A Verdadeira Pior Lembrança de



Hermione afastou-o de si e olhou-o nos olhos.
- Como assim? Do que você está falando?
Snape suspirou.
- Sente-se. A história é longa.
Hermione ainda olhava-o, sem entender nada, muito séria, um pouco assustada.
- Não vou me sentar, Severo – ela retrucou, bastante agressiva. – Diga agora o que está acontecendo!
- Eu disse ao Lorde das Trevas, antes de ele sair para viajar, que eu viria para Hogwarts, porque consegui convencer Dumbledore de que eu sempre estive ao lado da Ordem, e que esse tempo todo eu o estava vigiando para Dumbledore. O Lorde das Trevas riu daquele jeito dele, e disse que aproveitasse e matasse “aquela sangue-ruim da Granger”, cobrindo bem os meus rastros, para que ninguém soubesse que fui eu.
Hermione olhava-o, estupefata.
- Então você quer se despedir? – ela perguntou, um pouco agressiva.
- Quero – disse Snape, aproximando-se.
Ela recuou um pouco; ele, sem dizer, andou para ela. Snape meio que a prensou na parede e beijou-a. Ela não ia responder, mas ele insistiu tanto que ela acabou respondendo. Ele, depois de beijá-la e observar a face assustada dela, acrescentou:
- Quero me despedir porque não sei o que vai acontecer comigo quando eu reencontrar o Lorde das Trevas e disser a ele que não matei você.
Hermione sentiu vergonha. Desconfiara dele. Mais uma vez. Seus olhos se encheram de lágrimas; ela levou as mãos ao rosto.
- Não se culpe, Hermione, não sou muito claro quando não quero ser – disse Snape sério. – Foi por isso que, com imensa cara-de-pau, pedi a Dumbledore que pedisse a você para vir me ajudar, para vir passar os fins-de-semana comigo, e para vir jantar comigo todos os dias.
Ele a abraçou com força; ela retribuiu o abraço com ainda mais força.
- Confesso que não imaginei que poderia ser agraciado com você... com você inteira...
Hermione riu; ele soltou-a para olhá-la. Ela lhe sorria docemente; ele disse:
- Já posso voltar às Poções. Termine de almoçar e venha me ajudar.
A jovem estava confusa. Seus pensamentos giravam em sua cabeça: numa hora, Snape era um assassino miserável e frio; na outra, sem abandonar o papel de assassino, ele se revelava um ser humano, apesar de tudo.
Ela suspirou e sentou-se à mesa para terminar de almoçar. Snape, muito calmamente, desceu as escadas.
Como ele pode ser tão frio?, ela se perguntou, enquanto terminava sua refeição. Como pode... como pode amar tanto e ser tão frio? Como o amor e a desesperança conseguem dividir espaço dentro dele? Tanto amor quanto desesperança são tão egoístas...
Snape, mesmo tendo matado seus pais, já não era mais a figura que ela odiava. Não era só atração, só pena. Era algo mais. Algo mais que a faria passar duas semanas se esforçando para torná-lo a mais feliz das pessoas.
Ela acabou de comer e desceu as escadas meio saltitante, escondendo todas as suas dúvidas, medos e tristeza.
- Que mesmo temos que fazer agora, Sevie?
- Sevie? – perguntou ele, parando com o que estava fazendo para olhá-la.
- Ah, Severo é um nome muito grande, muito... sério.
- Apropriado, eu diria – comentou Snape, já voltando ao bom humor.
- Hum... Nem tanto – ela disse. E acrescentou rápido: – Sério, eu quis dizer.
Snape riu junto com ela, mas a risada dele era mais discreta; quase contida, escondida.
Ela sentou-se à bancada e olhou para os caldeirões.
- Tudo fervilhando, tudo certo. Acho melhor eu passar para outra poção. Mas, antes disso, vou abrir a janela. Já pensou se eu desmaiar de novo, que péssimo?
- Se acontecer exatamente tudo o que aconteceu antes, não será tão péssimo – considerou Snape, esperando para ver a reação dela.
Ela fez uma careta.
- Pode pular a parte de eu desmaiar feito uma idiota, não pode?
Snape deu um sorriso no canto da boca, cínico.
- É, acho que sim. Essa parte demorou demais.
Hermione sorriu e pegou outro caldeirão e o pôs em cima da bancada. Puxou a lista e olhou-a.
- Que faço agora, Sevie?
- Poção curativa.
Hermione assentiu e começou a fazer. Cortava os ingredientes muito rápido, pesava tudo certo, punha no caldeirão quando tinha que pôr.
- Por que a pressa? – questionou Snape, sem tirar os olhos de sua poção.
- Ahn... Acho que não posso voltar tarde hoje – ela disse, sorrindo. – Então, se eu vou ter que ir embora um pouco depois do jantar, acho melhor eu terminar a minha cota de poções de hoje bem antes do jantar, não concorda?
Snape permitiu-se um sorriso.
- Seria muita bondade da sua parte.
Ela voltou às poções.
- Só não erre, senão você vai atrasar tudo.
- Certo, certo.
Muito calmamente, eles passaram a tarde fazendo poções, embora Snape tivesse ímpetos de se levantar e ir verificar a poção de Hermione e, depois de ver que estava tudo certo, abraçava-a pelas costas e sentada mesmo, e começava a beijar seu rosto e seu pescoço.

What I really meant to say
O que eu realmente queria dizer

Is I’m sorry for the way I am
É que lamento pelo jeito que eu sou

I nerver meant to be so cold
Eu nunca quis ser tão frio

Never meant to be so cold to you
Nunca quis ser tão frio com você

I’m sorry about all that lies
Lamento por todas as mentiras

Maybe in a different light
Talvez numa visão diferente

You can see me stand on my own again
Você possa me ver em pé sozinho novamente

Como uma pessoa pode parecer ser uma coisa, e ser tão diferente por dentro quando se conhece bem?, pensou a jovem, confusa, enquanto sentia o abraço forte de Snape em sua cintura. Por que eu nunca quis conhecê-lo de verdade antes? Antes de tudo?
Mas não havia tempo para arrependimentos.
- Mesmo... mesmo depois de tudo... você ainda vai ficar aqui, comigo? – perguntou Snape, mais apreensivo do que ele desejaria parecer.
- Vou – ela respondeu. – Mesmo depois de ter descoberto você. Aliás, principalmente depois de ter descoberto você. Eu queria ter sabido antes que você poderia ser diferente... poderia não ser cruel, com todas aquelas ironias que me faziam tão mal...
- Não lamente; você não me viu antes porque eu não deixei – retrucou Snape, sério. – A culpa não é sua. Minhas ironias vinham de um homem mais velho desesperado em, pela primeira vez em sua vida, não conseguir controlar os próprios impulsos.
- Você controlava bem os seus impulsos – comentou Hermione.
- É, quando você não estava olhando – desabafou Snape.
Hermione riu. Não tinha como não rir. Começou a imaginar todas as terríveis aulas de Poções de um jeito diferente. Como seria ter aula com um amante?
A poção dela só precisava ferver por duas horas agora; ela virou-se de frente para ele, com as pernas meio abertas (sem pensamentos cretinos, gente), e ele de frente para ela.
- Se você morrer por minha causa vou me sentir muito péssima – ela murmurou. – Acho melhor você continuar bem vivo.
Snape deu um sorriso cínico.
- Quer uma resposta reconfortante ou sincera? – ele perguntou, num tom sarcástico.
Hermione suspirou e olhou para outro lado.
- Eu devia ter sabido antes sobre... sobre tudo isso... Poderia ter sido diferente se eu...
Snape interrompeu-a um pouco bruscamente:
- Não seja Sabe-Tudo aqui. Professores gostam de bons alunos, mas de alunos que sabem a hora certa de mostrar seus conhecimentos. Você não tinha como saber, Hermione, não tinha. Nunca saberia se não fosse pelas circunstâncias atuais.
- Você não viria falar comigo o que... o que sente? – ela perguntou. – Se esconderia disso? Fugiria?
- Claro – respondeu Snape calmamente. – Eu não poderia esperar um amor sincero de uma mulher que sempre me odiou.
Hermione fez uma careta. Quase se esquecera que já era mulher.
Snape olhava-a, entre divertido e sério. Pousou as mãos calmamente uma em cada perna dela e beijou-a.
Ela era um pouco mais que um sonho maravilhoso. Era quase uma alucinação bem-vinda. A proximidade dela era inebriante. Não havia como não amá-la. As mãos dele exerceram uma pressão mais forte nas pernas dela, ela afastou-o e disse:
- Severo, trabalho! – ela disse, com um riso divertido.
Snape fez uma mesura.
- Claro. Já disse que odeio essa palavra às vezes? – perguntou Snape, voltando à sua bancada, procurando controlar a respiração. – Está certo; tenho que voltar a conseguir me controlar.
- Não precisa fazer isso aqui, a sós comigo – disse Hermione docemente. – Só espere até acabarmos o que temos que fazer. Ei, mas que poção é essa que você está fazendo?
Ela se levantou e olhou para o caldeirão dele, com uma expressão meio incrédula.
- Não sei que poção é essa! – ela dissera aquilo como se fosse uma grande ofensa.
- Poção contraceptiva – esclareceu Snape. – Não quero arruinar sua vida com um filho não desejado.
Hermione fez uma expressão pensativa. Ia dizer algo e chegou a abrir a boca para fazê-lo, mas desistiu na última hora. Voltou a sentar-se no seu lado da bancada e continuou fazendo sua poção.
- Eu bem gostaria de saber o que você está pensando – disse Snape, quase lamentando.
- Não, não queria não – retrucou Hermione, olhando para seu caldeirão. – Se você pudesse ver, Voldemort também poderia, então eu não poderia estar aqui com você; eu nem poderia saber que você está do lado da Ordem. Então eu odiaria você e nada disso estaria acontecendo.
- Eu não disse que queria poder usar legilimência em você, Hermione, eu disse que queria saber o que você está pensando.
Ela olhou-o, com um ar meio travesso.
- O que eu ganharia em troca? – ela perguntou.
- Tudo o que você quiser – respondeu Snape.
Hermione arqueou as sobrancelhas levemente.
- Assim não vale, Sevie, tem que ser algo nos limites do real...
- Tudo. Peça.
- Tudo é muito vago. Não gosto de poder decidir o futuro das coisas, sem nenhuma restrição; é perigoso. Decida, Sevie. O que você me daria para saber os meus pensamentos?
- Meu reino. Tudo o que é, foi ou será meu – respondeu Snape, e parecia estar falando sério.
Hermione ainda não se habituara àquele modo dele. Ela estava brincando, mas ele parecia estar falando sério.
- Que exagero, Sevie, o que eu penso nem tem tanta importância assim...
- Para mim tem, Hermione.
Ela olhou-o, tentando ver se ele estava mesmo falando sério. Ficou em dúvida. Ele conseguia deixá-la em dúvida o tempo todo. Pensou que não conseguiria confiar tanto em Snape como Dumbledore confiava.
- Severo... eu...
- Hermione, se não quiser dizer, tudo bem. Parece que tem alguma coisa que está te perturbando; é só o que eu queria saber.
Ela fez que não com a cabeça, sem dizer nada. Olhava para seus três caldeirões com fingido interesse.
Snape, por um momento, não fez nada além de observá-la. Não precisava usar legilimência para saber o que ela estava pensando. Conhecia muitas pessoas, já vira aquele efeito. Com muita cautela – e sabendo que poderia pôr tudo a perder – ele perguntou:
- Tem alguma coisa a ver com aquele seu juramento de nunca me dar prazer e nem nada assim, não tem, Hermione? Mesmo não sendo o inimigo traidor, ainda sou o assassino dos seus pais.
A reação foi mais rápida do que ele esperava; lágrimas descontroladas brotaram dos olhos dela. Ela virou os olhos e secou-os, mas era tarde demais: ele já vira.
Snape sentiu uma espécie de pontada no coração. Ela chorava por culpa sua. Ele nunca lamentara por ninguém, a não ser por ele mesmo. As mortes o assombravam, ele se arrependia de ser o que era, mas nunca chegara a lamentar a tristeza que deixava nos parentes vivos. Era a primeira vez.
Ele não soube como reagir. Queria consolá-la, mas sentiu que ela o afastaria de si e sairia correndo, gritando de ódio, gritando que estar com ele fora o pior erro de toda a sua vida. Pela primeira vez em sua vida, ele não queria ouvir isso. Não sabia se agüentaria.
Hermione ainda estava totalmente virada para o outro lado, passando a manga do casaco nos olhos a todo o momento, e deixando a manga enxarcada. Amaldiçoava-se por estar chorando na frente dele, mas não tinha como evitar.
- Hermione, eu... eu imagino que...
- Você não imagina nada – ela cortou, com uma espécie de raiva controlada.
Snape engoliu em seco. Ele acertara em cheio o que ela estava pensando. E não gostava disso. A grosseria dela era justificável, mas ele desejara não ter que viver aquilo.
- Eu nunca quis... – ele começou, perdendo totalmente seu tom habitual.
- Eu sei – ela cortou outra vez, com a mesma rispidez. – Mesmo não gostando de nascidos-trouxas e trouxas propriamente ditos, quero muito acreditar que você nunca quis matar meus pais e...
Ela se interrompeu e seu choro tornou-se mais amargo. Snape arqueou as sobrancelhas, compreendendo a questão.
- Quer acreditar? – ele perguntou. E deu um suspiro amargurado. – Entendo. A culpa disso não é sua.
Ele foi até seu armário e voltou, trazendo uma espécie de bacia metálica. Uma penseira. Puxou sua varinha e tocou e leve sua própria cabeça com ela. Ainda com os olhos vermelhos e molhados, ela se virou para ver o que ele estava fazendo. Quando viu, levantou-se rápido e disse:
- Não, Severo, eu não quero, eu não...
- Cale-se – ele interrompeu com rispidez. – É terrível sentir o que estou sentindo agora; nunca me importei que ninguém soubesse da verdade, mas eu me importo com você. Quero te provar de que lado realmente estou. E não adianta vir com esse jeito arrependido, porque sei que você nunca vai acreditar em mim enquanto não tiver visto o que aconteceu de fato.
Ele depositou o pensamento na penseira e puxou-a pelo braço com uma certa grosseria. Embarcaram juntos nas lembranças dele.

Escuro. Os olhos dela viam o escuro. Snape ainda segurava seu braço com força, mas ele a soltou logo. Uma luz se acendeu de uma vez só, e ela pôde ver Voldemort adentrando um velho escritório. Snape estava sentado bem à vontade no sofá, com aquela expressão irônica no rosto.
- Milorde – disse Snape, levantando-se e fazendo uma pequena reverência.
- Pode sentar-se, Snape – disse Voldemort, sentando-se. Snape sentou-se e Voldemort continuou. – Tenho uma missão para você.
Snape não mudou de expressão. Estava esperando.
- Você deve se lembrar dos meus planos para os amigos de Potter – começou Voldemort.
Snape assentiu. Não demonstrou nenhum sinal de sentir alguma coisa.
- É chegada a hora, Snape. Quero começar com os Weasley, depois virá o casal Granger. Estou pensando em mandar o Malfoy e a Bella.
- Posso fazer, milorde – disse Snape, impassível.
- Matar todos? – perguntou Voldemort. – Sem ajuda?
- São todos uns imbecis, os Weasley – explicou Snape. – Menos a mais nova. Mas ela ainda é jovem; será fácil lançar um feitiço nela. Quanto aos Granger... Bem, são trouxas, milorde, acho que posso contra eles.
Voldemort assentiu satisfeito.
- Isso, Snape. A cada dia me prova mais a confiança em você. O que é muito bom; eu tinha pensando que você tinha alguma espécie de... sentimento pela sangue-ruim amiga do Potter.
Snape não pareceu impressionado ao ouvir aquilo. Permaneceu impassível.
- Sentimento? Milorde, espero não ter demonstrado nada nesse sentido. Se tiver, pode me matar agora; não quero viver sabendo que senti algo por uma sangue-ruim.
A Hermione verdadeira, que assistia a tudo, mordeu o lábio inferior ao ouvir aquilo. Voldemort explicou:
- Outro dia entrei na sua sala de surpresa, mas você não me viu. Pareceu-me muito absorto, olhando para a foto dela.
Snape pôs no rosto um sorriso cínico.
- Bem, milorde, devo confessar que é um capricho meu; eu a quero antes de matá-la. Se o senhor consentir, claro.
- Mas o que você faria com ela que não pode fazer com as nossas belas comensais?
- Sabe que não aprecio esse tipo de conversas, milorde, mas digamos que é uma espécie de pagamento pelo inferno que essa menininha tornou a minha vida. Além do mais... ela está muito atraente.
- Você disse isso pro Voldemort? – perguntou Hermione, irritada, mas sem sinal de choro.
O Snape presente apenas sacudiu os ombros em resposta, e voltou a olhar a cena.
- Ah, bom, não entendo mesmo você. Mas faça o que desejar; apenas cumpra o seu trabalho.
Voldemort levantou-se e saiu. Hermione viu o rosto de Snape mudar do deboche tradicional para um ar de preocupação.
As imagens ficaram difusas e ela viu-se em uma sala, com uma lareira, e viu Snape escrevendo algo.
Ela aproximou-se para ler por cima do ombro dele; o Snape real apenas observou a cena.
O Snape do passado escrevia o que parecia ser uma advertência para o Ministério da Magia. Hermione não pôde deixar de pensar que aquilo poderia ser fingido para ser usado no momento certo, mas aquilo mudou quando as imagens ficaram difusas e ela viu Snape entrando sob uma capa de invisibilidade no Ministério e, encostado à parede de um corredor vazio, abriu a carta e leu-a. Era a mesma que Hermione o vira escrever. Ele passou por diversos corredores cheios de gente, às vezes esbarrando por pouco em alguém, e parou à frente de uma sala. Departamento de Mau Uso dos Artefatos Trouxas. Era a sala do sr. Weasley. Ele adentrou a sala em silêncio – estava vazia. Deixou a carta em cima da mesa dele e saiu.
As imagens ficaram difusas de novo. Hermione prendeu a respiração quando viu que Snape aparatara na frente de sua casa.
O Snape real apenas a observou.
O Snape da lembrança caminhou a passos largos e firmes e bateu à porta da casa. Sem resposta. Bateu de novo. Sem resposta. Pegou a varinha e fez um gesto discreto; a porta se abriu em silêncio. Rangeu um pouco, mas nada que pudesse ser ouvido à distância.
Snape olhou o lugar. Não parecia ter a mesma face de desprezo de sempre. Parecia mais curioso. O espanto dele foi bem visível ao ver uma televisão, mas nada que tirasse sua concentração. O casal Granger estava sentado na sala. A mulher lia um livro médico; o homem olhava para a televisão.
Quando viram Snape, quase ao mesmo tempo, o sr. Granger disse:
- Você! – ele se levantou e parou ao lado da esposa. – Minha filha mandou uma foto sua e preveniu que você poderia aparecer. Contou coisas interessantes!
- Mesmo? – perguntou Snape, desinteressado. – Se ela contou coisas interessantes mesmo, você deve saber que parar entre sua esposa e mim não vai protegê-la por muito tempo. Já viram do que sua filha é capaz?
- Ela não pode fazer magia fora da escola – retrucou a sra. Granger, visivelmente apavorada. – Veio nos matar, não foi?
- Sim – respondeu Snape. – Mas gostaria de dizer que tenho certo apreço pela sua filha. Não costumo conversar com quem vou matar.
- Fique longe dela, senão eu... – começou o sr. Granger se levantando.
Snape apontou a varinha para ele; ele parou.
- Parece que você já viu uma dessas – comentou Snape.
- No Beco Diagonal – disse o sr. Granger. – Vai nos matar com isso, não vai?
Snape assentiu.
- Vocês têm sorte de que seja eu – disse Snape. – Não vou torturá-los, como qualquer outro faria. Vou simplesmente matá-los. Será rápido.
- Ele era o professor de que ela mais gostava... – comentou a sra. Granger, um pouco chorosa.
- Pensei que ela me odiasse – disse Snape cínico.
- Ela disse isso também – disse a sra. Granger.
- A Granger é uma boa aluna. E uma boa pessoa. Ao contrário deste ex-professor dela que está aqui – disse um Snape bem menos assassino que o que estava antes ali. – É que tenho mesmo que matar vocês. Não posso pôr tudo a perder. E não posso explicar tudo para vocês agora. A questão é que tenho que matá-los. Eu não quero fazer isso, mas tenho que fazer. Talvez eu encontre a sua filha um dia. Que querem que eu diga para ela?
A expressão da sra. Granger passou de apavorada para uma súbita compreensão. No rosto dela, um sorriso triste chegou a aparecer.
- Ela é uma boa pessoa mesmo. Ela não erra nos julgamentos que faz das pessoas, a menos que tenha algum preconceito... – começou a mulher. – Não sei por que vai nos matar, mas você não é o que dizem.
Por um momento, Snape não disse nada. A sra. Granger olhou-o.
- Cuide dela – pediu a mulher. – Cuide da nossa filhinha, sr. Snape.
Snape, novamente, não soube o que responder. O sr. Granger olhou para a esposa e depois para o professor. Entendeu o que ela dissera, e disse:
- E diga a ela que nós a amamos muito.
Snape assentiu.
- Sou um espião, e tenho que fazer esse tipo de coisas para que não desconfiem de mim, mas prometo cuidar dela – disse Snape. – Quem vai primeiro?
- Eu – disse o sr. Granger, dando um passo à frente.
- Não – disse a esposa. Ela olhou para Snape e perguntou: – É muito difícil matar os dois ao mesmo tempo? Eu não quero vê-lo morrer, mas não quero que ele me veja morrer.
Snape fez que sim com a cabeça.
- Podem se despedir – disse Snape, com um suspiro. Estava calmo.
Foi a sra. Granger que deu um beijo no marido a abraçou-o. Ele abraçou a esposa.
- Não vai doer e vai ser rápido – esclareceu Snape. – Prometo que cuidarei dela.
Ele respirou fundo e disse:
- Avada Kedavra.
Uma luz verde saiu da varinha; Hermione chorava descontroladamente, queria poder tocar os pais, abraçá-los, estar com eles. Sentiu que alguém a abraçava com firmeza. O Snape real. Ela abraçou-o com força, mas não tirou os olhos da cena.
O casal Granger estava morto. Mas com uma expressão de pura calma, como quem morreu sem deixar lacunas na vida.
Hermione sentiu-se puxada para trás e, quando sua visão voltou a fazer sentido, estava na sala na frente da bancada.
- Eu... eu sinto muito – ela disse, chorando muito, e escondendo o rosto com as mãos.



UH UH!!!

DEPOIS DE QUASE MATAR VOCÊS DO CORAÇÃO, AQUI APAREÇO EU COM UM ÚNICO CAP DE ATUALIZAÇÃO, ENQUANTO ESCREVO UM QUE É REALMENTE NOVO...

CACAU ROSA, MEU AMOR, NÃO ME MATE, EU VOU POSTANDO AOS POUCOS E UM DIA VC VAI VER UM CAP NOVO POR AQUI

BJOSSSSSSSS A TODAS VCS!!!

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