Prólogo



Novembro de 1993, Londres

No quarto 173 do Hotel d La France, um vulto acomodado em uma poltrona próxima à janela lia absorto um livro de capa marrom, iluminado por um abajur requintado em cima da mesinha ao lado.
O tempo lá fora não era um dos mais amigáveis. Já era noite e como toda noite londrina, não faltava o clima gélido no aposento. Alguns clarões ocorriam no céu sem estrelas. Era já certo que dentro de alguns instantes estaria chovendo.
O vulto da poltrona virou-se para encarar o céu. Mais um clarão se fez na noite, iluminando, ainda que por breves instantes, o rosto de uma jovem. Ela fechou o livro e o depositou ao lado do abajur, levantou-se da poltrona e aproximou-se ainda mais da janela. Procurava alguma coisa no céu.
Passado alguns instantes, afastou a cortina de veludo vinho e abriu a janela. Rapidamente o vento se fez presente no aposento.
Esticou o braço para o alto e em questões de segundos uma coruja do campo branca pousou nele.
- Nix...
Adentrou de volta para o aposento fechando a janela. Em seguida, ainda com a coruja em um dos braços dirigiu-se para uma outra mesa onde havia separado alguns petiscos para a ave comer. Depositou-a em um poleiro e agora olhava para a carta que a ave tinha presa na perna. Começou a desamarrar a carta quando recebeu uma bicada no dedo. A coruja estava deixando claro o quanto estava irritada por ter viajado em tempo ruim para pegar o papel.
“Sinto muito”, murmurou para a ave. De posse da carta, voltou novamente para a poltrona.

“Cara neta, no próximo final de semana estarei em uma confraternização de negócios na Rússia. Quero que me encontre por lá, as 22hs.
Aconselho-a levar uma roupa para dormir e que se vista de forma elegante.”

Mais abaixo se encontrava uma assinatura. Releu a carta mais uma vez tentado achar alguma brecha do que estava por vir. Pois se tratando de Eduard Maurice Sisley d’ Lerrá, algo estava para acontecer e o mais preocupante disso tudo é que ela estava metida nisso.
Dirigiu-se até a lareira e queimou a carta. Na certa receberia outra informando o local dessa tal confraternização.
Ouviu-se algumas batidas na porta.
- Senhorita Lerrá? – falou um elfo doméstico acompanhado de um carrinho.
- Sim – respondeu a jovem.
- Seu jantar está pronto.

A jovem abriu passagem para o elfo que rapidamente colocou o jantar em uma mesa de jantar para dois caprichosamente.
Depois do elfo se retirar, sentou-se e observou a mesa: velas, vinhos, pratos, copos e talheres aos pares.
Sua companhia já havia chegado e seria a de sempre: sua coruja.

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