Na Casa dos Granger I



Depois daquela tarde naquele grande sábado, voltei para o castelo sentindo minhas pernas tremerem muito; eu mal conseguia andar. A culpa não era exatamente dele, mas da plena atividade da tarde. Mas eu não o deixei perceber que minhas pernas não iam muito bem, ele poderia achar que me machucara, o que não era de modo algum a verdade.
Quando chegamos perto do castelo, conversando calmamente, encontramos o diretor logo nos corredores que levavam às masmorras, e ele nos sorriu. Estávamos levando uma grande quantidade de papéis e de ingredientes para os laboratórios e ele nos acompanhou.
- Nem acredito que vocês conseguiram mesmo trabalhar um pouco durante a tarde! – exclamou o diretor com um ar inocente.
Corei até dentro da alma e Snape exclamou em tom de repreensão:
- Dumbledore! Seu velho assanhado, comporte-se!
Aquele tom de tratar o diretor me era muito novo, e olhei de um para outro espantada, esperando o que viria a seguir.
- Eu sei me comportar, Severo – resmungou o diretor, ainda com um sorrisinho divertido.
- Claro que sabe, os seus hormônios não funcionam mais – tornou Snape, com uma agressividade assassina.
Dumbledore deu um risinho divertido e disse:
- É verdade...
Snape bufou e foi andando na frente. Eu fiz que não com a cabeça e segui o caminho. Dumbledore veio ao meu lado, a princípio em silêncio, mas depois, num tom de confidência, me perguntou:
- Você está bem?
Olhei para ele, um pouco espantada.
- Mas claro. Por que não estaria?
- Tenho certeza de que o dia foi bem parecido com o que Severo sonha há algum tempo... Ele não... se excedeu?
- Céus, não! – exclamei logo, mas no mesmo tom. – Acalme-se, diretor. Severo foi um verdadeiro gentleman.
Dumbledore deu um sorrisinho e disse que tinha mais coisas a fazer. Alcancei Snape logo.
- Você acha isso mesmo? – ele me perguntou.
- Isso o que?
- O que você disse para o diretor.
- Você tava ouvindo?
- Lógico!
- Se eu não achasse verdade, eu não diria, oras – resmunguei, e fui andando para o laboratório. – Você é tão bobo! Antes tão seguro de si e agora, que já teve o que queria, fica com essa insegurança toda... Acalme-se, homem!
- Sabe, Hermione, talvez um dia você entenda o que é querer muito algo na vida, e depois que consegue, ter medo de perdê-la... Na minha vida nunca tive muito que queria... Só o que eu achava que queria... Mas nunca era nada que realmente valesse à pena...
Eu sorri.
- Então pare de ser bobo, Severo! Você não vai me perder.
Suspirei. Andamos juntos para o laboratório, onde deixamos tudo o que havíamos trazido. Por fim, ele parou, apoiado na bancada, meio que sentado, mas sem se sentar, de braços cruzados, olhando para mim.
- O que é que você quer me perguntar? – perguntei, aproximando-me calmamente, pondo-me na frente dele, e acariciando o rosto dele.
- Você vai mesmo comigo na festa de dois anos de morte do Lorde das Trevas?
Acabei sorrindo de novo.
- E com quem mais eu iria, Severo? – perguntei. – Com o Malfoyzinho, talvez? Ele está seguindo os passos do pai lindamente. Ou quer que eu fique com o Harry e com a Gina, sentada no meio deles, de preferência?
Snape suspirou, mas percebi que ele iria fazer algum gracejo.
- Entendo... você vai comigo por falta de opção...
- Claro... Por que mais eu iria com o cara mais maravilhoso do mundo, né? Se não acho ninguém mais maravilhoso que o mais maravilhoso, vou com esse mesmo...
Sacudiu os ombros graciosamente, fingindo descaso.
- Até uma semana e meia atrás eu estava provocando as suas olheiras... – murmurou ele, acariciando meu rosto com carinho.
- É verdade. Agora é você que provoca meus sorrisos bobos e apaixonados –dei um beijo nos lábios dele e me afastei, para pôr todas as coisas no lugar.
Snape sorriu para mim e resmungou alguma coisa que não ouvi, mas não continuei com o assunto. Fomos para o laboratório e comecei a preencher o formulário para registro de poção, enquanto Snape, a um canto, apenas me observava de braços cruzados, pensando em alguma coisa que eu não9 fazia idéia do que era.

Uma semana se passou sem que eu e Snape nos víssemos, pois ele fora obrigado a viajar para a França para ver uns assuntos da escola. Corria o boato que McGonagall ia pedir afastamento do cargo de vice-diretora, e era verdade, de modo que Snape era nome mais indicado para substituí-la. Ele ainda era funcionário do colégio, apenas não mais fazia parte do corpo docente integral.
No sábado, quando Snape voltou, eu tinha ido às pressas para a casa dos meus pais, porque recebi uma carta da minha mãe dizendo que meu pai infartara. Eu tinha recebido autorização de Dumbledore para ir vê-los e Snape, ao saber disso, ficou um pouco decepcionado, segundo me contou depois.
Eu ainda não conseguia entender como tinha tantas saudades de Snape. Uma semana longe dele tinha se revelado uma tortura que não posso descrever. Em duas semanas eu me apaixonara por ele mais do que alguma vez havia sido apaixonada.
Quando cheguei a casa, fiquei apavorada com o estado da minha mãe. Meu pai já estava em casa, mas eu repouso absoluto. Corri para abraçá-la e ela chorou.
- Ah, filhinha... desculpe tirar você da escola desse jeito... mas é que seu pai... ele quer ver você de qualquer jeito. Ele acha... ele acha...
Minha mãe começou a chorar mais.
- O que o médico disse, mãe? – perguntei. – Ele conversou com você, né? O que ele disse?
- O seu pai... ele sempre teve um coração frágil... mas agora... Bom, ele não é mais uma criança... – murmurou ela, infeliz. – Seu pai sabe disso. Por isso ele quis ver você.
Eu me esforcei para sorrir. Minha mãe não sabia o que eu passara nos últimos meses, mas achei que ela deveria saber o que se passara na última semana, especialmente no fim da semana anterior, no sábado.
Mas antes de dizer qualquer coisa a ela, eu a acompanhei escadas acima até o quarto dos meus pais, onde meu pai estava deitado na cama. Eu chorei quando vi a alegria do olhar dele ao me ver.
Corri para abraçá-lo e beijei o rosto dele várias vezes.
- Ai, pai... me desculpe por não estar sempre aqui... – murmurei. – Sinto tantas saudades! É verdade que você quer ir embora para sempre?
- Eu não quero – disse ele. – Mas parece que eu vou.
Suspirei. Eu sabia tanto, entendia tanto de minhas magias, e não tinha capacidade de nada que pudesse curá-lo. Estava me sentindo uma inútil.
- Não vai não... A gente vai dar um jeito – murmurei. – Eu vou escrever para o professor Dumbledore para ficar aqui pelo menos por mais uma semana.
- Não precisa perder as suas aulas, meu amorzinho – disse meu pai.
- Pai, eu sou um gênio, né – eu disse, sorrindo para ele com carinho. – Eu não vou ser prejudicada. E eu posso estudar aqui em casa mesmo, de noite, ou sei lá o que.
Meu pai sorriu e fez que sim com a cabeça. Se ele queria se despedir, pelo menos que eu ficasse com ele e dissesse vezes o suficiente que o amava muito. Esse pensamento me fez ter que segurar algumas lágrimas, porque eu sabia que ele odiava me ver chorando.
- Bom, eu já volto – eu disse. – Quanto antes eu escrever a carta antes o professor Dumbledore me autoriza a ficar.
Meus pais assentiram e minha mãe foi se sentar na beirada da cama, segurando as mãos dele.
Corri para o meu quart e tranquei a porta. Ele estava limpo, do jeito que eu tinha deixado. Fui para a escrivaninha e escrevi para Dumbledore. Uma pequena carta e uma outra para Severo.

Professor Dumbledore,
O estado do meu pai, pelo que minha mãe disse é deplorável. Não sei dos detalhes, mas parece que ele o coração dele resolveu que vai parar de vez. Ele está em casa, de repouso absoluto, e minha mãe está apavorada.
Eu imploro, senhor, deixe-me ficar mais uma semana ao menos. Ele acha que vai morrer – e os médicos disseram que ele nem tem chances – então eu gostaria de me redimir por esta minha ausência durante todos esses anos.
Espero que me compreenda,
Hermione Granger


Para Severo escrevi algo parecido, mas com algumas diferenças.

Meu amado Severo,
Sinto muito não ter estado aí quando você chegou, mas acho que o Dumbie deve ter te explicado a minha ausência. Pedi ao diretor uma autorização para permanecer mais uma semana aqui, pelo menos, porque parece que meu pai está com o coração horrível demais e está em seus últimos dias... Ele nunca teve um coração realmente bom.
Espero que me perdoe por isso também. Isso é, se você me ama mesmo, deve estar com pelo menos um terço da saudade que eu sinto de você.
Te amo,

Sua Hermione

Pensei o que ele acharia de ler “sua Hermione”, mas achei que ele ia gostar. Chamei a coruja que dera a meus pais para se comunicarem comigo e mandei-a para entregar as duas cartas. Depois, voltei ao quarto, onde encontrei meu pai dormindo e minha mãe observando-o, resignada.
- Mãe – eu disse. – Preciso falar com você.
Ela olhou para mim, curiosa, e veio até mim.
- Que foi, meu amor? – perguntou ela, quando estávamos na sala.
- Bom, não é a melhor hora para falar isso, mas eu tenho que te contar – eu disse, um pouco ansiosa. Eu contava tudo para ela, mas isso era bem diferente.
- O que foi? – perguntou ela. – É alguma má notícia?
- Não, não – eu disse rápido. – É que... agora eu... eu faço parte do mundo das mulheres.
Minha mãe me olhou com uma expressão que não sei identificar, e tive medo que ela fosse brigar comigo. Mas ela sorriu levemente.
- Deixe seu pai saber disso – disse ela. – Quem é ele? Não me lembro de você ter falado de um rapaz em que você estivesse interessada... Não no último Natal, que foi a última vez que nos vimos.
- É, isso faz quatro meses, mãe... Mas ele não é um rapaz – tenho consciência de que corei até a raiz dos cabelos.
- É um velho ou uma menina? – perguntou a minha mãe, um pouco preocupada, mas esforçando-se para manter a naturalidade.
Creio que ri.
- Não é nem velho nem uma menina. Ele é só... mais velho – murmurei, encabulada.
- Quantos anos ele tem? – perguntou ela.
- Não tenho certeza, mas é mais que trinta e cinco e menos que quarenta – respondi, corando mais.
Minha mãe olhou para mim com incerteza.
- Ele é professor, então?
- Costumava ser... – respondi.
- Ele foi expulso porque seduziu você? – perguntou ela, preocupada.
- Não, mãe. Ele saiu do corpo docente porque tava um pé no saco – murmurei. – Ele era apaixonado por mim.
Minha mãe suspirou e eu já imaginava o que ela ia dizer. Acertei.
- Você sabe que os homens mais velhos querem com mocinhas bonitas como você, da sua idade – começou ela. – E ele conseguiu. Não vou brigar com você. Eu sei que certos professores têm esse poder sobre as meninas... São charmosos ou bonitos...
- Ele não é bonito – eu disse.
- Não importa. Alguns homens mais velhos têm alguma coisa. Eu sei como é isso. Mas você deveria saber separar as coisas...
- Mãe... eu sou apaixonada por ele faz uns quatro anos – eu disse. – E ele saiu do corpo docente antes da gente se envolver...
- Antes? – ela estranhou aquilo.
- É. A história inteira é muito complicada – eu suspirei. – Eu também achei que ele queria só sexo, para falar a verdade. E pode brigar comigo, porque a verdade é que eu não me importei com isso. Mas depois... Eu posso ser boba para essas coisas, mas... olha, eu não consigo explicar...
Minha mãe suspirou.
- Você está dando um jeito de não ficar grávida, né? – perguntou ela.
- Ele é um dos maiores mestres de Poções do mundo, mãe – expliquei.
Ela arregalou os olhos. Ela sabia quem ele era.
- Quer dizer que... esse professor... que saiu do corpo docente... que transformou a minha filhinha em mulher... ele é... aquele que... aquele que...
- É, mãe, ele mesmo – eu disse. – Aquele que todos costumavam odiar... que fez algumas coisas nada bonitas... e você deve estar com medo por mim... ele mesmo tem uma figura intimidadora a princípio... Mas ele sempre foi julgado mal por isso. Ele sempre arriscou a vida dele para salvar a de todo mundo e nunca pediu nada em troca... É tão... injusto. Até você sabe quem ele é.
- Comensal da Morte – murmurou ela. A figura desse tipo de bruxos na saía da cabeça dela, porque ela devorava o Profeta Diário para sempre saber o que estava acontecendo no meu mundo.
- Ex-comensal da morte – corrigi. – Voldemort só foi derrotado por causa dele.
- Mesmo assim...
- E Dumbledore confia cegamente nele.
Minha mãe suspirou. Para ela, Dumbledore era uma figura de respeito a ser muito considerada. Para todo mundo, na verdade.
- Eu já era apaixonada pelo Severo quando todo mundo odiava ele por aquele jeito fechado dele... – recomecei. Eu realmente queria que ele fosse aceito pelos meus pais. – Mas depois que começamos a conversar... ele é tão inteligente... Ele é carinhoso, às vezes, eu posso jurar. E ele me ouve. Quero dizer, ele me ouve mesmo. Ninguém da minha idade me ouve. Você sabe, né, eu pareço mais velha do que eu sou. E ele também é estudioso.
- E Dumbledore sabe desse... desse... caso de vocês?
- Hum... Dumbledore sabe de tudo. Aliás, ele apóia. Primeiro, porque ele acha que ficamos bem juntos. Segundo, porque ele acha que eu posso manter a cabeça do Severo no lugar. Eu não devia falar isso, mas o Severo diz o contrário.
Eu consegui fazer a minha mãe dar uma risadinha; eu sorri também.
- Bom... e... acho que é só – eu disse.
- Nada disso, minha filha – disse ela. – Como foi a primeira vez? Vocês já... mais de uma vez?
- Bom... – corei até a raiz dos cabelos. Cara, é tão estranho! Eu tava falando de sexo com a minha mãe! – Mais de uma vez sim... Mas todas no mesmo dia. Foi no sábado passado e não pudemos nos ver desde lá, porque ele teve que ir para França resolver uns problemas em nome do Dumbie...
- O que você quer dizer com todas? – perguntou ela. – Esse homem não tem noção das coisas?
- Ele não faz nada contra a minha vontade, se você quer saber – eu disse. – Ele levou um tempão... você entende... para conseguir. Não sou tão fácil...
Ela arqueou as sobrancelhas.
- Não acho isso muito certo... Mas continue. A primeira vez, como foi? Como é que ele foi com você?
- Um cavalheiro – eu disse, sabendo que dizia a verdade. – Mas muito mesmo.
- Olha... eu sei que isso é constrangedor para você responder, mas eu sou sua mãe – começou ela.
- Ai... lá vem – murmurei.
- Você sentiu muita dor?
Suspirei.
- Sim e não – eu disse. E, com um sorrisinho, acrescentei: – Com o tamanho de alguma coisa dele... podia ter sido pior. Nem foi tão terrível quando eu tinha ouvido falar.
Minha mãe riu.
- Tudo bem, tudo bem, chega de detalhes – disse ela, rápido. – Mas acho que vou levar você a um médico. Para conversar. Ver se está... tudo bem.
Sacudi os ombros.
- Para os bruxos é tudo tão mais fácil... Com uma poção ou um feitiço tudo se resolve... Pena que só funcione em bruxos – murmurei, lembrando-me de meu pai logo no andar de cima.
- Sabe, temos que dizer ao seu pai que agora existe outro homem na sua vida além dele – disse ela, com um sorrisinho. – Ele vai ficar apavorado.
Eu ri.
- Se o papai melhorar – eu sussurrei – dou um jeito de trazer o Severo aqui. Ele só vai ficar apavorado de ter que usar roupas trouxas.
Minha mãe sorriu.
- Eu queria acima de tudo que o seu pai melhorasse – disse ela. – Mas eu conto para ele se você não quiser contar.
- Eu prefiro que você conte mesmo – eu disse. – Não sei falar dessas coisas com o papai.
Minha mãe assentiu e me convidou para ir à cozinha ajudá-la a fazer o jantar. Eu fui.


MEUS AMORES!!!!

MIL PERDÕES PELA FALTA DE ATUALIZAÇÕES, MAS É QUE MINHA VIDA TÁ COM CAOS COM A FACULDADE... TENHO QUE ME DESDOBRAR E SÓ CONSIGO ESCREVER UM POUQUINHO À NOITE DE VEZ EM QUANDO OU ÀS SEXTAS, SÁBADOS E DOMIGOS, ALTERNANDO COM MINHAS OUTRAS ATIVIDADES NORMAIS.

PEÇO PERDÃO TAMBÉM POR NÃO TER RESPONDIDO À MAIOR PARTE DOS COMENTS... SEU EU TIVESSE TEMPO JUTO QUE RESPONDERIA!!!

AH, E ESSE CAP FOI DEDICADO À MINHA NOVA LEITORA, QUE ESTÁ CADA VEZ MAIS PRESENTE NOS COMENTS DAS MINHAS FICS... ROSY PAULA!!! BJOKASSSSSSSSS

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