".
Ela o cumprimentaria, afinal não sentia ressentimento algum.
- Boa... – “Boa-tarde”?! Era isso o que ela diria?! Após sete anos de amizade e o que mais tivesse sido, ela diria simplesmente “boa-tarde”?! Depois de Ron a ignorar completamente? E ele ainda ousava penetrar-lhe a alma com seus olhos azuis... os olhos nos quais ela já se perdera, já se encontrara, já...
- Hermione! – Alguém abrira a porta. Ela pôde logo sentir quem era, pois o dono da voz a tocava pela cintura, querendo apressá-la.
- Doug...? Mas você...
- Tenho que voltar para o trabalho... na verdade, vim deixar um recado para Dolores... – Ele encarou Ron e disse com desdém: - Onde está a Sra. Umbridge?
Hermione gelou. Dolores Umbridge?!

**

Ron franziu a testa. O homem que entrara, provavelmente o namorado de Hermione, era muito... engomadinho. Talvez fossem os cabelos loiros e ondulados, perfeitamente assentados com poção fixadora*: parecia que o cara penteava os cabelos com uma lupa a postos, para não deixar que nem um fio pudesse respirar ("Vai ver ele e Hermione tiveram aulas com McGonagall sobre Como Fazer Um Penteado Nerd"). Os óculos de armação quadrada e as vestes negras muito alinhadas só faziam acentuar sua impressão. O tal Doug olhava Ron como se ele fosse a pessoa mais insignificante do planeta.
De alguma forma (Ele se perguntou mais tarde se isso teria alguma relação com o fato de o cara usar um penteado, a seus olhos, ridículo), ele não se intimidou. Retribuiu o olhar e disse secamente:
- Ela não me avisou aonde ia quando saiu.
- Ah, bem, previsível – resmungou Doug, irritando Ron profundamente, e empurrando Hermione para a outra porta, no outro canto da sala.


**

- Você viu como aquele rapaz na sala me enca-
- Doug! – exclamou Hermione, virando-se bruscamente para o namorado, que ainda a empurrava levemente pela cintura.
- O que foi, querida? – Doug pareceu preocupado.
- Quero saber o que Dolores Umbridge está fazendo em um posto de tal importância no Ministério!
- Ora! – disse Doug – Trabalhando.
- Essa não é uma conclusão tão difícil, é?
O namorado arregalou os olhos.
- Certo, me desculpe... eu esqueci que não estudou em Hogwarts. – Os pais de Doug, segundo ele, eram herbólogos e, durante a sua adolescência, estavam fazendo um trabalho sobre Plantas Medicinais em Todo o Mundo, tendo Doug estudado através de professores particulares. – Dolores Umbridge fez... horrores. Não acredito que a deixaram trabalhar com jovens novamente!
- Ela só faz as entrevistas – disse Doug baixinho – E, de qualquer forma, vários funcionários têm participação no projeto...
- ...que, aliás, me soa muito esquisito! – retrucou Hermione.
- Esquisito? Não, não é esquisito. O Ministério realmente precisa de mentes novas e esse projeto ainda vai ter repercussão! Sairá no Profeta, “Ministério da Magia em apoio à juventude”... há vantagens.
- Apoio à juventude... ótimo. Pois eu não acho justo que todos os outros jovens tenham que fazer a entrevista padrão e eu, só porque conheço você, já receba privilégios de graça!
- Ah, então é isso? – Doug sorriu. – Hermione, todos terão chances. Mas você todos sabem que é realmente competente... e, de qualquer forma: é só observar a maioria dos jovens ali... por exemplo, aquele ruivo que estava na sala da Sra. Umbridge. Ele não tem respeito nem no olhar!
- O que você quer dizer com isso? – perguntou Hermione, cautelosa.
- Ora... você viu a maneira como ele me encarou?
- Eu o conheço – disse ela, de um fôlego só. Não queria realmente prolongar o assunto.
- Ah, sim... todos de Hogwarts – Ele pareceu, por algum motivo, aborrecido. – Bem, vamos à sua entrevista, Hermione... – E seguiram pelo corredor.

**

Ron estava atordoado, e não sabia exatamente o porquê disso.
Mas ele se lembrou... ela o vira, ela se virara para ele, e começara a dizer alguma coisa. Ela disse “Boa...”
“Boa entrevista para você, Ron”? "Ela preferiria beber pus de bubotúberas a dizer isso".
“Boa-tarde”. "Ela tem de fato muita classe. Teria, Ron. Teria".
Ora, mas por que ele estava remoendo isso?
Ah, sim. Porque Dolores Umbridge o deixara a ver navios em seu escritório havia mais de dez minutos.
- Weasley – disse uma voz aguda e seca. "Ah, não. Pensando no diabo..."
- Sim, senhora – respondeu ele, apreensivo.
- Esteja aqui na segunda às oito. – Não houve sorrisinho afetado dessa vez.

Ron agora estava realmente atordoado. E sabia o porquê disso.

***

N/A: Ok, ok! Postei bem antes do combinado... mas é a última vez que faço isso! Hahaha... agora estou bem cansada. Espero que tenham gostado do capítulo 3... em breve estarei postando o quarto capítulo!
Ah, e por favor, comentem. Mesmo que não tenham gostado. Não sabem como a opinião dos leitores é importante para quem escreve! =P
E, de novo, MUITO OBRIGADA a quem leu.
Beijos!

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