Capítulo 26



N/A: 23:32, o último capítulo de Agora e Sempre foi postado!

Capítulo Vinte e Seis

Hermione empalideceu e segurou o encosto da cadeira, buscando equilíbrio.
— Devo mandá-lo entrar?
Ela assentiu, tentando controlar a violenta onda de ressentimento que a invadiu ao se lembrar da rejeição fria de Draco. Rezou para ser capaz de encará-lo sem demonstrar o que sentia. Abalada demais pela própria reação, Hermione não percebeu a palidez mortal que tomou conta do semblante de Sirius, nem o viu se erguer lentamente da cadeira e encarar a porta, como quem estava prestes a enfrentar um pelotão de fuzilamento.
Um minuto depois, Draco entrou no salão com passos firmes e aquele rosto sorridente, tão familiar, que fez o coração de Hermione se rebelar contra tamanha traição.
Draco parou diante dela, examinando a jovem bonita e elegante a sua frente.
— Mione — murmurou, fitando-a nos olhos. Então, tomou-a nos braços e enterrou o rosto em seus cabelos. — Já havia me esquecido de quanto você é linda! — sussurrou, apertando-a contra si.
— Isso é óbvio! — Hermione retrucou, recuperando-se do choque e empurrando Draco. Fitou-o com olhar faiscante, indignada com a audácia dele em ir até lá e, pior, abraçá-la com paixão que jamais demonstrara antes. — Aparentemente, você se esquece facilmente das pessoas — acusou.
Para sua surpresa, ele riu.
— Está zangada porque demorei duas semanas a mais para chegar aqui, além do que prometi na carta que lhe enviei, não é? — Sem esperar pela resposta, ele continuou: — Meu navio foi apanhado por uma tempestade, uma semana depois de zarpar, e tivemos de atracar em uma ilha, para os reparos necessários. — Passando um braço em torno dos ombros rígidos de Hermione, Draco virou-se para Sirius e estendeu a mão. — O senhor deve ser Sirius Potter. Não tenho palavras para agradecer-lhe por ter cuidado de Hermione até que eu pudesse vir buscá-la. É claro que pretendo reembolsar todas as despesas que teve com ela, inclusive o belíssimo vestido que está usando. — Então, virou-se para Hermione: — Detesto apressá-la, Mione, mas reservei passagens em um navio que parte dentro de dois dias. O capitão concordou em nos casar...
— Carta? — Hermione o interrompeu, sentindo-se atordoada. — Que carta? Não recebi nenhuma carta sua, desde que deixei a América.
— Escrevi várias — ele falou, franzindo o cenho. — Como expliquei na última delas, continuei escrevendo para você, na América, porque minha mãe não me mandou as suas cartas e eu não sabia que você estava na Inglaterra. Mione, expliquei tudo na última carta... aquela que enviei para a Inglaterra, por um mensageiro especial.
— Não recebi nenhuma carta! — ela persistiu, histérica.
A expressão de Draco se tornou sombria.
— Antes de partirmos, pretendo visitar uma certa firma em Londres, que recebeu uma pequena fortuna para garantir que minhas cartas fossem entregues em mãos a você e a seu primo, o duque. Quero ouvir as explicações que eles têm a dar!
— Vão dizer que entregaram as cartas a mim — Sirius declarou sem preâmbulos.
Desesperada, Hermione sacudiu a cabeça. Sua mente já reconhecia o que seu coração se recusava a admitir.
— Não, tio Sirius, o senhor não recebeu nenhuma carta. Está enganado. Está confuso por causa da carta que recebi da mãe de Draco, informando-me de que ele havia se casado.
Os olhos de Draco faiscaram de fúria quando ele reconheceu a culpa no semblante de Sirius. Então, segurou Hermione pelos ombros com firmeza.
— Mione, escute! Escrevi uma dúzia de cartas para você enquanto estive na Europa, mas enviei todas elas para a América. Só fiquei sabendo da morte de seus pais quando voltei para casa, há dois meses. Desde o dia em que eles morreram, minha mãe parou de me mandar as suas cartas. Quando cheguei em casa, ela me contou que seus pais tinham morrido e que você havia sido trazida para a Inglaterra por um primo rico que lhe propôs casamento. Também disse que não tinha idéia de onde, ou de como encontrá-la aqui. Conhecendo-a como conheço, eu sabia que você não me trocaria por outro homem, só por ele ser rico e possuir um título. Demorou um pouco, mas finalmente consegui localizar Dumbledore e ele me contou a verdade sobre sua vinda para cá e me deu o seu endereço. Quando informei a minha mãe sobre a minha decisão de vir buscar você, ela confessou o resto da farsa que havia armado. Contou sobre a carta que mandou a você, dizendo que eu tinha me casado com Pansy, na Suíça. Então, teve um de seus “ataques”. Infelizmente, esse foi verdadeiro. Como não poderia deixá-la à beira da morte, escrevi para você e para seu primo — lançou um olhar furioso para Sirius —, que por alguma razão não lhe falou das minhas cartas. Nelas, expliquei tudo o que havia acontecido e informei aos dois que viria, assim que fosse possível.
Sua voz se tornou mais suave quando ele segurou o rosto de Hermione entre as mãos.
— Mione — murmurou com um sorriso terno —, você é o amor da minha vida desde o dia em que a vi atravessando os campos, no pônei de Rushing River. Não me casei com ninguém, minha querida.
Hermione engoliu em seco, forçando a voz através do nó que se formara em sua garganta.
— Mas eu, sim.
Draco se afastou, chocado.
— O que disse?
— Eu disse — Hermione repetiu com dificuldade — que me casei.
O corpo de Draco se tornou tenso, como se ele estivesse lutando para suportar um golpe físico. Então, lançou um olhar de desprezo para Sirius.
— Com ele? Com esse velho? Você se vendeu por algumas jóias e vestidos?
— Não!
Sirius finalmente falou com voz desprovida de emoção, os ombros vergados:
— Hermione se casou com meu sobrinho.
— Seu filho! — Hermione corrigiu-o em tom de acusação.
Então, deu-lhe as costas, odiando Sirius por tê-la enganado e a Harry por ter colaborado com ele.
Draco voltou a segurá-la pelos ombros.
— Por quê? — inquiriu, angustiado. — Por quê?
— A culpa foi minha — Sirius declarou, lançando um olhar de súplica para Hermione. — Temi este momento desde que recebi as cartas do senhor Malfoy, mas é pior do que eu imaginava.
— Quando recebeu as cartas? — Hermione indagou, embora já soubesse a resposta, o que lhe partia o coração.
— Na noite do meu ataque.
— Do seu “suposto” ataque — ela voltou a corrigi-lo, a voz trêmula de amargura.
— Exatamente — Sirius confirmou, arrasado, antes de se virar para Draco: — Quando li sua carta, informando que viria tirar Hermione de nós, fiz a única coisa que me ocorreu. Fingi um ataque cardíaco e implorei que ela se casasse com meu filho, para que tivesse alguém que cuidasse dela.
— Seu bastardo! — Draco sibilou entre os dentes.
— Não espero que acredite em mim, mas eu acreditava, com toda a sinceridade, que Hermione e meu filho poderiam ser muito felizes juntos.
Draco voltou a encarar Hermione.
— Venha para casa comigo — implorou, desesperado. — Não podem obrigá-la a continuar casada com um homem a quem não ama. Deve ser ilegal... você foi coagida. Mione, por favor! Venha comigo e juro que encontrarei um meio de livrá-la desse compromisso. O navio parte em dois dias. Nós nos casaremos a bordo. Ninguém jamais saberá...
— Não posso! — as palavras deixaram os lábios de Hermione na forma de um sorriso atormentado.
— Por favor...
Com os olhos cheios de lágrimas, Hermione sacudiu a cabeça.
— Eu não posso — repetiu.
Draco respirou fundo e, lentamente, desviou o olhar.
A mão que Hermione lhe estendeu caiu inerte, enquanto ela o observava sair do salão, de sua casa, de sua vida.
Os minutos se arrastaram em silêncio constrangido. Hermione torceu as mãos, enquanto a imagem da expressão arrasada de Draco queimava-lhe o coração. Lembrou-se do que sentira ao saber que ele havia se casado, do desespero de ter de continuar vivendo, fingindo que sorria, enquanto, na verdade, morria por dentro.
De repente, a dor, e a raiva explodiram dentro dela e Hermione virou-se para Sirius, irada.
— Como pôde? — gritou. — Como pôde fazer uma coisa dessas a duas pessoas que jamais fizeram nada para magoá-lo? Viu a expressão no rosto dele? Tem idéia da mágoa que lhe causou?
— Sim — Sirius respondeu com um fio de voz.
— Faz idéia de como me sentia, todas aquelas semanas, quando acreditei que ele havia me traído e que eu não tinha mais ninguém no mundo? Pois eu me senti como uma mendiga na sua casa! Sabe como me senti, pensando que iria me casar com um homem que não me queria, porque eu não tinha escolha... — a voz ficou presa na garganta de Hermione e as lágrimas a impediram de ver a agonia que contorcia as feições de Sirius.
— Hermione, não culpe Harry por isso — ele implorou com voz estrangulada. — Ele não sabia que eu estava fingindo o ataque, nem sabia da carta...
— Está mentindo!
— Não! Eu juro!
Hermione ficou indignada com aquele último insulto a sua inteligência.
— Se pensa que vou acreditar em mais uma palavra que qualquer um de vocês dois diga... — parou de falar, com medo da palidez que se intensificou no rosto de Sirius, e saiu correndo do salão.
Subiu a escada depressa, sem enxergar os degraus, pois as lágrimas a impediam, e se fechou em seu quarto. Lá, manteve o corpo colado à porta e os dentes cerrados. O rosto de Draco, contorcido pela dor, voltou a sua mente. De olhos fechados, ela sentiu o coração doer de remorso.
“Você é o amor da minha vida desde o dia em que a vi atravessando os campos, no pônei de Rushing River...Mione, por favor! Venha para casa comigo...”
Hermione se deu conta de que não passava de uma marionete, manipulada por dois homens egoístas e sem coração. Todo aquele tempo, Harry soubera que Draco iria buscá-la, assim como sabia que Sirius estava jogando cartas, na noite do suposto ataque cardíaco.
Afastou-se da porta, tirou o vestido e apanhou um traje de montaria. Se ficasse naquela casa por mais de uma hora, enlouqueceria. Não poderia gritar para Sirius tudo o que sentia e pensava e arriscar-se a carregar a morte dele na consciência. E Harry... ele deveria chegar naquela mesma noite. Ela certamente enterraria uma faca em seu peito se o visse, naquele momento, pensou, histérica. Retirou a capa de lã branca do guarda-roupa e desceu a escada.
— Hermione, espere! — Sirius chamou ao vê-la correr para os fundos da casa.
Hermione deu meia-volta e o encarou, sentindo o corpo inteiro tremer.
— Fique longe de mim! — gritou. — Vou para Claremont. Vocês já cometeram erros demais!
— McLaggen! — Sirius saiu desesperado à procura do lacaio, quando Hermione saiu pela porta dos fundos.
— Pois não, alteza?
— Tenho certeza de que ouviu o que se passou no salão.
McLaggen balançou a cabeça com expressão amargurada, sem nem sequer pensar em negar que estivera ouvindo atrás das portas.
— Sabe cavalgar?
— Claro, mas...
— Vá atrás dela — Sirius ordenou, aflito. — Não sei se Hermione vai levar a carruagem ou um cavalo, mas vá atrás dela. Ela gosta muito de você e lhe dará ouvidos.
— Lady Hermione não deve estar disposta a dar ouvidos a ninguém e não posso culpá-la por isso.
— Esqueça isso, homem! Se ela se recusar a voltar para casa, siga-a até Claremont e garanta que ela chegue lá sã e salva. Claremont fica a vinte e cinco quilômetros daqui, seguindo pela estrada do rio.
— E se ela tomar o caminho para Londres e tentar partir com o cavalheiro americano?
Sirius passou a mão pelos cabelos e, então, sacudiu a cabeça.
— Ela não fará isso. Se pretendesse partir com ele, teria ido quando ele lhe pediu que o acompanhasse.
— Mas não sou tão hábil com um cavalo... não como lady Hermione.
— Ela não vai conseguir cavalgar em alta velocidade na escuridão. Agora, corra ao estábulo e siga-a!
Hermione já saía a galope, no dorso de Matador, com Wolf correndo a seu lado, quando McLaggen chegou ao estábulo.
— Espere, por favor! — ele gritou, mas Hermione não ouviu. — Sele o cavalo mais rápido que temos — ordenou ao cavalariço. — Depressa!
Aflito, observou a capa branca de Hermione desaparecer na curva da entrada de Gryffindor Park.
Hermione já havia cavalgado por cinco quilômetros, mantendo Matador em galope veloz, quando teve de puxar as rédeas, forçando o cavalo a diminuir a velocidade, por causa de Wolf. O cachorro galante corria a seu lado, a cabeça abaixada, disposto a segui-la, mesmo que para isso tivesse de morrer de cansaço. Esperou que ele recuperasse o fôlego e já estava pronta para partir a galope novamente, quando ouviu o som de cascos atrás de si, bem como o grito incompreensível de um homem.
Sem saber se estava sendo seguida por um assaltante de estrada, ou por Harry, que poderia ter chegado e decidido ir atrás dela, Hermione levou Matador para dentro do bosque e disparou em ziguezague, a fim de despistar quem quer que estivesse no seu encalço. O perseguidor também adentrou o bosque, continuando a perseguição, apesar dos esforços dela em confundi-lo.
Pânico e fúria apertavam-lhe o peito quando Hermione voltou para a estrada. Se seu perseguidor fosse Harry, ela preferiria morrer a permitir que ele a alcançasse. Ele a fizera de boba muitas vezes. Não, não podia ser Harry! Hermione não passara por nenhuma carruagem, desde que deixara Gryffindor Park.
Sua raiva se dissolveu no mais puro terror. Estava se aproximando do mesmo rio onde uma garota fora encontrada morta, em circunstâncias misteriosas. Lembrou-se das histórias contadas pelo vigário sobre bandidos sedentos de sangue que atacavam viajantes solitários e lançou um olhar aterrorizado por cima do ombro, quando atravessava a ponte sobre o rio. Viu que seu perseguidor encontrava-se fora de vista, mas podia ouvi-lo aproximando-se. Era como se uma luz o guiasse para ela... A capa! A capa de lã branca esvoaçava as suas costas, transformando-a em alvo fácil na escuridão.
A sua direita, uma trilha acompanhava a margem do rio, enquanto a estrada continuava à frente. Hermione puxou as rédeas do cavalo, obrigando-o a empinar e parar. Saltou da sela e tirou a capa, rezando para que o seu plano desse resultado. Então, atirou a capa sobre a sela e atingiu Matador no flanco, com seu chicote, fazendo-o seguir pela trilha ao longo do rio. Com Wolf a seu lado, correu para o bosque e se agachou atrás dos arbustos, com o coração aos saltos. Um minuto depois, ouviu os cascos do cavalo de seu perseguidor cruzarem a ponte. Espiou por entre os arbustos e o viu virar à direita e seguir pela trilha, mas não conseguiu ver seu rosto.
Também não viu Matador diminuir a velocidade e, então, parar para beber água no rio. Nem viu a capa cair da sela e ser levada pela correnteza, até enroscar em galhos secos próximos à margem.
Hermione não viu nada disso, pois já corria pelo bosque, seguindo paralelamente à estrada, satisfeita consigo mesma por ter despistado o bandido, usando um dos truques que Rushing River havia lhe ensinado. Para despistar um perseguidor, bastava mandar o cavalo em uma direção e correr em outra. A capa na sela fora um improviso genial de Hermione.
McLaggen puxou as rédeas de seu cavalo ao avistar Matador, sozinho, na margem do rio. Agitado, olhou em volta, à procura de algum sinal de Hermione, achando que o cavalo poderia tê-la atirado no chão, perto dali.
— Lady Hermione! — gritou, estreitando os olhos na direção do bosque e, então, do rio, onde finalmente avistou a capa que flutuava, presa a alguns galhos secos. — Lady Hermione! — repetiu, aterrorizado, e desmontou apressado. — O maldito cavalo a atirou no rio! — murmurou consigo mesmo, enquanto arrancava o paletó e as botas, antes de se lançar na água e mergulhar. — Lady Hermione! — gritou mais uma vez ao emergir, para mergulhar novamente.


A mansão estava toda iluminada quando a carruagem de Harry parou diante da entrada. Ansioso para ver Hermione, ele subiu os degraus em disparada.
— Boa noite, Slughorn! — cumprimentou o mordomo com um sorriso, deu-lhe um tapinha no ombro e lhe entregou sua capa. — Onde está minha esposa? Todos já jantaram? Estou atrasado porque uma roda da carruagem quebrou.
O rosto de Slughorn parecia uma máscara e sua voz não passava de um sussurro:
— O capitão Lupin está a sua espera no salão, milorde.
— O que há de errado com sua voz? — Harry perguntou de bom humor. — Se está com dor de garganta, fale com lady Hermione. Ela é ótima para resolver esse tipo de problema.
Slughorn engoliu em seco e não disse nada.
Lançando-lhe um olhar curioso, Harry virou-se e se encaminhou para o salão. Abriu a porta com um largo sorriso.
— Olá, Remus, onde está minha esposa? — Olhou em volta, esperando que Hermione se materializasse a sua frente, mas tudo o que viu foi a capa dela, pendurada no encosto de uma cadeira, com uma poça de água que pingava da bainha. — Desculpe as minhas maneiras, amigo — dirigiu-se a Lupin —, mas não vejo Hermione há dias. Deixe-me encontrá-la e, então, prometo me sentar e ter uma longa conversa com você. Ela deve estar lá em...
— Harry — Remus o interrompeu com voz tensa. — Houve um acidente...
A lembrança de uma noite como aquela atravessou a mente de Harry: uma noite em que ele chegara ansioso para ver o filho e Slughorn agira de maneira estranha; uma noite em que Remus Lupin estivera a sua espera naquele mesmo salão. Como se quisesse afastar o terror e a dor que já o invadiam, ele recuou, sacudindo a cabeça.
— Não! — murmurou baixinho, para então gritar a plenos pulmões: — Não me diga...!
— Harry...
— Não se atreva a me dizer isso! — ele gritou em agonia.
Remus falou, mas Harry virou o rosto, sem querer olhar a expressão atormentada do amigo.
— O cavalo a atirou no rio, há uns vinte e cinco quilômetros daqui. McLaggen mergulhou diversas vezes, mas não conseguiu encontrá-la. Ele...
— Saia — Harry ordenou com um fio de voz.
— Sinto muito, Harry, mais do que posso dizer.
— Saia!
Quando Remus Lupin saiu, Harry estendeu o braço e agarrou a capa, puxando-a para si. Afundou o rosto na lã encharcada, invadido por ondas de dor lancinantes, que explodiram em uma torrente de lágrimas que ele se julgara incapaz de derramar.
— Não — soluçou, enlouquecido de agonia.
Então, gritou a negativa repetidas vezes, até não ter mais voz.


— Ora, minha querida — a duquesa de Claremont murmurou com um tapinha no ombro da bisneta. — Meu coração se parte ao vê-la tão arrasada.
Hermione continuou olhando pela janela, para o jardim bem cuidado, sem dizer nada.
— Mal posso acreditar que seu marido ainda não tenha vindo se desculpar pela farsa encenada por ele e Grimmauld — a duquesa continuou, irritada. — Talvez ele não tenha chegado de viagem há duas noites, como era esperado. — Inquieta, caminhou pelo salão, apoiando-se na bengala e lançando olhares ansiosos para a janela, como se também esperasse que Harry Potter chegasse a qualquer momento. — Quando ele finalmente aparecer, terei grande prazer em ver você obrigá-lo a se ajoelhar a seus pés!
Um sorriso maroto, embora triste, curvou os lábios de Hermione.
— Vai se decepcionar vovó, pois garanto que Harry não fará isso. É mais provável que entre e me beije e... e...
— E a seduza para fazê-la voltar para casa? — a duquesa completou.
— Exatamente.
— E acha que ele pode conseguir isso?
Hermione suspirou, virou-se e se apoiou no batente da janela. Então, passou os braços em torno do próprio corpo.
— Provavelmente.
— Bem, com certeza ele está esperando você se acalmar, para aparecer. Tem certeza de que ele sabia das cartas de Malfoy? Se sabia, foi mesmo uma total falta de princípios não contar a você.
— Harry não tem princípios — Hermione falou com raiva. — Ele não acredita nessas coisas.
A duquesa voltou a andar pelo salão, mas parou ao se aproximar de Wolf, deitado diante da lareira. Ela estremeceu e mudou de direção.
— Não sei que pecado cometi para merecer ter um animal feroz como hóspede — queixou-se.
Hermione riu.
— Quer que eu o mantenha acorrentado, lá fora?
— Não! Ele arrancou um pedaço da calça de Michaelson, quando o pobre criado tentou alimentá-lo, pela manhã!
— Ele não confia nos homens.
— É um animal muito sábio, embora seja feio.
— Acho que ele tem uma beleza selvagem e predatória — como Harry, Hermione pensou, tratando de afastar o pensamento depressa.
— Antes que eu mandasse Ginny para a França, ela já havia adotado dois gatos e uma andorinha com a asa quebrada. Eu também não gostava deles, mas eles ao menos não me observavam com desconfiança, como este cachorro faz. Acredite, ele tem planos de me comer. Neste exato momento, ele está ansioso para saber que gosto tenho.
— Ele está observando a senhora porque pensa que a está protegendo — Hermione explicou.
— Está me protegendo para a próxima refeição! Não, não — a duquesa ergueu uma das mãos em protesto, quando Hermione se adiantou para Wolf, na intenção de levá-lo para fora. — Eu lhe imploro que não ponha meus criados em risco. Além do mais, não me sinto tão segura nesta casa, desde que seu bisavô era vivo — admitiu com certa relutância.
— Realmente, não precisa se preocupar com ladrões — Hermione concordou, voltando a olhar pela janela.
— Ladrões? Ninguém se atreveria a entrar neste salão!
Hermione permaneceu diante da janela por alguns minutos e, então, foi apanhar um livro que deixara sobre a mesa.
— Sente-se, Hermione, ou vamos acabar nos chocando uma contra a outra! O que pode estar fazendo aquele seu marido lindo demorar tanto para aparecer?
— É bom que Harry não tenha vindo até agora — Hermione falou, sentando-se em uma poltrona. — Só agora estou começando a me acalmar.
A duquesa tomou o lugar da bisneta diante da janela.
— Acredita que ele a ama?
— Eu achava que sim.
— Ora, é claro que ele a ama! — a duquesa afirmou, convicta. — Todos em Londres só falam nisso. O homem está apaixonado por você. Sem dúvida, foi por isso que ele colaborou com a farsa de Grimmauld, e não lhe contou sobre as cartas de Draco. Na primeira oportunidade, direi a Grimmauld o que penso de sua atitude! Embora — acrescentou, sem desviar os olhos da janela —, eu provavelmente tivesse feito o mesmo, diante das circunstâncias.
— Não acredito!
— É claro que eu faria. Se tivesse de escolher entre deixar você se casar com um colono que não conheço e no qual não confio, e vê-la casada com o melhor partido da Inglaterra, um homem de riqueza, título e beleza, eu teria feito o mesmo que Grimmauld fez.
Hermione achou melhor não comentar que fora exatamente essa linha de pensamento que fizera de sua mãe e Sirius duas pessoas tão infelizes.
A duquesa empertigou-se.
— Tem certeza que deseja retornar a Gryffindor?
— Nunca tive a intenção de partir em caráter permanente. Acho que só queria punir Harry pelo modo como Draco foi forçado a saber que eu tinha me casado. Se a senhora tivesse visto a expressão no rosto dele, compreenderia os meus sentimentos. Fomos os melhores amigos, quando éramos crianças. Draco me ensinou a nadar, atirar e jogar cartas. Além disso, fiquei furiosa com Harry e Sirius por terem me usado como um brinquedo, um objeto sem sentimentos, nem importância. A senhora não faz idéia de quanto me senti infeliz e sozinha, durante muito tempo, pensando que Draco havia me esquecido.
— Bem, minha querida — a duquesa falou, pensativa — , acho que não vai ficar sozinha por muito tempo. Seu marido acaba de chegar... não, espere... ele mandou um emissário! Quem é aquele homem?
— Hermione correu para a janela.
— Ora, é o capitão Lupin, um grande amigo de Harry.
— Ah! Ele mandou outro em seu lugar! Eu jamais esperaria uma atitude como essa de Gryffindor! — Virou-se para Hermione com expressão de urgência: — Esconda-se no salão menor e não apareça aqui, antes que eu mande chamá-la.
— O quê? Não, vovó!
— Sim! Agora! Se Gryffindor pretende tratar a situação como se fosse um duelo, mandando um emissário para negociar os termos, que seja feita a sua vontade! Serei a sua emissária. E prometo não ceder um milímetro!
Hermione obedeceu com relutância, mas não permitiria que o capitão Lupin fosse embora sem falar com ela. Decidiu que se sua bisavó não mandasse chamá-la dentro de cinco minutos, ela voltaria ao salão.
Três minutos depois, as portas do salão menor se abriram e a duquesa ficou olhando fixamente para Hermione, com um misto de choque, divertimento e horror.
— Minha querida — falou —, ao que parece, você conseguiu, sem querer, deixar Gryffindor de joelhos.
— Onde está o capitão Lupin? — Hermione perguntou, aflita. — Ele já foi embora?
— Não, está no salão. O cavalheiro está sentado no sofá, esperando pelo chá que eu, generosamente, ofereci. Deve me considerar a criatura mais insensível da face da Terra, pois quando me deu as notícias que trouxe, fiquei tão atordoada que lhe ofereci chá, em vez de condolências.
— Vovó! Não está dizendo coisa com coisa! Harry mandou o capitão Lupin para me pedir que volte para casa? É por isso que ele está aqui?
— Definitivamente, não. Sirius Potter o mandou com a triste notícia do seu falecimento.
— Meu o quê?
— Você se afogou — a duquesa explicou com objetividade. — No rio. Ao menos, parece que a sua capa de lã branca se afogou no rio. — Olhou para Wolf. — Esta fera deve ter fugido pelo bosque, onde vivia, antes de você domesticá-lo. Os criados estão de luto, Sirius está acamado, merecidamente, e seu marido se trancou em seu escritório e não permite a entrada de ninguém.
Hermione foi tomada por uma forte vertigem, mas tratou de se controlar e saiu correndo.
— Hermione! — a duquesa chamou, tentando seguir a bisneta e Wolf.
Hermione abriu a porta do salão e gritou:
— Capitão Lupin!
Ele ergueu a cabeça e olhou para Hermione como se estivesse vendo um fantasma. Então, baixou os olhos para a outra “aparição” que derrapou nas quatro patas, antes de parar ao lado dela, rosnando para o capitão.
— Capitão, eu não sabia — Hermione declarou, chocada pelo modo como ele a fitava. — Wolf, quieto!
Lupin se levantou devagar. Em seu semblante, a incredulidade deu lugar à alegria e, então, à fúria.
— Isso é brincadeira que se faça, menina? Seu marido está à beira da loucura...
— Capitão Lupin! — a duquesa chamou com sua voz imperiosa. — Trate de baixar a voz quando se dirigir a minha bisneta. Ela não sabia, até este momento, que Gryffindor ignorava o fato de ela estar aqui, como deixou claro, antes de partir.
— Mas a capa...
— Eu estava sendo seguida por alguém e achei que poderia ser um dos ladrões que o senhor mencionou. Então, atirei a capa sobre a sela do meu cavalo e mandei-o pela trilha ao longo do rio, achando que isso o despistaria.
Lupin sacudiu a cabeça.
— Quem a perseguia era McLaggen, que quase se afogou, tentando encontrá-la no rio, onde avistou a sua capa.
Hermione fechou os olhos, invadida pelo remorso. Então, voltou a abri-los e, frenética, abraçou a bisavó, falando apressada:
— Vovó, obrigada por tudo. Preciso partir. Vou para casa...
— Não vai a lugar nenhum sem mim! — a duquesa protestou com um sorriso. — Em primeiro lugar, eu não perderia a sua chegada em casa por nada. Não vivo uma aventura como essa desde... ora, não vem ao caso.
— Pode me seguir de carruagem, mas irei a cavalo. É mais rápido — Hermione declarou.
— Irá comigo, na carruagem — a duquesa ordenou. — Acho que não lhe ocorreu que, assim que se recuperar do choque e da alegria, seu marido vai reagir exatamente como esse seu emissário mal-educado! — Lançou um olhar de reprovação para Lupin, antes de continuar: — Exceto por reagir com maior violência. Resumindo, querida, depois de beijá-la, o que tenho certeza de ele vai fazer, é provável que tente matá-la, por pensar que tudo não passou de uma brincadeira monstruosa de sua parte. Por isso, devo estar por perto, a fim de socorrê-la e confirmar a sua explicação. — Batendo a bengala no chão, chamou o mordomo: — Norton! Mande atrelar os cavalos imediatamente!
Virou-se para o capitão Lupin e, em aparente mudança de sua opinião sobre ele, declarou:
— Pode vir conosco, em nossa carruagem... — Então, arruinou qualquer ilusão de que o havia perdoado, acrescentando: — ... para que eu possa ficar de olho em você. Não vou me arriscar a deixar que Gryffindor seja informado da nossa chegada com antecedência e esteja esperando por nós, furioso.


O coração de Hermione batia descompassado quando a carruagem finalmente parou diante da mansão, em Gryffindor, pouco depois do anoitecer. Nenhum lacaio se apresentou para abrir a porta da carruagem e apenas algumas das inúmeras janelas se apresentavam iluminadas. O lugar parecia deserto, Hermione pensou e, com horror, avistou as faixas negras nas janelas e na porta.
— Harry detesta qualquer manifestação de luto — falou, aflita, abrindo ela mesma a porta da carruagem. — Mande Slughorn tirar aquelas faixas!
Quebrando o seu silêncio ressentido pela primeira vez, Lupin segurou-a pelo braço e informou em voz gentil:
— Foi Harry quem mandou colocá-las, Hermione. Ele está enlouquecido de tristeza. Sua bisavó tem razão. Não sei como ele pode reagir ao vê-la.
Não importava a Hermione o que Harry pudesse fazer, desde que soubesse que ela estava viva. Saltou da carruagem, deixando o capitão para ajudar sua avó a sair. Então, subiu os degraus correndo. Como a porta estivesse trancada, bateu com violência. Depois do que lhe pareceu uma eternidade, Slughorn abriu a porta devagar.
— Slughorn! Onde está Harry?
O mordomo se limitou a fitá-la, piscando diversas vezes.
— Por favor, não olhe para mim como se eu fosse um fantasma. Tudo não passou de um mal-entendido. Slughorn, não estou morta! — Hermione afirmou, pousando a mão no braço dele.
— Ele... ele.. — um sorriso repentino iluminou as feições do mordomo. — Ele está no escritório, milady, e não tenho palavras para dizer como estou feliz e...
Hermione já não ouvia, pois corria na direção do escritório de Harry.
— Hermione? Sirius gritou do topo da escada. — Hermione!
— Vovó lhe explicará tudo, tio Sirius — ela falou, apressada.
Ao chegar ao escritório, pousou a mão no trinco da porta, momentaneamente paralisada pela enormidade do desastre que havia provocado. Então, respirou fundo e entrou, fechando a porta atrás de si.
Harry estava sentado em uma poltrona, perto da janela, os cotovelos apoiados nos joelhos e o rosto escondido nas mãos. Na mesa a seu lado, encontravam-se duas garrafas vazias de uísque e a pantera de ônix que Hermione lhe dera.
Hermione engoliu o nó na garganta e se aproximou.
— Harry — chamou com voz suave.
Ele ergueu a cabeça devagar e, com as feições contorcidas pela dor, olhou através dela, como se ela fosse uma aparição.
— Mione — murmurou, angustiado.
Ela ficou petrificada ao vê-lo apoiar a cabeça na poltrona e fechar os olhos.
— Harry, olhe para mim — pediu, aflita.
— Posso ver você, querida — ele falou, sem abrir os olhos. Então, pousou a mão sobre a pantera. — Converse comigo — suplicou. — Nunca pare de conversar comigo, Mione. Não me importo de ficar louco, desde que possa ouvir sua voz.
— Harry! — Hermione gritou, correndo para ele e segurando-lhe os ombros. — Abra os olhos. Não estou morta. Eu não me afoguei! Está me ouvindo?
Ele abriu os olhos, mas continuou a falar como se ela fosse um mero produto de sua imaginação, ao qual ele precisava desesperadamente dar uma explicação.
— Eu não sabia da cartas de Draco. Agora você sabe disso, não sabe, querida? Você tem de saber... — De repente, ele ergueu os olhos para o teto e arqueou o corpo, como se possuído por uma dor insuportável. — Diga a ela! Por favor, diga a ela que eu não sabia das cartas!
Hermione recuou, em pânico.
— Harry pense! Sei nadar como um peixe, lembra-se? Eu percebi que alguém estava me seguindo, mas não sabia que era McLaggen. Achei que era um ladrão e, por isso, tirei a capa e a coloquei na sela do meu cavalo. Então, fui a pé até a casa de minha bisavó e... Ah, meu Deus!
Desesperada, Hermione olhou a volta, pensando no que poderia fazer. Então, correu até a escrivaninha de Harry e acendeu o lampião. Depois, acendeu as velas sobre a lareira e... Um par de mãos fortes seguraram seus ombros e a forçaram a virar-se, dando de encontro com o peito largo de Harry. Ela reconheceu o retorno da sanidade nos olhos do marido, antes que ele a beijasse com ardor, deslizando as mãos urgentes por suas costas e quadris, apertando-a contra si, como se quisesse absorvê-la em seu próprio corpo. Hermione passou os braços em torno do pescoço de seu marido, estremecendo de prazer.
Um longo momento depois, Harry descolou os lábios dos dela, desenroscou os braços que o enlaçavam e fitou-a nos olhos. Imediatamente, Hermione recuou um passo, reconhecendo a fúria naqueles magníficos olhos verdes.
— Agora que está tudo esclarecido — ele falou com sua voz enganosamente calma —, vou surrá-la até você não poder se sentar.
Um som que era um misto de riso e alarme escapou da garganta de Hermione e ela pulou para trás, no momento em que Harry estendeu a mão para agarrá-la.
— Não vai, não — Hermione declarou com voz trêmula, tão feliz por vê-lo de volta ao seu normal, que não conseguia deixar de sorrir.
— Quanto quer apostar? — ele indagou, avançando lentamente na direção dela.
— Não muito — Hermione respondeu, colocando-se atrás da escrivaninha.
— E, quando terminar, vou acorrentá-la ao meu lado.
— Isso, você pode fazer.
— E nunca mais vou deixar que saia de minhas vistas.
— Não posso culpá-lo por querer isso — ela admitiu, lançando um olhar rápido para a porta.
— Nem pense nisso — ele advertiu.
Ignorando a advertência, Hermione se lançou para a porta. Um sentimento de profunda felicidade, misturado a um forte senso de autopreservação fez com que ela segurasse a saia e corresse para a escada. Harry a seguiu com suas passadas largas, quase alcançando-a, mesmo sem correr.
Rindo alto, ela percorreu o corredor em disparada, passando por Sirius, Lupin e sua bisavó, que haviam saído do salão, a fim de assistir ao espetáculo de perto.
Hermione continuou correndo até chegar à metade da escada. Então, virou-se e continuou subindo, degrau por degrau, de costas, os olhos fixos em Harry, que avançava sem pressa para ela.
— Harry, por favor, seja razoável — pediu, embora continuasse sorrindo.
— Continue subindo, minha querida. Está indo na direção certa. Pode escolher: seu quarto ou o meu.
Hermione deu meia-volta e correu para o seu quarto. Já estava no meio da suíte, quando Harry abriu a porta, entrou e então, voltou a fechar a porta e trancá-la.
Hermione o encarou com olhos repletos de amor e apreensão.
— Agora, meu anjo — ele murmurou, atento para a direção que ela tomaria.
Ela olhou para um lado e para o outro. Então, fitou o marido com olhos apaixonados e correu... diretamente para os braços dele.
Por um momento, Harry permaneceu imóvel, tentando controlar as emoções desenfreadas. De súbito, a tensão o abandonou e seus braços apertaram Hermione contra o seu corpo.
— Eu amo você — ele confessou mais uma vez. — Ah, como amo!

No hall de entrada, parados diante da escada, Sirius, o capitão Lupin e a duquesa sorriam, aliviados, quando constataram que o silêncio reinava lá em cima.
A duquesa foi a primeira a falar:
— Bem, Grimmauld, agora você sabe como é se meter na vida dos jovens aos seus cuidados, e suportar as conseqüências, como eu suportei todos esses anos.
— Preciso conversar com Hermione — ele disse, preocupado. — Tenho de explicar a ela que fiz o que fiz por acreditar que ela seria mais feliz com Harry.
Deu um passo na direção da escada, mas a duquesa o segurou.
— Não se atreva a interrompê-los! — ela ordenou com arrogância. — Estou ansiosa para ter um tataraneto e, ao menos que esteja redondamente enganada, é exatamente o que eles estão providenciando neste exato momento. — Então, acrescentou, magnânima: — Mas aceito sua oferta de uma dose de licor.
Sirius estudou a mulher que ele odiara por mais de duas décadas. Ele sofrera as conseqüências de seus atos por apenas dois dias. Ela sofrera por vinte e dois anos. Hesitante, ofereceu-lhe o braço. Por um longo momento, a duquesa olhou para o braço a sua frente, sabendo tratar-se de uma oferta de paz. Então, pousou a mão frágil sobre a dele.
— Grimmauld — declarou, enquanto ele a conduzia para o salão, a fim de lhe servir o licor que jamais lhe oferecera —, Ginny parece determinada a continuar solteira e seguir a carreira musical. Decidi que o melhor para ela seria se casar com Zabine e até já tenho um plano...

F I M

N/A: Que tristeza, acabou gente! Quero que vocês saibam q foi uma experiencia maravilhosa postar essa fic, e gostaria de agradecer a todos akeles q acompanharam! Continuem lendo minhas outras e fics e saibam q em breve posto outra!
Jéssica Malfoy

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