Capítulo 24



N/A: Gente, mil desculpas pela demora, mas acontece que o mês de Junho foi muito cheio pra mim. O batizado do meu afilhado, prova da UERJ, provas bimestrais, trabalhos, etc...
Mas agora fériasssss, vou me dedicar a fic que já está na reta final, só mais três capítulos, snif, snif. E pra quem naun viu, eu postei outra fic, tbm é baseada em um livro, mas vou tentar adaptar magia na fic beleza? Aí não fica tão UA, o primeiro capítulo dela sai amanhã. Agora, enjoy the chapter!

Capítulo Vinte e Quatro

— Bom dia, milady — Angelina cumprimentou com um largo sorriso.
Hermione rolou na cama de Harry com ar sonhador.
— Bom dia. Que horas são?
— Dez horas. Quer que eu lhe traga um robe? — a criada perguntou, lançando um olhar risonho para a confusão reveladora das roupas espalhadas pelo chão.
Hermione corou, mas se sentia lânguida demais, além de deliciosamente exausta, para ficar pouco mais que ligeiramente embaraçada por ter sido surpreendida na cama de Harry, totalmente nua. Haviam feito amor mais duas vezes, antes de adormecerem nos braços um do outro e, ainda, mais uma vez pela manhã.
— Não se incomode Angelina. Acho que vou dormir mais um pouco.
Assim que a criada saiu, Hermione virou-se de bruços e enterrou o rosto no travesseiro, com um sorriso nos lábios. Os membros da ton acreditavam que Harry era frio, cínico e cruel, pensou, divertida. Como ficariam surpresos se conhecessem o amante terno e apaixonado que ele era na cama. Talvez, isso nem fosse segredo, pensou, um pouco perturbada. Vira com os próprios olhos a cobiça nos olhares de tantas mulheres casadas que, como jamais poderiam desejá-lo para marido, só poderiam estar interessadas em tê-lo como amante.
Ao pensar nisso, lembrou-se das tantas vezes em que ouvira o nome de Harry ligado ao de mulheres casadas e bonitas, cujos maridos eram velhos e feios. E não havia a menor dúvida de que ele tivera muitas mulheres, antes dela. Afinal, Harry soubera exatamente como beijá-la e onde tocá-la, a fim de deixá-la louca de prazer.
Hermione tratou de afastar os pensamentos indignos da cabeça. Não importava quantas mulheres haviam desfrutado das delícias de fazer amor com Harry, pois dali por diante, ele era seu e somente seu. Seus olhos já voltavam a se fechar, quando ela finalmente notou a caixinha de veludo negro sobre a mesa de cabeceira. Sem maior interesse, estendeu o braço e abriu-a. Um magnífico colar de esmeraldas repousava em seu interior, acompanhado por um bilhete de Harry: ”Obrigado pela noite inesquecível”.
Hermione franziu o cenho. Desejava que ele não houvesse protestado ao ouvi-la dizer que o amava. Queria que ele tivesse dito que a amava também. E, mais que tudo, queria que ele parasse de dar jóias toda vez que ela o agradava. Aquele presente em particular parecia um pagamento por serviços prestados...
Hermione despertou com um sobressalto. Já era quase meio-dia e Harry dissera que sua reunião estaria terminada àquela hora. Ansiosa para vê-lo e desfrutar da intimidade daquele sorriso contagiante, escolheu um vestido lilás, de mangas compridas e bufantes, e aguardou com grande impaciência, enquanto Angelina penteava seus cabelos, entremeando os cabelos sedosos com fitas da cor do vestido.
Assim que se viu pronta, Hermione saiu apressada pelo corredor e, então, tratou de manter a compostura ao descer a escada. Slughorn sorriu, o que era um tanto incomum, quando Hermione o indagou do paradeiro de Harry. E, ao passar por McLaggen, a caminho do escritório, poderia jurar tê-lo visto piscar para ela. Ainda refletia sobre isso, quando bateu na porta do estúdio de Harry e entrou.
— Bom dia — cumprimentou-o com um sorriso. — Achei que gostaria de almoçar comigo, hoje.
Harry mal olhou para ela.
— Lamento muito, Hermione. Estou ocupado.
Sentindo-se como uma criança indesejada que acabara de ser posta em seu devido lugar, ela perguntou, hesitante.
— Harry, por que trabalha tanto?
— Gosto de trabalhar — ele repetiu a mesma resposta de sempre.
Era evidente que ele gostava mais do trabalho do que da companhia dela, Hermione concluiu, sabendo que o marido não precisava do dinheiro.
— Desculpe-me por tê-lo incomodado. Isso não voltará a acontecer.
Quando Hermione saiu, Harry chegou a abrir a boca para chamá-la e dizer-lhe que havia mudado de idéia. Porém, conteve o impulso. Queria almoçar com a esposa, mas sabia que não seria sensato passar muito tempo na companhia dela. Estava disposto a permitir que Hermione fosse uma parte agradável de sua vida, mas não deixaria que se tornasse o centro dela. Tal poder ele jamais daria a uma mulher.


Hermione riu quando o pequeno Billy sacou a espada de madeira, nos fundos do orfanato, e ordenou a outro garoto órfão que “pulasse da prancha”. Com o tapa-olho negro, o garotinho parecia mesmo um adorável pirata.
— Acha que o tapa-olho vai resolver o problema? — o vigário perguntou, parando ao lado de Hermione.
— Não tenho certeza. Meu pai ficou tão surpreso quanto todos nós, quando deu certo com o garoto lá na América. Papai aventou a hipótese de que a deficiência não estivesse no olho em si, mas nos músculos que controlam o seus movimentos. Se for assim, cobrindo-se o olho bom, os músculos do olho deficiente serão forçados a trabalhar e, como conseqüência, ficarão fortalecidos.
— Minha esposa e eu gostaríamos que nos desse a honra de sua companhia no jantar, depois da apresentação de marionetes que as crianças vão fazer. Também gostaria de dizer, milady, que as crianças deste orfanato são muito afortunadas por contarem com uma madrinha devotada e generosa como a senhora. Atrevo-me a dizer que não há na Inglaterra outro orfanato cujas crianças possuam melhores roupas e alimentação do que as nossas têm agora, graças a sua generosidade.
Hermione sorriu e abriu a boca para recusar gentilmente o convite, mas, então, mudou de idéia e decidiu aceitá-lo. Mandou uma das crianças mais velhas a Gryffindor, com um recado para Harry, avisando-o de que ela ficaria para jantar na casa do vigário. Então, encostou-se em uma árvore e ficou a observar as crianças, que ainda brincavam de pirata, perguntando-se como Harry reagiria a sua ausência naquela noite.
A verdade era que não teria meios de saber se ele se importava. A vida se tornara estranha e confusa. Além das jóias que Harry lhe dera antes, Hermione agora possuía um par de brincos e um bracelete de esmeraldas para combinar com o colar, outro par de brincos de brilhantes, um broche de rubis e um conjunto de grampos com brilhantes para enfeitar os cabelos; um presente para cada uma das cinco noites consecutivas em que haviam feito amor, desde aquela em que Hermione confessara estar tentando seduzi-lo.
Todas as noites, faziam amor com paixão. Pela manhã, Harry deixava uma jóia cara na mesa de cabeceira e, então, afastava-a da mente por completo, até se juntar a ela novamente, para jantarem juntos e irem para cama. Como resultado da maneira estranha com que vinha sendo tratada, Hermione estava desenvolvendo um profundo ressentimento contra Harry, além de grande aversão por jóias.
Talvez fosse mais fácil aceitar a atitude de Harry, se ele realmente passasse o tempo todo trabalhando, mas não era o que acontecia. Sobrava-lhe tempo para cavalgar com Ronald Weasley, para visitar o juiz e fazer todo tipo de coisas. Hermione só tinha direito a sua companhia na hora do jantar e, depois, na cama. A constatação de que seria a sua vida a deixou triste no início, mas logo a deixou furiosa. Agora, sua fúria lhe permitia estar longe de casa, de propósito, justamente na hora do jantar.
Era óbvio que Harry queria um casamento igual àqueles da ton. Hermione deveria ter a sua vida e Harry, a dele. Casais sofisticados não faziam coisas juntos, o que era considerado vulgar e comum. Também não declaravam seu amor um pelo outro, embora, nesse particular, Harry agisse de maneira muito estranha. Deixara claro que Hermione não deveria amá-lo e, ao mesmo tempo, fazia amor com ela todas as noites, durante horas, mergulhando-a no mais profundo e total prazer, até que ela perdia o controle e se declarava apaixonada por ele. Quanto mais ela se esforçava para conter as palavras “Eu o amo”, maior era o ardor de Harry, até que suas mãos, seus lábios, seu corpo febril extraíam dela a confissão. Somente então Harry a deixava finalmente desfrutar do êxtase glorioso que ele era capaz de lhe proporcionar, ou de lhe negar.
Era como se Harry quisesse, precisasse ouvir aquelas palavras de amor. Ainda assim, nem mesmo nos momentos de clímax, ele lhe dizia o mesmo. Hermione sentia o corpo e o coração escravizados por Harry. Ele a acorrentava com deliberação, inteligência, usando para isso aquele jogo de prazer. Por outro lado, continuava emocionalmente desligado dela.
Depois de viver assim por uma semana, Hermione estava determinada a forçá-lo, de alguma maneira, a sentir o mesmo que ela e admitir seus sentimentos. Ela o queria, ou melhor, não podia acreditar que Harry não a amava. Afinal, sentia a ternura de suas mãos e a paixão de seus lábios. Além do mais, se ele não queria o seu amor, por que insistia em forçá-la a dizer que o amava?
Tendo ouvido tudo o que o capitão Lupin lhe contara, não era difícil compreender por que Harry se recusava a confiar nela e lhe entregar seu coração. Porém, embora compreendesse, estava determinada a mudar aquela situação. O capitão afirmava, convicto, que Harry amaria uma única vez... para sempre. Hermione queria desesperadamente ser amada por ele. Talvez, se não estivesse sempre tão disponível para ele, Harry sentisse sua falta. E, quem sabe, até admitisse tal sentimento. Ao menos, era o que ela esperava quando escrevera o bilhete para informá-lo de que não jantaria em casa.
Hermione não conseguiu se concentrar nas marionetes, nem na conversa do vigário e sua esposa, durante o jantar. Não via a hora de chegar em casa e ver com os próprios olhos como Harry reagira a sua ausência. Apesar de seus protestos, o vigário acompanhou-a até Gryffindor, recitando no caminho todos os perigos que poderiam atingir uma mulher que se aventurasse sozinha pela estrada, à noite.
Com a mente repleta de fantasias sobre Harry se ajoelhando a seus pés e professando o seu amor por ela, pois sentira demais a sua falta no jantar, Hermione subiu correndo os degraus para a porta da frente da mansão.
Slughorn a informou que lorde Potter, ao saber da intenção da esposa de jantar fora, decidira visitar alguns vizinhos e ainda não retornara.
Profundamente frustrada, Hermione subiu para o seu quarto, tomou um longo banho e lavou os cabelos. Harry ainda não havia chegado quando ela terminou e, assim, Hermione se deitou em sua cama e, sem o menor interesse, pôs-se a folhear um jornal. Se Harry pretendia ensinar-lhe uma lição, não poderia ter encontrado maneira melhor, embora ela duvidasse que ele se desse a tamanho trabalho.
Já passava das onze quando Hermione, finalmente, o ouviu entrar no quarto. No mesmo instante, posicionou o jornal diante do rosto, como se fosse a leitura mais interessante do mundo. Poucos minutos depois, ele entrou no quarto dela. A camisa aberta até a cintura exibia parte do peito coberto de pêlos negros. Hermione sentiu a boca secar diante da exposição de tanta virilidade.
— Não jantou em casa, esta noite — Harry comentou com ar casual.
— Não — ela tentou soar casual também.
— Por quê?
— Gosto da companhia de outras pessoas, assim como você gosta do seu trabalho — ela respondeu com olhar inocente. — Achei que você não se importaria.
— E não me importei — Harry declarou, para decepção de Hermione, e, depois de dar um casto beijo na testa, voltou ao seu próprio quarto.
Olhando para o travesseiro vazio a seu lado, ela se recusou a acreditar que Harry realmente não se importava onde e com quem ela jantava. Também não queria acreditar que ele realmente pretendia dormir sozinho naquela noite. Assim, esperou acordada, mas Harry não se juntou a ela.
Sentia-se péssima, quando acordou na manhã seguinte, e ficou ainda pior quando Harry entrou em seu quarto, barbeado e exalando vitalidade. No tom casual que tanto a irritava, ele sugeriu:
— Se está sentindo falta de companhia, Hermione, por que não passa alguns dias em Londres?
Apesar do desespero que a invadiu, Hermione exibiu um sorriso radiante. Embora não soubesse se Harry estava apenas lhe atirando uma isca, ou se queria mesmo se livrar dela, decidiu seguir-lhe a recomendação.
— Boa idéia, Harry. Farei isso. Obrigada pela sugestão.



Hermione foi para Londres e ficou lá por quatro dias, acalentando a esperança de que Harry se juntaria a ela e sentindo-se mais solitária a cada hora que passava, sem que ele aparecesse. Assistiu a três peças, foi à ópera e visitou amigas. À noite, ficava deitada em sua cama, acordada, tentando compreender como um homem podia ser tão carinhoso e apaixonado na cama e tão frio e distante durante o dia. Não conseguia acreditar que ele a via apenas como um instrumento conveniente para a satisfação de seus desejos. Não era possível, especialmente quando Harry parecia gostar tanto da companhia dela durante o jantar, também. Ele sempre se demorava à mesa, provocando-a com brincadeiras alegres e conversando com ela sobre todo tipo de assunto. Uma vez, chegara a elogiar-lhe a inteligência e percepção aguçadas. Outras vezes, pedira sua opinião sobre questões diversas, como, por exemplo, o arranjo da mobília do salão e se ele deveria aposentar o administrador da propriedade, para contratar outro, mais jovem.
Na quarta noite, Sirius acompanhou-a ao teatro e, então, Hermione voltou à mansão da Brook Street, a fim de trocar de roupa para o baile ao qual prometera comparecer. Decidiu que voltaria para Gryffindor na manhã seguinte, em um misto de irritação e resignação. Estava pronta a render vitória daquela batalha a Harry e retomar a luta pelo afeto dele, em casa.
Usando um vestido espetacular, entrou no salão de baile, acompanhada pelo marquês De Salle e pelo barão Krum.
Todas as cabeças se voltaram na sua direção e, mais uma vez, Hermione percebeu os olhares estranhos que lhe eram lançados. Na noite anterior, tivera a mesma sensação desagradável. Mal podia acreditar que a ton reprovava o fato de ela estar em Londres sem o marido. Além disso, os olhares que recebia de mulheres elegantes, bem como de seus maridos, não eram de censura. Eles a observavam com um sentimento que lhe parecia compreensão ou talvez, pena.
Luna Weasley chegou mais tarde e Hermione puxou-a de lado, na primeira oportunidade, a fim de perguntar-lhe se ela sabia por que as pessoas estavam se comportando de maneira tão estranha. Antes mesmo que formulasse a pergunta, Luna esclareceu suas dúvidas:
— Hermione, está tudo bem entre você e lorde Potter? — a amiga indagou, ansiosa. — Ou estão separados?
— Separados? — Hermione repetiu, confusa. — É isso o que as pessoas pensam? É por isso que me olham de maneira tão estranha?
— Você não está fazendo nada errado — Luna se apressou em dizer. — O problema é que, devido às circunstâncias, as pessoas estão tirando conclusões... Bem, todos acreditam que você e lorde Potter se desentenderam e que você o abandonou.
— Eu, o quê? — Hermione sibilou, furiosa. — Ora, por que pensam um absurdo desses? Lady Spinnet não está acompanhada de seu marido, assim como a condessa de Jones e...
— Também não estou com o meu — a amiga a interrompeu —, mas nossos maridos não foram casados antes. O seu já.
— E que diferença isso faz? — Hermione persistiu, perguntando-se, furiosa, que convenção ela havia quebrado, dessa vez.
A ton contava com regras de comportamento em todas as categorias, com uma longa lista de exceções, que tornava a vida em Londres extremamente confusa. Ainda assim, não era possível que as primeiras esposas tivessem liberdade para viver suas vidas, enquanto as segundas, não.
— Faz uma grande diferença — Luna afirmou com um suspiro — porque a primeira lady Potter contou coisas horríveis sobre as crueldades que lorde Potter lhe impunha... e muita gente acreditou nela. Você se casou há menos de duas semanas e já está em Londres, sozinha. E, pior, você não parece nada feliz, Hermione. As pessoas que acreditaram em Cho Potter se lembraram das histórias horríveis, agora, estão repetindo o que ouviram há anos e apontando para você como confirmação.
Hermione fitou-a, incrédula.
— Jamais me ocorreu que isso poderia acontecer! De qualquer maneira, eu já estava decidida a voltar para casa, amanhã. Se não fosse tão tarde, iria agora mesmo!
Luna pousou a mão em seu braço.
— Se você tem algum problema que prefere não discutir, saiba que pode ficar conosco. Não vou pressioná-la.
Hermione sacudiu a cabeça e assegurou:
— Quero voltar a Gryffindor amanhã. Por esta noite, não há nada que eu possa fazer.
— Exceto tentar parecer muito feliz — a amiga sugeriu com um sorriso.
Considerando o conselho excelente, Hermione tratou de segui-lo, fazendo apenas algumas pequenas alterações. Durante as duas horas seguintes, esforçou-se para conversar com o maior número de pessoas possível, cuidando de mencionar Harry, referindo-se a ele nos termos mais gloriosos. Quando lorde Wood comentou que estava encontrando dificuldade em satisfazer os colonos de suas propriedades, Hermione afirmou de pronto que seu marido resolvera tal problema da melhor maneira.
— Lorde Potter tem excelente visão para a administração de suas propriedades — declarou em tom de devoção. — Os colonos o adoram e os criados, definitivamente, o idolatram!
— Não diga! — lorde Wood exclamou, surpreso e interessado ao mesmo tempo. — Acho que terei de trocar algumas palavrinhas com seu marido. Eu não sabia que Gryffindor se dava bem com o seus colonos.
Para lady Jordan, que elogiou o colar de safiras de Hermione, ela disse:
— Lorde Potter me cobre de presentes. Ah, ele é tão generoso, tão gentil! E tem muito bom gosto, não acha?
— De fato — lady Jordan concordou, admirando a profusão de brilhantes e safiras que enfeitava o pescoço de Hermione. — Jordan tem verdadeiros ataques, quando compro jóias — acrescentou, com uma pontada de inveja. — Da próxima vez que me chamar de extravagante, mencionarei a generosidade de Gryffindor!
Quando a condessa de Vector lembrou Hermione do café da manhã para o qual a convidara, Hermione respondeu:
— Lamento, mas não poderei comparecer, condessa. Já passei quatro dias longe de meu marido e, para ser sincera, sinto muita falta dele. Lorde Potter é a gentileza em pessoa!
Boquiaberta, a condessa observou Hermione se afastar e, então, comentou com as amigas:
— A gentileza em pessoa? De onde tirei a idéia de que ela havia se casado com Gryffindor?
Em sua casa em Brook Street, Harry andava de um lado para outro, como um animal enjaulado, amaldiçoando o mordomo londrino por ter lhe fornecido informações erradas sobre o paradeiro de Hermione. Também amaldiçoou a si mesmo por ter corrido para Londres, atrás dela, como um adolescente ciumento e apaixonado. Comparecera ao baile dos Goldstein, onde o mordomo garantira que ele encontraria Hermione, mas Harry não vira o menor sinal dela entre os convidados. Assim como não a encontrara nos outros três lugares em que o mordomo acreditara que ela poderia estar.

O sucesso de Hermione em sua tentativa de demonstrar devoção ao marido foi tamanho que, no final da noite, todos a observavam com olhares muito mais divertidos do que preocupados. Ela ainda sorria, satisfeita consigo mesma, quando entrou em casa, pouco antes do amanhecer.

Acendeu a vela que os criados haviam deixado sobre a mesa do hall de entrada e subiu a escada. Estava acendendo as velas em seu quarto quando um ruído no aposento contíguo chamou-lhe a atenção. Rezando para que a pessoa lá dentro fosse um criado, e não um ladrão, encaminhou-se para lá com passos hesitantes. Segurando uma vela na mão trêmula, pousou a mão livre no trinco da porta, no exato momento em que ela se abriu.
— Harry! — gritou, assustada. — Meu Deus, é você! Pensei que fosse um ladrão.
Harry lançou um olhar irônico para a vela que ela empunhava.
— O que iria fazer se eu fosse um ladrão? Ameaçar atear fogo nos meus cabelos?
Hermione tratou de conter o riso ao reconhecer o brilho ameaçador nos olhos verdes de seu marido. Deu-se conta de que, por trás da ironia, ele estava tentando esconder a fúria. Reagindo de maneira automática, ela começou a recuar à medida que ele avançava na sua direção. Apesar da elegância de seus trajes formais, Harry jamais lhe parecera mais perigoso.
Quando sentiu a cama de encontro às pernas, Hermione parou onde se encontrava e tentou dominar o medo irracional. Não fizera nada de errado, mas, mesmo assim, estava agindo como uma criança covarde! Decidiu discutir a situação de maneira civilizada e racional.
— Harry, está zangado? — perguntou, tentando aparentar calma.
Ele parou a pouco centímetros dela, as pernas afastadas, as mãos na cintura.
— Pode-se dizer que sim — respondeu. — Onde diabo você se meteu?
— Fui ao baile de lady Vance.
— E ficou lá até agora?
— Sim. Você sabe que essas festas terminam muito tarde e...
— Não, não sei. Que tal me dizer por que, no momento em que se vê longe de mim, você se esquece de como contar?
— Contar? — Hermione repetiu, sem fazer idéia do que ele queria dizer, mas ficando mais assustada a cada minuto.
— Contar os dias — ele esclareceu, irritado. — Eu lhe dei permissão para ficar por dois dias, não quatro!
— Não preciso da sua permissão — Hermione protestou, sem pensar. — E não tente fingir que faz alguma diferença para você onde estou, aqui ou em Gryffindor!
— Acontece que faz diferença, sim — Harry falou com voz aveludada, ao mesmo tempo em que tirava o paletó e começava a desabotoar a camisa. — E você precisa da minha permissão, sim. Está muito esquecida, minha querida. Sou seu marido, lembra-se? Tire a roupa.
Aflita, Hermione sacudiu a cabeça.
— Não me obrigue a forçá-la — ele advertiu. — Não vai gostar nada disso, acredite.
Hermione acreditava, sem a menor sombra de dúvida. Com mãos trêmulas, ela começou a desabotoar o vestido.
— Harry, por Deus, o que está acontecendo?
— Estou com ciúme, querida — ele respondeu, desabotoando a calça. — Estou com ciúme e não gosto nem um pouco disso.
Em outras circunstâncias, Hermione teria exultado diante de tal admissão. Agora, porém, a declaração só serviu para torná-la mais assustada, mais tensa e mais trêmula.
Percebendo a dificuldade dela com os botões, Harry obrigou-a a lhe dar as costas, com um gesto rude e, então, encarregou-se da tarefa ele mesmo.
— Deite-se — ordenou, apontando para a cama.
Hermione já estava apavorada quando Harry se deitou a seu lado e, sem a menor delicadeza ou consideração, puxou-a para si. Ao ser beijada com violência, ela cerrou os dentes.
— Abra a boca!
Hermione plantou as duas mãos no peito de Harry e virou o rosto.
— Não! Assim, não! Não permitirei que faça isso comigo!
Harry exibiu um sorriso cruel.
— Vai permitir, sim, doçura. Antes que eu termine, você vai me implorar.
Com força inesperada, gerada pelo pânico, Hermione empurrou-o e escapou do abraço brutal, já se punha de pé quando Harry agarrou-lhe o braço e puxou-a de volta para a cama. Então, ele segurou suas mãos acima da cabeça e passou uma perna sobre as dela, imobilizando-a.
— Não devia ter feito isso — murmurou, enquanto baixava a cabeça lentamente.
Os olhos de Hermione se encheram de lágrimas quando, impotente, ela observou os lábios de Harry se aproximarem dos seus. Porém, em vez do ataque violento que ela esperava, Harry beijou-a com ternura e paixão. Ao mesmo tempo, com a mão livre, acariciou-lhe todo o corpo, lentamente, passando pelos seios, pelo abdome liso, brincando com os pêlos castanhos na junção de suas coxas. Após algum tempo, o corpo de Hermione, como se tivesse vontade própria, começou a reagir às carícias experientes.
Uma onda de calor a invadia e sua resistência foi se dissipando lentamente, até que sem mais poder suportar aquele ataque erótico ao seus sentidos, ela se rendeu por completo, contorcendo o corpo lânguido e retribuindo o beijo com paixão. No mesmo instante, Harry soltou-lhe as mãos.
Mas as carícias continuaram, mais ousadas e eróticas do que nunca, até Hermione já não ser capaz de raciocinar, consciente apenas da paixão que a consumia e da necessidade desesperada de aplacar o desejo.
Harry posicionou-se sobre ela. Com um gemido, Hermione ergueu os quadris. Ele a penetrou, apenas um pouco, para voltar a penetrá-la com profundidade maior, e então maior, até constatar que ela estava enlouquecida de desejo. Então, penetrou-a por completo, arrancando-lhe um grito do mais puro prazer para, no mesmo instante, recuar.
— Não! — ela protestou, surpresa pela perda repentina.
— Você me quer, Hermione? — Harry perguntou com um sussurro.
Ela abriu os olhos febris para fitá-lo, mas não pronunciou uma palavra.
— Quer? — ele persistiu.
— Jamais o perdoarei por isso — Hermione protestou com voz sufocada.
— Você me quer? — Harry repetiu, sem se alterar. — Diga.
A paixão fazia o corpo de Hermione arder, Harry estava com ciúme. Ele se importava com ela. Ficara magoado com sua ausência prolongada. Os lábios de Hermione moveram-se, formando um “sim”, mas nem mesmo o desejo desesperado poderia obrigá-la a pronunciar a palavra.
Satisfeito, Harry lhe deu o que ela queria. E, como se quisesse humilhá-la ainda mais, entregou-se com determinação e generosidade, ignorando as exigências do próprio desejo, buscando exclusivamente os meios de dar a Hermione o prazer máximo. E só depois de levá-la a um clímax descontrolado, permitiu-se satisfazer seus próprios instintos.
Quando tudo acabou, o silêncio entre eles foi total. Por alguns momentos, Harry permaneceu imóvel, os olhos fixos no teto. Então, levantou-se da cama e foi para o seu quarto. Exceto pela noite de núpcias, aquela era a primeira vez que ele deixava Hermione, depois de fazer amor com ela.

N/A: Aff, será que esses dois só brigam? Próximo capítulo, revelações bombásticas, aguardem!
Bjs, Jéssica Malfoy

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