Lírios Eternos



Capítulo IV

Lírios Eternos

N/Rbc: Só um pequeno aviso: eu acho que, mais para o meio do capítulo as cenas se tornam meio...uhm... como eu diria? Certo, este capítulo tem uma cena em especial que é puxada para o gênero NC17, mas que obviamente não chega a ser um, não propriamente dito, pelo menos. No entanto, tal cena não deixa de ser Romântica. Eu achei bem leve, mas enfim, essa nota foi só para avisar mesmo... Bjinhos... Rebeca Maria!

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Lilly abriu os olhos, fitando o teto escuro acima de sua cabeça. O som de um choro penetrava ao longe em sua cabeça. Ela virou-se para o lado, um pouco incomodada e cansada.

Segundos depois ela sentiu o braço de Tiago pousar delicadamente sobre o seu corpo, e logo depois ele lhe dar um beijo no rosto e sussurrar em seu ouvido:

-Deixa que eu vou, meu amor...- ela suspirou e logo sorriu, vendo o marido levantar-se, vestir o roupão e sair do quarto.

Notando a demora dele, Lilly levantou-se e foi até o quarto ao lado. Era visivelmente um quarto de criança, todo decorado em verde clarinho, com alguns brinquedos de bebê espalhados pelo chão.

Tiago preparava-se para botar um disco para tocar naquela vitrola trouxa, mas estava tendo dificuldades com a agulha do aparelho. Lilly sorriu, apreciando o jeito atrapalhado do marido de lidar com coisas de trouxas.

-O Harry adora aquela música que você canta para ele, não precisa de nenhuma vitrola para fazê-lo dormir.

Lilly foi até o berço e apanhou o filho, que já parara de chorar há algum tempo, e agora tentava brincar com o penduricalho acima de seu berço. Assim que viu os olhos verdes da mãe, sorriu, graciosamente, quase que gargalhando.

-Ele tem o seu sorriso.- Lilly falou.

-E os seus olhos.- Tiago completou, abraçando-se à mulher e ao filho- Você quer mesmo que eu cante aquela música?- ela pareceu pensar.

-Não, não, acho melhor o Harry não ficar ouvindo aquelas suas músicas. Ele ainda é muito criança para entender as letras que você inventa com o Sirius.

-É, mas que ele gosta, isso não se pode negar...

Ela sorriu para o marido e depois aconchegou-se mais a ele, sentindo o calor dele e do filho misturarem-se ao seu próprio. Lilly suspirou longamente.

-Hei...- Tiago sussurrou, erguendo delicadamente o rosto dela até que conseguisse fitar seus olhos- o que você tem?

-Nada...- ela respondeu com a voz falhada.

-Meu amor, eu te conheço bem demais para saber que esse seu suspiro significa algo mais do que um simples ‘nada’.- ele selou rapidamente seus lábios aos dela- Anda, me diz o que está acontecendo...

Tiago pegou Harry do colo de Lilly. O bebê, com pouco mais de um ano, ainda relutou um pouco em sair do colo da mãe, antes de se acostumar com o colo do pai. Depois Tiago segurou firmemente a mão da mulher e os três foram para o quarto do casal.

Eles se deitaram na cama, Harry entre os pais, trazendo desajeitadamente os lençóis para cima de seu corpo, a fim de abraçá-los, e depois aconchegando-se com um dos bracinhos entre os lençóis, e o outro dobrado, de modo que o pequeno polegar de sua mão alcançasse sua boca. Em poucos minutos ele adormeceu.

-Ele é lindo, não é?- Lilly falou, encantada demais com o filho.

-Filho de Tiago Potter e Lilly Evans, não poderia sair menos lindo que isso.- Tiago falou com graça.

Ambos ainda ficaram observando o pequeno bebê por algum tempo. Ele dormia como um anjinho, dando longos suspiros durante o sono tranqüilo. Em alguns momentos ele ficava um pouco agitado, virando-se de um lado para outro, buscando uma posição confortável, mas bastava que Lilly passasse a mão em sua testa, fazendo movimentos repetitivos e leves, para que ele se aclamasse e voltasse ao sono tranqüilo.

Lilly olhava constantemente de Harry para Tiago, sentindo algumas vezes seu peito se contorcer e apertar seu coração, de um jeito dolorido. Mas então via o sorriso de Tiago para ela, e ouvia a respiração calma de seu filho, e novamente ela se sentia leve. Mas era algo contínuo, que ia e vinha em determinados intervalos de tempo, seu coração se apertava e doía, e depois ficava leve, e dolorido novamente. E ela lembrava-se exatamente da primeira vez que sentira aquilo: durante o primeiro beijo que dera em Tiago. E então ela suspirou, de um modo longo...

-O suspiro novamente...- Tiago comentou, olhando atentamente a mulher à sua frente. Harry segurava o dedo indicador do pai com muita força, e o seu próprio polegar, na outra mão, ainda mantinha-se na boca.- O que você tem, Lilly?- ela olhou-o, parecendo, de certa forma, triste e preocupada.

-Eu não sei...- sua voz saiu num sussurro quase inaudível- eu realmente não sei, Ti...- Lilly fechou os olhos, sentindo uma lágrima quente e solitária rolar pelo seu rosto.

Tiago levantou-se com cuidado, retirando seu dedo da mão do filho vagarosamente, para que não o acordasse, e abaixou-se do lado de Lilly, fazendo-a se virar para ele.

-Você não está bem, Lil...- ele falou, com a voz bastante preocupada- me diz o que você tem... para pelo menos eu tentar te ajudar...

Lilly deu um meio sorriso para o marido e logo depois, com o mesmo cuidado que Tiago tivera anteriormente, ela ergueu-se, mas permaneceu sentada na cama. Ela acariciou carinhosamente o rosto do marido, vendo nos olhos dele toda a preocupação que sentia...

Ela olhou do marido para o filho, notando uma semelhança fantástica entre eles. E, logo depois, parou seus olhos numa flor branca e brilhante em cima do criado-mudo, sob uma cúpula de vidro. Era o lírio que Tiago dera a ela ainda no sétimo ano, e agora ela brilhava mais do que nunca. Aliás, Lilly notava que a cada dia a flor brilhava mais, mas ela nunca perguntara a Tiago o porquê.

-Vem.- ele levantou-se e puxou-a pela mão até a varanda, onde puseram-se sentados no balanço- Tenta dormir, talvez você fique melhor.

Ela aconchegou-se ao peito do marido, enquanto este passava os dedos entre os cabelos dela. Ambos ainda ficaram muito tempo olhando para as estrelas e a lua, que brilhavam no céu, até Lilly conseguir dormir. Tiago admirou a mulher dormindo antes de levá-la de volta para a cama.

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Lilly passou a mão pelos lençóis, e o travesseiro ao lado dela... a cama estava vazia... ela abriu os olhos rapidamente, sentindo-se assustada por não encontrar nem o marido nem o filho ao seu lado. Sentiu um aperto no coração, muito pior do que todas as outras vezes que tivera aquela sensação.

Ela levantou-se e nem mesmo vestiu o robe para descer até o primeiro andar. Havia barulhos vindos da sala, vozes e gritos alegres, risadas histéricas...

-Vamos, Harry...- essa era a voz de Tiago- vamos fazer uma surpresa pra mamãe quando ela acordar?- Lilly ouviu a risada gostosa do filho, acompanhada de mais duas risadas adultas.

-Seu filho é a sua cara, Pontas.

-É, mas tem os olhos maravilhosos da mãe. espero que ele tenha toda a bondade dela também, e não a minha arrogância de quando eu era moleque. Mas diga-me, Almofadinhas, quais as boas novas?

Lilly apareceu ao pé da escada e viu Tiago e Sirius conversando. Harry, que estava próximo à mesinha de centro, apoiado nela, viu a mãe e, pela primeira vez, ele saiu correndo para cima dela. Lilly sentiu as lágrimas brotarem de seus olhos, encantada com o filho correndo desajeitado até ela.

Sirius e Tiago pararam de conversar e olharam para a cena, como se esta passasse em câmera lenta. Sirius deu uma risada canina, como era de seu próprio feitio, e Tiago sorriu como um pai coruja.

-Ele...- Lilly pegou o filho no colo, que agora chorava porque levara um tombo antes de chegar à mãe- ele... está... andando...- ela estava sem fala, tamanha fora a surpresa.

-Você fez direitinho, hein, Harry!- Sirius falou- Só meu afilhado mesmo...

-Você quem diz, Almofadinhas. Você está falando de uma lenda, cara, Harry Evans Potter, filho de Lilly Evans e Tiago Potter.

Lilly colocou o filho no chão, que correu para o pai, e analisou a frase que o marido havia acabado de falar. Achou-a estranha a princípio, mas depois viu que era besteira, que Tiago apenas estava brincando com o amor lendário deles.

-Está melhor, meu amor?- Tiago perguntou. Ela assentiu e juntou-se ao marido, ao filho e ao cunhado.

-Pedro mandou isso para vocês.- Sirius estendeu a Tiago um pequeno pedaço de pergaminho. Ele leu-o e passou-o à mulher:

"Caros Lilly e Tiago,

o Fidelius foi executado com perfeição. O segredo de vocês estará guardado comigo.

P.P."

Lilly leu e releu o bilhete incontáveis vezes, tentando achar algo mais do que duas linhas de palavras supérfluas. Mas não encontrou nada. Mais uma vez seu coração se apertou, e a dor pareceu bem pior do que as vezes passadas. Inconscientemente ela amassou o papel entre os dedos e, mais do que rápido, ele virou cinzas, sem nem ao menos pegar fogo.

-Lilly, você...- Tiago a fez virar-se para ele- ...está bem?- ela olhou do marido para o filho e o cunhado e então para as cinzas do papel, espalhadas no chão.

-Eu...- ela abriu e fechou a boca diversas vezes, procurando alguma explicação para o papel queimado- ...me desculpe...- ela levantou-se, meio atordoada, e subiu as escadas correndo. Eles ouviram, segundos depois, a porta do quarto bater com violência.

Tiago olhou para Sirius e depois para o filho, que brincava com um par de mini-algemas que estavam presas à calça do padrinho. Harry puxou as algemas com força, arrancando-as e causando um pequeno rasgo na calça de Sirius.

-Hei, vai com calma, garotão...- Sirius olhou para Harry, que abriu um largo sorriso e mostrou as algemas para o padrinho- Você quer me prender, Harry?- o bebê sorriu, mais abertamente dessa vez, e colocou cada lado das algemas prendendo o indicador das duas mãos de Sirius.

-Almofadinhas...- o amigo olhou-o, vendo um brilho diferente nos olhos de Tiago.- Você pode levar o Harry pra sua casa hoje e à tarde trazê-lo de volta?- Harry colocou uma expressão engraçada no rosto, inclinando a cabeça para o lado e olhando desconfiado para o pai, como se perguntasse: ‘quer se livrar de mim agora, é?’.

-Claro, Pontas.- Sirius disse sinceramente- Você sabe o quanto eu sou doido pelo meu afilhado, não é mesmo?

-Obrigado, irmão. Vou tirar o dia para ficar com a minha mulher, ela não parece bem.- Tiago levantou-se e pegou Harry no colo- Vamos lá, filhão, dar um beijo na mamãe?- Harry pegou os óculos do rosto do pai e botou-os em seu próprio, logo depois caiu na gargalhada.

Tiago subiu com o filho até o quarto do casal. Lilly estava próxima à janela e, quando percebeu que alguém entrara, virou-se e encarou os dois homens de sua vida. Lilly manteria aquela cena, de pai e filho sorrindo para ela, para sempre em sua mente.

-O Harry veio se despedir da mamãe.- Tiago disse carinhosamente e Lilly franziu o cenho- Almofadinhas vai levá-lo para casa dele até o fim da tarde, para nós ficarmos a sós um pouco.- ela deu um meio sorriso e tomou Harry do colo do pai.

-Mã?- Harry disse, com a vozinha doce e infantil. Lilly e Tiago sorriram.

-Ele...- ela começou.

-Ele disse mãe.- Tiago estava encantado.

-Mã?- Harry repetiu, arrancando um sorriso enorme do rosto dos pais- Mamã?

-Eu te amo, Harry.- ela falou, devolvendo o filho ao colo do pai, que seguiu para a porta do quarto.

-Ele volta no final da tarde, Lilly, não se preocupe.

-Mamã...- Lilly sorriu mais uma vez para o filho e o marido, antes que estes desaparecessem atrás da porta.

Minutos depois Tiago estava de volta, abraçado a ela, próximos à janela, observando as colinas altas e meia cobertas de neve de Godric’s Hollow. Já era possível notar algumas flores nos descampados mais próximos, indicando a chegada da primavera.

-Estou preocupado contigo, Lilly.- ele sussurrou, ao que ela estremeceu em seus braços e virou-se para ele, abraçando-o com força, como se temesse perdê-lo.

-Eu tenho medo, Tiago... eu estou com medo...- ele abraçou-a de volta, com força também, e talvez o mesmo receio de perdê-la- tenho medo de que ele volte e ataque novamente, pela terceira vez...

-Nós vencemos as duas primeiras vezes, Lilly. Nosso amor vencerá a terceira, e a quarta e a quinta também, e não importa quantas vezes mais. Lembra-se do que eu te disse naquela última primavera em Hogwarts?

Lilly foi até o criado-mudo e apanhou o lírio sob a cúpula. Este brilhava intensamente, e agora, ao toque da mulher, liberava um cheiro doce e gostoso.

-Você disse ‘acredite, Lilly, o nosso amor ainda vai virar uma lenda’.- ela sussurrou, cheirando a flor nas suas mãos.

-E então, você acredita nisso?

-Muito.- ele tomou a flor das mãos dela e beijou a mulher com todo o amor possível

-Sabe porque essa flor brilha tanto?- ela negou com a cabeça- Eu a roubei... não, não, roubar é uma palavra muito forte...- Lilly sorriu- certo, eu a tirei de uma das estufas de Hogwarts e a enfeiticei para que só murchasse quando o meu amor por você acabasse, e eu sabia que ela nunca ia murchar. Eu te amo cada dia mais, Lilly, e por isso, o brilho deste lírio se intensifica mais e mais. Posso dizer agora, olhando nos teus olhos, que este é um lírio eterno, porque nós, Lilly e Tiago Potter, mantemos um amor eterno! E não importa o que aconteça, meu amor, o nosso amor sempre vencerá quem quer seja.- ele colocou o lírio novamente sob a cúpula, no criado-mudo, e voltou a abraçar a mulher- Que venha Voldemort, foda-se ele!- ele disse confiante- E dane-se qualquer um que queira fazer mal a um amor que ficará na história do mundo. Uma lenda resiste a milênios, Lilly, e acredite, nós somos uma lenda.

Lilly sorriu para o marido, sentindo o seu coração leve e confiante de que o que quer que acontecesse dali para frente, o amor deles seria capaz de vencer. Então, como dissera o próprio Tiago: ‘Que venha Voldemort, foda-se ele!’.

Então ela teve a iniciativa de beijá-lo. A sensação inicial foi a de um turbilhão de emoções se revirando dentre deles. Não havia mais sensação de perda, ou aperto no coração. Apenas o que existia era o amor que sentiam um pelo outro.

Ele pegou-a no colo, fazendo-a soltar uma risada divertida e gostosa, que ele tanto amava. Já fazia algum tempo que ela não sorria daquele jeito, descontraído, e ele sentiu-se satisfeito por vê-la feliz.

Botou-a na cama com jeitinho e ficou por cima dela, apenas admirando-a, fitando aqueles olhos verde-esmeralda, que o faziam perder-se dentre deles, como se o levassem para um abismo sem fim, e o faziam cair e cair..., e do qual não se podia escapar.

-Faz amor comigo?- ela pediu, dengosa, fazendo-o sorrir.

Tiago ainda olhou-a por alguns minutos, deixando-a, de certo modo, envergonhada por tamanha admiração. Pelo canto dos olhos ela viu o lírio brilhar mais do que já brilhava. E foi então que Tiago a beijou, com a mesma intensidade do brilho do lírio, demonstrando um amor incapaz de se medir ou calcular, ou até mesmo imaginar se aquilo era possível ou não.

Ela desabotoou vagarosamente os botões da camisa dele, enquanto ele baixava as alças da camisola dela, descobrindo o seu colo, e beijando-o com calma, fazendo-a gemer baixinho, do jeito que ele gostava, e do jeito que ele sabia que ela gostava.

Tiago fitou novamente os olhos de Lilly, como se pedisse permissão para continuar. Ela apenas sorriu-lhe, de um jeito carinhoso e amável. E ele soube que, para amar Lilly Evans Potter, não era preciso permissão alguma.

Lilly acariciou o peito de Tiago, sentindo alguns pêlos entre seus dedos. Os músculos dele enrijeceram ao mínimo toque dela. Ele, por sua vez, beijou o colo de Lilly e depois desceu mais os seus lábios, até encontrar a curva dos seios, sob o fino tecido da camisola.

-Eu te amo, Lilly...- ele sussurrou, voltando a beijar-lhe a boca e descendo mais a camisola dela.

Ela levou suas mãos à calça dele, desabotoando-a e depois tirando-a, deixando-o apenas com uma cueca samba canção. Ele sorriu junto aos lábios dela quando sentiu as mãos da mulher se fecharem sobre seu traseiro, na tentativa de trazê-lo mais para próximo de seu corpo.

Foi então que ele não resistiu mais à aproximação do corpo dela, e muito menos ao toque e à respiração dela junto à sua. Tudo aquilo era grandioso demais para que ele pudesse suportar por muito mais tempo. Sendo assim, ele tirou a camisola dela, e a calcinha em seguida, e ele fez o mesmo com a sua cueca samba canção...

-Eu também te amo, meu amor...- ela ofegou, sentindo finalmente, ele unir-se a ela.

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Tiago virou-se para Lilly na cama. Ela dormia tranqüilamente, parecendo um anjo ruivo, que provavelmente estava tendo um sonho maravilhoso. Ele retirou algumas mechas vermelhas de sobre o rosto dela, para que pudesse admirar as suas feições. Ele nunca imaginara ser capaz de amar tanto uma mulher como amava aquela ali à sua frente...

Harry brincava insistentemente com o indicador do pai, por vezes levando-o à boca. Tiago notara que aquela idade, pouco mais de um ano e meio, era a época em que os bebês levavam tudo à boca. E ele realmente acreditava que tudo significava tudo mesmo.

Sirius o deixara de volta em casa cerca de uma hora antes, quando Lilly tinha acabado de dormir. E Tiago não teve coragem de acordar a mulher para que ela recebesse o filho.

-Mamã?- Harry apontou para a mãe.

-Ela está bem agora, Harry.- Tiago passou a mão nos cabelos do filho, bagunçando-os. O bebê sorriu e falou, novamente:

-Mamã?- o pai sorriu.

-É, Harry, é a mamãe. Ela não é linda?- Harry apenas sorriu- Agora diga, Harry: pa-pai.- e apontou para o próprio corpo.

-Mamã?- o bebê virou-se para a mãe e aproximou-se. Ele ficou a admirá-la por algum tempo, até que resolveu dar um beijo estalado na bochecha dela. Lilly abriu os olhos vagarosamente, encontrando os do filho fixos nela.

-Oi, meu amorzinho...- ela sorriu para o filho e recebeu uma gargalhada de volta.

-Mamã?

-Tem meia hora que ele só fala isso, Lilly...

-Mamã?- Harry repetiu, subindo no colo da mãe.

-Eu estou com fome...- ela falou, sorrindo para o marido.

Tiago levantou-se e ajudou Lilly a fazer o mesmo. Então, os três desceram até a cozinha, onde Tiago preparou um gostoso chocolate quente com chantilly e canela, acompanhado de um bom pedaço de bolo de chocolate com pimenta.

Logo depois os três foram para a sala, onde ficaram próximos à lareira, esquentando-se do frio de final de inverno e início de primavera. Ficaram ali até escurecer.

Ao longe, do lado de fora, eles puderam ouvir o tempo mudar bruscamente. Trovões podiam ser ouvidos, o vento zumbia forte e batia as janelas abertas do andar de cima... Harry começava a ficar assustado e já choramingava baixinho no colo da mãe.

-Lilly...- Tiago olhou para a mulher, fitando seus olhos verde-esmeralda, e logo depois admirando todo o seu rosto. Sem aviso prévio ele ao beijou, de um modo apressado e receoso. Harry, agora, chorava abertamente- ...vai lá pra cima...- ele deu um longo suspiro, sentindo uma lágrima brotar em seus olhos.

Não, ele não choraria naquele momento. Tiago Potter nunca chorara na frente de ninguém, nunca demonstrara suas fraquezas nem a Sirius, que sempre fora seu melhor amigo... e não seria naquele momento que ele deixaria que sua mulher e seu filho vissem que ele também tinha medos, ou melhor, que ele estava com medo, talvez tanto medo quanto Lilly estivera antes...

-Meu amor...- Tiago não se controlou e deixou que as lágrimas escorressem pelo seu rosto. Lilly assustou-se- ...saiba que eu te amo, Lilly... para sempre... – e, nesse momento, a porta da sala se abriu com violência, segundos depois um homem encapuzado entrou, com uma varinha negra em punho- FUJA, LILLY! TIRA O HARRY DAQUI!

Lilly olhou de Tiago para o bruxo que acabara de entrar. Ela sabia quem era, claro. Reconheceria os olhos vermelhos de Voldemort mesmo se ficasse sem vê-los durante mil anos...

-FOGE, LILLY! EU O ATRASO! FOGE!- Tiago gritou, pondo-se entre o bruxo e a mulher, que segurava um Harry assustado nos braços.

Lilly correu até o pé da escada, mas ainda virou-se para ver o que acontecia na sala. Tiago ainda mantinha-se de pé na frente de Voldemort, resistindo bravamente a uma maldição Cruciatus.

-VOCÊ...- ela ouviu a voz do marido, quase sumindo- ...NUNca... vai... vencer... uma... lenda...

-ASNEIRAS!- a voz de Voldemort bradou, ecoando pelas paredes, assustando ainda mais Lilly e Harry.

-TIAGO!- ela gritou, ao que o marido olhou para ela e deu um breve sorriso.

-Lilly... sai daqui...AGORA!- ele gritou a última palavra, encontrando forças de lugar nenhum- ESTRONDO!- a parede que separava a sala da escada desabou, e Lilly não pôde ver mais nada. Apenas o que ouviu foi Voldemort gritar:

-AVADA KEDAVRA!

Lilly correu escada acima, adentrando o quarto do casal. Ela olhou rapidamente para a flor acima do criado-mudo: havia um brilho como nenhum outro, jamais visto por qualquer ser humano. Tiago não poderia estar morto. Não como aquele lírio com um brilho tão intenso...

O som de tijolos sendo lançados contra paredes fez Lilly voltar sua atenção ao que acontecia no andar de baixo. Agora ela não conseguia controlar o medo que sentia. Harry, em seus braços, chorava como nunca, e aquilo a assustava ainda mais.

A única coisa em que Lilly pensava era em salvar Harry. Não, não importava se ela sairia viva ou não daquele ataque. Contanto que seu filho sobrevivesse, tudo estaria perfeito.

Ela podia ouvir os passos próximos de Voldemort. e a voz maléfica dele ainda ecoava pelas paredes da casa, dando um aspecto ainda mais mórbido àquela cena. E então ele entrou no quarto e viu Lilly e Harry.

-Dê-me a criança!- ele ordenou.

-NUNCA!- ela gritou, com uma coragem que assustou até a ela mesma. A gargalhada malvada do bruxo ecoou novamente.

-TROUXA INÚTIL! NÃO VÊ QUE NÃO HÁ SAÍDA? DÊ-ME A CRIANÇA E VOCÊ SAI VIVA!

-PARA LEVAR O HARRY VOCÊ TERÁ QUE ME MATAR PRIMEIRO, VOLDEMORT!

-E AINDA SE ATREVE A DIZER MEU NOME?- Lilly abraçou-se mais ao filho, protegendo-o ao máximo. Ela olhou de Voldemort para o lírio, que ainda brilhava como nunca- SEU MARIDO ESTÁ MORTO, NÃO HÁ CHANCES PARA VOCÊ, SANGUE-RUIM! ENTREGUE-ME A CRIANÇA!

-NUNCA!- ela gritou ainda mais alto, de modo que uma das janelas do quarto e a cúpula de vidro que protegia o lírio se quebrassem.

-SE ASSIM QUER, ASSIM SERÁ!

Lilly fechou os olhos. Seus pensamentos estavam fixos no amor que tinha por seu filho e seu marido. O brilho do lírio se misturava a tais pensamentos, como se os encobrisse.

-Por você, Harry...- ela sussurrou, antes de ouvir:

-AVADA KEDAVRA!

Um brilho prateado se misturou ao verde do feitiço. Todo o quarto foi encoberto por uma luz branca por alguns instantes. Quando esta cessou, Voldemort viu o corpo de Lilly estendido no chão, ainda abraçando o filho, que agora estava sentado e já não parecia tão assustado.

-O último dos Potter...- Voldemort deu uma última gargalhada, dessa vez parecendo triunfante, e apontou a varinha diretamente no peito do bebê- AVADA KEDAVRA!

Uma luz verde e intensa se apossou do quarto rapidamente e, na mesma velocidade com que aparecera, se fora. E foi então que tudo se apagou. Apenas o que restara era um lírio, cujo brilho intenso era ofuscado pelos tijolos caídos em cima dele...

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Vários anos se passaram. A antiga casa dos Potter, àquela época, não passava de um casarão mal assombrado, em cujo terreno jaziam flores mortas e arbustos sombrios. Pouquíssimas pessoas se atreviam a ultrapassar a velha cerca com a convincente placa ‘Afaste-se!’.

Porém, ainda havia pessoas corajosas o suficiente para explorar aquelas redondezas. Uma dessas pessoas, um homem, aparentemente jovem, andava solitário pelas antigas passarelas sobre o pequeno lago do terreno.

Era noite, e o homem era munido apenas de sua varinha, acesa pelo Lumus Intense. Ele olhou ao redor, vendo se aquela casa ainda poderia ser reerguida. Não, provavelmente uma nova estrutura só poderia ser construída se pusessem toda a velha abaixo.

Ele chegou até onde havia os destroços da casa principal. Apenas a entrada principal ainda estava integralmente de pé. Todo o resto da estrutura estava seriamente comprometido, e o segundo andar fora abaixo há vários anos.

Ele olhou novamente ao redor, verificando se havia algo mais do que destroços naquela parte do território. Algo entre os tijolos caídos chamou sua atenção. Havia um brilho intenso...

-Wingardium Leviosa!- vários tijolos voaram, e o brilho se intensificou. O homem aproximou-se e viu, caído entre os destroços, um pequeno lírio brilhante. Ele sorriu, satisfeito, certificando-se de que a lenda era realmente verdadeira.

O homem abaixou-se e apanhou o lírio. Ele era realmente perfeito. Mais do que isso: era eterno.

----FIM---

N/Rbc: este final sempre me faz chorar.... espero que tenham gostado!

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