Garota Nacional



Bruny foi dormir tarde na noite anterior e conseqüentemente acordou tarde. Ao que parecia as meninas já haviam descido pra o café da manhã, algo que a mesma agradeceu. Não queria ter que encará-las tão cedo. Levantou-se com aquele sentimento de derrota, não acreditava que havia perdido a batalha. Ela não sabia se estava feliz ou triste com o passeio que teria à Hogsmeade ainda naquela manhã. Lá poderia se isolar de todo mundo. Sendo assim, abriu o malão e pegou a primeira roupa que viu pela frente: seu único vestido preto. Botou aquela roupa mesmo sentindo-se muito confortável, expressava exatamente seu estado de espírito. Desceu as longas escadarias sem encontrar ninguém, mas assim que chegou ao Salão Principal, atrai muitos olhares revoltados. Andava rapidamente em direção a mesa da Grifinória, contudo a primeira coisa que viu – e não melhorou nada seu humor – são Sirius e Kammy brincando e comendo juntos, felizes. Sentou-se o mais afastado que conseguiu deles, comendo com pressa sem falar com ninguém. Álias, ninguém queria falar com ela. Assim, foi a primeira a ir para Hogsmeade.

Aqui nesse mundinho fechado

Todos estavam em Hogsmeade em dupla, trio ou grupos. Aparentemente, só a morena estava andando sozinha.
Isso não a importava. Naquele momento, a menina não queria companhia. Andava pensativa, perdida em seus pensamentos, sem notar por anda passava. Quando finalmente parou de andar, notou a casa de chá da Madame Puddifoot à sua frente. Entrou apenas por impulso, sem pensar.

Ela é incrível
Com seu vestidinho preto indefectível

Assim que pôs os pés na casa de chá, arrebatou muitos olhares masculinos para si, entre eles um especial. A menina sentou-se sozinha em uma das mesas vazias, pensando em qualquer coisa, menos no que estava acontecendo ao seu redor. Ainda não tinha esquecido a noite anterior.
O moreno de mechas verdes percebeu que a menina nem notou sua presença e decidiu sentar-se com a bela garota.
- O que foi Bruny? – perguntou Thom com uma voz tranqüila.
- Nada. – respondeu à morena arrisca.
- Calma! – fez um breve silêncio e volta a perguntar. – Sério, o que foi?
- Ah, eu só faço besteira, mas o que eu posso fazer se eu sou assim mesmo. – a garota respondeu com o olhar de decepção, deixando extravasar um pouco de seus sentimentos.

Eu detesto o jeito dela

- Não estou aqui pra te julgar. Não tenho esse direito. Só quero ajudar.
- Ajudar? Não preciso de sua caridade.
- Mas precisa de amigos. – devolveu irritado, quase levantando da mesa.
Ela o olhou profundamente, soltando um suspiro em seguida.
- Desculpe... Hã... Obrigada. – falou com uma voz mais calma, forçando um sorriso. Seu olhar foi atraído para fora, e o que viu não a fez sorrir. Black e Engels estavam passeando de mãos dadas pelo vilarejo, rodeados de amigos. O sonserino percebeu a distração da menina e também olhou para fora.
- É ele que aflige seus pensamentos, não é? – perguntou o moreno fazendo a grifinoriana se voltar para ele.
- Não exatamente.
- Como assim?
- Sempre tive todos os garotos que queria aos meus pés. Foi a primeira vez que perdi, nunca tinha acontecido antes. Não sei o que Black viu naquela loira oxigenada! – a morena parecia estar indignada, fazendo o moreno rir com o seu comentário, apoiando os cotovelos em cima da mesa. O menino preferiu não responder.
- Mas por quê...?
- Estava sendo mordida pela vontade de ganhar, nem o amo.
- Entendo. – apesar do sorriso tranqüilizador, sua expressão estava impassível.
A menina sorriu mais calma, apesar de não saber o que se passava pela cabeça dele.

Mas pensando bem
Ela fecha com meus sonhos como ninguém

A morena recuperou parte da razão que parecia ter abandonado seu corpo.
- Você não precisa fazer isso. Nem me conheces, não sabe como sou, quem sou. – desabafou a garota, tentando entender suas atitudes do moreno.
- Eu não preciso, mas eu quero! Não te conheço ainda! Como você é? – Bastons abriu um sorriso encantador. – Você é uma garota que não gosta de perder! Exatamente como eu!
- Só isso que você sabe de mim.
- Somos mais parecidos do que você imagina. – falou em tom misterioso com um largo sorriso. – Se isso te importa tanto, podemos nos conhecer melhor.
- Mas eu deveria ter imaginado que nada ia ser como antes. Na Beauxbatons, eu nunca havia sido ignorada, sempre tinha quem eu queria. Tinha várias amigas, que assim como eu, pegavam quem queriam. Mas eu troquei tudo por estudar na melhor escola de bruxaria do mundo. E... Bom... Tenho que agüentar as conseqüências. – suspirou desanimada.
- Não se preocupe. Logo todo mundo esquece, e você terá muitos amigos.
- Espero que sim.
- E estará. É só dar tempo ao tempo.
- O tempo não vai me ajudar a recuperar a minha amizade com o Black.
- Mas você não precisa da amizade do Black. Você pode fazer outros amigos. – rebateu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Não queria que a conversa chegasse ao
tema “Black”.
- Mas o Black é popular.
- Não é o único. É impressão minha ou você tá defendendo ele? – pergunta meio aborrecido.
- Não! É que... Apesar de tudo, ele beija bem!
- Há coisas mais importantes do que simples lembranças de um beijo. – falou por impulso, aparentemente sem notar que as palavras escaparam de sua boca.

Conhece-te a ti mesmo que eu me conheço bem
Sou um qualquer vulgar, bem, às vezes me esqueço.

- Como o quê? – estava intrigada.
- Ora, Atwood, um dia você vai aprender que há qualidades que não possuem nenhum tipo de medida racional, muito menos grau de popularidade. – levou a xícara de chá à boca.
- Falando assim até parece que você não é um sonserino. – ele baixou a xícara quando a menina lhe respondeu.
- Ter ambição não significa exatamente ser mal. Quer dar uma volta? – o garoto cortou o assunto, estendendo a mão para a morena.
- Sim, claro! – a grifinoriana aceitou sua mão sorrindo, e os dois saíram andando da casa de chá.

Eu finjo que não finjo, ao ignorar eu sei
Que ela me domina no primeiro olhar

Saíram andando pelas ruas de Hogsmeade, que estava extremamente movimentada hoje. Uma garota passou correndo e esbarrou na morena de mechas rosa derrubando-a. Antes que pudesse encostar-se no chão, o sonserino a segurou com força. Ela nunca havia entendido a sensação de ser protegida, de não estar no comando, apenas deixar acontecer. Os olhares se cruzaram e naquele momento, Atwood entendeu o sentido das palavras de Thom. Aqueles olhos verdes a hipnotizavam. Ao mesmo tempo em que os olhos castanhos o dominava. Ele nunca se sentiu assim perto de uma garota. Preferiu fingir que ela não o afetava.

Eu quero te provar
Sem medo e sem amor

- Vamos continuar nosso passeio?
- Claro. – ela sorriu, separando-se de seus braços.
- O que você fazia antes de vir pra cá?
- Estudava, né? – o sorriso alargou em seu rosto.
Ele sorriu para a garota.
- Seu cabelo fica lindo com as mechas, apesar de chamar muita atenção.
- O que quer dizer com isso?
- Nada. – ele sorriu, aproximando-se dela.
- O que quer?
- Você!
- Quem você pensa que é pra querer ficar comigo?
- Seu único amigo, querida, ou esqueceu que ninguém quer falar com você? – havia veneno em sua voz.
- Você gosta de mim?
Ele não respondeu.
- Apenas quero ficar com você e te conhecer melhor.
Bastons segurou seus pulsos e a puxou para perto. Os lábios dele se aproximaram dos dela. A garota fechou os olhos sabendo das intenções dele. Ele colocou a mão entre os cabelos da morena, puxando-a com vontade, porém o beijo foi carinhoso e profundo, perfeito.
A grifinoriana abriu seus olhos e o encontrou sorrindo. A felicidade explodiu dentro de seu peito, abraçando-o. Ouviram o ruído de passos se aproximando. O moreno levantou o olhar, sorrindo maleficamente. A menina percebeu sua mudança de atitude, levantou o olhar também.
- Não, Thom! – segurou seu braço, percebendo a aproximação dos marotos.
- Ora, ora... Quem eu vejo! - o sonserino pronunciou as palavras de um jeito sarcástico.
- O cara que pegou baba minha! – provocou Black assim que o avistou.
- Sirius, não! – a loirinha tentava, em vão, impedir uma briga.
- Melhor pegar baba sua, do que de sangue-ruins.
Precisou a intervenção de Remus e James para impedir que Black partisse para cima do outro. Apararentemente só Addie notou a profundidade das palavras de Bastons. Ele não estava se referindo somente a Kammy, mas a Lílian também. As duas poderiam não se importar. Mas Addie sim. Saiu andando rapidamente antes que Sirius percebesse o real significado das palavras do sonserino.
- Sirius... – chamou a loirinha, fazendo o moreno se acalmar. Todos perceberam que Addie havia sumido.
Bruny e Thom continuaram passeando de mãos dadas por Hogsmeade, levantando olhares suspeitos.
Somente uma pessoa andava solitária. O garoto misterioso caminhava sozinho pelo vilarejo. Tudo estava sob seus atentos olhares.

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