Namorados?!



Quanto tempo durou aquele beijo nenhum dos dois poderia afirmar. Poderiam ter ficado ali com os lábios colados durante horas, mas como tinham consciência – principalmente Gina – de que aquilo era errado, insistiam em dizer que fora rápido e insignificante. Draco apenas tinha uma idéia fixa na cabeça que tinha de conquistar Gina, sem lembrar toda hora da visão assustadora de Voldemort, mas não estava nos planos que ele tinha de gostar daquilo.
Tudo bem, ele só estava gostando por causa dos malditos hormônios masculinos de seu corpo, oras, gostar de beijar uma garota é naturalmente humano, dizia uma vozinha. “Mas era Gina Weasley” – dizia outra. E ele só sabia que por mais que aquele beijo fosse bom (o quê não deveria ser) ele não queria pará-lo.
Quando uma voz finalmente gritou na cabeça de Gina dizendo “VOCÊ ESTÁ BEIJANDO DRACO MALFOY!” ela se tocou do que estava fazendo. Ela estava retribuindo o beijo de Malfoy... Mas não era Malfoy, era o mascarado que ela conhecera... E ele sim, ele era alguém que valia a pena...

- Não! – ela quebrou o encanto. – Está... tudo... errado!
- Não, não está... – ele parcialmente se irritou por ter de ficar longe dos lábios de Gina e se aproximou para um novo beijo. Ela, porém, o empurrou e se levantou.
- Você não pode ser o cara dos bilhetes, caramba! Por Merlim, você não tem absolutamente nada a ver com ele...
Draco bufou e se levantou.
- Você se lembra bem dos olhos por trás da máscara, não é? Então olha – ele se aproximou dela e olhou fundo nos olhos dela – Diz se não são os mesmos.
- Tem que haver uma explicação.
- A explicação é simples, Weasley. Eu gosto de você. – Draco disse com simplicidade. Ele não ousaria dizer “eu te amo”, era muito forçado e definitivamente não fazia o gênero dele. Além do mais, ela até concordaria que ele nunca amaria a Weasley, não uma Weasley...
- Não, você não gosta.
- Sim, eu gosto.
O quê pensar? Draco Malfoy estava se declarando? Gina olhou em volta, parecendo procurar um grupo de pessoas que sairia automaticamente de trás dos armários rindo dela... Mas ninguém apareceu...
- Então prova.
- Ta. – ele a beijou de novo e ela de novo saiu do beijo.
- Bem se vê que você não entende nada de gostar, se é no sentido que diz. Um beijo não significa nada.
Draco não gostou da afirmação.
- Dane-se. Eu não entendo, mas sinto. – ele abriu um meio sorriso e levantou a sobrancelha esquerda.
- Se era você aquela noite – ela o fitou, incrédula – Você deve ter tomado alguma coisa para ficar daquele jeito. Não era Draco Malfoy...
- Não era o Draco Malfoy que você conhecia. Mas convenhamos, você, Virginia Weasley, nunca conheceu me conheceu bem, não é?
- O suficiente para saber o quão estúpido você é.
- Creio que não.
Ela fez uma cara de profunda indignação e franziu a testa.
- Você xingava meus pais! Atormentou meu irmão todos os anos dele em Hogwarts, até criou aquela música maldita “Weasley é nosso rei”...
Draco riu.
- O seu irmão... não você.
- Dá no mesmo. Para você, somos todos Weasley, a família que você mais despreza...
Ele riu de novo. Ela tinha razão.
- Ta, mas eu comecei a gostar de você. O que tem de mais nisso?
- Você é doente. Sabe perfeitamente que nós nunca ficaremos juntos e fica com essa mesma cara de panaca fingindo que gosta de mim... Além disso, eu nun...
- Olha, Weasley. Eu gosto de você. Será que isso não justifica eu ter te mandado aquelas corujas, ter te empregado aqui no Ministério junto comigo, estar “me insinuando” para você como você mesma disse aquela noite, em vez de xingar sua família?
Ela pareceu pensar... era verdade. Mas não fazia sentido.
- O “D”... ele me mandou uma coruja antes de eu vir pro Ministério. Você não pode ter se apaixonado por mim a menos que...
- ...eu tivesse me apaixonado antes de rever você? – ele completou a frase de Gina. – Sim, é isso mesmo. Pára de fingir que eu não sou o cara que te escreve. Eu posso não representar bem tudo o que está escrito nos bilhetes, mas mesmo assim eu sinto... Se você quiser dar uma olhada na minha letra para confirmar... ou melhor, eu te mostro as cartas que você escreveu. Sou eu, Virginia.
Ela não precisava de provas... Os olhos eram os mesmos, os beijos eram os mesmos... Mas a pessoa era o oposto.
- Você não pode ter se apaixonado por mim de uma hora para outra, Malfoy.
- Eu sempre gostei um pouco de você, para falar a verdade. Você se mostrou uma garota inteligente quando jogou aquele feitiço em mim quando eu fazia parte da Brigada Inquisitorial e eu fiquei realmente impressionado quando vi que você conseguiu vaga no time de quadribol.
- Ta, e eu devo acreditar que você começou a nutrir uma paixão por mim?
- No meu sétimo ano eu voltei para Hogwarts, porque era o lugar mais seguro... Consegui escapar de Snape, porque tinha certeza que ele me levaria para o Lorde das Trevas e ele me faria pagar... – Draco falava como se custasse muito revelar aquilo para Gina. Mas era preciso, ele pensou. – A professora Minerva me deixou voltar e muitos ainda me olhavam como se eu fosse assassino. Confesso que eu estava pouco me lixando para eles... eu tinha mais com o que me preocupar... Mas eu ouvi você falando com o Potter sobre mim.
- O quê você me ouviu falando? – ela perguntou, embora já soubesse a resposta.
- Ouvi você dizendo que eu deveria estar péssimo. “As pessoas não deveriam olhar assim para ele, se ele realmente não matou Dumbledore.” – ele repetiu as palavras da garota.
- Ah... – ela parecia meio desconcertada, meio confusa...
- E apesar de ser uma Weasley, eu comecei a gostar do seu caráter.

Não era mentira. Draco ocultara sua “admiração” por Gina todos aqueles anos, e agora poderia usá-las para cativar a Weasley, que a essa altura já se convencera um pouco que ele tinha mudado.

- Mas você só mandou uma coruja para mim depois de dois anos...
- Eu ouvi seu pai comentar que você não tinha emprego um dia desses com alguém do ministério. Quando ouvi o Sted falar para seu pai sobre o cargo, liguei uma coisa com a outra. – ele disse rapidamente, torcendo para Gina acreditar: ele não ouvira o pai de Gina conversar com ninguém, mas teve de inventar uma explicação...

Ela pareceu acreditar. Olhou para o chão com um quê de indignação no rosto. Draco Malfoy estava apaixonado por ela. Era impossível. Primeiro porque ela não acreditava nem que ele fosse capaz de amar, segundo porque nunca daria certo. Mas ela lembrou das palavras de Draco revelando tudo o que ele passou em seu sétimo ano em Hogwarts... Será que ele mudara mesmo? De fato poderia ter mudado, sendo que ele não conseguiu matar Dumbledore. Mas era tão estranho...

- Isso ta muito esquisito, se você quer saber. Nós nunca daríamos certo, já parou para pensar?
- Weasley, presta atenção, nós não prec...
- Presta atenção você, Malfoy! Meus seis irmãos te odeiam, meu pai odeia a família Malfoy e você sabe por quê, minha mãe te considera um moleque insolente e sem educação, e eu...
- Você?
- Eu... também te odeio.
Draco suspirou.
- Tem certeza? O verbo odiar é muito forte, Weasley...
- Pensa no seu pai. É, seu pai que jogou um certo diário no meu caldeirão quand...
- Passado, passado, passado... – ele disse com uma voz cansada. – Tudo isso já passou. Por quê não discutimos o presente, Virginia?
- Seu pai também me odeia no presente, se isso ajuda.
- Ele nem sabe o seu nome...
- Ele sabe meu sobrenome, e é o suficiente para te deserdar se souber que você um dia encostou em mim.
- Se é isso que você quer ouvir, ótimo: Apesar de ter sido um comensal-muito-malvado no passado, meu pai não é nenhum bicho-papão. – ele disse com tédio.
- Mas ele ainda odeia a família Weasley... todos dizem que somos traidores do sangue e...
- Diabos, não precisa de nada disso... – ele cortou e se deu por vencido. – Namoraremos escondidos, ok?
- Não tem como voc... NÓS O QUÊ? – a indignação de Gina atingiu o ponto máximo.
- Ninguém precisa ficar sabendo, oras...
- Para tudo, Malfoy! Deixa eu te esclarecer algumas coisas! Quem começou com esse papo de apaixonado foi você, eu nunca disse que estava apaixonada coisa nenhuma! Você é doente! Do nada você diz que nós estamos namoran... – ela foi calada por um beijo. Um beijo que ela achava completamente errado, mas de repente a frase que afirmava que “tudo o que era proibido era mais gostoso” tinha realmente razão.
- Acho que isso comprova que pelo menos temos uma boa química – ele disse, em seu famoso meio-sorriso malicioso.
- Mas é impossível...
- Quer parar de dizer que é impossível? Isso já está enchendo...
- Mas é.
- E de agora em diante, namoramos escondidos então.
- Eu nunca disse que acei... – de novo foi calada com um beijo.
- Mas que... – ela ia se esquivando de Draco - ...diabos... você vai me obrigar a namorar, então?
- Se você não aceitar, acho que vai ser preciso, Virginia...
- E para de me chamar de Virginia!
- Te incomoda?
- Sim!
- Então eu gostei, Virginia. – ele sorriu maliciosamente e Gina percebeu que ele parecia estar se divertindo muito com aquilo, o que a irritou.
- Sabe, nisso você não mudou nada!
- É o meu charme... – ele já ia se aproximando de Gina, quando ela voltou para sua escrivaninha.
- Estamos no trabalho, já reparou?

De fato, estavam. Gina começou a trabalhar e em meio a pergaminhos, conseguia ver Draco com uma expressão satisfeita no rosto. Será que ele realmente gostava dela? Ela não podia acreditar: estava balançada por Draco Malfoy. E o “príncipe encantado” que ela andara sonhando era Draco Malfoy. Não que fosse ruim, porque (Ah, Merlim!) ele era lindo. Agora, vendo bem, ele era realmente lindo... Maldita beleza exterior. Agora ela entendia o motivo de a cara-de-buldogue da Parkinson babar tanto no Malfoy. Nunca reparara muito bem, mas aqueles olhos cinzentos eram os mais belos que ela havia visto... Ora cinzas, ora azuis... era definitivamente um lobo na pele de cordeiro.

- Pode admirar, Virginia, só não babe.
Ela sacudiu a cabeça. Não conseguiu disfarçar enquanto tinha os olhos fixos no loiro.
- Cale a boca...
- Olha como você fala com seu novo namorado, ein... – seu tom era irônico
- Eu já disse que... – dessa vez não fora interrompida por um beijo, já que Draco estava na escrivaninha dele e ela na dela. Uma coruja entrou pela sala e pousou na mesa de Gina. A garota pegou o pergaminho amarrado às patas do animal e reconheceu a letra, tomando um choque – era de Harry.

“Gina,

Rony me contou a sua reação quando recebeu a notícia do casamento. Apesar de ter-lhe mandado um bilhete com meu convite, acho que não é o suficiente. Gostaria de conversar com você, pode ser? Se você concordar, apareça na terça-feira de noite quando sair do Ministério no Três Vassouras, em Hogsmeade. Aliás, meus parabéns pelo emprego!

Harry.”


A essa altura Draco já estava intrigado com o bilhete de Gina, e mais intrigado ainda com a expressão dela.

- O quê é, Virginia?
Ela pareceu não ouvir, perdida nos pensamentos. Apenas sussurrou a palavra “Harry” e Draco pareceu entender, porque se levantou e foi até ela.
- Como assim “Harry”, Virginia? – ele puxou o pergaminho.
- Me devolve, seu idiota!
- Mas que interessante! Esse Potter é bem atrevido, sabe? Você deveria mandar uma coruja mandando ele pastar e dizendo que você tem namora...
- EU-NÃO-TENHO-NAMORADO! – ela gritou, e puxou o pergaminho da mão de Draco. Este, por sua vez, lhe lançou um olhar ofendido.
- Está certo então – ele voltou à sua escrivaninha. – Vá para o Potter! Humilhe-se mais e chore na frente dele, quem sabe ele não desiste do casamento com a Chang...
- Cale a boca! – ela parecia fora de si.
Draco não podia deixar Gina encontrar-se com Harry. Atrapalharia seus planos, mas acima de tudo, Draco sentia uma raiva muito grande se apossar dele... “Maldito Potter...”.

Draco não lançou mais nenhuma ironia para Gina, continuava com muita raiva. Eles não se falaram mais até escurecer e Gina guardar seus papéis. Quando se levantou, Draco foi até ela.

- Não vai.
- Mas que droga Malfoy, será que você poderia por na sua cabeça que...
- Você vai?
- Vou!
- Ótimo – havia raiva nos seus olhos e por uma fração de segundos ele pensou em mandá-la se danar e ir chorar para o Potter... – Mas não se esquece de tudo o que você ouviu hoje.
Ela hesitou. Abriu a boca para falar, mas desistiu do seja lá o que fosse falar. Por fim e acalmou e disse:
- Boa noite, Malfoy.
E então, sem dar tempo a ela, ele a beijou. E por segundos ela retribuiu... até empurrá-lo e desaparatar sem dizer uma palavra.

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N/A: Esse capítulo foi mais uma continuação do anterior... Eu ia continuar, mas ia ficar muito grande :P Mas prometo não demorar muito para postar o próximo, ok?
Valeu para todos que comentaram, continuem mandando reviews ^^ Que bom que estão gostando!
Bjosss!

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