Maldito raio



Adoraria se comentasse o que acharam desse primeiro cap.!
Boa leitura

-------------------------------------------------------------------


Na casa numero quatro da Rua dos Alfeneiros, um garoto olhava para seu quarto com uma sensação diferente, ele não sabia direito o que era, até por que, o mesmo continuava igual. A velha cama com um colchão já gasto, a escrivaninha a sua direita apinhada de coisas, na qual, uma coruja branca olhava para o seu dono e um pequeno armário completava a mobília. Estava em pé no meio do aposento, pensando, sabia que a hora estava próxima desde que chegará ali no começo daquelas amargas férias, sabia que deixaria aquela casa de vez! Casa, que de forma alguma era querida, mas, como disse o antigo diretor (apertou-lhe o coração pensar nele) era sua casa, onde tinha o sangue de sua mãe.

Harry sempre desejara sair da casa dos seus tios, imaginou por várias vezes esse dia tão esperado de sua vida. Mas nunca pensou que sentiria medo do que o aguardaria do lado de fora, nunca pensou que se sentiria mais seguro naquela casa do que fora dela. Dumbledore estava morto, pensava derrotado. A ficha demorara a cair, mas, nas férias, teve tempo para pensar mais à fundo nas coisas que implicaram com sua morte. Coisas que só passaram rapidamente por sua cabeça durante o seu enterro. Nunca imaginou que iria viver aquele dia! Sabia que Dumbledore era velho, mas para ele, o diretor sempre fora eterno, um sábio mas jovem por princípios e atitudes! Nada podia ferir ou atingir o diretor. Ele era para Harry a certeza, o justo, o amigo... O certo puro e simples... E o que era certeza agora? Pensava o garoto. Sabia que ele tinha um caminho a tomar, mas sentia que sem Dumbledore sempre como seu apoio ele não sabia nem como começar, a quem iria recorrer quando nada mais pudesse ser feito aparentemente?
Estava perdido e confuso, mas no fim, sempre que aqueles conturbados pensamentos o afligiam, ele via que Dumbledore nunca havia o desapontado e tinha confiado inteiramente em Harry, não iria nunca desapontar o diretor, ele queria ser o motivo de orgulho que Dumbledore sempre dizia que ele era, queria estar à altura da missão que o diretor o confiara. Olhou para a escrivaninha onde tinham entre penas, recortes de jornais, um tinteiro vazio, a gaiola de Edwiges e algumas fotos que olhavam para ele, lá estavam sua mãe e seu pai sorrindo e de algum modo passando-o confiança, sorriu, coisa rara nesses dias e pegou a foto ao lado que estava jogada na mesa, estava meio amassa e sem brilho, explicado pelo fato de que ela não saia das mãos do rapaz. Na foto ele se via envolta de três pessoas, as três pessoas mais importantes para ele, a qual não via a hora de revê-las. Olhou para seu lado direito na foto, onde um ruivo alto ria com energia ao lado da menina de cabelos castanhos que acenava, sentiu um calor o animando. O que seria dele sem Rony e Hermione? Fechou os olhos e largou a foto. Não queria vê-la, não queria ver sua felicidade, a qual ele mesmo fez questão de enterrar junto com o diretor naquele começo de verão, mas mesmo fugindo da foto, não esquecera da imagem que tinha visto por todos os dias desde que chegara aos Dursleys.

Lá estava ela ao seu lado, entrelaçava seus braços ao corpo dele, enquanto ele a segurava pela cintura, ela sorria muito sempre que ele olhava a foto.
A garota era linda... Se ele não era nada sem seus amigos, nela via o futuro, o motivo para continuar vivendo. Olhou para o espelho do armário e colocou a mão vagarosamente sobre a testa escondendo aquele raio, maldito raio, pensou. Imaginou sua vida sem ele, rapidamente veio a sensação de sua mãe o chamando para jantar, seu amigo Rony conversando sobre a péssima atuação de seu time, os Cannon’s, enquanto passava as férias com ele, seu pai e Sirius numa conversa animada enquanto lembravam de alguma maluquice do colegial, e ele animado para voltar à Hogwarts, para seu último ano...com Hermione sempre lembrando dos malditos NIEN’S, enquanto ele só pensava em sua Gina. Triste abriu os olhos fugindo do espelho, não era mais sua. Como pensava tanto nela? Com tanta coisa acontecendo, com tanta coisa para fazer e com malditos pedaços de Voldemort impedindo que aquela criatura tão asquerosa pudesse morrer, e o que o dominava e nocauteava era uma ruiva um ano mais nova que ele, sentia completamente dividido, uma parte dele o insultava por pensar nela, o convencendo que tinha feito tudo certo, enquanto a outra metade, que crescia e o insultava ainda mais de que a primeira por não correr para ela e pedir desculpas por tudo que tinha dito. A razão ainda prevalecia, pois ele sabia que não podia deixar que nada ocorresse a ela, com sua Gina, sua não, não era mais sua... tinha que por de vez em sua cabeça que de nada adiantava tê-la longe, se ela permanecia em seus pensamentos, a colocaria em perigo do mesmo jeito.

O estranho animal em seu estômago bufou, e o garoto pensou que ele, com certeza, não estava nada feliz com o dono.

Estava acabando de arrumar as coisas, já fazia três dias que parava para fazer isso, mas nunca terminava, não que tivesse muita coisa, mas sempre ficava absorto com tantos pensamentos.

-Hoje eu termino!

Sabia que tinha mais um dia até seus 17 anos, mas queria sair de lá o mais rápido possível, não queria proteção, queria terminar com tudo aquilo, apesar de que se animava com o casamento de Fleur e Gui, último momento de alegria com todos que gostava.

Abriu o guarda-roupa, tinha algumas blusas amassadas e velhas até para os padrões das roupas de Harry, puxando a última blusa sentiu algo mais pesado que logo caiu, e alguns pedacinhos de vidro brilharam no chão. Ele olhou triste, era o espelho que Sirius lhe dera, e que Harry quebrara há pouco mais de um ano. Como pôde deixar quebrado? Sentia tanta raiva dele mesmo na época, que o jogou no malão depois que quebrara, e não deu mais conta dele desde então.

Será que ainda tinha concerto depois de tanto tempo? Sentiu-se mal, sabia que o espelho na época da morte de Sirius o trouxe ainda mais culpa, nem abrira o presente por medo e acabou piorando tudo, agora ao vê-lo quebrado sentiu-se triste, fora de Sirius e de seu pai, pegou a varinha; ia tentar concertar.

-Mas e se não funcionar?

Fazia muito tempo que estava quebrado, talvez se não funcionasse se sentiria ainda mais culpado. Pronto, era só o que faltava! Tinha medo de não conseguir e ficar pior do que já estava por ter destruído o presente.

-Ah! Esquece... Reparo!

Fechou os olhos na hora do feitiço. Tinha que admitir: era patético, mas não podia evitar se apegar as pequenas coisas que lembravam seus amigos, que já eram sua família. Abriu os olhos e se viu no pequeno espelho, deu um sorriso e o embrulhou com cuidado. Não sabia o porquê, mas estava feliz de ter aquele presente de volta.

Pronto! Sua mala estava pronta, e ele começou a colocar de qualquer jeito as coisas que estavam em sua escrivaninha na mochila e alguns livros de feitiço. Tirou a foto dos seus pais do porta-retrato e juntou com a foto de seus amigos. “Amigo”, era apenas mais um amigo dela. E a colocou em seu bolso, restando os recortes de jornais espalhados na mesa. Um deles se referia ao fechamento de Hogwarts e outro era uma pequena nota recortada por Harry há uns quinze dias, que dizia que mesmo em tempos de guerras, o país vinha sendo o destino de muitos grupos estrangeiros que chegavam quase todos os dias, o mais estranho da noticia, porém, era que nenhum dos forasteiros estava disposto e falar com o jornal e eles simplesmente sumiam depois de uns dias, não se estalando em nenhum tipo de hotel ou estalagem.

Harry não sabia o que pensar da ultima noticia, para falar a verdade, parecia não saber de nada nesses últimos dias desde a volta de Hogwarts, tudo passava em sua cabeça como um turbilhão de noticias e fatos. Tentava juntar as coisas, mas não sabia nem por onde começar. Passava tardes pensando em R.A.B., o que significava essa sigla? Que motivos ele (era ele? Ela? Eles?) teria? Ele conhecia Voldemort? Estava vivo? De que lado estava ou esteve?E Voldemort? O que estaria tramando? O que estava tramando contra ele? Onde estariam seus horcruxes? Qual era o ultimo? E aonde iria primeiro? O que veria em Godric’s Hollow? Era muita coisa, sentira que seu mundo assim como quando soube que era bruxo tinha virado de cabeça para baixo, mas desta vez parecia bem pior e tava demorando a voltar ao normal, achava que era bem provável que não voltasse mais nunca, olhou de novo para noticia, ninguém parecia prestar atenção nessas pequenas notas, mas Harry que aprendera com Hermione que tinha que ler o jornal inteiro depois de uma “pequena” discussão no Grimaldi Place, achava muito estranho essas pequenas comitivas que chegavam agora constantemente ao país, como alguém viria a um país praticamente em guerra? Com certeza não era por turismo, e o fato de nenhum desses “turistas” quererem dizer nada ao jornal só deixava o fato ainda mais intrigante, não sabia o que pensar talvez estivesse fazendo uma tempestade de grandes proporções com a noticia, mas não pode deixar de colocá-la no bolso, gostaria de perguntar a alguém da Ordem quando tivesse chance.

Olhou em volta, finalmente havia acabado!

Ficou em silencio pelo que para ele pareceu uma eternidade. Havia esquecido de algo?

Como se estivesse respondendo a sua pergunta, escutou um grunhido abafado vindo de algum lugar do quarto, olhou para Edwiges que estava em sua gaiola como se perguntasse a ela se também tinha ouvido aquilo, ela olhava sem piscar para seu dono. Pensou ser o seu estomago, mas quando ouviu de novo o mesmo barulho, viu que definitivamente não era ele. Pegou sua varinha, não custava ser precavido.

-Melhor prevenir do que remediar...

Edwiges piscou de volta em resposta. Estaria imaginando, ou aquele grunhido vinha de baixo da sua cama? Achando que só podia estar em um conto trouxa de assombração para assustar crianças, abaixou-se e viu algo que mais parecia um tijolo enorme e com grandes olhos e dentes que brilhavam para ele, o puxou com cuidado e certa relutância...

-Onde Hagrid estava com a cabeça ao adotar esse livro?

Mesmo preso por um cinto velho de Harry, o livro Monstruoso dos Monstros se debatia! O que ia fazer com ele? Não tinha mais espaço em canto nenhum, achava que seu malão ia abrir a qualquer momento de tão cheio.

Então ele pensou, tão simples!

Colocando a mochila nas costas e com uma mão na gaiola com Edwiges e a outra em sua mala, abriu a porta, descansou a mala no chão pegando sua varinha. Provavelmente estava usando muita magia sem permissão, mas isso não o perturbava mais e o ministério parecia bem mais ocupado com outras coisas, já que não havia chegado nenhuma advertência por ele ter feito magia. Além do mais não iria mais voltar à escola mesmo, e com esse pensamento libertou o livro que se encontrava no meio do quarto.

-Nada mais normal do que um presente por todos esses anos de hospitalidade, certo Edwiges?

Harry começou a descer a escada meio desajeitado por causa do tamanho de sua mala, e encontrou os Dursleys assistindo TV da forma mais natural que eles conseguiam, mesmo sabendo que o fato de se verem livre do garoto era algo para se comemorar, deveriam estar um pouco preocupados pelo fato de que alguém estaria saindo da casa deles, que eram pessoas completamente normais, segurando um grande malão velho e uma gaiola com uma coruja.

-Eh... Estou indo então...

Tio Valter não demonstrou interesse, mas Duda deu um sorriso maldoso. Harry esperou por alguma ação dos Dursleys em vão. Encaminhou-se para a saída, quando, para sua surpresa, tia Petúnia levantou-se e abriu a porta, Harry esperando que esse gesto fosse só para ela ter o gosto de bate-la nas costas dele, se surpreendeu mais ainda com o que veio a seguir.

-Boa sorte, então...

Harry ficou olhando para a tia meio surpreso. Petúnia apesar de não demonstrar grande interesse nem sentimento por ele pareceu-lhe bem sincera. Eles, então, se compreender com apenas aquelas trocas de olhares. Ela estava com medo, talvez não por ele, mas ao que ia acontecer a sua família agora, ela devia estar tentando depositar alguma esperança, mesmo que a contragosto, na magia. Ele então assentiu em resposta, talvez para passar segurança, que ele também não tinha tanto, e assim virou-se pra encarar a rua.

Agora era de verdade.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (1)

Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.