Festa de Formatura



                                                           Capitulo 1


                                      Festa de Formatura


 


“Meu destino não é de ninguém,


eu não deixo meus passos no chão.”


 


         A balbúrdia no salão comunal da Grifinória era geral, garotos e garotas subiam e desciam para terminarem de se aprontar para a formatura de conclusão de Estudos em Magia e Bruxaria. Os outros alunos que estavam presentes não faziam o mínimo esforço para amenizar a bagunça.


         Dali algumas horas estariam tomando o Expresso de Hogwarts e tomando rumo para casa. Casa que Sirius não tinha; ele não se referia a um ambiente físico, e sim ao carinho e afeto de que era composto um lar.


         Nunca teve aquilo, sua mãe era uma megera da pior espécie. A única coisa com que ela se preocupava era com dinheiro, poder, ostentação e o brasão da família Black. Walburga nunca se preocupara em nenhum momento em dar carinho e afeto para ele, estava apenas preocupada que ele fosse para escola, se tornasse da sonserina, arranjasse um bom casamento. Se isso ocorresse, ele seria um ótimo filho, e traria felicidade para ela e a família, caso isso não ocorresse seria eternamente desprezado.


         E de fato isso ocorreu, para a surpresa do próprio Sirius e os demais, ele foi selecionado para integrar a casa da Grifinória. O desprezo da sua família não demoraria a tardar, na manhã seguinte quando a revoada de corujas apareceu no café matinal, ele recebeu a coruja de sua mãe. Ele tinha esperança de ter que tolerar a chatice dela apenas nas férias, mas não, noticia ruim corre rápido.


         A carta de sua mãe, não havia sido nada agradável. Leu e releu-a diversas vezes e por mais que soubesse que aquilo fosse verdade, no fundo no fundo ele sabia que era bem diferente daqueles que chamava de família.


-Almofadinhas?- Tiago o chamou, acordando-o de suas divagações.


-O que é Pontas?- Sirius respondeu sem muito ânimo.


-Cara, você já esta atrasado. – Tiago sentou-se na poltrona de frente a do amigo. - É assim que você pretende encontrar a Brianna?


         O rapaz passou a mão pelo rosto e em seguida pelos cabelos. Olhou para o amigo, e não foi possível deixar de continuar seu retrospecto de lembranças.


-Eu vou tomar meu banho - disse baixinho, levantou-se e tomou direção para seu quarto, deixando par trás um Tiago confuso. As lembranças continuavam ali, cravadas em sua memória, e sua mente obrigava-se a lembrar de tudo aquilo que queria esquecer.


         Quando entrou no seu quarto jogou-se em sua cama. Fazer amizade com os marotos não havia sido nada fácil, aliás, não existiam marotos até ele e Tiago se tornarem amigos, o que não foi um processo muito tranqüilo. Sirius abriu um sorriso ao lembrar-se de como eles haviam selado a amizade, havia sido muito engraçado. Os marotos viraram uma lenda por toda a escola, e perpetuariam por tempos.


         Mas por fim, tornaram-se amigos inseparáveis, e logo em seguida Lupin foi integrado à equipe. Rabicho só veio se tornar um maroto por piedade de Tiago e Remo, por que no que dependesse dele, Rabicho estaria longe deles. Pedro não tinha os quesitos para se tornar um maroto, e nem ele confiava muito neste, a sua intuição dizia-lhe para não fazer isto, mas fazer o que? Ele era minoria.


         O rapaz se encaminhou para o banheiro e tomou um rápido banho e depois se vestiu conforme pedia o figurino. Desceu e foi se encontrar com os amigos.


-Almofadinhas você demora demais para se arrumar, tanto quanto uma moça. - o primeiro a reclamar foi o aluado - E cadê a maquiagem e as unhas pintadas ? Não as estou vendo.


-Engraçadinho. - ele retrucou- E você cortou todos os pelos, lobinho?


-Cala a boca Sirius, e se alguém escuta?- Lupin falou apreensivo.


-Ninguém vai escutar não lobinho, pra que temer? E cadê o Tiago?- emendou assim que sentiu falta do amigo.


-Ah, já esta sentindo falta de sua namoradinha Almofadinhas?- Aluado caçoou.


-É, da minha namorada e do meu AMIGO se é que você me entende.


-Hum...


 


 


 


         Sirius seguiu o corredor onde marcou de se encontrar com sua atual namorada. Por incrível que parecesse, ela havia conseguido pegá-lo de jeito, de tal forma que o cachorrinho ali não havia conseguido escapar. Brianna era uma garota espetacular. Tinha todos os quesitos que ele admirava, beleza, inteligência, sabedoria, era esperta, corajosa e adorava aprontar como ele. Até admirava-o dela não ter ido para Grifinória.


         Ela pertencia a uma família de grandes bruxos, toda sua família havia pertencido a corvinal, inclusive ela. Brianna era alta, de longos cabelos negros e austeros olhos azuis safira, era dona de um belo corpo e de uma admirável personalidade.


         Aconteceu sem querer, ele era o maior pegador de Hogwarts, e ela a maior certinha de Hogwarts, só perdia, é claro, para a doce Lily de Tiago. Não era de se admirar que as duas fossem amigas, e foi por isso que Sirius pediu-a para sair, só para tentar arrancar alguma coisa dela sobre Lílian e ajudar Tiago.


         Ele nunca a havia olhado para ela como a olhava agora, nunca havia se dado o trabalho de pensar como ela poderia ser admirável... E era...


-Alôôô, Sirus? Chamando, planeta Terra.


-Hum?! - Sirius acordou de seu devaneio. – Desculpe, ando meio aéreo hoje.


-Ah... Apreensivo por sair da escola?


-Uau, você esta linda!- pegou ela pelo braço e deu um giro. Brianna vestia um longo vestido azul tomara que caia, enfeitado com pequenos brilhantes por toda sua extensão, e um colar de perolas prateadas. Em seus cabelos, finas fitas azuis, um verdadeiro esplendor. Na verdade, aquele era o uniforme oficial de todas as garotas, variando apenas de cor de acordo com a casa. Mas nela havia caído sensacionalmente bem, um vestido bem amplo na parte inferior escondendo toda a beleza da moça.


         A sua pele bronzeada dava o toque final. Sirius tomou-a pelo braço e seguiu com ela para o Salão Principal. Como se sentia grato aos deuses por ter colocado na cabeça de Tiago a maravilhosa idéia de tentar seduzir a melhor amiga de Lílian. Como ele se sentia grato.


 


***


 


         Era um dia qualquer de verão, como todos os outros na mansão Black. Um tédio para variar, pensou Sirius, passar as férias naquela casa era um inferno! Aliás, quê isso?, o inferno era muito melhor em comparação àquela casa.


         O rapaz estava jogado na cama, com uma cara de tédio estampado no rosto. O que ele mais desejava era não estar ali.


-Oh céus, o que eu fiz de errado para merecer isto?- falou para o nada.


         Odiava aquela família, odiava aquela casa e odiava mais ainda a sua mãe, afinal de contas o que havia feito de errado para merecer uma mãe como aquela?


-Devo ter jogando bombas de bosta na cruz.- respondeu alto a sua própria pergunta.


Todos os seus amigos tinham pais adoráveis, um pouco rígidos sim, mas nenhum comparado com os seus. Tiago tinha uma família formidável, uma mãe e um pai que o adoravam, Remo tinha uma mãe amorosa doce e compreensiva, até mesmo Rabicho tinha uma mãe extraordinária. E ele, Sirius, o que tinha? NADA!


         Sua família só se preocupava com o próprio umbigo, estavam felizes com ostentação e poder. Abominavam trouxas, e apoiavam as trevas, afinal de contas, ele devia ter errado muito para conseguir uma mãe como Walburga.


         O chá da tarde deveria ir alto naquela hora, fofocas indo e vindo, Evelyn Malfoy se fazia presente. Provavelmente, Walburga e Druela estavam falando sobre as qualidades da “pequena Narcisa”, para a outra mulher. Arrumando um bom casamento, um casamento por pura conveniência. Por céus o que havia feito de errado para merecer tudo aquilo?


         O pior de tudo é que o tempo parecia não passar! As coisas pioravam dia após dia. E estavam ainda no inicio das férias!


-Ah não, isso é demais para uma única pessoa!- rosnou para si de novo.


         O clima abafado de seu quarto não estava ajudando muita coisa não, por uma fresta na cortina de veludo verde, o sol transpassava em toda sua intensidade batendo direto na blusa preta de Sirius. O quarto até que não estava uma bagunça, por que Monstro, o elfo doméstico, o havia arrumado pela manhã.


         Levantou-se impaciente de sua cama e foi até a sua escrivaninha. O quarto de Sirius era bem simples, um guarda roupas de duas portas, uma extensa cama, um baú aos pés da cama, a escrivaninha e algumas simples prateleiras nas paredes, tudo de azevinho rústico entalhado. As paredes haviam sido pintadas de branco, onde havia pôsteres de seus times favoritos e sua banda predileta, os Furúnculos Inflamados. A porta que dava para a simples e pequena sacada era encoberta pela cortina.


         Abriu a primeira gaveta da escrivaninha, e tirou de lá um pequeno e quadrado espelho de bronze.


-Tiago.- chamou o amigo pelo espelho de duas faces. Ninguém jamais desconfiaria de um espelho como aquele.


-O que é hein Sirius?- Tiago respondeu, com sua imagem aparecendo na superfície do espelho.


-O que você ta fazendo?- o rapaz jogou-se na cama novamente enquanto observava a cara zangada do amigo.


-Eu não acredito que você me incomodou só para saber o que eu estava fazendo.- ralhou o outro.


-Não, a sua vida pouco me interessa caro Pontas. Eu só queria jogar conversa fora, já que eu não tenho nada melhor para fazer.


-Ah ta certo, então como você não consegue ficar com a matraca fechada, você vem me perturbar.- ralhou Tiago mais uma vez.


-Ah, por favor pontas, não se faça de rogado. Quantas vezes você já interrompeu minha paz e eu não falei nada?


-Há há há há!, não me faça rir almofadinhas. Você sempre faz estardalhaço quando eu atrapalho sua “paz”.


-Ah, mentira...- Sirius fez uma cara de santo.- Estava pensando no que poderíamos aprontar no ano que vem. Aquela com o seboso no finzinho do ano, deu muita dor de cabeça.


-E como deu...


-A sua querida Lily já não queria sair com você, agora então...


-Me poupe Almofadinhas.- Tiago disse sem muita paciência, a verdade era que sempre que lembrava que Lílian estava zangada com ele mais do que nunca, o rapaz ficava irritadiço.


-Olha eu vou sair, e vou ter que te deixar sozinha.


-Tiago olha o respeito!- brincou Sirius


-Bom Sirius, eu tenho que ir...


         Que tédio, estava sozinho de novo! E o pior, não havia conseguido ter um diálogo mínimo de vinte minutos com o amigo. Droga ele iria acabar enlouquecendo!


         Foi até o pequeno banheiro do seu quarto, abriu a bica e fez uma concha com as mãos e deixou-a encher. Levou-a ao rosto molhando-o todo, olhou-se no espelho e viu sua imagem refletida nele.


-Cara, você tá mal.- disse para si mesmo- Você ta precisando fazer alguma coisa construtiva logo, ou se não vai acabar enlouquecendo.


         Pegou uma toalha de rosto e enxugou-se. Precisava fazer algo urgente, Tiago estava indisponível, Remo estava viajando e Rabicho prosseguia no seu mesmo marasmo. Ou fazia algo ou então iria parar no Saint Mungos. Talvez irritar Belatriz não fosse uma má idéia.


         Desceu as escadas e seguiu para a cozinha, quando passou pela sala fingiu que não havia ninguém ali, e as pessoas presentes fizeram o mesmo. Provavelmente Belatriz estaria fazendo petiscos para as convidadas de honra de sua mãe. Na verdade a moça detestava mexer com comida ou coisas domésticas, mas como era a Tia Walburga que havia pedido, e também por que tinha que mostrar a boa educação que Druela havia dado às filhas, esta havia aceitado.


         O rapaz parou na soleira da porta da cozinha e escorou nela. Belatriz ia e vinha arrumando o petisco, com muito mau humor.


-Ora, ora, ora - Sirius gracejou-, então minha priminha querida resolveu mostrar a boa dona de casa que é.


         Belatriz era uma mulher muito bonita, alguns poucos anos mais velha que ele. Tinha cabelos ondulados da cor de uma castanha bem clarinha, seus cabelos pareciam uma madeira lustrada de tão brilhantes que eram, os olhos eram da mesma cor, era dona de um lindo corpo cheio de curvas, mas sua maldade destituía qualquer beleza. Dona de um caráter que colocaria muitos homens para correr... Mas não ele.


         Ela levantou levemente o cenho ao ouvir o gracejo do rapaz, continuou de cara amarrada, porém murmurou:


-Não, - sua voz era fria, enviesada e polida- estou sendo cortês.


-Você?- num gesto comum, o rapaz passou a mão pelos cabelos - Não está no seu juízo perfeito não é mesmo “Bella”?


-Não me provoque fedelho - Belatriz falou com veracidade.


-Ui - em deboche, Sirius respondeu-, estou morrendo de medo.


         Ele adorava perturbar a paciência da prima, ao menos era uma distração quando ele estava entediado. Belatriz era ótima, por que sempre respondia a altura. Ele era um desafio para ela, e ela o mesmo para ele.


-Olha aqui,- ela chegou perto e encostou o dedo indicador no nariz dele- não torne a me encher a paciência, ou você...


-Ou o que?- ele pegou-a pelo cotovelo - Cadela que ladra não morde.


         Com um único solavanco no braço, a mulher conseguiu se livrar dele, sem pensar duas vezes lançou sua mão contra o rosto dele.


-Vadia, isso doeu. - levou a mão até a região dolorida do rosto.


-Era para doer mesmo. - ela respondeu com asco, e cuspiu no chão em desprezo a ele.


O rapaz levantou a mão para revidar, mas uma voz atrás de si o silenciou.


-Ouse fazer alguma coisa Sirius Black, e te deixarei de castigo pelo resto da vida.- era a voz de sua mãe, fria e cortante como uma lâmina afiada. O rapaz virou-se, seus olhos azuis que geralmente pareciam um mar em calmaria, mostravam uma tempestade se formando.


-É mesmo?- respondeu com o mesmo asco que havia na voz de sua prima - E se eu te disser que estou pouco me importando com isso?


Por um momento a mulher nada disse, Walburga era uma mulher que por mais rígida que fosse e quisesse dar-lhe uma surra, jamais perderia a pose.


-Suba para o seu quarto agora, e me espere, já estou indo.


-Eu não vou subir. - respondeu tranqüilamente.


-Ah, vai sim. - ela retrucou.


-Não vou não, e não vais ser uma mulher rabugenta, que acha que só por que me pariu pode mandar em mim. Eu não vou, Walburga Black!- finalizou, sua voz saiu tão fria e cortante como a da mãe.


         Era duro admitir para si, mas ele era muito mais parecido com ela do que desejava de verdade. Não toleraria tudo aquilo, um misto de ódio e raiva se apossou dele de tal forma, que ele não soube explicar.


-Então - sua voz saia como de um pesadelo sombrio. – serei obrigada a lhe dar uma surra na frente das visitas.


         Um misto de horror passou por seus olhos, o contrário acontecia com ela, um misto de satisfação faiscavam em seus olhos. A vara de bater em elfos domésticos em sua mão, ela levantou a vara e deu o primeiro golpe. A vara o acertou de tal forma que, Sirius caiu de joelhos, não chorou, só os fracos choravam. Antes que ela pudesse golpeá-lo novamente, ele pegou a vara com uma das mãos.


-Chega. - sua voz saiu de um pesadelo. Levantou-se, não toleraria mais nada que viesse dela.- Não me considere seu filho.


         Ele se levantou para a surpresa da mulher, que ainda mantinha em seu rosto uma imagem de fúria.


         O que era aquilo, Walburga havia passado dos limites! Não toleraria mais nada vindo da parte dela, se decidiu. Subiu rapidamente as lustrosas escadas de azevinho que dava para o andar superior, virou o primeiro corredor e entrou no ultimo cômodo. Seu quarto estava pouco arrumado, mas esse detalhe não impediu de que Sirius pegasse suas coisas e amontoasse na mala.


         Pegou seu malão debaixo de sua cama, e jogou-o em cima cama, começou a recolher seus pertences e colocá-lo lá.


-O que você esta fazendo?- uma voz doce se fez presente. Era Andy sua única e verdadeira prima, a única Black que realmente prestava.


-Andy estou fazendo o que eu deveria ter feito há muito tempo atrás. Ir embora daqui.- respondeu juntando tudo dentro de seu malão de Hogwarts. As lágrimas ardiam seus olhos, e às vezes até embaçavam sua vista. – Você deveria fazer o mesmo.


         Andrômeda apenas olhava-o, aterrorizada. Sirius foi até a sua escrivaninha, abriu a gaveta e pegou somente o indispensável. Tornou ir até sua cama e jogou tudo dentro da sua mala. Fechou e arrastou-a até a porta do quarto.


-Andy, faça-me dois favores, sim?


-O que você quiser.- respondeu ela, com melancolia.


Ele afagou os cabelos dela e disse:


-Primeiro, prometa-me que irá se livrar dessa família o mais rápido possível.


-É o que pretendo fazer.


-Segundo, pega as minhas outras coisas e manda pra mim ta?


-Ta certo! Mande notícias, viu?- Andy abraçou-o.


-Mandarei.- ele deu um beijo no topo de sua cabeça e saiu.


         Sua liberdade estava muito mais próxima do que imaginava, mas aquele corredor parecia muito mais extenso do que realmente era. Quando desceu o último degrau da escada, ouviu a voz de sua mãe vinda da sala.


-Sirius Black, se você sair por essa porta. Não se considere mais meu filho!


-Com todo o prazer “mamãe”! Os Potter’s irão me aceitar de bom grado.- disse sem ter muita certeza disso.


-Bem típicos daqueles traidores de sangue.- ela rosnou com ciúme.


-Lave a boca para falar deles.- ele também rosnou, porém diferente dela, ele estava furioso com a ofensa.


-Olha como fala com a sua mãe, rapazinho.- pela primeira vez Druela falou. Sirius que ainda estava de costas para ela e de frente para a sua liberdade, virou-se e estampou um sorriso debochado no rosto. A visita delas se mostrava impassível, Belatriz mais atrás mostrava um olhar de triunfo, ódio, raiva, arrependimento. Já do alto da escada, Andrômeda via tudo.


-Que mãe? Está se referindo a esse mostro que me colocou no mundo?


         Todos se mostraram chocados com a ousadia dele, Andy de tão horrorizada levou a mão a boca. Os lábios de Walburga tremiam, com alguma dificuldade ela disse:


-Terei prazer em riscar o seu nome da tapeçaria Black.


-O prazer será todo meu em sair dessa maldita família.- Os lábios de Walburga tremiam levemente, ele havia conseguido entrar na impenetrável fortaleza que era a mãe. Agora era tarde, ela o tinha libertado.


         Sirius pegou a mala, sem olhar para trás, abriu a porta e saiu da Mansão Black. O sol lhe soltou, compenetrando os seus raios em sua pele. O rapaz abriu os braços, sentiu o vento transpassar-lhes e uma maravilhosa sensação de liberdade aflorou em seu ser. Estava livre!


         Da janela da sala da Mansão Black, Walburga olhava horrorizada para o filho, custando ainda em acreditar em tudo o que havia acontecido. Sempre soube que ele queria sair de casa, mas jamais acreditou que ele o faria isso.


 


***


 


         Após a solenidade de formatura, tudo seguiu tranqüilamente. Sirius resolveu tirar Brianna para trançar. Levou-a para a pista de dança, uma música triste e doce tocava.


 


Oh but God I want to let it go


(Oh mas Deus, eu quero me libertar)


 


         Amava tanto Brianna, que chegava a doer. A verdade para Sirius era uma só: ele tinha medo em se prender a alguém, de perder sua liberdade. Por isso, diversas vezes não entendeu as oscilações de humor de Tiago por causa de Lílian. Por isso nunca levou para frente relacionamento algum. Sempre ficava com uma garota, largava-a depois, pois a maioria delas só queria estar com um homem bonito, viril e forte.


         A bela Brianna aconchegou-se em seu ombro enquanto dançavam, um lindo sorriso nos lábios. O inebriante perfume dela, inalando por suas narinas. Eram as únicas coisas que Sirius prestava tenção.


 


I can't hold on to me


(Eu não posso me acalmar)


Wonder what's wrong with me


(O que há de errado comigo)


 


         A dança prosseguia lenta, mas um leão urgia dentro de si. Puxou a moça para mais perto de si, queria aconchegá-la em seus braços, desejava protegê-la; ele não sabia de que, mais queria protegê-la. Houve um tempo em que Sirius queria ser protegido por alguém, queria que alguém cuidasse dele. Agora, naquele momento, porém, desejava protegê-la.


         Ele não sabia explicar, mas desde que entrou em Hogwarts, alguma coisa havia mudado nele. A sua velha natureza estava morta. Estaria ele pronto para tudo aquilo?


 


Don't want to let it lay me down this time


(Não quero ficar pra baixo dessa vez)


Here in the darkness I know myself


(Aqui na escuridão, eu conheço eu mesmo)


 


         Os outros casais estavam valsando também juntinhos, numa sincronia perfeita. Ah, adorava aquilo, tinha uma enorme sensação de liberdade. Sirius adorava controlar sua própria vida, ser dono dela e não ter ninguém para dizer se estava certo ou errado. Ele era dono de si mesmo e ninguém mais interferia naquilo.


         A música terminou, casais apaixonados suspiravam, e uma nova dança começava. Eles pararam, o moreno deixou um beijo tenro e profundo em sua namorada.


-Venha.- Sirius puxou Brianna pelo braço - Quero que conheça alguém.


         Os dois seguiram até o canto onde tinha uma mesinha circular. Lá se encontrava um casal, umas das poucas pessoas queridas para ele. Eles logo se levantaram ao verem sirius.


-Brianna, meus pais de criação,- começou ele a apresentação antes que esses pudessem falar algo- Bryan e Samanta Potter.


         A moça os cumprimentou como se mandava o figurino, Sirius porém abraçou cada um deles, com o calor de um filho que não vê os pais há muito tempo. Desde que saíra da casa dos pais, e até mesmo muito antes disso, aquele casal simpático que só tinha um filho – Tiago Potter – havia cativado o coração dele e o adotado como filho.


-Ai, ai, mas não é que o Almofadinhas tomou a dianteira e foi cumprimentar os MEUS pais primeiro?- disse Tiago, que trazia com si uma Lílian muito rubra.


         A mãe de Tiago, Samanta abriu um largo sorriso ao ver os ciúmes do filho.


-Eu me chamo Sirius Black, o mais lindo e inteligente aluno que Hogwarts já teve, o que você esperava ”Pontinhas”??? Vim saudar meus pais.- o rapaz desdenhou.


-O que a senhora diz disso hein mãe?- Tiago se mostrou levemente irritado, tinha um ciúme doentio pela mãe.


-Ah, apenas que sou grata a Deus por ter dois filhos maravilhosos.- Samanta puxou os dois e deu um forte abraço neles.- E detesto que eles fiquem brigando.


-Ah mamãe,- Sirius encenou- “Tiaguito” que é muito ciumento, eu não ligo em dividir o amor da senhora com ele.


-Rapazes, menos.- o Sr Potter falou. Ele era um homem de estatura mediana, de cabelos estropiados, e olhos castanhos esverdeados. Tiago era a cópia perfeita, do pai, não parecia nada, nada com sua mãe.


 


Anything is better than to be alone


(Qualquer coisa é melhor do que ficar sozinho)


Always find my place among the ashes


(Sempre encontro meu lugar entre as cinzas)


 


-Papai, Mamãe, esta é minha namorada Lílian Evans- Tiago apresentou a namorada aos pais.


-Olá, Sr e Sra Potter- A ruiva estendeu a mão, que foi acolhida calorosamente pelas mãos dos pais de Tiago.


-Hum-hum,- Sirius pigarreou,- e esta é minha namorada, Brianna.


-Você havia-a nos apresentado, mas não tinha dito que era sua namorada Sirius!- Samanta falou generosamente.


-É mãe, o Sirius adora me imitar.- Tiago falou em um suspiro- até conseguiu alguém com o gênio difícil igual o da Lílian.


         Lílian apenas levantou o cenho, não muito alegre.


- Caro Pontas, devo lembrar que, se estou namorando com essa diva é graças a você! Afinal de contas foi você que pediu pra mim cortejar a amiguinha da ruiva.


         Lílian levantou mais um pouco o cenho, suas bochechas se encontravam rubras e ela disse:


-Explique-se Tiago!- a ruiva estava fazendo um esforço sobre humano para se manter calma, Sirius só não entendia o por que de tanto nervosismo. Brianna não se mostrava mais alegre também não. A careta dela estava estampada por toda sua face.


-Obrigado viu Sirius!- Tiago murmurou, se mostrando muito irritado.


-Não há de que, afinal amigos são para isso mesmo.- o moreno deu um beijo no rosto da Sra. Potter e um adeus para o Sr. Potter e puxou Brianna para longe dali, antes que Tiago resolvesse matá-lo. Ainda teve tempo para dizer- Hoje, à meia noite, naquele lugar que marcamos.


 


 


 


Can't break free until I let it go


(Não me prenda antes que eu me liberte)


And in the end I guess I had to fall


(E no fim, eu acho que eu falhei)


 


         Um relógio de mogno, com um pêndulo martelando para lá e para cá marcava quinze para a meia noite. Não muito longe dali, um garoto moreno de cabelos precisando de corte que ia até o colarinho, de olhos azuis*  como as águas de um calmo mar, balançava-se sobre os calcanhares, com os polegares metidos no bolso. Aquilo era prova de que Sirius estava esperando algo ou alguém e que não tardaria se irritar.


-Almofadinhas.- o rapaz ouviu ser chamado por um sussurro rouco. Era Tiago que se encontrava escondido atrás de uma armadura de um cavaleiro qualquer. Com um gesto com a mão o garoto de cabelos estropiados pediu que ele se juntasse.


-Onde esteve esse tempo todo?- reclamou o moreno em um sussurro para não acordar ninguém- Desse jeito não dará tempo!


-Haha, você é bem folgadinho não é mesmo Almofadinhas?- o outro também reclamou em um sussurro- Você deixa sempre o mais difícil para mim. Você acha que foi fácil distrair a Lílian? E depois convencer e arrastar o Aluado e o Rabicho? Você só teve que esperar.


-Não reclama Pontas, foi você quem escolheu.- justificou. A conversa não passava mais do que um sussurro, todo cuidado era pouco e os marotos sabiam perfeitamente bem disso. Um errinho, e pimba! O plano todo ia pelos ares.


-Venha- Sirius seguiu Tiago até uma sala qualquer. Assim que entraram, Tiago depositou um mapa sobre a maior mesa da sala, a do professor.


-Está vendo, este serão os pontos onde deveremos colocar as bombas de bosta. Afinal a nossa saída será monumental.- explicou Tiago.


-E dará tempo para tudo isso? Nem se fossemos dez, entendeu? Dez! Não seríamos capaz de espalhar essas bombas de bosta pelos principais corredores e ainda correr para o quarto.


-Acovardou é Almofadinhas?- caçoou.


-Não, só estou dizendo que isso deveria ter sido melhor pensado.


-Por isso mesmo eu trouxe Frank conosco!- Tiago abriu um largo sorriso- Agora somos cinco, só temos que fazer o trabalho de dois cada.


-Você não tem nada nessa sua cabeça além de chifres né?


-Cara diferente de você- e apontou para sua própria cabeça - eu tenho cérebro.


-Hahaha!


-Shiiiii!, se Pirraça nos encontra aqui, nosso plano vai pelos ares.


-Até parece que tem como!- e levantou o cenho.


-Olha toma aqui.- Tiago tirou a mochila das costas abriu-a e tirou de dentro pacotes de bomba de bosta.- Essas bombas de bosta são especiais, demoram em média cinco minutos para estourar. Ou seja,- olhou para seu relógio de pulso de rapidamente contou quanto tempo tinham- temos exatamente dez minutos até a meia noite, você tem cinco minutos para armar as bombas depois ligá-las. E cinco minutos para sair correndo para o nosso quarto, caso contrario você será pego.


-Certo, então deixa eu ir, não precisamos perder tempo.


-O caminho mais curto é pegando o atalho da ala leste do castelo.


-Certo!


Dez minutos mais tarde...


         Sirius se joga na cama. O relógio marcava meia noite em ponto, o pêndulo dá sua primeira badalada. E no primeiro andar uma explosão de bombas de bosta começa acontecer. O rapaz olha para o teto de seu quarto e abre um enorme sorriso, afinal havia dado certo. Na manhã seguinte, ninguém comentaria outra coisa.


         Sua saída de Hogwarts seria monumental, aliás, sua saída não, a dos marotos! Meia hora antes de se encontrar com Tiago, Sirius havia sido encarregado de guardar o mapa do maroto em algum lugar da escola, onde outros alunos malfeitores como eles pudessem usar. Havia escondido na A Bruxa de Um-Olho-Só, exatamente no esconderijo principal, o que levava ao porão da Dedosdemel.


         Sirius puxou a coberta um pouco mais para si, a última bomba de bosta explodiu. Amanhã Argo Filch teria bastante trabalho para fazer.


 


***


         Uma manhã de verão esplendorosa, o sol já estava alto, em seu apogeu. Um céu de azul claro intenso e com nuvens fofinhas que pareciam com algodão doce. A paisagem lá fora passava correndo pelos olhos, campos, florestas, túneis, pastagens, plantações...as mais diversas.


-O plano deu certo.- falou Sirius finalmente, aconchegando-se melhor colocou as pernas na poltrona da frente e as mãos atrás da cabeça.


-Mas tá na cara que foram os marotos.- rosnou Lupin preocupado,- imaginem só, nunca conseguiram nos pegar até hoje e logo no último dia eles no pegam com a mão na massa.


         Tiago entrou dentro da cabine.


-E aí, Pontas, enfrentando uma bronca da ruiva?


O rapaz passou a mão pelos cabelos, olhou meio rabo de olho, jogou-se em uma das poltronas e respondeu:


-É! Jurei de pé junto que não havia sido eu.- ele abriu um sorriso, segurando para não rir-Fiz sua famosa cara de cachorrinho abandonado- Sirius fez uma careta- e disse que não havia sido eu.


-E ela acreditou?- Rabicho perguntou curioso.


-Por incrível que pareça, não. Disse que fingiria que acreditaria, mas...


-Sempre tem um mas.- rebateu Sirius.


-Se ela ao menos sonhasse que tenha sido os marotos, ela acaba com nossa raça.


         Lupin engoliu em seco.


-É, Pontas, você vai passar um doce com essa ruiva...- falou o moreno.


 


~*~*~*~*~*~
Notas da autora:
Olá, desculpe-me pela demora, mas como estávamos em reta final na escola eu não pude dar a devida importância para fic, agora no entanto com tempo eu me dedico 100% a fic agora. Quero agradecer a todos que generosamente comentaram, muito obrigada mesmo, ainda não tive tempo de respondê-los mas muito em breve cada um receberá um e-mail com a resposta. Antes que eu me esqueça a musica que é tocada no capitulo se chama: Lithium, que é do novo álbum do evanescence.

Natalie Potter

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