O Exorcista



Capítulo 12

O Exorcista

Após a tarde que passaram em Londres, os quatro foram ao consultório dos doutores Granger e assim conheceram os pais de Hermione. Eles até receberam um pequeno conjunto, contendo escova de dente, pasta e fio dental. Hermione, ao sair, justificou que era a profissão dos pais dela. Rony ficou mais entusiasmado na volta, quando viajou novamente no metrô, enquanto Harry e Gina estavam aproveitando a viagem juntos.

Ao crepúsculo, chegaram novamente à mansão Demetrius. Estava um pôr-do-sol magnífico! Os canteiros ficaram alaranjados. O pequeno lago refletia a luz solar. E no meio desse jardim, admirando o espetáculo estava Soberba, com uma cara vaga em lembranças.

Harry percebeu que algo refletia a luz laranja, provinda do sol. Com certeza era uma lágrima. Uma tênue lágrima que teimosamente escorria pela alva face de Soberba. O quarteto se aproximava lentamente. Soberba limpou a lágrima e reparou nos quatro que chegavam. Ela rapidamente se levantou, sacudiu a poeira e foi ao encontro do grupo.

- Muito bonito, não? – perguntou Soberba inquiridora.

- Sim, realmente é um belo pôr-do-sol! – respondeu Harry.

- Eu estou falando de chegarem tão tarde! – retruca Soberba.

- Oras! Utilize as palavras corretas, então! E-S-P-E-C-I-F-I-Q-U-E! – pronunciou Harry saborosamente cada letra.

- C-O-R-R-E! – disse a raivosa Demetrius.

E não só Harry saiu correndo, como também Gina, Hermione e Rony, sendo perseguidos por Soberba. A perseguidora atirava tudo quanto era feitiço, e no final, temos Harry rindo que nem bobo, Hermione petrificada, Rony com as pernas bambas e Gina ensopada.

- Divertindo-se, Potter? – disse Soberba ao passar por cima de seu “querido” afilhado.

Gina estava indignada por estar toda molhada. Mas era a única que poderia desfazer os feitiços dos demais. Harry estava muito irritado com essa atitude de sua madrinha, mas ela era bem mais forte e hábil que ele. Teria de agüentar calado.

A noite passou tranqüila, e logo pela manhã, à mesa estavam todos do quarteto. A Senhora Weasley continuava a administrar a cozinha. Estavam todos comendo na santa paz quando começam a ouvir uma grande gritaria vindo dos andares acima. Era Soberba gritando que nem louca, mais uma vez. Rony cuspiu todos os cereais e o leite por causa do susto.

- Eu acho que ela recebeu mais uma carta roxa. – disse Hermione.

- Que, provavelmente, está vituperando a nossa cara hospedeira, com veemência. – disse Rony.

- Rony, onde você viu essas palavras? – perguntou Hermione. – Não vai dizer que voltou a ler o dicionário?

- Palavras cruzadas, minha cara! – respondeu Rony – Aprende-se cada coisa fazendo tal passatempo.

- Eu gosto da pessoa que escreve essas cartas roxas. – disse Harry – É como se fosse uma forma de revanche!

- Então é você que me manda essas cartas roxas! – disse Soberba espumando de raiva com um envelope roxo na mão.

- Desde quando a senhora recebe essas cartas? – perguntou Harry.

- Já faz uns catorze anos! – responde Soberba.

- Interessante... Eu não sabia escrever com três anos de idade! A senhora é muito esperta, Sherlock! – disse Harry carregado de sarcasmo e acompanhado da ironia.

Soberba ficou com a maior cara de tacho. Mas ela percebeu que Harry empregava um pequeno pronome de tratamento: senhora. Ela estava soltando fogo, literalmente, por causa do termo “senhora”. Harry, então, corrigiu: senhorita. Porém piorou muito mais a situação, pois agora Soberba acreditava que Harry estava chamando-a de encalhada. Ou seja, mais um café da manhã harmonioso na mansão Demetrius, com algumas panquecas voando, calda em um e em outros e uma cozinha bem suja. Nisso, um berro ecoa:

- Parem com essa sujeira, crianças! – gritou a Senhora Weasley muito brava – e eu quero tudo isso limpo! Agora!

E nossos queridos comensais estavam limpando toda a sujeira que fizeram na cozinha. Rony estava distraidamente conversando com Hermione, enquanto limpavam uma grande mancha com calda nos azulejos.

- Será que a professora MacGonagall conseguirá se recuperar? – perguntou Rony.

- Devemos tentar todos os tipos de tratamento... – respondeu Hermione – Mas em todo o caso, acho que é melhor a visitarmos hoje.

- Eu vou com vocês! – disse Soberba que estava limpando uma mancha no chão.

Ao terminarem de limpar a cozinha, todos subiram aos seus quartos para se arrumarem, pois iriam ao St. Mungus visitar a professora, inclusive Soberba. Quando desciam as escadas, Harry e Gina se depararam com Lupin que conversava com Soberba. Mais um rumo ao hospital.

Harry, mesmo que prefira aparatar, acompanhou Gina, indo ao hospital pela rede Flú. Os outros aparataram. Com a recepcionista, se informaram em que quarto estava a professora de transfiguração. Pegaram alguns crachás e logo subiram alguns lances de escada. Chegaram a um quarto branco, bem iluminado por uma grande janela. Uma persiana estava recolhida, dando espaço a uma cortina, também branca.

A professora estava estendida, imóvel sobre a cama de mogno. No quarto havia outro leito, porém não estava ocupado. Lupin conjurou algumas cadeiras e todos se sentaram. A professora não demonstrava nenhuma reação. Estava parada. Em coma, desde que o feitiço maligno a atingira.

Entrou um medi-bruxo para verificar o estado da paciente.

- Continua sem reação. – constatou.

Passaram-se alguns minutos que o doutor examinava a professora. Pelo visto, o quadro estava inalterado. Nisso, um cara vestido todo de preto, com uma calça social preta, sapatos pretos lustrados, uma camisa preta, com um colarinho branco, cabelos castanhos penteados e jogados para trás à custa de muito gel, portador de olhos negros. Trazia uma pequena maleta.

Hermione, Rony, Gina e Harry olhavam espantados para o padre que adentrara. Soberba, Lupin e o medi-bruxo olharam pasmados. O padre disse algumas palavras com o medi-bruxo, mostrou um papel.

- Este aqui é um sacerdote católico apostólico romano. Ele está aqui para verificar se o caso da paciente é caso de possessão demoníaca. – disse o medi-bruxo – Peço-vos que não saiam do quarto, mas também que não interrompam.

O medi-bruxo saiu do quarto. O padre permaneceu em pé ao lado do leito. Soberba estava incrédula.

- Como um padreco trouxa conseguiu entrar num hospital de bruxos. – esbravejou Soberba.

- Por favor. – disse o padre com voz arrastada e grave – Empreste-me esse pauzinho que você tem.

Soberba reclamou e emprestou. O padre empunhou a varinha. Sacudiu como se fosse a primeira vez que visse uma.

- Você não vai conseguir fazer nada com ela. – desdenhou Soberba.

O padre apontou a varinha para a cara de Soberba, e com um feitiço, sujou a face dela com geléia de uva. Logo, devolveu a varinha à sua respectiva dona. Soberba estava brava, suja e irada. Ela não imaginava que era um padre bruxo.

- Muito bem – falou o padre com a sua voz grave e arrastada – Eu irei verificar se realmente ela está possessa. Em caso positivo, devo descobrir a que panteão demoníaco pertence o possessor para aí, poder exorcizar. Não cheguem perto em nenhuma circunstância.

O padre abriu a sua maleta e vestiu uma túnica branca. Após a túnica, pegou uma estola roxa, com uma cruz dourada bordada em cada ponta. A maleta continha um feitiço para caber muitas coisas. Também retirou de lá, um pequeno turíbulo – um vaso de metal onde se coloca carvão em brasa e incenso – e um punhado de incenso. Traçou o sinal da cruz sobre o incenso, despejou dentro do turíbulo. Pegou nas correntes que compõem o turíbulo e começou a incensar em volta da cama de MacGonagall.

Ela continuava imóvel. A fumaça aromática tomava conta do quarto. O padre acabara de incensar a professora. Nisso pareceu sob a cama um grande círculo roxo, com inscrições antigas e estranhas. Nela havia formas geométricas e um pentagrama invertido. O padre sorriu com o canto da boca.

Guardou o incenso e pegou um livro de capa rubra e uma caldeirinha com aspersório – uma pequena vasilha para se colocar água benta e um objeto, normalmente de metal, que se mergulha na água e acumula uma pequena quantidade de água que será jogada sobre indivíduos, locais ou objetos. Fez o sinal da cruz sobre si e sobre a professora. Os outros espectadores não entendiam nada que o padre falava, parecia Latim, na verdade, realmente era Latim.

Com o aspersório, o padre jogou água benta sobre a professora. Nisso ela abriu os olhos. Ele começou a ler algo no livro de capa vermelha e entoar um canto. Ele estava lendo a Palavra de Deus. Terminada essa parte, ele vai até a professora e assopra sobre ela. Ela se levanta e começa a dizer que está tudo bem. O padre a imobiliza.

Soberba fica indignada por terem feito isso com alguém que já se recuperava. Ela iria tomar alguma atitude, mas Lupin a impediu. O padre pegou na cruz que estava em uma corrente em seu peito. A cruz aumentou de tamanho, ficando com trinta centímetros. O padre a impôs sobre a possuída. Ela começou a virar os olhos, e numa voz rouca e grave começou a pronunciar:

- Você não vai conseguir me tirar, padreco. – e gargalhou a possuída – Eu sou um demônio poderoso. Você não vai conseguir me tirar com essa cruzinha não.

- Cale-se demônio! In nomini Deo et Iesu Christi Nostri Domini! – retorquiu o padre.

E ouviu-se o padre invocar alguns “sancti” e outros “ora pro nobis” em resposta. O grande círculo roxo continuava sob a cama. Mas ele estava enfraquecendo. O roxo estava mais opaco. No começo era cintilante.

O padre começou a engrossar mais ainda a grave voz. A professora tinha um semblante cada vez mais desesperado. Quando o padre traçou o sinal da cruz sobre a possuída dizendo ao mesmo tempo “In nomini Patri, et Filii et Spiricti Sancti. Amen” a professora caiu na cama. O círculo roxo desapareceu. O padre fechou o livro. E foi socorrer a liberta do mal. Ela abriu os olhos e pronunciou muito fracamente:

- Onde estou?

- No hospital St. Mungus. Descanse. Agora está tudo bem. – disse o padre à Minerva.

Os espectadores estavam muito assustados. A cama em que estava Minerva começou a flutuar. A persiana fechou-se sozinha. Coisas começaram a flutuar pelos ares. A luz tremulava e ficava muito tenebroso no quarto. Soberba nunca tinha visto algo assim. Até a raiva por causa da geléia de morango havia passado.

O padre ficava sempre em pé, sem temer, tremer ou fraquejar. O demônio tentou engana-lo, mas ele não caiu na mentira. Quando aquele círculo horrendo sumiu, tudo voltou ao normal. Minerva finalmente tinha acordado. O padre a socorreu. Depois a abençoou. Ela fechou os olhos e começou a cochilar.

O padre recolheu suas coisas sem nada dizer. Despiu-se de sua estola e de sua túnica. Fechou sua maleta e disse aos demais:

- Tudo está terminado. Ela está bem, porém muito fraco. O demônio sugava todas as forças dela, mais um pouco ela morreria. É chegada a minha hora. Devo ir.

E o padre saiu pela porta do quarto. Nisso, ouve-se no corredor uma confusão. “Cuidado com a maca” grita uma mulher. Um “Ai” é ouvido. Seguido de “pofs, pafs, au, ui, catapém, iau, saí da frente, cuidado com a escada, tum, tum, tum, um sonoro bum, e finalizando um enorme catapof!”. Minerva acorda sobressaltada e junto à Soberba grita:

- McCetrius!

O padre era McCetrius, que resolveu mudar um pouco o visual. Ajeitou o cabelo desgrenhado e passou gel, um bocado por sinal. Colocou lentes de contado pretas, para esconder os olhos azuis que possuía. Vestiu a roupa mais formal e foi ao encontro da professora possuída. Tomara o maior cuidado para não despertar suspeitas, não cometer nenhum deslize e conseguira essa proeza até sair do quarto, porém, uma maca desgovernada colocou seu disfarce abaixo, pois só ele conseguiria arrumar tamanha confusão: com a maca, bateu numa coluna e caiu um vaso de flor; saiu tonto e tropeçou em alguns tapetes, caindo de tudo quanto é jeito; ainda tonto, desceu a escadaria rolando, e chegando ao seu final, esbarrou numa enfermeira que levava poções, as poções voaram e se misturaram, explodindo; o que levou a McCetrius dar uma enorme pirueta no ar e cair estridente mente no saguão de entrada do St. Mungus. O mais incrível que ele só tinha alguns pequenos cortes e estava um pouco ralado.

- Eu deveria ter sacado quando aquele miserável me jogou geléia de morango! – exclamou Soberba – Sabia que ele não me era estranho, a voz estava diferente, mas ele tinha olhos negros.

- Mas o que tem a ver geléia de morango? – perguntou Hermione.

- É a minha geléia preferida, mas essa geléia tem um toque especial, um pouco de limão para contrabalancear o gosto. A geléia que ele conjurou, esse desgraçado, tinha exatamente esse sabor. – disse Soberba pensativa – Os olhos só pode ser um feitiço transfiguratório ou lentes. Mas ele não me escapa! Accio McCetrius.

Depois de alguns segundos, uma grande torta de morando, com a inscrição McCetrius vinha em direção à Soberba, atingindo-a na cara. O padre McCetrius imaginou que ela o convocaria e criou essa pequena torta McCetrius.


X-X-X

AUTOR: Demorou, mas chegou. Para quem não entendeu os objetos que descrevi, eu sugiro que vão ao Google e na parte de pesquisa de imagens, procure por elas. Espero que tenham gostado deste capítulo. Ficou bem interessante e mais misterioso. Como a Soberba conhece o padre McCetrius? Por que o padre McCetrius estava disfarçado? Quem escreve as cartas roxas?

E minha cara Zoey, sobre o porquê de Harry tratar Soberba assim é simples: você confiaria numa pessoa que aparece do nada, diz que é sua madrinha. Conhece tudo sobre você, mas não se mostra durante 16 anos e ainda fica te provocando? Eles estão se conhecendo e se adaptando um ao outro. Dá para se ver que eles estão mais “civilizados”... O problema é que Soberba adora ver o circo pegar fogo, e não pára de provocar. Espero que tenha esclarecido.

Até mais!

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.