prólogo



Harry Potter e a Máquina do Tempo
- uma viagem ao passado -

Prólogo


Esse lugar... Tão vazio. Tão quieto. Tão... Frio.

Eu conheço esse lugar: ele está por aqui e por toda a parte.

Esse lugar me acompanha aonde quer que eu vá. Eu posso sentir as lacunas vazias... Falta uma parte de tudo isso, como uma peça que se extraviou, mas como poderia a encontrar se não sei quais tenho ou em que jogo estou?

Sequer posso dizer meu nome... Quem eu sou?

Por está tudo tão escuro?

Estou... Sozinho?

“Ele está bem?”, soou distante, mais longe do que poderia alcançar. Mas as palavras se embaralhavam dentro da sua cabeça, como se há muito não as ouvisse, ou se já não as entendesse.

Eu sei que algo me chama para perto. E sei porque está aqui. Eu também sei que esse algo é alguém. E não sei o seu nome, mas sei quem é. Embora não possa me lembrar do seu rosto, dos seus olhos, eu só me lembro que sei. De alguma forma, sei quem é.

“Mas é claro que está! Não viu quem o trouxe?”, uma outra voz, mais alta e mais forte, ralhou com a primeira.

“Vi, mas...”

Os olhos de esmeralda líquida abriram-se de repente e ele vira as duas silhuetas à sua frente, almiscaradas com a sombria atmosfera do aposento, como vultos negros contra a luz dos archotes, desfocados. Ambos calaram-se abruptamente.

Ele forçou os olhos para os enxergar, mas não melhorou em nada.

“Você está bem?”, a voz feminina saiu suave e, sem esconder um quê de curiosidade, uma das silhuetas se aproximou.

“E-eu...”, ele começou, mas as palavras lhe custavam a sair, arranhando a garganta seca. Ele respirou fundo e meneou a cabeça, tentando focar a visão, enquanto se sentava. “E-eu... Não consigo enxergar direito”, disse, quando suas tentativas lhe pareceram vãs.

Os dois o observavam com interesse.

“Ah, é mesmo!”, exclamou a garota de súbito e estendeu o braço até a cômoda ao lado da cama de dossel em que ele se encontrava, para logo depois lhe entregar os óculos. “Nós os encontramos. São seus, não são?”

Ele observou o objeto por alguns instantes, forçando a memória a se lembrar dele, mas passados alguns instantes apenas os colocous.

Então, olhou ao seu redor.

Aparentemente, via-se num quarto. As paredes de pedra bruta davam ao local certa rudeza, com os archotes encravados como estacas ao longo do aposento, as labaredas queimando fracamente. Ele arqueou as sobrancelhas, intrigado, ao perceber que as chamas crepitavam numa cor bastante incomum e que dava ao lugar um aspecto deveras doentio: verde.

Verde?, ele se perguntou, incrédulo. Alguma coisa lhe dizia que o fogo não devia queimar verde, mas como não sabia dizer o porquê, livrou os pensamentos da questão.

O ambiente era frio e úmido. Ele sentiu a pele gelada sob o tecido e desejou que a lareira – porque havia uma lareira ali – não estivesse apagada. E por falar em tecido...

Olhou a si mesmo. Estava deitado sobre uma cama bastante larga e confortável, os lençóis escuros, verde-musgo o cobrindo. Livrou-se deles de uma vez, atirando-os aos pés, e admirou as próprias vestes: trajava uma camisa branca escolar e calças escuras. Ao seu lado, dobrada, encontrava-se uma longa capa negra, com detalhes em verde e prata. Sobre o peito, um brasão com a imagem da serpente.

Que seria aquilo, afinal?

Enquanto examinava toda e qualquer coisa que havia em frente aos seus olhos, as duas silhuetas continuavam paradas no mesmo lugar, observando-o em expectativa. Assim, ele voltou sua atenção a elas.

Mais ao fundo do quarto, um rapaz. Tinha olhos e cabelos castanhos, expressões faciais duras e parecia bastante nervoso, irritado. Vestia-se da mesma maneira que ele próprio, exceto pela gravata, em traços verde e prata, e trazia em mãos... Oras, um graveto? Mas que diabos ele fazia com aquilo?

Próximo a ele estava a garota, os cabelos negros mal chegavam aos ombros, caindo-lhe delicadamente pelo rosto, os olhos avelã o observando com curiosidade. Ao menos ela sorria.

“Onde estou?”, deixou escapar, antes que pudesse se conter. Mas como poderia? Ainda eram muitas as perguntas que tinha a fazer, tantas que ele se sentia perdido e confuso num emaranhado de pensamentos.

“Você está no Salão Comunal da...”, começou a morena, mas fora grosseiramente interrompida pelo companheiro.

“Droga! Fique calada!”, ele ralhou.

Ela levou uma das mãos à cintura e levantou o rosto, olhando-o por cima, com arrogância. Já não sorria.

“Qual é o seu problema? Hein?”, ela perguntou, baixando o tom de voz e se aproximando dele. “O que o está incomodando?”

Mas ela nunca chegou a ouvir a resposta. Não foi preciso.

A porta fora escancarada abruptamente. Por ela entrou outro rapaz. Os olhos verdes de esmeralda líquida se voltaram a ele de imediato. A primeira coisa que puderam notar fora que ele não era como os outros dois. Não parecia nervoso ou irritado; tampouco trazia um sorriso nos lábios.

A sua pele era muito alva, beirando a palidez, e parecia quase errado que acompanhasse os cabelos negros, curtos e sedosos que tinha. Os olhos escuros cintilaram estranhamente ao observar os três ali. Entrou no quarto e mirou os dois estranhos ali de pé, ilegível.

“Que fazem aqui?”, perguntou firme e objetivamente.

“Nós só...”

“Não importa”, ele os interrompeu de repente, “só saiam daqui. E não comentem.

O tom que usou para proferir as últimas palavras sentenciou a questão. Os dois se puseram para fora do aposento sem rodeios.

Então, só restaram ele e o recém-chegado.

Eu conheço esse lugar... E não sei o seu nome, mas sei quem é...

O rapaz aproximou-se da cama em que ele se encontrava, sentando-se à beira da mesma, ao seu lado.

“E então”, começou, para logo depois fazer uma pausa. Ele se viu examinado por um par de olhos negros e, como se não houvesse nada entre eles, como se não esconder dele o que havia escondido de si, o seu coração disparou, mas o rapaz não desviou o olhar. Havia algo nas verdes águas que procurava e não descansaria até encontrar. “Como se chama?”

Ele hesitou por um momento. No seguinte, no entanto, a sua confusão se assomou a um medo assombroso: não se lembrava de absolutamente nada.

Qual é o meu nome? Como vim parar aqui? Quem sou eu? Onde é aqui? De onde venho? O que está acontecendo?

“Eu... Não sei.”

O rapaz o continuou mirando, impassível, quase sem piscar, embora suas sobrancelhas tenham se acentuado numa curva desgostosa.

“Não sabe o seu nome?” Ele meneou a cabeça afirmativamente em resposta. “Não... Lembra de nada?”, arriscou.

“É”, disse sinceramente, “Nada.”

O rapaz desviou o olhar, parecendo pensativo e um tanto perturbado, mas ele se sentiu aliviado por não mais ser observado. Após alguns instantes, no entanto, tomou fôlego e perguntou:

“Onde... Estamos?”

O outro suspirou longamente, então tomou uma decisão.

“Certo”, virou-se ao outro, “escute bem o que tenho a dizer e nada lhe acontecerá” – o outro apurou os ouvidos, ansioso – “Primeiro, você precisa de um nome. Só até se lembrar do seu. Vou chamá-lo... Tyler.” Olhou-o e o garoto concordou. “Não fale com ninguém, exceto com quem eu deixar. As pessoas certas poderão se aproximar de você. Do contrário...” Não completou a frase, apenas a sustentou com o olhar.

Levantou-se e se aproximou da porta.

“Vou buscar algo para você comer”, avisou e já saía, quando o outro continuou.

Espere! Você não... Onde estamos?”, insistiu. O rapaz o analisou por alguns instantes. Talvez medisse suas palavras, talvez não, mas, enfim, respondeu.

“Estamos na escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts”, ele disse devagar e então observou as reações do outro. De certo que o rapaz, o qual chamara Tyler, não teria nenhuma resposta que não perplexidade. Seus lábios se entreabriram, como se fosse protestar, mas pareceu chocado demais para fazer qualquer coisa. O outro rolou os olhos. “Eu já volto para explicar. E, a propósito,” – ele fez uma pequena pausa, como se perguntasse a si mesmo se deveria prosseguir; então continuou – “O meu nome é Tom.”

E fechou a porta.

Tyler não conseguiria explicar porque aquele nome tão comum o fizera se sentir tão... Vulnerável? Mas, afinal, ele não conseguiria explicar nada mesmo...



N/A: Sim, é um prólogo bastante... Curioso. Não acham? Curioso. Confuso. Intrigante. Eu gostei de deixar assim, no ar... Espero que vocês gostem também.
Até o capítulo um! o/

Morgana Black, Obrigada pelo elogio e pelo interesse. Sabe, são poucas as pessoas que se dão ao trabalho de experimentar uma das minhas criações, sabendo que elas são meio... Ahn... Insanas. Mas, enfim, tomara que você goste da história e da trama, ao longo da fic, tanto quanto eu gostarei de escrever. E, se você gosta de suspense... Bem, somos duas. E essa fic é um bom lugar para se estar. rs

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