Teste Oculto



Capítulo 12 – Teste Oculto


Cassius se endireitou na cadeira ao ver algo se mover na escuridão da parede à sua frente. Ele deu um leve sorriso, fez uma leve reverência com a cabeça e disse, divertindo-se:


- Há tempos não lhe vejo, velho amigo.


- Digo o mesmo. – disse uma voz muito calma.


- Foi uma ótima idéia a sua de fazer dois quadros, como o Black. – comentou Cassius, com um largo sorriso.


- Ora Cassius, eu não acredito no que eu acabei de ouvir. – disse o outro, divertido – Você já está com a memória ruim? Pelo que eu me lembro, foi você que me deu essa idéia. Para mantermos contato.


- Verdade. – Cassius riu – Mas nós temos que por a verdade sobre a mesa, foi uma bela idéia.


- Ainda convencido. – falou o outro com uma seriedade repentina.


- Eu não mudei meu amigo. E, eu sei que, você também não. – Cassius focalizou os olhos azuis do outro.


- Males de família, não? Desde os nossos antepassados isso ocorre. – o outro começava a falar sabiamente.


- Somos iguais a eles. Não importando a distância que os séculos impõem.


- Concordo. – o outro sorriu – Mas eu não vim aqui falar sobre nós, mas sobre o Harry. Como ele está no treinamento?


- Eu sabia que você ia perguntar. – Cassius riu – Ele tem futuro, não posso negar. Mas ele não se concentra o suficiente. Ele é tão desligado quanto Owen, quando este estava na fase de treinamento.


- Paciência é uma das coisas que nossos pais nos ensinaram.


- Sim, mas ela tem limites. – Cassius olhou as próprias mãos – Eu devo lhe contar uma coisa. Os amigos dele, Ronald, Hermione e Ginevra, são uma barreira para ele.


- Não creio. – o outro se endireitou na própria poltrona.


- Mas é a pura verdade. Ele só pensa neles e, o que é pior, ele os ama mais do que a ele próprio.


- Essa é uma das inúmeras qualidades do Harry. Ele não se preocupa consigo mesmo, mas com os outros.


- Mas isso atrapalha no treina...


- Não ouse terminar sua frase. – falou o outro, cortando-o, e, pela primeira vez na presença do amigo, rispido – Eu nunca aceitei os seus métodos de treinamento...


- Então... – Cassius ia retrucar.


- Eu não terminei! – o outro o cortou novamente – Eu é que sei o estado físico e mental de Owen durante sua estadia em Hogwarts.


- Por favor meu amigo... – Cassius havia fechado os olhos e tentava se controlar – eu nunca gostei de discutir com você, muito menos sobre os meus métodos de treinamento. Vamos ficar em paz, eu lhe peço.


- Você é tão sábio quanto eu Cassius. – o outro voltou a falar com a voz calma – Sabe quando parar uma discussão e quando está errado.


Cassius se surpreendeu quando ouviu batidas à sua porta.


- Eu tenho que ir. – disse, rouco.


- Eu volto assim que eu puder. – informou o outro – Não posso sair do meu quadro oficial com pessoas dentro da minha antiga sala. Uma vez, quando eu dei um “pulo” aqui para falar com você e você não estava, Minerva quase teve um ataque cardíaco.


- Minerva McGonagall. – repetiu Cassius, pensativo – Ela lhe substituirá muito bem como diretora de Hogwarts.


- Não, meu amigo. – corrigiu-lhe o outro – Minerva não irá me substituir, ela irá cuidar de Hogwarts à sua maneira, ao invés de “me imitar”.


- Compreendo. – Cassius ficou de pé ao ouvir outra batida na porta – Foi um prazer conversar com você.


- Digo o mesmo, até breve. – o outro ia se preparando para desaparecer.


- Alvo!


- Diga... – o outro parou e olhou o amigo.


- Eu tive um péssimo pressentimento hoje e eu sei que tem relação com o Harry e com os amigos dele.


- Seja paciente e bondoso meu amigo. – ele sorriu.


- Não sou como você. – Cassius esboçou um triste sorriso.


- Mas é claro! – o outro riu – Graças à Merlim só existe um Cassius McWell II e um Alvo Dumbledore II.


- É claro, o mundo seria totalmente diferente com algumas cópias nossas. – disse Cassius, divertido.


- Seria melhor ou pior?


- Mas é claro que seria para melhor. – Cassius riu – Você hein, Alvo, faz cada pergunta óbvia.


- E você hein, Cassius, responde sempre certo. – Alvo Dumbledore riu.


- Até breve meu amigo.


- Até breve. – e dito isso, o ex-diretor de Hogwarts desapareceu.


“Alvo, Alvo, Alvo... como você não há igual” - pensou Cassius, caminhando até a porta.


Ele abriu a porta e viu Benny fazer uma longa reverência.


- O jantar está servido, senhor.


- Obrigado Benny. – Cassius sorriu.


- Eu vos interrompi em algo, senhor? – perguntou Benny, preocupado.


- Não se preocupe com isso. Eu já estou descendo. – Cassius passou pelo elfo e cruzou o corredor.


“É impressão minha ou ele está de muito bom humor?” - Benny sorriu com seu próprio pensamento.


O mago desceu as escadas devagar. Apurando os ouvidos para tentar ouvir o que se passava na sala de jantar. Nada. Ele terminou de descer as escadas e parou à porta. Fitou a madeira e a empurrou devagar. À medida que a porta foi se abrindo ele pôde ver Rony, Hermione, Gina e Harry. Os quatro estavam silenciosos, concentrados em seus pratos. Fitou Harry e, como se este percebesse, recebeu seu olhar de volta.


- Onde está, Owen? – perguntou Cassius, sereno.


- Não o vimos depois que Sarah foi embora. – respondeu Harry e voltou à atenção para seu prato.


O mago fechou os olhos e se concentrou. Ele pôde sentir os quatro jovens à sua frente, Benny e Cristy na cozinha, e Owen no seu quarto. Cassius sorriu e, abrindo os olhos, foi se sentar. Porque, afinal de contas, Owen não estava sozinho.


Benny entrou logo depois e serviu seu mestre. O jantar foi silencioso, até demais na opinião do mago. Ele olhava para os jovens, que agiam como se ele não estivesse ali. Isso o deixou preocupado. Seus filhos faziam isso quando eram pequenos e, minutos depois, ocorria alguma bagunça criada por eles. Ao terminar seu prato, o mago se encostou à cadeira e focalizou os três companheiros de seu aprendiz.


Seus olhos ficaram fora de foco e pôde ver a aura mágica deles. A de Harry era a maior, sendo vermelha a sua cor. A de Gina seguia a de Harry em tamanho, o que deixou o mago ainda mais impressionado, a cor da aura da garota era azul. Hermione possuía a aura menos intensa, sendo ela amarelo-canário. Rony era meio termo, num verde intenso.


O mago ficou chocado. Como que aqueles três podiam ter aquelas auras? Mesmo nunca tendo treinado na vida, a aura de Gina quase superava a de Harry. As auras dos quatro, juntas, superavam a sua própria.


- Senhor? – Cassius ouviu uma voz.


- Sim? – o homem olhou os jovens e viu que todos eles lhe dirigiam o olhar.


- O senhor está bem? – perguntou Gina.


- Sim... claro. – respondeu ele.


- Nós vamos nos recolher. – informou Harry.


O mago assentiu com a cabeça e os quatro se levantaram. Harry fez uma leve reverência e se retirou com os amigos.


“Como que aquela garota tem aquela aura?” - o mago ficou pensando por minutos a fio.


- Senhor?


- Sim, Benny? – respondeu Cassius.


- Posso retirar a mesa? – o elfo se aproximou.


- Sim, claro. – disse Cassius e se levantou – Já vou me recolher. Boa noite.


- Boa noite, senhor. – desejou Benny, vendo seu mestre sair pela porta.


O homem subiu as escadas. O clima na casa ainda estava pesado. Ao entrar em seu quarto, a primeira coisa que ele viu foi o retrato de sua mulher à parede, olhando-o. Ao contrario dos retratos bruxos, esse era de fabricação trouxa e não se movia. Ele trocou de roupa e deixou a varinha de baixo do travesseiro, como de costume, deitando por cima logo depois. Ao focalizar o teto do quarto, ele notou o quão escuro o local era. Era mais escuro que o escritório. Sorriu levemente com o pensamento que passou pela sua mente.


“Como posso ser um mago branco e preferir ficar nas trevas?”.


Ele fechou os olhos e deixou seu corpo relaxar.


=-=-=


Os dois se encaravam desde a hora que haviam entrado no quarto. Tudo podia dar errado, mas também podia dar certo. Alguém bateu na porta e os corações dos dois garotos dispararam. Harry ficou de pé e caminhou até a porta, abriu de leve e pôde ver a cabeleira castanha de Hermione.


- Abri logo antes que alguém nos veja. – sussurrou ela.


Ele abriu a porta completamente e Hermione e Gina entraram, apressadas. Ao fechar a porta, Harry lançou um feitiço de proteção, para que ninguém ouvisse o que se passava lá dentro. Rony e as garotas fitavam-no. Ele olhou os três e disse, calmo:


- Não sei se vocês vão conseguir fazer os feitiços logo de cara. Eu demorei horas ou dias para conseguir fazê-los com perfeição. E que fique bem claro, perfeição é o essencial para o uso da Magia Branca. – falou Harry.


- Nossa, você falou igualzinho a um mestre. – Gina sorriu.


- Sem brincadeiras Gina, por favor. – pediu Harry – Isso é sério. Nós podemos ser pegos e, acreditem, não vai ser bom se isso acontecer.


- Ok, desculpa. – pediu a ruiva.


- Varinhas... estão ai? – Harry segurou a sua com firmeza.


- Sim. – responderam os outros três em coro, levantando as varinhas.


- Perfeito. – Harry sorriu – Gina, você conseguirá fazer magias sem ser detectada pelo Ministério da Magia, a casa tem uma proteção para isso. Agora prestem atenção. Vocês precisam se concentrar. Precisam por toda a concentração de vocês nas palavras e nos movimentos que farão. Eu quero que fechem os olhos – os três o fizeram – e tentem sentir a energia de vocês mesmos. Quando vocês sentirem que estão concentrados o suficiente, quero que repitam num leve movimento da varinha: Rinforzo Mágico.


Harry fez no exato momento. Gina e Rony fizeram segundos depois e Hermione após quase um minuto.


- Abram os olhos. – pediu Harry.


Quando os três o fizeram, ficaram espantados. Uma leve aura envolvia Rony e Hermione, mas uma aura um pouco maior envolvia Gina e Harry.


- Por que essa diferença no tamanho delas? – perguntou Rony.


- Não sei. – respondeu Harry, vendo as auras sumirem – Agora que realizamos esse feitiço, nossa força mágica está mais elevada e podemos realizar os feitiços mais facilmente.


- Harry! – chamou Hermione.


- Que foi? – respondeu ele, assustado.


- Nossos olhos... – começou a morena – estão mais vivos. Igual àquela vez que brigamos enquanto usávamos as vestes de Griffyndor.


- Verdade. – Gina reparou nos olhos do irmão.


- As vestes de Griffyndor possuem Magia Branca e elas nos fortalecem. Elas possuem esse feitiço impregnado aos fios do tecido.


- Entendi agora. – falou Rony.


- Mas voltando ao treino, ok? – perguntou Harry.


- Claro. – Gina sorriu.


- Agora eu vou ensinar pra vocês um feitiço muito útil se você estiver enfrentando mais de uma pessoa em um duelo. Ele duplica, triplica ou quadruplica o número de feitiços lançados. Por exemplo: - Harry apontou a varinha para a cama de Rony – Moltiplicazione! Wingardium Leviosa!


O lençol, o travesseiro e um livro que ali jazia começaram a flutuar.


- Ele também funciona com outros feitiços. – Harry cancelou o último feitiço – Estupefaça, Expelliarmus e muitos outros.


- Pergunta! – Hermione levantou a mão – Ele só funciona com feitiços normais?


- Não. Ele também funciona com feitiços brancos. – respondeu Harry – Mas não sei exatamente quais.


- Podemos tentar? – perguntou Rony.


- Sim. – respondeu Harry – Mas, lembrem-se, concentração acima de tudo.


- Moltiplicazione! – murmurou Gina, depois de se concentrar, apontando a varinha para a cama de Harry - Wingardium Leviosa!


- Isso mesmo Gina, mantenha a concentração. Como você está levitando dois corpos precisa ter o dobro de concentração. – comentou Harry.


Gina assentiu, sem retirar os olhos dos objetos flutuantes.


- Tente mais uma vez Rony. – comentou o moreno.


- Preciso me concentrar mais. – falou o ruivo para si próprio.


- Vai com calma Hermione. – pediu Harry.


- Eu estou tentando, mas não consigo me concentrar. – ponderou a garota.


- Por quê? – Harry ficou ao lado dela.


- Não sei. Eu sinto algo ruim e não consigo me focar no feitiço. – respondeu Hermione, frustrada.


- Harry! – chamou Gina, a voz mais alta que o necessário.


- O que foi? – Harry fitou-a, como os outros.


- Ali! – ela apontou para a maçaneta, que se movia.


- Essa não. – lamentou Rony.


A porta se abriu num estrondo. Os quatro jovens pularam de susto e se afastaram da porta. Os olhos azuis de Cassius encontraram os verdes de Harry.


- O que vocês estão fazendo? – a voz de Cassius era a mais fria que eles já ouviram.


- Nós... – começou Hermione, mas foi impedida por Harry.


- Eu estava ensinando a eles. – respondeu o moreno.


- Como ousa? – exclamou Cassius, ultrajado.


- O senhor se lembra que eu demorei horas para conseguir realizar o feitiço da multiplicação? – perguntou Harry.


- Claro. Um feitiço daquele nível, era obvio que você não...


- A Gina conseguiu em poucos segundos! – Harry cortou seu mestre.


- Impossível. – sussurrou Cassius.


- Nada é impossível para um mago branco! O senhor mesmo me disse isso. – retrucou Harry, rápido.


- Olhe o jeito com que fala comigo, Potter. – advertiu Cassius.


- Harry... eu acho melhor... – começou Rony, sussurrando no ouvido do amigo.


- Quieto Rony! – ordenou Gina – Sabe o porquê dele não nos ensinar? – perguntou ela aos outros – É porque ele nos acha fracos. Ele fala que nós somos fracos! – ela apontou para Cassius – Mas nós não somos! Nós sabemos disso e isso já basta para nos fortalecermos!


- Verdade! – falou Rony, apoiando a irmã.


- Nós temos que provar a ele que nós somos fortes! Que nós estamos no nível de um aprendiz branco! – argumentou Hermione, mais alto que os outros.


- Vocês não terão coragem de fazer nada contra mim. – comentou Cassius.


- Duvida?! – Gina ergueu a varinha, um sorriso desafiador brotando em seus lábios..


- Duvida mesmo?! – Hermione e Rony imitaram-na.


- Somos quatro contra um. Até para um mago branco isso é demais. – ponderou Harry, a varinha mirando o mago.


- Tentem a sorte. – desdenhou Cassius, segurando a varinha com firmeza – Se conseguirem me acertar, eu posso rever o conceito de vocês.


- Rony... – murmurou Hermione.


- Hermione... – disse ele no mesmo tom.


- Vai! – ordenou a morena.


- Expelliarmus! – gritou Rony, acançando contra o mago.


- Lixo! Protego! – Cassius moveu a varinha, saindo do quarto e entrando no corredor.


- Estupefaça! – gritou Hermione quando o campo de proteção do feitiço se desfez, indo pro lado oposto no corredor, sendo seguida por Rony.


- Muito velho. – Cassius deu um leve aceno da varinha e o feitiço foi cancelado – Minha vez?


Hermione e Rony arregalaram os olhos e se entreolharam. Harry sussurrou algo para Gina e ela sorriu marotamente.


- Taglio dello stretto! – murmurou Cassius, apontando a varinha na direção de Rony e Hermione.


Dois lampejos saíram da varinha do homem e voaram na direção dos dois jovens. Rony se jogou no chão, evitando o feitiço. Hermione se jogou para o lado, mas o feitiço atingiu-a na perna, causando alguns cortes. Cassius sorriu. Ronald era rápido, mas a garota podia ser mais, se treinasse.


- Dispersione Visiva! – gritou uma voz feminina.


- O que?! – Cassius olhou na direção do grio e viu um lampejo indo em sua direção – Impossível! Cancellare! – o feitiço foi cancelado instantes antes de tocar a face do mago.


- Fuoco Corporale! – gritou Harry e, logo em seguida, sentiu seu corpo amolecer pela enorme perda de energia.


- Como ousa, Potter! Difesa! – Cassius viu o feitiço bater com força no campo de proteção que havia criado.


- Expelliarmus! – gritou Hermione, sorrindo.


A varinha de Cassius voou alto e caiu na mão de Rony. Os quatro apontaram as varinhas para o homem. Ele sorriu. Hermione estava sangrando e mancava, Rony ajudava-a a se levantar, Harry e Gina não tiravam os olhos do mago e este não tirava os olhos de Gina.


- Vocês acham que a Magia Branca só se conjura sob o domínio de uma varinha? – Cassius riu – Estão enganados.


- AGORA GINA! – ordenou Harry, mantendo seu corpo firme sobre as pernas fracas.


- Corpo Catturato! – gritou a ruiva.


Cassius desviou do feitiço com facilidade e ergueu a mão direita para Gina.


- Magia Immune. – murmurou ele.


- Nem pensar! – Harry se colocou na frente de Gina e recebeu o feitiço.


- Harry! – gritaram as meninas e Rony.


- Você é esperto garoto. – admitiu Cassius – Protegeu-a porque é a única que consegue fazer os feitiços de antemão. Parabéns... mas agora você não vai poder ajudá-la. Dorme!


- Gina... use o feitiço da Perturbação Visual novamente, mas espera o Rony distrair ele. Depois usa o do Corpo Preso. – sussurrou Harry, o mais rápido que pode, para Gina.


O feitiço atingiu-o e ele deslizou para o chão, dormindo tranquilamente.


- ESTUPEFAÇA! – gritaram Rony e Hermione, fortes.


- Protego! – Cassius se virou para eles – Acham que eu me esqueci de vocês.


- Nós não esperávamos nada além disto. – falou Rony, risonho.


Gina fechou os olhos, se ajoelhando ao lado de Harry e tentando concentrar toda a sua força nos feitiços que iria pronunciar. Até aquele momento, os feitiços que usara haviam sugado uma boa parte de sua força e agora iria usar a que restara. Não podia falhar.


Rony e Hermione viram que Gina estava se concentrando. Aquela, então, era a hora deles agirem. Deviam chamar a atenção de Cassius.


- O que pensam que estão fazendo? – Cassius olhou os dois com espanto.


Rony e Hermione deram as mãos e olharam fundo nos olhos um do outro. Estavam se concentrando, Cassius podia ver a aura mágica deles. Ela estava visível e qualquer um podia vê-la. As auras verde e amarela-canário de, respectivamente, Rony e Hermione se uniram. Uma única aura verde-amarelado percorria os corpos dos dois.


Cassius olhou aquilo com curiosidade e espanto, nem mesmo ele conseguia fazer aquilo. Os dois olharam para Cassius, seus olhos espelhavam determinação.


- Nós podemos não saber nenhum feitiço branco ou não saber como realizá-los. Mas nós temos uma coisa mais forte. – falaram os dois, juntos, como se pensassem juntos – Nós temos o amor. Que é a magia mais forte e verdadeira desse mundo. – os dois ergueram as varinhas em sincronia - Alarte Ascendare!


- Vocês se concentraram para isso?! – Cassius olhou-os, incredulo – Protego!


- DISPERSIONE VISIVA! – gritou Gina, forte.


“Não!” – pensou o mago, pouco antes de receber o feitiço nas costas.


A visão dele começou a ficar turva e escura. Segundos depois, estava completamente cego.


- Corpo Catturato! – falou Gina, calma, mas forte, sentindo seu corpo amolecer instantaneamente.


- Difesa! – murmurou Cassius e o feitiço cancelou ao tocar no campo de proteção – Já chega. – ordenou, sereno.


Os três jovens se entreolharam, assustados pela primeira vez.


- Vocês conseguiram me tocar. Parabéns! – disse Cassius, baixo – Senhorita Weasley, poderia cancelar o feitiço que lançou em mim?


Os três espantaram a reação do mago.


- Eu não sei como fazê-lo. – confessou Gina.


- O Finite também funciona com feitiços brancos. – Cassius manteve a voz baixa – Ele é quase um feitiço branco.


- Ah, certo. – Gina apontou a varinha para o mago e murmurou – Finite Incantatem.


- Obrigado. – Cassius agradeceu, a visão completamente reestabelecida.


- Ai. – Hermione tentara colocar a pé da perna cortada no chão e sentiu muita dor, deixando seu peso cair sobre os braços de Rony.


- Episkey. – murmurou Cassius, a mão apontando para a parna ferida dela.


- Obrigada. – agradeceu Hermione, erguendo-se.


- Senhor Weasley. – Cassius chamou a atenção do garoto – Minha varinha, por favor.


- Ah, sim. – Rony jogou a varinha para o homem que a pegou com facilidade.


Gina não retirava os olhos do mago, ainda ajoelhada ao lado de Harry. Cassius caminhou até ela e se ajoelhou do outro lado do garoto. Gina viu um brilho diferente nos olhos do homem, mas desviou o olhar quando ele a encarou.


- Annullare. – Cassius apontou a varinha para Harry, que acordou instantaneamente.


- O que aconteceu? – perguntou ele para Gina, aflito.


- Levante-se, Potter, preciso falar com o senhor. – Cassius se levantou e cruzou o corredor, passando por Rony e Hermione.


- O que aconteceu? – perguntou Harry, baixo, para Gina.


- Nós o derrotamos. – Gina sorriu – Agora vai.


- Certo. – Harry se levantou, sentindo o seu corpo mole, e entrou no escritório de seu mestre.


Quando Harry entrou no escritório escuro, a porta se fechou e Cassius se revelou atrás dele. Harry se assustou e se afastou o mais rápido que pôde do mestre.


- Fique calmo. – ordenou Cassius.


- Sim, senhor. – assentiu Harry, parando de recuar.


- Eu não gostei nada de ter visto você ensinando a eles. E depois, com ainda mais ousadia, de ter me chamado para um duelo. – disse Cassius, sereno – O que me intriga é, por que o senhor não desviou do Feitiço do Sono?


Harry fitou o mago, curioso sobre a reação dele.


- Eu tinha que deixá-los sozinhos contra o senhor. De que outra maneira eles poderiam provar que são tão fortes quanto eu? – disse o moreno, calmo e sério.


Cassius passou por ele e se sentou na sua cadeira, atrás da escrivaninha.


- Estou orgulhoso de você, Potter. – disse ele, de súbito.


- O que?! – perguntou Harry, incrédulo.


- Isso mesmo que você ouviu. Estou orgulhoso de você. – Cassius sorriu – Você me desafiou, como um aprendiz sempre faz com seu mestre. Você tentou me superar. – o sorriso da Cassius se alargou – Seus amigos irão treinar.


Harry abriu a boca como demonstração de surpresa. Cassius sorriu mais abertamente com a atitude do aprendiz.


- Você acha realmente que eu iria gastar meu tempo duelando com vocês se eu não quisesse uma prova de que vocês são fortes? – falou o mago, quase risonho, voltando a ficar sério – Eu vi a aura mágica de vocês. A aura da senhorita Weasley é quase maior que a sua. Fiquei surpreendido. Muito mais, agora, que a vi executando feitiços brancos sem treinamento. Esse duelo foi um teste.


- Se...senhor... – Harry não conseguia falar.


- Não há nada a ser dito agora. – objetou Cassius, erguendo a mão – Agora vá e avise seus companheiros.


Harry sorriu e fez uma leve reverência, indo na direção da porta logo depois.


- Potter! – a voz de Cassius voltara a ser amarga, como nos treinos – Avise-os que vai ser dureza. Não vou pegar leve com eles.


- Nós não esperávamos algo diferente disso, mestre. – Harry sorriu e saiu.


Cassius cruzou os braços, encostando-se à cadeira, e respirou fundo, dormindo imediatamente.


=-=-=


Harry sorriu mais abertamente ao ver seus amigos sentados à parede. Ele se aproximou e se sentou ao lado de Gina, que percebeu sua presença naquele instante.


- Harry! – exclamou ela, abraçando-o.


- Calma Gina, deixe-o respirar. – Rony sorriu.


- O que o senhor McWell queria? – perguntou Hermione, temerosa.


- Ele queria me falar que... – Harry fez uma pausa, deixando que o suspense penetrasse no local – vocês também treinarão.


- Ah, só isso. – falou Hermione, desinteressada, e, em seguida, ficou com os olhos arregalados – O que?!


- Isso mesmo que você ouviu. Cassius McWell irá treinar vocês. – Harry quase riu da atitude da amiga.


- Você ta brincando, né? – Rony não conseguia acreditar.


- Que maravilha! – Gina abraçou Harry novamente.


- Quando começamos? – perguntou Hermione, ansiosa.


- Acho que amanhã. – respondeu Harry, depois que Gina o soltou – Ele não falou.


- Maravilha! – exclamou Rony.


- Mas prestem atenção. Vai ser dureza. Acreditem quando eu digo que ele é durão nos treinos. – advertiu Harry, sério.


- Ok. – falaram os três, juntos.


- Vamos dormir agora? – Harry sorriu.


- Sim! – bocejou Gina.


- Até amanha. – Hermione se levantou e ajudou Gina a fazer o mesmo.


- Boa noite. – desejou a ruiva, afastando-se com Hermione.


- Boa noite. – disseram os garotos, erguendo-se e entrando pela porta aperta.


Assim que os quatro deitaram-se, um sono tranquilo dominou-os,


=-=-=


- Sarah?! – murmurou uma voz mansa.


- Hum?! – respondeu outra voz.


Owen e Sarah estavam deitados na cama de casal dele. O moreno mexia nos cabelos dela, que repousava a cabeça em seu peito.


- Perdoa-me por ontem? – perguntou ele, a voz suplicante.


Ela ergueu o rosto e seus olhos acinzentados se encontraram com os azuis dele.


- Quem deve pedir desculpas sou eu. – a voz dela era a mais calma que ele já havia ouvido.


- Então, estamos quites. – o sorriso de galã de novela dele surgiu.


Ela mordeu o lábio inferior, se ergueu e engatinhou sobre ele, deixando seus olhos na linha dos dele. Ele desceu a mão pelas costas dela, parando na cintura, e com a outra mão acariciou sua face.


- Eu te amo. – murmurou ela quase sem voz.


- Eu também. – disse ele do mesmo jeito, passando a mão do rosto para a nuca dela e puxando-a para um caloroso e amoroso beijo.


O sol já era alto, mas com as cortinas fechadas, não era possível saber isto.


=-=-=


Quando o mago se levantou e olhou para o relógio, levou um grande susto, pois já era tarde. Nove horas. Ele havia dormido em sua cadeira no escritório. Suas costas doíam e sua cabeça latejava. Ele ouviu uma risada e, quando ergueu os olhos para fitar o emissor do som, se deparou com o quadro vazio de Alvo Dumbledore.


Ele passou a mão pelos cabelos grisalhos e murmurou:


- Vai ser um longo dia.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.