SURTO



Eu não estou lendo isso. Eu não estou. Eu estou cansada e tendo alucinações com Tiago Potter, que por mais que sejam ruins, ainda são melhores do que isso. Mas isso não existe.


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Essa alucinação já está durando mais do que cinco minutos, o que realmente está me deixando preocupada.


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Eu vou MATAR aquele estúpido idiota! Eu não posso acreditar que ele chegou a tanto. Como ele OUSOU encostar aquelas patas imundas no meu diário? Como ele teve coragem de ler os pensamentos alheios? Cadê aquele babaca agora?


Eu estou nesse maldito salão comunal, escrevendo ferozmente com penas, que aparentemente, não agüentam tamanha raiva. Já é a terceira. Eu estou partindo ao meio as minhas lindas penas por causa daquele imbecil! E onde ele está para que eu possa o matar? Desapareceu! Covarde idiota! Arrogante! "Talvez eu viva de mais, Lily. Mas quem sabe você viva de menos.". Você não vai VIVER depois disso. Então quem vai viver de mais aqui sou eu!


Algumas pessoas fofoqueiras já estão olhando para cá, e se metendo e planejamento de mortes alheias! E dai se eu estou praticamente espumando!? Quem se importa?! Eu sinceramente não tenho nem palavras. É alguma coisa entre ódio e revolta, ou ódio e perplexidade, quem sabe ódio e medo. A única coisa que eu sei é que estou morrendo de ódio daquele ser. Que ódio! Que ódio! Que ódio! Que ódio!


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Eu peguei o meu diário e subi para o dormitório. Será que nem em um momento desastroso desses, eu posso ter paz? Qual é o problema com a humanidade? Que não deveria se chamar humanidade, e sim desumanidade.


Se eu fosse usar a escala de Agatha, eu já teria explodido o termômetro. Se não bastasse ele ter lido, ainda deixou um recado. Qual é o problema dele? Está me autorizando a o assassinar? Ele disse que eu o amava. Eu não creio que quem ama faz planos para banir da face da terra esse tipo de individuo. Sinceramente, isso seria um bem para essa desumanidade ingrata!


Eu sempre posso ter a esperança dele ter ido "dar uma volta" pelo jardim, e ter sido pego pela lula gigante. Isso sim seria o certo a se fazer pelo destino. Ainda assim, eu acho que a lula seria pouca coisa.


Agatha acabou de entrar no dormitório, e está me lançando aquele olhar, 'vai me contar o que está acontecendo, ou não?'. Na vida real esse 'ou não' é substituído por 'ou vai me contar'. Eu tenho muita escolha, não?


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Até a Agatha! Eu tenho que admitir que ela está certa em alguns pontos, mas até ela me disse para ter mais calma. Como assim mais calma? Potter tocou o que não deveria, leu o que não deveria e escreveu no que não deveria. Quando a gente faz uma coisa que não deve, simplesmente não pode ficar impune.


"Lily, o que está acontecendo?". Agatha perguntou, e já começou a ficar nervosa. Nada compara ao meu histerismo, é claro.


"O que vai acontecer! Eu vou matar o Potter.". Agatha deu dois grandes passos para trás e perguntou novamente.


"O que aconteceu?".


"Para começar ele me beijou de novo. Mas isso não vem ao caso, porque eu sinceramente já tinha perdoado aquilo. Eu só não esperava que ele fosse fazer uma coisa dessas. Pegar o meu diário. Escrever no meu diário.". Eu estou louca! Já estava conversando comigo mesma, quando Agatha era o receptor do diálogo.


"Ele escreveu no seu diário?". Ela perguntou muito chocada. Graças a Deus, alguém para concordar comigo. Eu simplesmente abri na pagina que começava o discurso do infeliz, e mostrei à Agatha. A expressão dela vacilava entre o espanto e a incompreensão.


"Você disse que iria casar com ele?". Ela perguntou, e eu fiquei muito revoltada. Qual era a relevância disso no meio de tantos outros insultos?


"Agatha!!!". Eu fiquei muito feliz quando ela entendeu que não deveria fazer perguntas daquele caráter naquele momento.


"Bem eu acho que.". Ela começou essa frase muito cautelosa, e isso me assustou muitíssimo. "que você deveria mesmo ler isso em outro estado de humor. Não estou dizendo que o Potter está certo.". Ela acrescentou essa última frase muito rapidamente, quando viu a minha cara de quem não havia gostado nem um pouco da resposta. "Lily, só tenha mais calma para ler tudo isso. Por favor?". A Agatha é muito malvada quando pede as coisas desse jeito. Todo mundo sabe que ninguém consegue recusar.


Eu concordei em ler novamente em outro estado de humor, mas me recusei a para de escrever ou pensar sobre o assunto. Quer dizer, se nem a terapia do meu diário eu não posso mais ter, o que será de mim? É tão horrível pensar desse modo. Quer dizer, eu estou fadada a ter surtos histéricos de tempos em tempos. Culpa de quem? Eu não vou nem mais o chamar pelo nome nesse diário. Ele não merece. De agora em diante ele será conhecido como o ribacil, o que seria uma mistura de ridículo, babaca e imbecil! Ainda acho pouco, mas se fosse juntar todos os insultos que gostaria, ficaria um nome astronômico.


Ele ficou fazendo insinuações nada puras em relação ao meu corpo. O que se passa na cabeça do ribacil? Eu tenho até medo de pensar sobre isso. Eu nunca em toda a minha vida dei motivo para ele ter esse tipo de pensamento. Ele acha que simplesmente pode pensar sobre isso? Eu não permito!


Ele pode me perturbar eternamente com aquele sorriso irritante, eu também tenho alguns ases na manga, idiota! Eu posso simplesmente imaginar o pato Donald. Eu acho o pato Donald completamente irritante. Aquele jeito de falar cheio de "quacks" no meio. Eu sinceramente duvido que você ao menos saiba quem é o pato Donald. Não se aprende esse tipo de coisa em estudo dos trouxas.


E você pode morrer bagunçando o seu cabelo e chamando a atenção de todo ser humano do sexo feminino idiota desse castelo. Eu não ligo a mínima! Você pode se gabar para uma platéia de garotas ousadas. Eu não ligo!


Para a sua informação, eu tenho, sim senhor, pés, mãos, boca, cérebro traidores! Mas não se preocupe, que de agora em diante eu vou aprender a controlar essas partes rebeldes! Elas não vão mais ir contra a minha vontade, e nenhuma delas mostra o que eu verdadeiramente sinto.


E eu faço objeções ao título de Sra. Potter que recebi sem a minha vontade. Eu não risco, rasgo e queimo aquelas paginas para ter a comprovação da sua ousadia.


Eu não tenho trauma nenhum, ribacil! Apenas a sua incômoda presença me faz agir estranhamente certas vezes. E eu não estou negando absolutamente nada, apesar de ter colocado muitas frases na negativa nessas últimas paginas. Tudo que eu digo é a mais pura verdade.


O meu subconsciente vai parar com essas gracinhas! Eu não vou mais sonhar com você. E se alguma vez o meu suposto casamento aparecer novamente, vai ser satisfatório ver você ouvir um grande e sonoro 'não'.


"Amor, Tiago Potter". Uma ova! Queime no inferno dos mal feitores Potter! Ribacil! Seja o que for!


Você sinceramente só acertou sobre o meu estado de insanidade. Isso pode ser comprovado pelos meus inúmeros parágrafos que eu falo como se estivesse respondendo a sua maldita carta. Sendo que você realmente nunca vai ler esse diário novamente. Isso eu posso garantir! Você vai estar morto!


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Dia seguinte. Eu já posso dizer que me encontro em outro estado de humor. Eu reli as linhas acima, e tenho que concordar comigo mesma e com o ribacil sobre o meu estado de insanidade. Porém, no dia seguinte parece que tudo é novidade novamente. Isso é aterrorizante. É como se eu estivesse lendo tudo de novo, e vendo e percebendo de uma maneira diferente. Isso é enlouquecedor!


Se eu continuar a pensar o que eu estou pensando, eu vou ter que concordar que não tenho realmente cérebro traidor, e partir para uma segunda explicação. A desastrosa. Eu não quero pensar nisso! Eu não quero escrever sobre isso. Eu vou faltar a todas as aulas hoje, e fazer tudo que a antiga Lílian Evans fazia! Eu mereço um pouco de paz!

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